Capítulo 3

2307 Words
HENRY Passei o fim de semana todo resolvendo assuntos da Empresa e alguns contratempo que devedores ainda ousam me causar, sim, além se sermos uma família rica e poderosa envolvida no mundo do crime, temos um lugar para administrar e lavar o dinheiro sujo, além de encobrir qualquer rastro do que realmente faço. Os dias fora da cidade foram cansativos, além de cobrar pessoalmente os devedores que não estavam me pagando como devia, fui fazer uma visita a filial da empresa vizinha checar se tudo estava ocorrendo como devia. E para piorar a p***a do meu dia, recebi uma ligação do meu pai avisando que o plano de trazer o desgraçado do Campos deu errado, era um homem pobre que pegou muita grana comigo quando alegou que a mulher estava no leito de morte, como um bom agiota que sou, emprestei todo o dinheiro que o filho da mãe me pediu, esperava receber tudo em pouco tempo mas não foi o que ocorreu, passou a me enrolar dizendo que não tinha como pagar, mas não queria saber de explicações mentirosas, apenas queria receber tudo o que lhe emprestei. Nunca fui um homem bom, herdei isso de minha família italiana, e posso dizer com total orgulho que sou o pior dela, não perdoo, não faço justiça, apenas sou eu, um homem respeitado no meio do crime, aquele que odeia ser desrespeitado ou enganado por qualquer que seja, não existe a palavra misericórdia no meu vocabulário. Com mais um problema para resolver quando voltar para casa, pedi para que meu pai desse um jeito até minha volta, mas tudo não saiu como planejado novamente, só queria chegar em casa, beber uma boa dose do meu melhor Bourbon e descansar, mas não aconteceu. Pedi explicações para meu pai que respondeu dizendo que seria melhor conversarmos pessoalmente, pelo seu tom de voz percebi que a situação era séria, tentei saber o motivo de tanto mistério, mas sem sucesso. Quando o início da tarde começou a chegar, fui obrigado a voltar para cidade, me permitir descansar no banco de traseiro do carro enquanto meu segurança e motorista dirigia pelas ruas escurecidas. Posso e sei muito bem me defender sozinho, seja combatendo ou armado, mas sou um homem odiado por muitos, destruir famílias, humilhei quem não devia, e até dei um jeito em alguns com minhas próprias mãos, mas não gostava de matar, apenas usava todos os meios que podia para destruir as pessoas para que elas se lembrem que entraram no caminho da pessoa errada. Suspirei aliviado quando o carro foi estacionado dentro da propriedade que era cercada de seguranças 24 horas, enquanto Jacob, meu segurança desligava o carro não esperei sua companhia e sai do carro sem paciência. Caminhei rumo a entrada da mansão, mas parei quando ouvir pequenos suspiros que logo foram abafados, vasculhei minha volta, mas não havia nada, mas foi quando olhei para cima e vi uma pessoa pendurada em tecidos que não conseguia saber o que era devido a escuridão da noite. Caminhei mais alguns passos tentando saber o que diabos era aquilo, foquei minha visão percebendo que a pessoa pendurada se tratava de uma mulher devidos aos cabelos longos voando suavemente com a brisa do vento. Ouvi o barulho de algo rasgando e a mulher ficar aflita ainda segurando fortemente a corda de tecidos tentando chegar até o chão. Aquilo era uma tentativa de fuga? E por que diabos tinha uma mulher fugindo do quarto de hospedes? Reuni as poucas informações que tinha e pensei que ela se era o “problema” que meu pai havia mencionado mais cedo, mas ainda não conseguia entender por que ela estava ali, estava tentando fugir, isso era óbvio. Meus pensamentos foram abafados quando percebi que a mulher estava prestes a cair, era uma altura considerável e com certeza se machucaria feio devido à queda que sofreria. — Por favor, não! — ouvi seu grito de medo quando os panos se soltam e para não cair ela se agarra na borda do telhado de baixo. — Pula! – gritei surpreendido comigo mesmo, se ela cair poderá se machucar gravemente ou até bater a cabeça e morrer. E se ela estiver envolvida no mistério que logo pretendo descobrir e morrer nunca conseguirei saber ou achar uma forma de resolver esse absurdo. — Não, é muito alto, eu vou cair! — ela gritou novamente percebendo minha presença em baixo. — Apenas, pula! — ordenei e quase perdi a paciência quando ela negou novamente. — Eu te seguro, pula! — tentei