No inferno outra vez.

985 Words
No caminho de volta Ricardo foi dirigindo o carro, enquanto Ella e Helena conversavam no banco de trás. Ella não desejava tirar o brilho que começava a surgir nos olhos de Helena, mas ela não tinha escolha. Helena só tinha 19 anos, mas já havia sofrido bastante nas mãos do crápula de seu irmão. Suspirando Ella começou: _ Helena, preciso de contar uma coisa, queira que saiba que sinto muito por isso. _ Ella , você está me assustando,. _ Sabe que no nosso mundo, as mulheres jovens não ficam solteira muito tempo, não é? Ao ouvir isso, a cor do rosto de Helena desapareceu e lágrimas desceram de seu rosto. _Ella, meu pai prometeu que não me casaria outra vez, não depois de tudo que passei nas mãos de seu irmão, não mereço passar por aquilo de novo, mulher nenhuma merece, nada e nem ninguém me fará passar por isso outra vez, não me casarei de novo. _ Helena, sinto muitíssimo, mas nem mesmo seu pai pode decidir isso por você, nem você mesma. Você já está casada. Helena riu, um riso histérico. _ É impossível, Ella, não me casei com ninguém, mas ela sabia que em seu mundo isso era bem possível. _ Você assinou alguns documentos, logo após a morte de meu irmão, não assinou? _ Sim, assinei, oh Ella, como pude ser tão i****a. E começou a chorar. _ Prefiro a morte, vou me m***r antes de deixar outro homem tocar em mim novamente. _ Você não pode, ele me mandou te dar o seguinte recado: Se você arrumar qualquer maneira de se livrar de se unir a ele, sua irmã deverá tomar seu lugar. _ Oh Deus, Ella, ela ainda vai completar 16 anos, que tipo de homem seria capaz de forçar uma menina, quase uma criança? _ Não sei, os homens de nosso mundo tem um senso de honra e de moral estranhos Helena. Eu sinto muito por ter que ser porta voz dessa notícia, mas achei melhor eu do que ele contar a você. Nesse momento um calafrio passou pelo corpo de Helena, sem que fosse necessário Ella contar, ela soube quem era o homem que tinha mais uma vez roubado sua liberdade, e que iria tornar sua vida mais uma vez, um inferno. Se Otávio tinha sido capaz de subjugá-la, Estéfano iria transforma-la em **. _ Quando devo me juntar a ele? Tenho pelo menos mais um noite de paz? Helena perguntou enquanto soluçava. _ Não sei, acredito que não. Durante o resto do caminho Helena se perguntava o que tinha feito para que o destino fosse tão c***l com ela, o que fazia ela não ter direito a manter sua sanidade, nem seu corpo respeitado e mantido sem cicatrizes. Quando enfim o carro parou no lugar que deixaria de ser seu lar em breve, Helena se despediu de Ella e desceu, mas quando olhou para frente lá estava ele, seu pesadelo em forma de homem. Estéfano estava vestido de preto da cabeça aos pés, as feições feito rocha, seu rosto não movia um músculo, a cicatriz na bochecha o deixava ainda mais terrível aos olhos de Helena. Ao olhar para o homem que agora sabia ser seu marido Helena ainda chorava, não o soluço do carro, mas um pranto silencioso, de uma mulher que sofria e temia o homem que estava na sua frente. Estéfano abriu a porta do carro e fez sinal para ela entrar, e Helena que aprendera a duras penas a obedecer, entrou sem olhar para trás, não se preocupou com seus objetos pessoais, suas roupas nem nada, nada daquilo fazia sentido mais, já não importava os cremes de cabelos que havia comprado depois de 3 anos , as roupas novas, nem mesmo a caixa de chocolate que finalmente pode entrar na padaria e comprar. Agora o homem que dirigia o carro iria também dirigir sua vida. Restava saber se ele era tão r**m como Otávio ou pior, só de pensar na noite que a esperava nos braços de Estéfano lhe arrepiava até a alma. De tudo não lhe achava f**o, mas o temeu desde a primeira vez o que viu. Quando o carro parou ela desejou com todas as forças está morta, se sentou no chão do carro e se encolheu, ela sabia que não adiantava, ele a arrancaria facilmente dali, mas ela não tinha forças para sair daquele carro, então ficou ali. Percebeu que a porta havia sido aberta e Estéfano provavelmente estava em pé esperando ela descer, mas continuou em bola humana, sabia que seria uma visão ridícula para o homem que a observava, mas Deus!! Ela sentia tanto medo dele, só queria que ele a levasse de volta, foi tirada dos seus pensamentos pela voz dele, ela nunca havia escutando um voz rouca como aquela. _ Levante-se daí, não costumo dizer as coisas mais de uma vez menina, então faça o bem para você mesma, e nos evite problema. Ao ouvir isso Helena se obrigou a levantar, foi rapidamente empurrada para entrada da casa, ela passou pela propriedade sem notar nada, somente quando chegou a uma espécie de sala, se sentou no sofá e ficou ali como uma bola mais uma vez, Estéfano ficou imaginando que tipo de vida ela teria levado nesses últimos anos que ela mais parecia alguém que viveu fugindo de um monstro, tinha consciência que era intimidante, mas para uma mulher reagir a um homem dessa maneira, mesmo na situação em que se encontravam ela teria que temer demais a espécie masculina. Estéfano deu um longo suspiro e decidiu sair de casa, não desejava perder a paciência e fazer coisas que se arrependesse mais tarde. Helena continuou ali em um bola, quando percebeu que estava sozinha, pegou um manta que estava nos pés do sofá e se embrulhou, ficou ali chorando até não ter mais lágrimas para chorar. A exaustão a venceu e acabou dormindo.
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