Capítulo 12

2104 Words
Eu estava tensa, não conseguia parar de pensar no que Izzy estava passando e eu estava agoniada com a situação. Me sentia impotente, queria estar com ela, talvez escapassemos juntas se eu tivesse com ela, resolveriamos a situação juntas sem precisa de ninguém. Revirei os olhos para tal pensamento. Não conseguia cuidar de mim mesma, quem dirá escapar de algum c*******o com ela. - Você precisa parar de ficar pensando muito sobre isso. - Nicolas me tirou dos pensamentos ruins dos quais eu estava me enfiando enquanto andávamos floresta a dentro a pé enquanto puxavamos os cavalos. Quando mais andávamos mais frio e mais sinistro aquilo ficava. Nunca pensei que eu seria a menininha burra dos filmes que sai sem pensar nas consequência atrás da amiga desaparecida. Eu era a tipica personagem que com toda certeza m0rreria na primeira oportunidade. - Não tem como não pensar nisso, Nicolas. - Murmurei, os olhos atentos nos meus pés, se eu achasse uma cobra, iria m0rrer do coração ali mesmo. - E se aconteceu alguma coisa com ela? Me sinto responsável, não procurei por ela ontem, é culpa minha, sou uma péssima amiga. - Você não estava com ela ontem, você estava em um momento r**m e ela não veio te consolar, não foi culpa sua ela ter desaparecido depois de beber até não conseguir ficar em pé. - Parei no mesmo instante e lancei um olhar m0rtal para ele. - Ela tem mais amigos além de mim, não precisa ficar no meu pé, ela não é minha babá. - Murmurei furiosa com seu comentário negativo. Com certeza minhas bochechas estavam vermelhas de raiva. - E eles sentiram falta dela como você? Eu vi todos eles lá se divertindo sem ela. - Deu de ombros como se meu olhar não afetasse ele de maneira nenhuma. Bufei frustrada, sabendo que apesar de ser negativo o que ele estava falando, estava certo. Izzy era popular, bonita e extrovertida, se envolvia com qualquer pessoa por mais que eu aconselhasse o contrário. Ela nunca me ouvia... Respirei fundo sabendo que discutir com ele não iria adiantar, o clima só ficaria ainda mais r**m entre nós dois. Peguei o celular do bolso para conferir se tinha alguma mensagem de Izzy mas para meu azar, estava sem rede. Ótimo, era só o que estava faltando. - Como prefere passar a noite? - Nicolas murmurou, depois de me ver fuçando o celular, me pegando de surpresa. - Trouxe apenas um lençol que achei no celeiro. Suas palavras foram totalmente inocentes, de fato, mas na minha cabeça doida, aquilo foi um tanto inesperado e eu acabei corando com sua frase. - Você como um veterano do acampamento deve saber acender uma fogueira, não? - Falei sarcástica, tentando esconder o quão afetada eu estava por passar a noite com um cara que eu nem conhecia direito. - É claro que eu sei, mas eu tenho um esqueiro aqui, não sou burro. - Mostrou o objeto nas mãos dele, todo orgulhoso com seu feito. Nicolas parou de andar, me forçando a parar também, e começou a vasculhar o lugar. - Aqui é um bom lugar, não tem nada onde cobras possam se camuflar, já que é seu maior medo. - Como sabe disso? - Revirei os olhos, puxando Máximus para perto da sua nova amiga e deixando os dois se alimentarem dos matos que tinha ali. Será que isso era saudável para eles? - Você parece um suricato, Luna, olhando por todos os cantos da floresta. - Ele me encarou sério. Abri a boca algumas vezes para lhe responder á altura mas nada vinha na mente, esse menino era ousado. Como ele podia me chamar assim? - Eu sou precavida, Nicolas. - Foi a única coisa que eu consegui dizer, desistindo da minha batalha interna em tentar lhe dar uma boa resposta. Como eu tinha perdido esse dom? Nicolas me deixava sem jeito... - Sim, tão precavida que não deixou os monitores resolverem a situação e se enfiou no mato. - Ficou resmungando enquanto quebrava alguns galhos e colocava no chão. - Olha, eu não te chamei pra vir comigo, então para de reclamar. - Ah claro, por que sabendo da m3rda que você ia fazer, eu deixaria você sozinha, né? - Sim! - Falei mais alto do que deveria, sentindo meu corpo inteiro tremer de nervosismo.