mostrar um pouco de confiança na voz. Precisava fazê-la descer, precisava saber quem ela é e não a deixar escapar sem que ninguém veja, mas se ela soubesse quem era eu, nunca desceria dali ou nunca aceitaria minha ajuda. Ela se soltou do telhado que estava segurando e gritou antes de cair em meus braços, pela luz que vinha de dentro da casa consegui observar uma parte de seu rosto, ainda estava com os olhos fechados, mas consegui observar os cabelos loiros espalhados pelos ombros, enquanto apertava seu pequeno corpo em meus braços. Ela abriu os olhos me revelando um par de olhos azuis claros, sua expressão ainda estava assustada, mas seus olhos me observaram com pura atenção. Percebeu que suas mãos estavam agarradas firmemente em meus ombros, mas logo tratou de desfazer o ato. — Para onde pensou que estava indo amore mio? — usei meu tom rouco misturado ao italiano tentando a seduzir antes que ela descubra quem sou eu e tente fugir novamente. Ao ouvir passos se aproximando, a garota tentou se soltar de meu aperto, mas falhou miseravelmente. -Me solte, por favor, eu preciso sair daqui eles vão...- pede com medo, mas Jacob e outro segurança chegam até nos. -Algum problema Senhor Vitalle? — ao ouvir o meu sobrenome os olhos azuis da garota se arregalam começando a se debater em meus braços novamente. — A garota estava tentando fugir e quase conseguiu, sejam mais uteis e resolvam isso, fiquem de olho nela, vou descansar e não quero mais distrações nesta noite. — Solto o corpo da garota que me encara com um mix de raiva e medo. Ela se debate quando o outro segurança a agarra e tenta levá-la de volta para dentro da casa. -Se ela tentar fugir novamente, a tranque no calabouço! – uso meu tom rude e ao ouvir minhas palavras ela finalmente para de se debater e caminha para dentro com o segurança. ANNE Fui levada de volta ao mesmo quarto de antes, mas dois seguranças trancaram a janela pela qual fugir com um cadeado e correntes, a tornando incapaz de abrir sem a bendita chave. Até poderia tentar quebrar o vidro, mas ao lembrar da ameaça de ser presa num calabouço deixo a tentativa de lado. Quando finalmente fui deixada sozinha no cômodo, me deitei na cama e fechei os olhos lembrando de alguns minutos antes, fui muito burra e inocente em acreditar que aquele homem pudesse me ajudar a fugir, sendo que aquele era o próprio Henry Vitalle, o poderoso mafioso e culpado pelo que está acontecendo. Ao tê-lo tão perto de mim, senti raiva, mágoa e uma pontada de medo do que ele poderia fazer comigo depois de me pegar fugindo em flagrante. Mas não sabia se sentia alívio por voltar a esse quarto ou com medo do que poderá acontecer no dia seguinte. Mesmo preferindo não dormir, meu subconsciente não obedeceu, o sono e o cansaço do dia me dominaram aos poucos. No dia seguinte fui acordada com o som da porta sendo destrancada, sentei-me sonolenta na cama esperando que um dos brutamontes de preto entrassem no quarto, mas não aconteceu, apenas uma senhora baixinha segurando algo entrou. — Não fique com medo menina, não vou lhe fazer m*l, vim lhe trazer algo para vestir, tome um banho e visto isso, eram da minha filha. — Ela diz deixando algumas roupas e uma toalha em cima da cômoda próximo da porta. — Obrigada. — A propósito, sou Ester. — Ela se apresenta com um sorriso genuíno nos lábios. — Meu nome é Anna. — Ok Anna, ainda não sei o que o patrão quer com você, mas fiquei sabendo que daqui a pouco ele vai vê-la, então tornei a liberdade de preparar isso. — Ela sai rapidamente do quarto e volta trazendo uma bandeja com alimentos. — Obrigada, mas não precisava, não sei se vou ficar por muito tempo aqui. — Expliquei sentindo a tristeza tentando tomar conta de mim. — Claro que precisava menina, agora vou deixá-la à vontade. – Ela acena com a cabeça e sai do quarto. Olho para a bandeja de café da manhã em dúvida, parece normal, mas e se estivesse algum veneno ali dentro? Ele poderia facilmente me matar, mas parte de mim não acreditou que isso seria possível. Talvez ele tenha ordenado que me alimentassem já que pretende fazer algo comigo depois, sinto calafrios pelo corpo sentindo a barriga roncando. Apenas peguei o copo de suco e bebi em pequenos goles, parecendo normal terminei de comer ao outros alimentos da bandeja. Sem o que fazer no quarto, levei as roupas e a toalha para o banheiro, já