Capítulo 11

2083 Words
Minha cabeça estava cheia. Eu não conseguia parar de pensar um minuto no quanto eu tinha acabado uma amizade por bobeira de achar que tudo se tratava de me magoar. E no final quem tinha magoado alguém tinha sido eu a ele. Não podia mentir que eu gostava do Nicolas, quem seria i****a de não gostar de um menino fofo como ele? Mas os acontecimentos da minha vida me fizeram acreditar que não existia garotos bons, que não estavam ali pra brincar com o seu sentimento. Depois do Matt eu acreditei que ninguém seria capaz de gostar de mim de verdade. Ficamos juntos por anos e mesmo assim para ele não pareceu significar nada enquanto beijava a outra garota, pareceu que os anos que vivemos juntos não valia de nada, então por que alguém que não conhecia absolutamente nada de mim iria se sentir responsável em não me magoar? Eu era tola e egoísta. E não conseguia parar de pensar nisso enquanto estava na competição.  A menina do meu lado não fazia o tipo de pessoa que gostava de amizades, tentei conversar com ela diversas vezes e a única coisa que eu recebia era respostas curtas e diretas e isso me deixava frustrada por que eu sabia que era culpa minha. Eu sempre dava um jeito de afastar as pessoas. Izzy ainda era minha amiga por que ela é totalmente extrovertido, não leva nada a sério e por isso nunca levou minha grosseria pro coração e era por isso que eu amava muito essa menina. Mas até quando eu afastaria pessoas legais por conta do Matt? Bufei frustrada enquanto ouvia os murmúrios aleatórios daquela multidão. Olhava o celular a cada instante para saber se Izzy dava sinal de vida mas nada dela. A competição começou e era um jogo de perguntas e respostas. Eu estava torcendo pra minha dupla ser mais esperta que eu por que eu não era uma aluna tão exemplar, pelo contrário. Mas a minha cabeça estava em outro mundo e eu não conseguia me concentrar.  Até que chegou a vez dele, eu estava tão distraída que quando ouvi a sua voz tomei um susto, mas dessa vez para minha infelicidade não era comigo que ele falava. Percebi o tanto de garotas que olhavam para ele, suspirando horrores, e antes eu nem via sentido nisso, mas enquanto eu assistia ele responder as questões, abrindo um sorriso lindo, que eu percebi o quanto ele era atraente.  Balancei a cabeça negativamente, sentindo meu peito bater forte. Eu não queria estar ali, já não queria mais continuar. - Oi Halz, me perdoa mas eu não quero mais fazer isso. - Falei para a minha dupla e nem esperei por respostas, virei as costas para todos eles e me esgueirei no meio da multidão para sair dali. Minha cabeça estava cheia, confusa, o verão estava totalmente esquisito. Assim que eu consegui me afastar de todos eles, eu respirei fundo, observando de longe uma última vez o quanto Nicolas era carismático e amigável, e eu uma idi0ta que só pensava no próprio umbigo. Peguei o celular novamente e disquei o número da Izzy pela milésima vez naquele dia, se tinha alguém que podia me consolar, era ela. Chamou, chamou e caiu, como todas as outras vezes que liguei. Bufei frustrada e passei a andar pelo acampamento, consumida pelo silêncio, apenas os ruídos do vento nas árvores. E por mais que eu quisesse sentir paz, eu senti medo, eu estava sentindo algo estranho mas não sabia dizer o que era, e aquilo me deixava angustiada. Até que meu celular finalmente tocou, era a Izzy, meu coração ficou um pouco mais quentinho. - Onde você se meteu. - Foi a primeira coisa que eu falei ao atender o telefone. - Eu estou muito brava, você me deixou preocupada o dia inteiro Izzy. Ela ficou quieta do outro lado da linha, o que me fez ficar ainda mais preocupada, logo eu pude ouvir a sua respiração pesada na linha. Ou não era dela? - Luna, escuta.