capítulo 5

2128 Words
– E pra surpresa de todos os funcionários, você conseguiu dominar o Maximus. - Foi a primeira coisa que o rapaz, que tinha falado comigo no celeiro pela manhã, disse ao me ver descer do cavalo. E ele não estava sozinho, tinha outras pessoas com o mesmo uniforme ao redor. – Não foi tão difícil. - Dei de ombros, zombeteira. - Só ganhei duas quedas e um joelho arranhado. - Apontei para o ferimento e soltei uma risada.- mas valeu a pena. – Parabéns! - Ele disse, pegando as rédeas do bicho que eu entregava a ele. Acariciei meu mais novo amigo antes de deixá-lo ir e respirei fundo. – Parece que você virou famosa.- Nick apontou para as funcionários que olhavam, cochichavam e sorriam entre si. – Elas não parecem estar olhando pra mim, garanhão. - Verifiquei, os olhares maldosos para o falso loiro ao meu lado, das garotas. Que eram bem bonitas afinal, deixaria qualquer um de alto estima baixa, até mesmo eu. – Pra mim que não é.. - Se fingiu de modesto, e eu soltei uma risada enquanto atravessava o celeiro, dando uma última olhada para Maximus e acenava para o seu cuidador. – Okay, vamos pensar dessa maneira.. - Dei de ombros, seguindo a trilha de volta para o prédio principal, enquanto colocava meu cabelo de volta ao coque de sempre. – Você vai para a social no lago hoje ? - Perguntou, colocando as mãos dentro do bolso da sua calça escura, um pouco suja. – Não pretendo. - O olhei. - você ? – Sim. - Não deu tanto importância e eu assenti, seguindo meu caminho. Assim que chegamos perto da entrada do prédio principal, algumas garotas praticamente gritaram pelo nome do Nicolas, o que foi assustador a forma como elas estavam eufóricas com a presença dele. Olhei pra ele abrindo um sorriso divertido e ele olhou pra mim, apenas erguendo os ombros de quem não entendia a situação. – Eu acho que o Rockstar aqui é você. - Brinquei, sorrindo pra ele, que logo sorriu de volta. - Vai lá, eu tenho que ir mesmo. – A gente se vê por aí ? - Ele perguntou, com as mãos no bolso ainda e se afastando lentamente, enquanto eu entrava. – Tem outras 800 pessoas aqui, Nicolas, é meio improvável. - Falei a realidade, rindo da sua careta de desgosto. - mas, quem sabe. – Vou aceitar isso como um sim. - Falou um pouco mais alto, já que estava um pouco mais distante. E antes que ele pudesse dar total atenção para o grupo de garotas que imploravam por atenção, o mesmo gritou. - Ah e a propósito... adorei a camiseta! Revirei os olhos e dei risada, antes de entrar rapidamente e ir direto pro elevador, nem me importando com o restante das pessoas que passeavam por todo o lugar. Não era brincadeira quando respondi, era realmente pouco provável nos encontrarmos de novo já que realmente tinha 800 pessoas, se eu estivesse certa de que cada quatrocentos quartos do prédio principal tivesse uma dupla, mas só pelo fato dele ter apenas perguntado, já foi um ponto positivo para ele. Logo que cheguei no quarto fui direto pro banho, precisava arrumar minhas roupas no armário, me organizar, apesar de ser a pessoa mais desorganizada que eu conheço. Terminei o banho rapidamente, já que meu machucado cismou em me perturbar. Assim que sai, fiz um curativo temporário, coloquei um vestido, coisa que eu raramente usava, florado, um vans preto e deixei o cabelo solto, já que eu lavei. Comecei a arrumar minhas coisas separadamente no armário, deixando vestidos, blusas, camisetas, shorts, calças, legging, tênis e tudo que trouxe, tudo separado, e ainda sobrou espaço. Eles acham que nós iríamos trazer nosso guarda roupa inteiro pra cá ? Não há necessidade de tanto espaço. Assim que terminei, guardei a mala embaixo da cama e respirei fundo. Minha mãe ficaria orgulhosa de mim se visse meu lado do quarto todo arrumado. Não que o de Bela estivesse bagunçado, era somente porque eu sempre fui desorganizada. Precisava me desculpar pelo modo como sai da mesa com minha amiga. E com certeza ela não voltaria pra casa cedo. Eu precisava ir