Capítulo 6 - "Parece muito com você"

1404 Words
Paraliso completamente ao ver Ana Clara com as mãozinhas no rosto de Alessandro. Ana ama a barba do vovô e com certeza não seria diferente com a do pai. Alessandro está mais lindo do que me lembro. Ele usa calça jeans, blusa preta e a tão comum barba de dois dias, que é sexy como um inferno. Nesse momento todos na sala percebem a minha presença. Tento ao máximo manter meus olhos no meu pai, na minha mãe, no meu irmão com sua mais nova namorada ou na Amora. Tudo pra não encontrar o olhar do Alessandro. – Oi Giovanna! - Ouço a voz dele e sem ter como fugir dessa vez eu o encaro. Seus olhos parecem enxergar além do meu exterior e aquela sensação de formigamento que acontecia sempre que ele me olhava retorna. Tenho tantas perguntas... Por que ele me deixou? Por que não me procurou depois que eu fui embora? Por que seguiu mandando inúteis cartas ao longo do tempo? Por que o amor dele por mim foi uma mentira? Ou não foi o suficiente para ele esquecer uma maldita vingança? Ele seguiu em frente? Apesar de meus pensamentos estarem em confusão, eu mantenho a ficha de indiferença com muito esforço. – Oi. - Respondi seca e simplesmente. – Então, ainda não me disseram de quem essa princesa é filha! - Alessandro diz olhando para meu pai. Meu coração começa a bater acelerado, tenho certeza que estou tremendo. Droga! Pensa Giovanna! Pensa! Depois de um minuto, meu pai olha para mim, fazendo todos olharem também. – Ela é minha sobrinha! - Falo a primeira coisa que me vem à cabeça. Aaah isso foi péssimo, ele não vai acreditar que uma criança tão linda é filha do meu irmão com a namoradinha sem sal dele, a não ser que..... Você é péssima em inventar mentiras, Giovanna! – Filha da Amora com o Léo, linda não?! - Forcei um sorriso, torcendo pra namorada do meu irmão não abrir a boca. QUE p***a EU FIZ DIZENDO QUE ERA FILHA DA AMORA??! Meu irmão quase engasga com sua bebida, meu pai mantém sua expressão neutra, mas eu sei que ele deve estar furioso. Minha mãe parece chocada e Amora me fuzila com o olhar. – Mas eu pensei que... - Olhou para Leonardo, depois para Guilhermina (namorada de meu irmão), e por último, para Amora. – Deixa pra lá... parabéns pela filha de vocês, ela é perfeita! – O..obrigada! - Léo responde gago. – Linda meiixmo, a cara do pai, não acha? - Amora debocha, olhando pra mim. Um silêncio constrangedor fica entre nós e meu pai é o primeiro a quebra-lo. – Vem Alessandro, vou te mostrar seu quarto! - Alessandro acena, entrega Ana para Amora e segue meu pai para o segundo andar da casa, mas antes de sumir de vista, ele me direciona um último olhar que faz meu corpo estremecer. Droga de corpo que não me obedece. Eu não quero sentir mais nada por ele, nem mesmo ódio. Eu só quero esquecer que um dia eu o amei desesperadamente, se é que ainda não o amo. – Que p***a é essa??? - Amora exclama. – Eu que pergunto! Ele só chegaria a noite, eu não esperava vê-lo agora! - Rebato. – Ele resolveu vim mais cedo, nosso pai sabia! - Meu irmão fala. – Giovanna que ideia é essa do potinho ser minha filha? Ainda mais com o Leonardo, tu tá maluca????? - Amora se aproxima e coloca Ana nos meus braços. Minha filha sorrir quando me vê mostrando seus dois dentinhos. Minha mãe apenas me olha com uma expressão de reprovação e sai da sala sem nada dizer. Tento ignorar a dor que isso me causou e olho para Amora e Leonardo. – Foi a primeira coisa que me veio a cabeça! Agora já era... e vocês vão me ajudar com isso. - Exclamo e vou para o quarto com minha filha, sem ao menos esperar respostas. Mesmo que minha família não concorde com o que estou fazendo, eu sei que vão me ajudar. Eu só não sei se vou conseguir manter essa mentira durante o final de semana inteiro. Eu sei que estou sendo egoísta em impedir um pai de conviver