Apesar do desespero Helena foi capaz de dormir, um sono perturbador, repleto de pesadelos, hora com Otávio, hora com Estéfano, acordou já era noite e não sabia o que fazer, não conhecia a casa e nem o dono dela, sua barriga roncava de fome, mas também não tinha certeza se poderia comer e beber de alguma coisa na cozinha, sem ordem direta de Estéfano, era humilhante o que sentia, mas preferia ficar com fome, do que de alguma maneira irritar o homem que agora era seu marido, então decidiu ficar ali no mesmo lugar, até que ele ou alguém aparecesse para dizer que ela deveria fazer.
Ficou ali por horas olhando para aquela parede em branco, em alguns momentos seu corpo tremia ao pensar o que aconteceria no momento que Estéfano cruzasse a porta.
Quando, enfim escutou passos se aproximando outra noite se aproximava, se encolheu no sofá, Estéfano abriu a porta e a olhou como só agora se lembrasse que ela estava ali, passou por ela e não falou nada, ela escutou o barulho de água e copo pousando na bancada. Logo em seguida o grito dele chamando seu nome, imediatamente ela começou a tremer, sabia que não adiantaria correr, mas não havia feito nada estava ali sentada horas a fio, sem beber, sem comer, nem sequer tinha ido ao banheiro. Quando ele apareceu novamente na porta, a fuzilou com o olhar.
_ Eu não fiz nada, eu juro, por favor.
Era ridículo se humilhar dessa forma, ela sabia, mas ela não tinha chances contra ele, a piedade dele era a única coisa que podia salva-la.
_ O que você comeu durante esse tempo, p***a?
-Nada, juro, não mexi em nada, nem mesmo saí dessa sala.
Ele deu um soco na parede. Helena se refugiou atrás do sofá, mesmo sabendo que se ele quisesse atingi-la seria inútil se esconder ali.
_ Está tentando se m***r de fome, é isso?
_ Não, eu só não sabia se podia comer ou até mesmo mexer em alguma coisa, você não me disse nada. Essas palavras saíram misturadas ao choro, ele estava sem boné, com uma camiseta regata, que permitia que todos os músculos ficassem a mostra. Durante os três anos nas mão de Otávio ele nunca lhe quebrará nada, apesar da surras dolorosas, nunca precisou engessar nada, e seus dentes continuavam perfeitos, mas ao olhar para Estéfano daquela maneira, percebeu que ele seria capaz de quebrala ao meio em apenas alguns minutos.
Foi tirada dos seus pensamentos pelo comando dele:
_ Sente nesse sofá agora.
Ela obedeceu.
_ Primeiro, sei a vida que levou ao lado do doente do Otávio, precisa saber que não uso violência gratuitamente, colabore e não teremos problemas.
Helena olhou para ele, e não conseguiu disfarçar o olhar de quem não acreditava em única palavra do que ele dizia.
Estéfano deu longo suspiro.
_ Está bem, não bato em mulheres, precisa saber disso, mas não tolero ataques de nenhum tipo, fui claro, não preciso bater para acabar com uma pessoa. Outra coisa, levante-se, tome um banho e vá fazer algo para nós dois comermos.
Nesse momento ela se lembrou que não tinha nada para vestir a não ser o vestido amarelo que nem era seu.
Ela balançou a cabeça negativamente para ele, e imediatamente o semblante dele escureceu, o olhar a queimou feito brasa. Ela se apressou em se justificar.
- Não tenho roupas, não trouxe nada.
_ Vista uma camiseta minha, depois amanhã cedo arrumaremos roupas para você, ou você pode fazer como eu, peça pela internet , entregam amanhã mesmo.
Helena dessa vez balançou a cabeça para mostrar que concordava.
_ Onde é o banheiro?
_ Use o do nosso quarto, segunda porta a direita, Estéfano olhou para ela e esperou que ela fizesse alguma objeção, mas Helena somente saiu para tomar banho.
Quando entrou no quarto ficou impressionada com a organização do ambiente, não tinha uma única caneta fora do lugar, e a decoração também não deixava nada a desejar. Primeiro ela abriu a closet e pegou uma camiseta, entrou no banheiro e se certificou de trancar a porta, o ambiente ali também era totalmente limpo, tomou um banhou e lavou os longos cabelos, quando terminou e se olhou no espelho percebeu que blusa parecia um vestido, mas tinha consciência que estava desejável, rezou mentalmente para que ele a deixasse em paz, não suportava o pensamento de ser tocada por ele, nem por homem nenhum,
Quando chegou na sala não o viu, em nenhum lugar, foi em direção a cozinha comeu uma fruta para apaziguar o estomago que não via comida a mais de 24 horas, e olhou o que tinha na geladeira, dava para fazer uma salada e um risoto de camarão, era rápido e prático, nesse momento agradeceu por ter passado várias horas na cozinha com a cozinheira contratada por seu pai, se não soubesse cozinhar estaria em maus lençóis, não acreditará nem um pouquinho na história de que não batia em mulheres.
Quando estava terminando a comida ela apareceu na cozinha.
_ Está quase pronto
_ Ótimo. Vamos comer aqui mesmo.
Ela serviu o prato dele e depois o dela, ele comeu sem fazer nenhum comentário, quando terminou o que ela tinha colocado no prato, colocou mais.
Nesse momento o telefone tocou.
Estéfano atendeu com um breve sim.
_ Helena preciso sair, vou resolver algo e volto em meia hora, sabe onde é o nosso quarto, portanto onde deve dormir, espero que não a encontre em outro lugar se desejar se deitar. Disse isso, se levantou, lavou seu prato e os talheres que havia usando e saiu logo depois,
Helena ficou ali apavorada com a noite que a esperava.