- Finalmente ouvi a sua voz e eu nem me atrevi a atrapalhar o que ela tinha para dizer. Nunca tinha ouvido a voz da minha amiga tão tensa, trêmula. - Eu não sei onde eu estou, tem uns caras aqui, é no meio do nada, amiga, me ajuda. No mesmo momento o meu coração disparou. - Meu Deus Izzy, eu.. - Comecei a olhar de um lado para o outro procurando por alguém, sentindo as lágrimas encherem meus olhos.- Você ta bem? Tá machucada? - Não, só vem logo, por favor... - Ela praticamente sussurrava e eu apenas assenti mesmo sabendo que ela não estava vendo. Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa ela desligou, e eu não sabia o que fazer. Estava num impasse. A unica coisa que me veio na cabeça foi correr até o prédio principal e pedir por ajuda, eu não conhecia nada por ali, eles sim. Não demorou muito até eu chegar lá, o prédio estava praticamente vazio e isso era sinistro mas eu não me importei com isso, só corri até a secretaria e parei a primeira pessoa com o uniforme do acampamento que eu vi. Eu estava sem fôlego, os olhos marejados, então enquanto eu respirava fundo para finalmente falar, o monitor ficava me encarando como se eu fosse uma maluca. - Tudo bem com você? Eu balancei a cabeça negativamente. Eu não costumava correr muito. - Minha amiga, Isabela, desapareceu ontem a noite, não voltou e eu fiquei muito preocupada mas achei que era normal mas ela me ligou, ela não sabe onde está, tem homens com ela, por favor me ajuda. - Falei tudo junto, rápido, eufórica, por que eu estava desesperada para ajudar a minha amiga logo. - Você não está fazendo uma brincadeira, não é? - Ele perguntou abrindo um sorriso bobo e na mesma hora eu fechei a cara. - Por que eu brincaria com uma coisa tão séria como essa? Ela está por ai, em algum lugar, correndo perigo talvez, eu não brincaria com uma coisa séria como essa. - Eu estava tão brava por sua suposição que o meu tom de voz subiu, e ele começou a entender o que estava rolando de verdade. Que tipo de pessoa brincaria com algo tão sério, isso era comum aqui ? - Tudo bem, irei alertar a todos. Vá para o seu quarto e espere até segunda ordem. - Ele deu duas batidas no meu ombro e saiu andando, me deixando plantada e totalmente frustrada. Ele achava mesmo que eu iria ficar parada enquanto a minha amiga estava por ai correndo perigo? Bufei na mesma hora e mudei a minha direção até o celeiro. Os cavalos começaram a ficar agitados assim que eu cheguei, isso por que eu cheguei assustando todos, era comum eu fazer isso com as pessoas. Cheguei até o celeiro do Maximus e logo o acariciei. - Oi garoto, como você está? - Perguntei tentando parecer o mais feliz possível. Mas era impossível esconder as emoções. - Preciso da sua ajudinha.  Eu peguei uma cela para o mesmo e o guiei pelo celeiro para ajustar a cela nele. Eu iria de canto a canto desse lugar se fosse preciso pra achar a minha amiga.  - Ah. - Me assustei com o Nicolas entrando no celeiro. - claro que está aqui. Respirei fundo no mesmo instante, não queria mesmo brigar com ele, não queria ficar num clima desagradável, então eu coloquei o que eu sentia para fora. - Olha Nicolas, eu sinto muito por magoar você achando que é igual aos outros, mas você não pode me julgar, eu não te conheço, não sei de onde é, então desculpe se eu achei que você estava tentando fazer alguma brincadeira sem graça por que a maioria das pessoas que conheço são assim. Decida-se se quer ficar nesse clima ou aceitar minhas desculpas, isso só depende de você, mas agora não tenho tempo pra discutir.  Subi no Maximus no instante seguinte e percebi que ele mudou sua feição. - Pra onde você vai? - Ele ignorou tudo o que eu disse. - Vou procurar a Izzy, ela precisa de ajuda. - Foi a unica coisa que eu murmurei antes de sair campo a dentro.  