- Não sei por que veio. - Por que eu me importo, Luna! - Ele também elevou o tom de voz, me fazendo perder o fôlego com a intensidade do seu olhar naquele momento. Ele parecia indignado, seus olhos brilhavam tanto que me deixava sem jeito, eu m*l conseguia olhar dentro dos seus olhos, fazia tanto tempo que eu não sentia essas m4lditas borboletas no estômago. - É tão difícil assim acreditar que alguém possa realmente gostar de você? Desse seu jeito rude e fechada? Desse teu estilo meio cafona e esse teu sorriso bonito? Eu não estava esperando por seus elogios, aquilo era intenso demais para mim, tinha tanta coisa na minha cabeça que eu m4l conseguia pensar. - Sim, Nicolas, é difícil acreditar. Tantas garotas tão lindas nesse acampamentos, porque eu? - Comecei a falar, baixo, sentindo meu peito pulsar tão rápido que parecia que ia explodir á qualquer momento. - E mesmo assim, que vantagem a gente teria em levar isso adiante? Isso não é a realidade, é um acampamento de verão, eu não posso me apaixonar ainda mais por você e no fim de tudo isso me magoar sabendo que nunca vamos poder ficar juntos de verdade e que não passará de um momento. - As lágrimas começaram a correr pelo rosto, devagar, sentindo antecipadamente o sofrimento do qual eu estava contando. Eu gostava do Nicolas, isso era um fato que eu não queria admitir para mim mesma mas ainda sim não deixava de ser verdade. - Eu não sou como as outras garotas Nicolas, eu não consigo amar uma pessoa e depois deixá-la ir... Eu sabia que naquele momento eu estava me abrindo completamente com ele e que não era coisa que eu costumava fazer mas não me importava por que de fato, nunca mais iriamos nos ver quando tudo isso acabasse. - Por que você só pensa no fim? - Ouvi sua voz próxima de mim e percebi o quão perto ele estava. Senti sua mão em meu queixo e a minha pele no mesmo instante começou a formigar. Ele levantou o meu rosto para que eu pudesse olhar nos olhos deles. - Por que você não pode pensar em quantas coisas boas podemos passar juntos até o final? - Mas porque eu, Nick. - Minha voz falhava, cada vez mais que eu olhava dentro dos seus olhos. Ele era um mar, que eu me afogaria sem pensar duas vezes. Meu coração começou a pulsar ainda mais forte, percebendo que ele se aproximava devagar, cauteloso, estudando minhas reações. E quando percebeu que eu não recuei, ele colocou seus lábios macios nos meus. Nunca beijei alguém numa ternura tão grande quanto Nicolas havia me beijado, aquele sentimento chegava a doer dentro do peito de tão grande que estava se tornando. Eu sentia que ele tremia também, e que não estava tentando me passar aquele ar de garoto seguro, ele também estava nervoso. E tudo isso só tornava as coisas mais difíceis por que eu sabia que ele era um garoto bom, que ele era perfeito. Que por mais que eu tentasse afastar ele de mim, ele não ia embora tão fácilmente, que ele não me deixava sofrer sozinha e que estava ali, e tudo isso em tão pouco tempo. Eu sou uma tola, me apaixonei tão rápido. Nicolas afastou seus lábios dos meus, devagar, mas eu não conseguia abrir os olhos, eu estava sentindo aquela sensação ainda, estava guardando na minha mente o cheiro do seu perfume, que eu pude sentir por causa da nossa proximidade, a maciez dos seus lábios que eu tanto tinha curiosidade, e revelar para mim mesma os sentimentos que eu escondia dentro de mim. - Por que você é especial, Luna. - Ele disse baixinho. - Você não é como as outras e isso te faz única. Abri os olhos e encontrei os seus, brilhando em felicidade, um sorriso meigo em seu rosto. Eu teria um infarto, com certeza. Por que meu