Nerissa Gallice.
Está a chover torrencialmente e eu ainda tenho inúmeras coisas por resolver.
Onde está o Kai, quando ele é preciso?
Basicamente, eu estou numa grande alhada, o apartamento em que eu estava morando para a faculdade, não está mais disponível para mim.
Eu estou no meio de aulas ainda, e eu tenho de me preocupar com um lugar para morar ou caso contrário, eu provavelmente irei morar nas estradas dessa cidade enorme ou num parque, nos banquinhos, isso se os guardas de lá não me pegarem e me expulsarem.
E quem é o Kai?
Bem, o Kai é o meu melhor amigo, eu acho que somos amigos desde que nos entendemos por gente, mas nós somos diferentes em vários aspectos.
Por exemplo, se eu o conhecesse hoje e agora, nós com certeza não seríamos amigos.
Ele é rico, e não milionário rico, e sim bilionário rico, não me entendam errado, ele não é fútil ou coisa parecido, mas vocês entendem a minha linha de pensamento, ele é sim um ser devasso, um playboy certificado, selado e autenticado, extremamente popular, mas ele definitivamente é um playboy com um bom coração.
Se isso alguma vez existir, é ele.
E eu sou obviamente o oposto, para começar eu sou virgem, isso já deve contradizer muita coisa, talvez eu seja tão extrovertida quanto ele, mas no final eu prefiro sempre ficar quieta no meu canto, e eu não sou rica, mas também não diria que sou pobre, bem, a minha situação é extremamente complexa.
Eu só tenho a minha tia na minha vida, eu morei toda a minha vida com ela, basicamente ela é a minha mãe, porque eu não cheguei a ver os meus pais, por conta de um acidente e ela tomou a minha guarda desde então.
Mas eu me recordo do meu avô e até onde eu tenho noção, e o que tem na mídia provando é que ele era rico.
Mas ele faleceu, e a sua herança se tornou uma história de monopólio, nós temos a casa que morei toda a minha existência, ela é enorme, e está na mesma área que a da família Ballmer, a família do Kai nesse caso, para vocês terem uma noção de como crescemos um com o outro.
Mas além da casa nós não temos mais nada, tudo está completamente inacessível.
Basicamente nós temos o nome e casa, mas não temos o dinheiro por conta de toda a burocracia que a minha tia, a filha dele, está lutando contra desde quando ele foi ao céu.
Então, mencionar para a minha tia que eu estou sendo literalmente expulsa do meu apartamento porque o dono aumentou o preço dele drasticamente, está fora do meu radar.
Ela já está a tentar o melhor dela.
Contudo, eu estou numa universidade prestigiada, onde o Kai também estuda, mas ele está distante já faz um mês por conta das suas atividades de herdeiro, lá na nossa cidade, o avô dele faleceu, e eu me sinto muito m*l por não puder estar lá para o ajudar como eu gostaria e deveria, então a minha situação também não é uma opção contar a ele.
- Ah! - eu exclamo assustada e ultrajada quando a água no chão vem de encontro com o meu rosto e roupa por conta de um i*****l de motorista que acabou de passar como se não tivessem pessoas andando. - i****a do caralho... - eu balbucio já sem forças antes de ir ter com ele.
Esse é um cenário que mostra o quão sortuda eu sou.
A garota mais sortuda do mundo.
A minha guarda-chuva literalmente quebrou alguns quarteirões atrás, eu cheguei até aqui sofrendo com ela para depois um desgraçado jogar água suja na minha pessoa sortuda logo antes de entrar.
- Argh... - eu murmuro me sentindo desconstruída, suja da cabeça aos pés, mas o que eu posso fazer agora?
Os meus olhos gravam a placa do carro e eu simplesmente caminho até a entrada aceitando o meu destino.
Eu vou tratar daquele i****a mais tarde.
Eu entro atraindo olhares daqui e de lá, mas eu estou apressada o suficiente para não prestar atenção a nada disso.
- Oi... olá! - eu saúdo ofegante a secretária que me observa lentamente, levando o seu tempo para observar as minhas roupas molhadas.
- O que aconteceu com você? - ela questiona e eu sorrio revirando os olhos.
