Apenas um teatro

1271 Words
Morgana Foster No carro o caminho até a mansão dos Burke foi silencioso. Ryan não tentou puxar assunto e eu também não insisti em importuná-lo. O silêncio reinava por todo o caminho. Enquanto ele dirigia, eu olhava a rua lembrava de como isso tudo começou e como eu cheguei aqui. "Quem diria que a pequena Morgana Melissa Foster hoje estaria casada aos vinte e três anos com um cara tão bonito e poderoso como Ryan Burke" Olhei de canto o homem dirigindo o Rolls Royce Preto. Perfeitamente esculpido em seu terno preto. Não pude deixar de rir de minha própria vida com amargor. No primeiro ano de casada com Ryan eu tinha certeza de que conseguiria conquistar seu coração se fosse verdadeira e mostrasse para ele que estava disposta a tudo por nós. Então, eu cozinhei meus melhores pratos e doces. Cuidava dele enquanto ele estava doente, fazia todo o possível, mas não adiantou muito já que ele passava muito do seu tempo em viagens de negócios e a maior parte do seu tempo livre com Elena. Não importava o quanto lhe fosse gentil e cuidadosa. Percebi que ele não se importava. Daí em diante, nos dois últimos anos da faculdade de medicina, e foquei meu tempo em conseguir um estágio e em construir minha carreira. Jurando para mim mesma que deixaria ele para trás e iria me concentrar no meu próprio futuro. Mal podia acreditar que havia conseguido me formar com honras. Ser uma garota prodígio tinha mesmo seus pequenos benefícios, não é? Ter entrado na faculdade mais cedo também beneficiou bastante no momento de escrever a recomendação para trabalhar no San Rose. Se tudo corresse bem, até o começo do próximo ano, eu estaria empregada e feliz. Alguns longos meses até lá, mas tudo bem. Só manter o foco. A entrada da mansão dos anciões Burke era cercada de Ipês Roxos que formavam um caminho deslumbrante durante a primavera, dali até a entrada da casa eram alguns quilômetros realmente fascinantes. Eu nunca cansava de olhar admirada para eles quando ia até lá. Quando o carro parou me ajeitei para tirar o cinto e Ryan já havia descido e aberto a porta. Eu teria estranhado esse comportamento se as recordações de onde estava não tivessem me jogado no chão bruscamente. "Ele sempre agia de forma gentil e cortês quando íamos visitar os avós e sua mãe, hoje seria mais um dia de teatro e fingimento. Vamos lá Morgana, seja a Sra. Burke agora"— pensei enquanto alinhava o vestido. Ryan estava de braço estendido esperando para entrarmos juntos. — Ainda se lembra de como fazer isso? — Indagou ele, com o cenho franzido. — Ora senhor Burke, não me tome como tola, ok? — respondi com uma ponta de raiva — Já fizemos essa encenação tantas vezes que estou merecendo um óscar! Ryan riu. Nós já fazemos isso há tanto tempo que não tinha como sermos ruins nisso. Antes de alcançar a entrada, as portas da casa abriram e Sorya, mãe de Ryan, nos recepcionou. — Aí estão vocês! — ela tinha um enorme sorriso estampado enquanto fazia os comprimentos. A mulher de cabelos negros e olhos cor de safira, era sempre gentil comigo, mesmo que só falasse sobre como queria netos era agradável e cuidava de mim como ninguém. — Achei que não viriam mais, aconteceu alguma coisa? — Oi, mãe! — respondeu Ryan, com a mãe ele sempre foi uma pessoa agradável e educada. — Não aconteceu nada, Sra. Burke. — Eu respondi dando—lhe um beijo na bochecha — Apenas dormi demais e acabamos perdendo a hora. Estava muito cansada com a viagem de volta. — Ah sim. — Ela analisou meu corpo de cima a baixo, como de costume. Sempre procurando um sinal de gravidez, mas nunca o encontrando — Você está deslumbrante hoje, minha