atrás dela. Peguei minhas chaves do quarto e sai, deixando qualquer coisa que eu pudesse perder dentro do quarto, inclusive o celular. Guardei a chave dentro da meia, já que ali era o único lugar que eu podia colocá-la, e desci tranquilamente. Algumas pessoas andavam apressadamente para fora do prédio, outras entravam em grupos, conversando e rindo alto, outras mexiam no celular e eu, bem.. estava indo até o lugar em que eu nem queria ir essa noite. Segui alguns jovens animados na trilha pra ir ao lado, e me senti desconfortável por estar sozinha no meio de tanta gente que ia pra uma festa, mas era encontrar minha amiga e cair o fora. Pelo contrário do que eu achei, eu tive que andar bastante, e só quando eu avistei muita gente conversando, uma música leve rolando ao fundo, e muitas risadas, que notei que havia chegado. Como cabia tanta gente num só lugar ? Tratei de esquecer esses tipos de futilidades e segui meu caminho, esbarrei em muita gente rodeando o lugar, mas nunca era Bela. Já estava quase desistindo de procurar minha amiga, quando ouvi sua risada escandalosa mais Alta do que a música que rolava naquele espaço. Ela estava perto do lado, junto de um grupo de pessoas que eu não socializava, alguns membros da nossa escola e outros simplesmente desconhecidos. Não demorou muito para que a morena me avistasse ao longe, e pedisse licença para vir até mim. – Luna.. - Me chamou, assim que estava próxima. - achei que não iria vir.. – E não viria, mas eu queria pedir desculpas por hoje mais cedo.. - Sorri sem graça. Bela era uma das únicas pessoas que eu me permitia pedir desculpa. Eu era orgulhosa, mas se eu estava errada, sempre procurava fazer o certo. – Tudo bem, não tem problema, o erro foi meu de tocar num assunto que não deveria. - Segurou em minhas mão, sorrindo fraco pra mim. – Então está tudo certo ? - Perguntei e ela ergueu os ombros, sorrindo e assentindo em seguida. – Claro que está! – Ótimo, então eu vou.. – Não! - Me repreendeu antes que eu terminasse. - Já que está aqui, por que não fica e aproveita ? – Eu.. – Por favor... - Os olhos pidões da garota quase me derreteu, um jogo sujo da minha amiga para me fazer aceitar sua proposta. – Só um pouco. - Levantei o dedo em riste, ela assentiu, sorrindo vitoriosa. Acompanhei a morena até o grupo que ela estava antes e cumprimentei a galera que estava sentados no tronco perto da árvore. Me entretendo no assunto. – Soube que vai ter show surpresa no último final de semana. - Felicia, uma estudante da minha escola, disse. – Já sabem quem são ? - Jorge perguntou, eu também queria saber. – Não. - A menina fez um bico.- mas só por saber que vai ter show, fico feliz. – Esse lugar é o paraíso. - Daniela, que estava ao lado de Stacy, as duas pessoas que não conhecíamos, disse. Ao todo, estava eu, Isabela, Felicia, Daniela, Stacy, Cayer, Jorge, Tyler e Pedro. Tyler e Pedro também não fazia parte da turma, mas todos estavam se dando bem com todo mundo que isso nem importava. – Acho que paraíso ainda é pouco pra descrever esse lugar. - Tyler completou, contemplando o lago e as pessoas ao redor. Eu tinha que concordar com eles, o lugar era realmente espetacular. – Acham que todos estarão nos quartos até uma da manhã ? - Perguntei, recebendo um coro de risos em seguida. – Eu duvido muito que essa regra vai ser acarada esse ano. - Stacy comentou. - Todos os anos, não passam de 200 pessoas no acampamento, mas nesse verão o lugar simplesmente lotou! – São 800 contra o que ? 