- Muito. - eu a respondo dando de ombros. - Eu tenho um pedido urgente. - eu falo retirando todos os documentos necessários e pousando na sua frente. - Tem algum quarto disponível aqui no campus, na área residencial dos estudantes? - eu a questiono rezando para receber uma resposta positiva.
Nós estamos literalmente no meio do ano, exames e projetos estão vindo e eu estou esperando que um milagre aconteça.
- Me dê um minuto. - ela diz pegando nos meus documentos e olhando para o monitor.
A pressa e a ansiedade não permitem que eu trema com o frio das minhas roupas molhadas nessa temperatura cinzenta de hoje.
- Eu lamento Nerissa, mas todos os quartos singulares e compartilhados estão ocupados agora, e já foram reservados para os próximos dois semestres. - ela diz e eu sorrio respirando pesado.
- E não tem outro quarto, eu não me importo se for designado a funcionários, qualquer coisa? - eu questiono-a e ela me encara intrigada.
- Querida, a sua tia sabe que você está procurando por um apartamento? Eu posso sugerir alguns prédios próximos ao campus que são parceiros com a faculdade se você quiser. - o que eu ainda estou fazendo aqui?
- Não tem necessidade para isso. - eu falo pegando nas minhas coisas frustrada. - Eu só queria ver se tinha algum disponível aqui no campus. - eu digo fechando a minha pasta.
- Eu lamento, nós não temos. - ela diz e eu forço um sorriso. - Você deveria mudar as suas roupas querida, ou ficará doente. - ela diz.
E quem se importa a esse ponto?
- Tarde demais, eu tenho aulas agora, mas obrigada de qualquer maneira. - eu agradeço-lhe e corro pelas escadas e corredores até chegar a minha sala para a aula que eu já estou atrasada.
A minha vida tem sido tão caótica.
- Senhorita Gallice. - oh, m***a.
Você podia ter ignorado a minha presença professor.
Eu viro-me levando o meu olhar até ele, já no meio das escadas indo ocupar uma cadeira, e agora estou com a atenção toda dos meus colegas.
- Bom dia, senhor. - eu falo envergonhada quando ele me observa da cabeça aos pés.
- Você está atrasada outra vez. - ele mencionada e eu saio das escadas e continuo indo até ao meu lugar.
- Eu tenho noção, senhor. - eu falo ofegante.
- O que aconteceu? - a Andrea questiona-me assim que sento ao lado dela, e eu simplesmente abano a minha cabeça.
- E molhada. - o Joshua, um dos meus realmente engraçados colegas, pelo que vocês podem notar, comenta fazendo todo o mundo rir.
Eu levo o meu olhar para o professor que não está comprando nada disso e eu simplesmente corto isso.
Eu obviamente não estou levando brincadeiras nesse estado.
- Eu sofri um acidente, isso é o porquê eu estou atrasada. - eu uso isso como uma desculpa, e felizmente ele deixou esse assunto e prosseguiu com a aula.
- O que diabos realmente aconteceu, Nerissa? - bom para mim, a Andrea está nervosa comigo. - Eu tenho ligado para você sem parar, até o Kai ligou-me porque você não está respondendo as chamadas, nós achamos que alguma coisa aconteceu. - ela diz exasperada e eu simplesmente respiro.
- Muitas coisas aconteceram, o meu celular estragou, eu estou sobrecarregada agora para ser chamada a atenção, Andrea. - eu respondo. -lhe tomando notas da aula e ela me encara preocupada.
- O que está acontecendo? - ela questiona e eu respiro fundo.
- Muito, nós podemos falar disso mais tarde. - eu respondo e ela coopera, preocupada mas coopera.
A primeira aula levou o seu tempo, e a forma que eu estou cansada não está nem escrita.
- Vamos para o banheiro. - an Andrea diz arrumando as suas coisas e eu aceno concordando arrumando as minhas coisas também.
- O que aconteceu com o seu carro querida? - o Joshua questiona vindo até mim.
- Eu o vendi. - respondo-lhe.
- Então porque razão você não me ligou para ir pegar você? - ele questiona ofendido e eu sorrio olhando para ele.