Respirei fundo sentindo aquela confusão em mim, por pensar nele mas afastei esses pensamentos no mesmo instante, colocando só a Izzy como prioridade. Os meus problemas eu resolvia depois. O sol estava queimando sobre os meus braços, mas eu não me importei muito por que logo entrei dentro da floresta. Tive que diminuir o ritmo por que tinha muitas árvores e o maximus não queria seguir com a mesma velocidade.  Fiquei com os meus olhos atentos em todo lugar que eu passava. Eu morria de medo de cobras e eu sabia que ali devia ter muitas, milhares, e isso me assustava pra car4lho. O silêncio agora era ensurdecedor, por que o medo passou a se apossar de mim naquele momento. O que eu tinha na cabeça em sair por ai procurando a Izzy ? Eu m*l conseguia cuidar de mim mesma.  - Izzy!! - Comecei a gritar por ela, talvez ela me respondesse de volta. Eu já não sabia mais o que pensar. - ISABELA! - Se você estivesse em um filme de terror, seria a primeira a morrer. - O pulo que eu dei ao ouvir a voz de Nicolas atrás de mim foi quase o ponto de eu desmaiar. Senti o meu coração sair do meu peito. - Filho de uma.. - Comecei a xingar mas eu nem conhecia a sua mãe para saber se ela merecia tal coisa. - O que você está fazendo aqui? Falei tão rápido e tão brava mas ele só deu risada, aumentando ainda mais o meu estresse. - Calma, estressadinha, eu só vim ajudar. - Ergueu as mãos e eu semicerrei os olhos em sua direção.- Você poderia se tornar a próxima desaparecida.  - Ah e com a sua ajuda eu não vou me perder? - Comentei, debochando da sua cara e ele apenas balançou a cabeça negativamente como se a ironia não tivesse afetado ele nenhum pouco. - Claro, eu sou o seu guia. - Me poupe Nicolas. - Revirei os olhos e continuei o caminho que eu estava fazendo. - Você não sabe cuidar nem de si mesmo. - Mas você nem me conhece.  - Exatamente, como posso confiar em você ? - O olhei de escanteio. - Você pode ter raptado a Izzy e me atraiu para cá. - Ah claro, por que a ideia de vir atrás dela foi eu que coloquei na sua cabeça por telepatia. - Ele comentou todo irônico e eu revirei os olhos percebendo o quanto eu tinha influenciado esse garoto. - Você precisa parar de achar que as pessoas só querem te machucar. Eu respirei fundo, não sabia o que responder. Eu só queria que esse pesadelo acabasse logo. O verão nem tinha começado direito. -  Você sabe onde pode ter alguma casa por aqui? Eu falei com ela, ela disse que estava no meio do nada, numa casa. - O olhei, esperando que ele pudesse falar alguma coisa que nos ajudasse na busca mas ele apenas negou. - Eu nunca curti entrar na floresta, tudo depois do limite do acampamento é sinistro, e pensar que estamos no meio do nada literalmente, é ainda pior.  - Você não está colaborando. - Revirei os olhos e ele soltou uma risada. - Vamos achar ela, fica calma. - Não tem como, ela pode estar em perigo, sei lá, ela disse que tinha homens com ela, e se eles fizerem algo com ela? - Senti o meu estômago revirando só de pensar nessa hipótese. - Eu quero chegar a tempo, não imagino como ela vai ficar se caso aconteça algo. Nicolas apenas assentiu, sabendo exatamente sobre o que eu estava falando.  - Vamos dar uma pausa por enquanto, os cavalos estão muito cansados. - Ele comentou o óbvio e eu me senti péssima por não ter parado com o Maximus ainda.  Paramos e eu desci do mesmo, acariciei o seu rosto e respirei fundo. Em algumas horas iria escurecer, eu deveria voltar? Virei o meu rosto devagar para olhar Nicolas e percebi que ele conversava com o cavalo, assim como eu, e acabei soltando um riso lembrando das circunstância da nossa primeira conversa e de como ele sempre foi gentil.  Será se eu poderia deixar ele entrar na minha vida sem medo? 
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