coração não parou de bater forte nem um momento. Parecia que cada vez mais nosso momento se prolongava, mais ele queria pulsar. Eu não tinha palavras para respondê-lo, então eu fiquei parada, em pé, estática, encarando a figura doce e gentil que ele era. Me perguntando a todo instante por que eu deveria me dar essa chance, sabendo que não era culpa dele, ele era perfeito, mas eu deveria me dar essa chance? Como ficaria o fim de tudo isso? Com certeza meu coração ficaria em pedaços ao saber que o que temos ficaria aqui nesse acampamento. - Faz um tempo que eu não sei como fazer isso. - Murmuro, chamando a atenção de Nicolas. - O quê? - Gostar de alguém. - E por que tem medo? - Medo de me magoar de novo. Ele suspirou, e andou até proximo de mim de novo. Mas dessa vez apenas sua mão se aproximou do meu rosto, acariciando o local. Eu me sentia exposta, nunca tinha ficado tão vunerável assim perto de alguém, nem mesmo quando eu chorei em seu ombro. - Mágoas fazem parte da vida, Luna, infelizmente. É com elas que aprendemos muitas coisas e mudamos cada dia mais. - Lá vinha ele com suas frases motivacionais. - Se eu não tivesse me magoado no passado, não seria esse garoto bobo que você conhece hoje. E eu tenho certeza que nunca poderia conhecer você se não tivesse se magoado com seu ex. - E que lição eu vou aprender quando precisar te deixar ir? - Perguntei docemente e ele abriu um sorriso meigo. Ele sabia a resposta, eu via em seus olhos. - Acho que só vamos descobrir no fim do verão. - Deu uma piscadinha e se afastou de novo. - Agora vem, me ajuda a arrumar uns gravetos pra gente se sentar e não passar frio. Ele estava mudando de assunto, examante por que sabia que eu não iria conseguir mais falar sobre o que estávamos falando. Ele valia a pena a dor. Me jogarei nesse amor de verão, que ele vai me proporcionar. - Mas e a fogueira? - Entrei na sua e segui o novo assunto que ele tinha arrumado. E também preocupada por que aquele lugar estava ficando escuro, e eu morria de medo de escuro. Que sorte a minha que ele veio, o que eu faria sem ele? - Se estamos lidando com sequestradores de mocinhas, a fogueira só vai chamar atenção no meio da mata. - Ele falou o óbvio e eu senti vontade de bater na minha testa por não lembrar disso. Ouvi sua risada percebendo que eu tinha percebido a situação e eu ri junto, juntando alguns gravetos e levando até ele que montava um pequeno espaço para sentar. Senti meu estômago roncar e percebi que sai sem comer nada. - Por acaso você veio precavido com comiga também? - Perguntei, colocando a mão sobre o estômago. - Eu sempre ando com comida. - Ele abriu um sorriso orgulhoso. - Não sei como você não é gordo. - Murmurei, olhando o trabalho dele no chão. - Por que eu como toda hora, meu metabolismo é acelerado. Não como só besteira, como você. - Ei! - Reclamei da sua alfinetada. - Tô mentindo? - Ele colocou a mão na cintura e eu ri, negando. - Então senta aqui, está pronto. Eu assenti e fui me aproximando daquele assento improvisado. - E se vier cobra por baixo? - Falei percebendo o vão que aqueles gravetos tinham. Ele deu risada, e eu não entendi o porque, até repassar a frase na minha cabeça de novo e reparar no duplo sentido que aquilo tinha.- Esquece. Senti minhas bochechas corarem e sem falar mais nada eu me sentei. Ele logo se sentou ao meu lado, bem pertinho de mim, e colocou o lençol em cima de nós. - Reze para essa noite não ser fria, se não vamos morrer. - Ele falava aquilo com um sorriso tão meigo que chegava a ser engraçado. Me ofereceu um pedaço do seu lanche natural e eu aceitei, eu estava com fome. - Isso foi um erro, não é? - Murmurei, olhando o céu pelo vão das árvores. - Com certeza. Ri com sua afirmação, achando que ele iria discordar de mim e suspirei. Seria um longo verão.
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