- O meu celular estragou, mas eu estou aqui, não estou? - questiono descendo as escadas do anfiteatro com eles.
- Mas nós somos amigos não somos? Você poderia ter nos dito. - ele diz e eles estão começando a fazer-me sentir m*l apenas porque eu não os incomodei.
- Eu nunca disse o contrário, porquê vocês estão sendo tão dramáticos, meu Deus! - eu exclamo, e antes mesmo que eles pudessem responder, a voz do meu querido professor me chama.
- Senhorita Gallice, eu posso trocar algumas palavras com você? - ele questiona e os meus batimentos cardíacos aumentam.
- Claro. - eu respondo e olho para os dois que me dão o mesmo olhar confuso antes de eu ir até ele.
- Nós esperaremos por você lá fora. - an Andrea sussurra e eu simplesmente concordo com a cabeça.
O que ele está prestes a dizer?
As minhas notas tem estado boas, eu estou apenas mais desajeitada do que é o habitual.
Os seus olhos cativam os meus, eles realmente penetram como se ele quisesse ver a minha alma
Jesus Cristo!
Eu alinho os meus lábios num sorriso envergonhado olhando para ele.
- O que está acontecendo? - directo e directo, adoro.
Iria adorar mais se eu soubesse o que exatamente responder.
- Sendo honesta, muito. - é tudo o que eu posso dizer.
- Eu sinto saudades do meu melhor amigo, ele tem passado por muito e eu nem sequer posso estar com ele, tal como com a minha tia. - eu falo realmente precisando soltar.
- Depois tem, essa cidade, problemas pessoais, mais os problemas acadêmicos, a minha mente está espiralando nesse último mês, e eu sinto muito por perturbar as suas aulas, eu prometo que eu não faço isso de propósito. - eu peço desculpas logo e ele suspira olhando para a sua mesa e batendo o seu dedo contra a madeira da sua mesa.
- Eu sinto muito por ouvir isso, mas estamos indo para uma das mais importantes partes do semestre, e eu não gostaria que você perdesse tudo por causa do seu namorado ou outro problema. - ele diz e a minha face ruboriza.
- Eu não tenho um namorado. - falo apenas para ver se ele coloca isso na cabeça dele. - E eu sinto muito por... - ele interrompe-me.
- Eu preciso que você regresse aos seus sensos, Gallice, lembre-se que você tem uma bolsa de estudos, e eu a aprecio bastante como estudante, e ficaria demasiado chateado se você perdesse esse semestre. - ele diz como se eu já não tivesse tido o suficiente para acabar com os meus neurônios.
Ele está me assustando para caramba, e se um professor como ele está me chamando a atenção, isso significa que eu realmente devo ficar preocupada.
- Sim senhor, Eu farei o meu melhor, eu prometo. - eu digo-lhe e ele assente positivamente.
- Eu espero que sim. - eita. - Nos vemos. - ele diz e eu assinto.
- Com a sua permissão. - eu falo e depois do seu sinal, eu retiro-me da sala.
Deus!
Eu respiro fundo olhando para o teto, após fechar a porta.
- Atchim! - eu espirro.
Boa, Nerissa.
- O que aconteceu lá dentro, ele confessou o amor dele por você? Posso reportar isso ao Kai? - o Joshua questiona atraindo o meu olhar frustrado com as brincadeiras dele.
- Crie esse tipo de rumores e arruine a minha vida de uma vez. - eu lhe digo e ele levanta os seus braços em rendição para o teto.
- Eu estava apenas brincando, meu amor. Relaxe, você está tensa demais. - ele diz e eu reviro os meus olhos.
- Como está o Kai? - eu questiono curiosa já que ele o mencionou.
- Kai, Kai, Kai... - os dois, ele e an Andrea dizem e eu reviro os meus olhos sentindo o meu rosto queimar.
- Você está connosco o dia inteiro e nem sequer questionou como nós estávamos. - a Andrea diz e eu reviro os meus olhos.
- Eu vos vi, eu não vi ou falei com ele por dias. - eu falo andando com eles para longe dali.
