Love me, baby

Porque todos olham para ela?

Ryan Burke

"Porque diabos agora todos estavam olhando e elogiando Morgana?" Pensei sentindo aquela ponta de ciúme queimar minha mente.

Nos últimos anos eu fui negligente, não a visitei, nem procurei saber como ela estava.

Nem mesmo no dia do enterro do seu pai. Elena tivera um problema e estava no hospital naquele dia e eu estava com ela. Então a acompanhei, mas me certifiquei que deixei Morgana aparada com todos os recursos possíveis.

— Chega de elogios com a minha esposa, Stefan. — Eu falei apertando o seu ombro com força e mantendo um sorriso — Está deixando ela envergonhada.

Ela manteve os olhos baixos e o sorriso acuado, enquanto todas as atenções eram direcionadas. Aquele comportamento era incomum, até mesmo para ela.

—Você está sendo ciumento, primo?

— Onde está a minha neta adorada? — Meu avô chamou, ouvi a voz do velho Burke falando ao entrar na sala, me poupando uma resposta. Os olhos de Morgana brilharam como um cristal ao avistar o senhor de idade que entrava na sala.

O meu avô, o Sr. Ryan Julian Burke I tinha cerca de 75 anos, usava uma bengala para se locomover algumas vezes e mesmo com a idade avançada apresentava uma boa aparência. O terno era preto com uma camisa branca embaixo, seu cabelo grisalho estava penteado e bem cortado, estava sempre cheirando a limão fresco. Ela rapidamente se virou indo até ele e o abraçando, ela respondeu:

— Que saudade vovô Burke! — O aperto do abraço caloroso do velho a fazia sentir-se acolhida e bem-vinda sempre que o via. Disso eu tinha certeza. Já que ele a tratava melhor que a mim

— Como o senhor está? Está se cuidando direitinho? E esse coração, hein? Não vai me dar susto de novo?

Sua voz ecoava na sala e todos observavam a cena. No fundo da sala, eu podia sentir o olhar descontente de tia Cibila e Ned e ver algumas reviradas de olho enquanto eles conversavam.

No entanto, a maior raiva, era o fato de o vovô Burke querer deixar grande parte da sua herança para aquela garota inútil aos seus olhos.

Tenho que admitir. Realmente o entusiasmo e carinho entre eles era genuíno e invejável. Meu avô não era dos mais gentis, mas com Morgana as coisas eram diferentes. As risadas também preenchiam a casa como se os outros não existissem mais ali.

— Guarde um pouco desse carinho para mim também! — exclamou a matriarca da família, minha avó Katrina.

Vovó Burke era alguns anos mais nova que o avô Burke tinha 63 anos e era muito cuidadosa com sua aparência, permanecia gentil e acolhedora mesmo usando todos aqueles adereços caros.

Seu cabelo era levemente grisalho preso num r**o de cavalo e ela vestia um terno rose com sapatos de salto baixo.

— Oh! Vovó! — Ela então soltou o aperto do meu avô, seguiu até minha vó que também a tratou como uma filha sempre que a via. — Como você está?

— Oi filha, estou bem. — Minha avó se afastou e a olhou bem de perto, ela havia acertado em cheio naquele vestido. Ela sempre queria Morgana usando roupas chamativas na esperança de eu lhe dar bisnetos.

Quase três anos já haviam passado desde o casamento e até agora isso não havia funcionado. Nós não havíamos sequer chegado perto de ter um filho, mas a minha avó, tinha certeza de que agora que ela não estava mais na faculdade ela podia continuar investindo em Morgana para isso acontecer.

— Vejo que você está usando meu presente. — Um sorriso pálido dançou nos lábios de Morgana — Veja Ryan, ela não ficou linda nesse vestido?

Morgana pressionou os lábios antes de olhar timidamente para mim e de volta para minha avó. Respondi com apenas um aceno positivo, ela realmente estava bonita.

— A senhora gostou? — seu sorriso para ela era sempre caloroso e gentil, mesmo que ela estivesse com as bochechas coradas pelo elogio anterior, suas feições para eles eram sempre educadas e gentis. — Eu fiquei maravilhada, muito obrigado vovó.

E então ela depositou um beijo na bochecha dela e saiu lhe guiando até a sala de jantar.

O jantar seguiu um ritmo tranquilo com algumas risadas e frivolidades diárias sendo compartilhadas. Eu m*l consegui tocar no jantar. Logo em seguida meu celular tocou, eu sabia que era Elena.

Estava na hora de sair para encontrá-la. Me despedi de todos com uma desculpa qualquer sobre negócios e fui embora sem olhar para trás.

No caminho, meu pensamento continuava a se dividir entre os dois mundos que eu havia construído. O encontro com a família, a interação com Morgana, tudo ainda ecoava na minha mente. O ciúme que senti ao vê-la recebendo elogios, à forma como ela parecia confortável e querida naquele ambiente, isso mexeu comigo de maneiras que eu não esperava.

Cheguei ao local combinado com Elena e a encontrei esperando por mim. Seus olhos refletiam a expectativa e, talvez, um pouco de frustração. Cumprimentei-a com um beijo no rosto, tentando disfarçar a turbulência interna.

— Como foi o jantar? — Elena perguntou, tentando manter a compostura.

— Normal. Você conhece essas reuniões familiares? Muita formalidade e pouca sinceridade. — Eu respondi, evitando o contato visual.

Ela assentiu, como se compreendesse o que eu queria dizer. — Estou tão ansiosa pelo seu divórcio com ela.

A franqueza de Elena me pegou de surpresa. Olhei para ela, tentando ler as entrelinhas das suas palavras. Seu rosto exibia expectativa e ansiedade, mas havia algo mais ali, algo que eu não conseguia decifrar completamente.

— Estou ansioso por isso também. — Eu respondi, escolhendo minhas palavras cuidadosamente. — Será um alívio finalmente encerrar essa farsa.

Elena sorriu, mas havia algo nos seus olhos que indicava uma fraqueza quando eu falava de Morgana.

Talvez eu estivesse com ciúmes dela? Não. Não havia por quê. A tensão no ar, a forma como eu reagi ao ver os outros elogiando Morgana, tudo isso indicava algo mais profundo. Talvez, fosse o fato de que, após anos de casamento fictício, de repente, ela estava prestes a se tornar parte do meu passado. A ideia de vê-la seguir em frente, longe da farsa que construímos, mexia comigo. Ou talvez fosse o fato de que, ao olhar para ela, eu via uma versão de mim mesmo que preferia ignorar.