200 funcionários ? - Pedro arriscou, ainda rindo. - Aposto que essa regra vai ser retirada neste verão, só tem o pessoal que está quase fazendo 18, ninguém aqui dorme a uma da manhã. – Acho que essa é a hora que todo mundo tá aprontando. - Apontou Bela, fazendo todos concordarem. Eu não me importei muito em ouvir o restante da conversa, já que pra mim estava completamente um saco. Informei pra Bela que iria voltar, ela insistiu pra mim ficar mas preferi ir. Me despedi de todos em seguida, e segui meu caminho. Esbarrei em muita gente antes de chegar na trilha ainda lotada de gente que vinha de todos os lugares, mas logo consegui sair da multidão e encontrar meu caminho. Assim que me aproximei do prédio principal, notei que era uma das poucos pessoas que estava por ali, porque o restante estava tudo no lago. Balancei a cabeça afastando os pensamentos e fui para a trilha da fogueira. Não queria ficar naquela social, mas também não queria ficar trancar no quarto igual uma isolada, então escolhi a fogueira. Dava pra ver de longe que ela estava acessa, a fumaça não dava pra ser escondida, nem se quisessem. Assim que cheguei perto, notei que o clima ali era muito melhor do que eu estava á instantes atras, mesmo que eu curtisse bastante festas, não estava no clima pra uma. Tinha um casal de um lado da fogueira, então eu preferi sentar do outro lado, já bastava o fogo da fogueira, não precisava virar uma tocha olímpica também. Notei que ali perto tinha uma barraca, bem bonitinha por sinal, que abrigava três violões simplesmente extravagantes. Eu não contive minha ansiedade, tive que ir até lá e pegar um deles. O preto. Me sentei perto da fogueira, e senti o calor me invadir assim que sentei. Não era incomodo, pelo contrário, era bem confortável. Ignorei o casal do outro lado e fingi estar sozinha ali, lembrando de alguns acordes de algumas musicas antigas, comecei a tocar Let it go, do James Bay. Uma das minhas músicas favoritas. A melodia me abraçava bem, enquanto eu cantarolava baixinho pra ninguém escutar, o vento frio se misturava com o calor que a fogueira transmitia, fazendo minha pele arrepiar e aquecer ao mesmo tempo, fazendo com que eu nem pense em me arrepender de ter saído daquela festa. Percebi outras pessoas chegarem ao redor da fogueira mas não me incomodei com isso, e continuei a praticar. Percebi que alguns prestavam bastante atenção como eu tocava, e outros só fechavam os olhos pra sentir a melodia, mas eu sabia que tinha algo faltando ali. – Por que não canta ? - Me assustei com o rapaz que se aproximou de repente, que eu nem conhecia e que também não era da minha escola. Ele sorriu. - Sou inofensivo! – Sem problemas. - Murmurei. Voltando a tocar. - Tocar e cantar pra mim não é uma coisa que eu superei fazer. – Superou ? - Ele juntou as sobrancelhas, confuso. – É, eu só tocava violão ao lado do meu ex namorado, e cantava também mas depois.. - Lembrei do que me fez parar e suspirei, olhando para o fogo por uns instantes.- só parei. – Não deveria, pelo visto sua voz é muito boa e você toca bem. - Elogiou sincero, me fazendo sorrir. – Obrigada. - Agradeci, divertida. – A propósito, Sam. - Ele estendeu a mão pra mim, e eu estendi a minha para cumprimentá-lo. – Luna.- Disse, encarando aqueles olhos meio puxados e esverdeados. Ele exibiu um sorriso bonito, que duas covinhas logo acompanharam. – Esse foi só um conselho. - Ele disse, se levantando e se afastando devagar. - Foi um prazer, Luna. – O prazer foi todo meu, Sam. - Murmurei, antes de voltar a tocar indiferente. Fiquei ali por bastante tempo, pessoas iam e vinham, mas eu continuava ali tocando como se dependesse disso, mas nem sequer falava uma palavra. Foi quando eu vi que estava esgotada e precisava dormir que parei. Naquele horário tinha bastante gente ao redor da fogueira, e eu percebi que consistia pelo horário de jantar ter acabado, e apesar de ter pedido a comida de novo, eu me conformei e só voltei pro prédio principal. Á essa altura não tinha mais ninguém rondando as trilhas, provavelmente todos estavam no lago curtindo a tal festa, o que foi a melhor coisa que me aconteceu. Voltei pro meu quarto rápido, e logo que cheguei me joguei na cama, ligando a TV em seguida para assistir qualquer besteira até adormecer, o que não demorou muito, já que eu tinha me esgotado completamento na tentativa de adestrar um cavalo. Um longo dia...
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