- Ele está prestes a voltar, eu acho que você ter desaparecido fez ele correr imediatamente para você. - o Joshua diz e eu reviro os meus olhos.
- Ele já tinha mencionado que estava voltando antes, para de criar coisas. - eu digo cansada das piadas dele, vendo a Andrea desconfortável, ela não admite mais ela tem um crush profundo no Kai.
Não dá para a julgar, ele é realmente atraente, alguém com olhos pode confirmar isso sem gaguejar, isso deve explicar muito da popularidade que ele tem entre as mulheres.
- Agora, o que aconteceu outra vez? Você vendeu a p***a do seu carro? - o Joshua questiona frustrado. - Porque você fez uma uma coisa dessas, você mora longe do campus apenas para começar, segundo, você é uma mulher, uma mulher inteligente... - ele diz franzindo o seu cenho e eu olho para ele sabendo o que está por vi. - Porque você não me pediu ajuda para fazer isso? - oh, você é uma mulher muito inteligente, mas sem ofensa, você precisa de um homem para fazer tudo o que você pode fazer sozinha.
Bem, ao menos ele tentou.
- Eu estou me mudando, e eu precisava pagar um monte de coisas, e conseguir dinheiro para um novo apartamento ou um quarto, eu estou ficando louca, parem de me fazer questões. - eu digo me sentindo sobrecarregada.
- O quê?! - os dois fazem exatamente o que eu os disse para não fazer.
- Afff, por favor cara... - eu murmuro indo para a cafeteria e eles me seguem.
- Você não pode simplesmente dizer isso e depois pedir para nós não fazermos questões, querida. - a Andrea diz ironicamente e eu reviro os olhos.
- O que mais vocês querem que eu diga? A minha situação já é bem autoexplicativa. - eu respondo-os caminhando entre os outros estudantes apressados e outros nem tanto no corredor.
- Porque você não me disse? Primeiro de tudo, eu sei que eu estou na sua lista de amigos favoritos, então eu apreciaria se você pudesse ter me dito e eu te ajudaria de qualquer forma, não tinha necessidade de você vender o carro, se você precisava de dinheiro... eu daria para você. - ele diz e eu olho para ele.
- Não me entendam m*l, mas eu não quero nenhum dinheiro de vocês galera, parem com isso agora. - eu digo e vejo os dois se entreolharem e suspirarem.
- Você pode se mudar para a minha casa. - o Joshua diz e eu paro me virando para os confrontar.
- Você mora com toda a sua família aqui, e a Andrea mora num apartamento tipo um com mais uma pessoa, eu irei encontrar um jeito, basta vocês pararem de encher a minha mente com questões. - eu digo exausta, legitimamente cansada.
- Nerissa... - os dois dizem e eu simplesmente vou para a cafeteria.
- Olá Nerissa! - an Ashley me cumprimenta com o seu bom humor habitual e eu sorrio.
- Olá! - eu faço o mesmo. - Pode me dar o de sempre? - eu questiono e ela assente procedendo em registrar o pedido desses dois que continuam me seguindo.
- Claro! - ela responde e eu simplesmente faço uma tour pelo meu cérebro, parece que eu tenho muito trabalho.
- Você falou com a sua tia? - o Joshua questiona sussurrando e eu olho para os seus olhos hazel.
- Não, e você guardará tudo isso para você mesmo. - eu digo e ele suspira.
- Você não está nos ajudando de todo, senhorita independente. - o Joshua diz.
- A deixe em paz por agora, Joshua. Nós falaremos disso mais tarde. - a Andrea diz e ele me encara nos olhos enquanto eu pego no meu café.
- Obrigada. - eu agradeço, ela sorri e continua atendendo as outras pessoas.
- Então, qual é o plano? - o Joshua questiona nos seguindo.
- Você vai para a sua aula e manterá a sua boca calada por agora, você consegue fazer isso, meu amor? - eu questiono-o sarcástica e ele revira os olhos dele.
- Eu irei fazer exatamente isso. - ele diz. - Por agora, só porque você não está sendo fácil de falar. - ele diz e eu sorrio.
- Até logo. - eu e a Andrea dizemos acenando para ele que finalmente vai.
Afff...