SORYA BURKE
Quando a viatura finalmente virou a esquina, eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Minha mente estava a mil me deixando tonta por alguns instantes. Mas o que realmente me incomodava era a presença esmagadora de Ronan, a mão dele ainda firmemente ancorada na minha cintura, como se estivesse marcando território. E o pior? Meu corpo parecia estar gostando desse toque maldito e possessivo na minha pele.
O que diabos tinha de errado comigo hoje?
Se concentre, Sorya! Pelo amor de Deus!
Eu dei um passo para trás, forçando uma distância entre nós. Olhei para ele com a intenção de fazer alguma piada sarcástica, mas as palavras morreram na minha garganta quando vi aquele sorriso presunçoso e satisfeito nos lábios dele.
Ele deslizou a mão da minha cintura e caminhou para dentro da casa.
— Acho que eles já se foram, princesa. — ele disse se encostando no sofá.
— “Noivo”? Sério? — Eu cruzei os braços, tentando parecer irritada, mas minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria. Estava estranhamente quente nessa droga de casa.
Ronan deu de ombros, os olhos escuros ainda cravados em mim com aquele brilho insolente. — Funcionou, não funcionou? — Ele arqueou uma sobrancelha, me desafiando a contradizê-lo. — Além disso, você deveria me agradecer. Eu praticamente salvei a sua pele, princesa.
— Salvou a minha pele? — Eu ri, mas o som saiu mais nervoso do que engraçado, — Eles quase entraram aqui por sua causa! Se toca, garotão!
— Ah, vamos lá, princesa. — Ele deu um passo à frente, encurtando a distância que eu tinha acabado de tentar estabelecer fazendo minha respiração vacilar. — Você sabe tão bem quanto eu que eles estavam loucos para achar alguma coisa errada e prender alguém hoje. E, convenhamos, minha história foi mais convincente do que a sua tentativa de fingir que estava cochilando.
Eu revirei os olhos, odiando o quanto ele tinha razão sobre isso. Ele tinha dominado a situação com uma facilidade irritante, como se toda aquela tensão e o risco iminente fossem apenas mais uma terça-feira comum para ele.
— Você sugeriu que nós estávamos... — Minhas palavras morreram na garganta, meu rosto queimando enquanto o encarei, — Você tem noção do que eles vão pensar de mim agora?
— Eles pensam o que querem pensar, princesa. — ele novamente deu de ombros, — Eu fiz o que precisava ser feito, nossa desculpa estava ficando frágil de mais.
— E que tipo de noivo inventa uma história dessas para a polícia? — Eu perguntei, desafiadora, cruzando os braços com mais força.
Ele riu novamente, dessa vez um pouco mais alto, e se aproximou, diminuindo a distância entre nós até que eu pudesse sentir seu calor outra vez pairando sobre mim. — O tipo de noivo que faz o que for necessário para proteger a pessoa que ele se importa, baby. — Ele respondeu.
— Claro, porque fingir que estávamos transando foi a melhor saída. — Eu respondi, mantendo o sarcasmo, mas sentindo meu rosto esquentar de novo ao lembrar de como ele havia encenado tudo, incluindo aquele beijo na minha nuca. Só de pensar, o calor se espalhou pelo meu corpo novamente se acumulando no meu ventre enquanto eu me afastei um pouco para encará-lo — Olha, eu sei que você estava achando uma saída rápida, mas… Agora eles vão pensar que eu sou aquela mulher que…
— Aquela mulher que transa com o noivo? — Ele completou, sua voz carregada de malícia e diversão. Ele inclinou a cabeça de leve, o sorriso brincando em seus lábios. — Sorya, é o que as pessoas fazem. Não precisa ficar tão constrangida, princesa. A não ser que você seja…
Ele não completou a frase, mas me encarou e com certeza minha expressão nervosa e ruborizada entregou que eu ainda era virgem. p**a merda essa noite não poderia ficar pior, não é?
Ronan deu um sorriso lento, o tipo que fazia o perigo parecer sedutor. Ele se inclinou um pouco mais, quase me encurralando contra a porta. — Você tremeu quando eu fiz isso, sabia? — A voz dele ficou mais grave, como um ronronar. Ele levou a mão até o meu rosto, roçando o dorso dos dedos na minha bochecha.
Meu corpo reagiu antes da minha mente, um arrepio percorrendo minha pele. Eu queria afastá-lo, jogar alguma resposta afiada na cara dele, mas as palavras se prenderam na minha garganta. Era a proximidade, o cheiro dele, a aura perigosa que fazia o ar parecer mais pesado. Eu odiava admitir que havia uma parte de mim que estava gostando daquela sensação proibida entre nós. Porque eu estava conectada a esse homem pelo restante da minha noite.
— Ronan... — Murmurei o nome dele como uma advertência, mas nem eu acreditei na seriedade do meu tom vacilante.
Ele sorriu, como se saboreasse minha fraqueza momentânea. — Relaxe, princesa. Isso aqui foi só um teatrinho para os policiais. — Ele recuou finalmente, mas não antes de soltar a última provocação: — A não ser, claro, que você queira que seja mais que isso. Eu não durmo com virgens, mas eu posso abrir uma exceção pra você.
Eu finalmente encontrei forças para rolar os olhos e empurrá-lo para longe de mim. — Em que mundo você vive, hein? Você tem sorte de ainda estar respirando depois daquela encenação ridícula, babaca.
Ele soltou uma risada baixa, — Eu vivo no mundo onde conseguir o que quero, do jeito que quero, é a norma. E agora eu quero que você confie em mim.
O tom dele mudou de brincalhão para sério, me pegando desprevenida. Eu franzi a testa, desconfiada. — Confiar em você? — Repeti, tentando entender onde ele queria chegar. — E por que diabos eu faria isso? Já te abriguei na minha casa e cuidei do seu ferimento e até menti pra polícia! Então qual é a confiança que eu deveria expressar aqui?
Ronan se aproximou novamente, mas dessa vez não havia nada de provocativo no gesto. Era como se ele estivesse realmente tentando se conectar de uma forma que me pegou desprevenida. — Porque a partir de agora, princesa, estamos no mesmo barco.
Eu o encarei por um longo momento, tentando ler nas entrelinhas daquelas palavras. Um segundo ele estava me provocando, no outro, jogava uma verdade crua na minha cara. E nós nos conhecemos hoje, que p***a é essa?
— Só dá próxima vez, me avise antes de inventar histórias malucas, tá? — Eu pedi.
— Claro, princesa — Ele respondeu piscando um olho.
— Ok. — Eu disse, cruzando os braços e olhando em volta para tudo que eu teria que arrumar quando ele saísse. — Mas faça o favor de me deixar fora das suas dramatizações de filme de ação. E, pelo amor de Deus, pare de me chamar de “princesa”.
Ele apenas deu um sorriso de canto, o tipo que dizia que eu nunca ia realmente conseguir ditar as regras com ele, nem se eu quisesse. — Como quiser... princesa.