com sua filha mas, infelizmente, o pai da minha Clarinha está mais preocupado com uma vingança do que com qualquer outra coisa. E eu vou fazer o que estiver no meu alcance para que minha pequena não saia machucada nessa confusão toda. Tudo que faço é pensando nela. Ana Clara não merece ganhar um pai pra depois vê-lo ir embora e com a possibilidade de nunca mais voltar. Ela merece um pai que a ame e que fique com ela. Eu não posso passar o dia inteiro dentro do quarto. Eu não posso me esconder durante todo final de semana, por mais que essa ideia me pareça boa. Coloco um maiô na Ana e passo protetor solar em todo o seu corpinho. Visto um biquíni azul turquesa e prendo meu cabelo em um coque frouxo. O dia tá lindo para um banho de piscina, sem contar que tô precisando pegar uma cor. Encontro Guilhermina e Leonardo na piscina aos beijos, sabe lá Deus o que eles fariam se eu não tivesse chegado. – Será que dá pra vocês se comportarem na frente da minha filha?? - Exclamo e na mesma hora levo a mão na boca olhando em volta. Nenhum sinal da tentação chamada Alessandro, suspiro aliviada. – É piranhona! Vai ser bem mais difícil do que tu pensava, não é? - Amora chega por traz, debochando. – Aham, már não impossível! - Rebato. Levo Ana até a ducha perto da piscina e deixo a água escorrer em seu corpinho. Ela bate palminhas feliz e solta uma gargalhada gostosa. Aiiin que vontade de morder. – Tu goisxta de uma bagunça, né pequena? - Falo sorrindo para ela. Ela fazia barulhinhos adoráveis de bebês e envolve seus bracinhos em meu pescoço. Ana ainda não disse nenhuma palavra concreta. Tudo que sai da boca dela é algo do tipo: "Dada...papa...bobo..." ela ainda não disse mamãe e meu pai vive dizendo que a primeira palavra que ela vai dizer é "vovô". Eu duvido muito disso, mas não tiro a esperança do meu velho. Depois que Clara e eu estamos limpas, eu entro com ela na piscina. Eu nunca vi um bebê pra gostar de água igual a minha filha, ela fica muito inquieta ao ver água. Mesmo no meu colo ela empurra seu corpo para frente para que suas mãozinhas cheguem a água. Amora faz alguma piadinha sem graça antes de sair rumo a cozinha atrás de comida. Ana Clara começa a jogar água pra cima e quando a mesma bate em suas bochechas gordas ela gargalha. Minha filha é mesmo muito linda. Fico perdida em pensamentos olhando minha princesa brincar que nem percebo que Guilhermina e Leonardo saíram da piscina e que agora quem me faz companhia é Alessandro. Ele estava encostado na outra extremidade da piscina, mas seu olhar n***o está preso em mim. Minha pele queima e eu sei que isso não é por causa do seu olhar que não me deixa. Não consigo evitar e acabo passando o olho por seu corpo que agora, por conta dos diários treinamentos, está bem mais definido do que me lembro. Ele ainda não tem o porte atlético, mas ainda assim é extremamente gostoso. Eu, definitivamente, sinto falta dele me pegando forte, gostoso. A risada de Clara me traz de volta a realidade e eu afasto meu olhar dele. Levo minha mão em formato de concha até a água e depois jogo na cabeça dela para refrescar. Eu não olho pra ele, mas percebo que Nero está se aproximando. A traíra da minha filha estende os bracinhos na direção dele e vai logo mostrando os dois dentinhos. Ana não é de se apegar a uma pessoa rapidamente, ela costuma demorar até ter confiança e ir com alguém. Mas parece que com Alessandro foi amor a primeira vista. Primeiro ela agarra o rosto dele e custa a soltar e agora foi só ver ele pra se jogar (literalmente) em cima dele. Alessandro sorrir para ela e olha pra mim buscando permissão. Aceno com a cabeça e ele pega nossa filha nos braços. – Ela é linda e parece muito com você! - Ele fala analisando Ana. Eu congelo. Putz, agora fodeu.
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