querida! — Você gostou? Foi um presente da vovó Burke, achei plausível usar hoje já que não tive outra oportunidade de visitá-los antes. — Ela sempre teve um bom gosto! — ela sorriu acolhedora — Soube de seu pai, sinto muito! Como você está? Aquilo me atingiu como um soco e a fez sentir o gosto de sangue na boca. Pelo menos a mãe se importou em me perguntar como eu estava me sentindo. — Obrigada por perguntar sogra, estou bem. — eu respondi com um sorriso: era forçado e opaco. — Vamos entrar, está ficando frio. — Ryan tomou a mão da mãe a levando para dentro e os segui. Havia uma pequena parte de mim que havia morrido com meu pai dois meses atrás, mas eu estava bem agora. Tudo valeu a pena. Ao entrar na casa logo se via a sala principal, que era decorada todos os anos para sempre estar atualizada, as paredes em tons de branco com boiseries douradas contrastavam com o sofá cinza em volta da sala. Havia também um grande tapete preto com uma mesa de centro e um vaso cheio de flores, tulipas, as favoritas da Sra. Burke. A sala ampla exalava requinte e elegância, todos os parentes estavam presentes, incluindo os tios insuportáveis de Ryan. Cibila Parsons e Ned Parsons, os dois sempre me trataram com desdém e escárnio, eram os únicos incomodados comigo desde que me casei com o jovem Ryan. Ele não era seu filho, então não conseguia compreender de onde vinha tanta repulsa por minha presença na família. — Finalmente! — gritou Cibila com uma careta azeda — Achei que morreria de fome se vocês não chegassem! — Não seja exagerada, Tia. — respondeu Ryan sorrindo para ela e lhe dando um beijo na mão. Ele era um homem charmoso sem esforço algum. Sempre cheiroso e bem vestido. Um deleite, de fato. — Nos desculpem tia, realmente não era nossa intenção. — Eu respondi com um sorriso fraco e doce. — Sempre com desculpas esfarrapadas. — Ned revirou os olhos ao ouvir minhas desculpas. — Não conseguem chegar na hora nunca? Não entendia o seu ódio por mim, sempre os ignorei. Os Burke tinham duas filhas, Sorya, mãe de Ryan, que há poucos anos tinha assumido o lugar do avô na empresa de tecnologia e segurança da família e Cibila, mãe dos gêmeos Nick e Stefan, que não demonstravam o menor interesse em aprender a comandar as empresas. Nick tinha grandes olhos azuis, pele morena, cabelo liso e a boca carnuda e o corpo magro parecia muito com Ned e atualmente era dono de uma rede de restaurantes. Já Stefan era o oposto, loiro de olhos azuis, alto e malhado, administrava uma rede de shoppings centers espalhadas pelo país, embora fossem gêmeos eram diferentes. Todos da família Burke eram muito bem-sucedidos em suas respectivas áreas e o capital acumulado pelo velho Burke passava de quinze bilhões dividido em propriedades e empresas nas mais diversas áreas. Eles provavelmente pensavam como Ryan. Que eu estava aqui interessada nesse dinheiro. Mas se enganavam. Eu não via a hora disso acabar. — Senhorita Foster, — Nick falou sorridente me abraçando num comprimento, seus braços me envolvendo completamente — Como você está linda esta noite! Meu primo realmente é um homem de sorte. Ele deu um sorriso descarado e m*l intencionado. Minhas bochechas se aqueceram e eu afastei meu corpo. Ryan pigarreou em sinal de alerta para o primo. A situação estava começando a deixá-lo um pouco incomodado. — Bondade de sua parte. — Eu respondi sorrindo sem jeito, correspondendo o abraço e o soltando rápido. — Realmente! Ryan é um homem de sorte. — Provocou Stefan, se aproximando e analisando o vestido. Sorri e olhei para baixo com um pouco de vergonha.
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