O silêncio na sala de café da manhã era tão grande que podia se ouvir uma agulha caindo no chão, a tenção entre Marco e Carlos era visível.
_ Qual o seu problema Marco? - pergunta Carlos o fuzilando com os olhos. - Nunca me tratou desta forma.
Marco leva um segundo para se recompor do que tinha feito e se repreende mentalmente pelo que tinha dito. Ao olhar para Carlos ele via a confusão no seu rosto.
_ Ela é uma mulher Marco, não pode tocar no corpo dela, deixe que a vovó ou Maria cuidem dela. - diz ele inventando uma desculpa no último momento, ele jamais admitiria que o simples pensamento de Carlos tocando em Samira o fazia ter um treco.
_ Isso é verdade, - diz Lú se colocando entre eles. - É melhor que eu olhe, ela vai se sentir mais confortável.
Marco suspira aliviado quando a sua avó pega a mão de Samira e sai com ela da sala. Carlos olhava para o amigo com várias dúvidas na sua cabeça, ele nunca tinha visto Marco agir daquela forma antes.
_ Você gosta dela Marco? - pergunta ele o olhando sério, seus olhos fixos nos dele.
Marco encarava o amigo tentando pensar em algo que justificasse o que ele tinha feito, mas não conseguia pensar em nada naquele momento.
_ Ela é uma criança Carlos, só estou pensando no seu bem estar. - diz o ignorando e voltando para seu lugar a mesa.
_ Ela não é uma criança Marco, pelo contrário, - diz com um sorriso no rosto. - E te conheço muito bem, jamais cuidaria de alguém se não tivesse interesse.
_ O que quer dizer? - pergunta ele chateado colocando a xícara na mesa com um baque alto.
_ Estou dizendo que você está se enganando, meu amigo, posso ver isso em seus olhos. - diz ele sentando-se de frente para Marco e se servindo de um pouco de café.
Marco não responde, ele apenas desvia o seu olhar para o prato, a sua frente, nem ele mesmo entendia a sua reação a Samira. Ele estava ao ponto de pensar que estava enlouquecendo com tudo que se passava na sua cabeça. Samira era jovem demais, doce de mais, e ele já era um homem feito com os seus trinta e poucos anos.
_ Mas já que você não quer nada com ela acho que não teria problema nenhum a convidar para sair então. - Marco levanta a cabeça na mesma hora fuzilando Carlos com o olhar.
_ Se chegar perto dela é um homem morto Carlos. - diz ele de forma tão tranquila que fazia um arrepio passar pelo corpo de Carlos.
_ Viu, como pode dizer que não gosta dela depois disso. - diz ele com um sorriso convencido no rosto.
_ A vovó gosta dela, então estou apenas cuidando dela para deixar a vovó feliz. - diz dando de ombros. Carlos não fala mais nada ele sabia o quanto Marco podia ser teimoso, então não compensava insistir no assunto.
Alguns minutos depois Samira volta na sala com vovó Lú ao seu lado, o seu rosto já não estava mais pálido como antes, Carlos vai até ela e puxa uma cadeira para que ela se senta-se.
_ Está melhor Samira? - pergunta com olhos preocupados.
_ Sim. - responde ela um pouco sem graça.
_ Deus, se você vê-se o quanto está feio o ferimento dela Carlos, é de cortar o coração. - diz Lú com os olhos cheios de tristeza.
_ Mas como foi que se machucou assim Samira? - pergunta Carlos. Ele percebe quando os olhos dela se voltam rapidamente para Marco e se desviam.
_ Estava na lavandeiria ontem quando me assustei e deixei o chocolate quente que a Maria fez cair em mim. - diz envergonhada, Carlos olha para Marco e junta as pontas, ele sabia que o seu amigo tinha algo a ver com aquilo.
_ Se quiser posso te levar ao médico para dar uma olhada. - se oferece Carlos.
_ Não precisa Carlos, a vovó já passou uma pomada no lugar. - diz ela sorrindo para ele.
_ Se precisar não exite em me chamar. - diz ele enquanto lhe servia uma xícara de café.
Marco olhava chateado para Carlos, a sua vontade era de arrastá-lo para fora da sua casa aos socos, mas não podia fazer aquilo, além de amigo da família Carlos era seu sócio em uma das suas empresas.
_ Acho que não vai ter como irmos para a praia então. - diz Carlos, a suas palavras fazem um sorriso se abrir no rosto de Marco.
_ Eu queria ir, mesmo que não possa entrar no mar gostaria de poder ver como é. - diz ela sorrindo para ele, Marco fecha a cara.
_ Não seja teimosa, não pode andar do jeito que está. - diz ele bravo com ela.
_ Você não manda em mim Marco! - diz brava surpreendendo a todos.
_ Se mandasse você não faria o que quer. - retruca ele.
_ Devo agradecer aos céus por você não ser nada meu então.
_ m*l educada. - gospe ele de volta.
_ Só com quem merece. - responde ela sorrindo.
_ Vamos parar vocês dois, - diz Lú intervindo na discussão deles. - Deixe a Samira, Marco ela é nossa convidada.
_ Eu não me importo de te lavar para ver o mar Samira, não tenho compromisso para hoje de toda forma. - diz Carlos a tranquilizando.
_ Sério? - pergunta ela animada.
_ Claro, e quando você melhorar podemos voltar para você nadar um pouco. - diz ele de forma tranquila.
_ Eu não sei nadar.
_ Eu ensino. - responde ele tranquilamente.
Marco bufa olhando para os dois todo o seu apetite perdido ao vê-los conversando. Sem dizer nada Marco se levanta e deixa a mesa, ele não suportava mais ver a forma em que Samira sorria para seu amigo, aquilo não devia incomodá-lo, mas incomodava, bem mais do que ele pensava.