que na minha tentativa de fuga minhas roupas foram sujadas. Tomei um banho rápido temendo que alguém aparecesse no quarto a qualquer momento. Por incrível que pareça as roupas serviram muito bem, coloquei um vestido florido que dona Ester me trouxe e sai do banheiro, me assustei quando a porta do quarto foi destrancada novamente e logo um homem moreno alto entrou. — Venha comigo, o Senhor Vitalle quer vê-la! – com as pernas bambas o segui para fora do quarto, caminhamos até outro corredor desconhecido por mim. O homem bate na porta e abre quando ouve a voz do patrão pedindo para entrar, com um aceno de cabeça ele se afastou para me deixar entrar. Suspirei alto e criei coragem para entrar, a sala ampla se parecia mais com um escritório, bem diferente do qual entrei no dia anterior, meus olhos vasculharam o cômodo vendo com detalhe cada canto da sala, ele estava de costas para mim, parecia observar algo pela enorme janela de vidro. Meus olhos percorreram seu corpo alto, estava usando uma camisa social preta e uma calça da mesma cor, com a luz iluminando o ambiente pude notar seus cabelos negros molhados denunciando um banho recente. Percebendo minha presença ele se virou para mim, sua presença exalava puro perigo, como se nascesse para intimidar todos, cruzei os braços em frente ao corpo sentindo-me desconfortável em estar tão perto dele. Seus olhos de tom verde-musgo me examinaram com atenção, sua expressão estava seria e severa, inspecionou meu corpo antes de voltar a me encarar e dizer: — Confesso que estou muito surpreso, esperava seu covarde pai, mas fiquei curioso quando meu pai disse que venho no lugar dele. — disse num tom frio e não gostei nada ao jeito que ele se referiu ao meu pai. — Também não queria estar aqui, mas foi preciso, acredite, esse é o último lugar do mundo que gostaria de estar agora. — Não sei de onde arranjei coragem de dizer aquelas palavras e quase me arrependi quando recebi seu olhar cortante. — Se não queria estar aqui então não deveria ter vindo garota, eu quero seu pai e não você. — Não quero que machuque meu pai, por favor, apenas nos de um prazo para conseguir a quantia que ele lhe deve... — supliquei recebendo uma risada sarcástica. — O prazo acabou há muito tempo garota, o dinheiro não me interessa mais, eu quero apenas o seu pai e fazê-lo aprender que não se deve mexer com alguém como eu! — falou em tom de pura ameaça. — Então me aceite no lugar dele, o deixe me paz e fique comigo. — Você é muito burra ou muito corajosa para vir até mim e esperar que aceite uma loucura como essa. Está mesmo disposta a pagar pelo preço no lugar do seu precioso pai, menina? — ele arqueou uma sobrancelha escura enquanto se sentava na mesa. — Sim, ele é meu pai e faço tudo para protegê-lo, então se está tão disposto a fazê-lo pagar, fique comigo em troca dele. — Eu já disse que não aceito esse tipo de troca garota! Percebendo que ele não vai mudar de ideia, minha única solução foi fazer uma proposta, não queria aquilo, mas precisava fazer, precisava salvar meu pai do que aquele monstro seria capaz de fazer ao colocar as mãos nele. — Tenho uma proposta para fazer... — senti as lagrimas tentando transbordar, mas tentei ser forte. — Diga, acho difícil de me convencer, mas diga! — Fique comigo e faça o que quiser, me torture, me espanque, faça qualquer coisa, eu suporto, mas não toque nele! — Sou impiedoso, mas não faço esse tipo de coisa com mulheres menina, não sou o tipo de monstro que acha que sou! — Então aceite minha proposta, me deixe ser sua prisioneira ou qualquer coisa pelo tempo que achar necessário. Ele se levantou de sua cadeira e se aproximou alguns passos de mim, por reflexo recuei, mas senti minhas costas baterem na parede fria. — Está se oferecendo totalmente a mim? Não me conhece e nem sabe no que está se metendo garota, sua coragem e determinação me fizeram mudar de ideia, se prepare menina, você é minha a partir de agora... — com um sorriso ele aproximou sua boca de minha orelha e avisou em tom de ameaça: — Aceito sua proposta, mas se tentar algo contra mim, destruo você e acabo com seu querido pai! — se afastou me permitindo respirar novamente. Mas só não espero ter feito a escolha errada ao me entregar de boa vontade nas mãos do próprio diabo...  CONTINUA EM BREVE...
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