Adelie Galliard | 2 de Setembro 2021
A minha vida já era uma completa de uma drogä por conta do meu padrasto, mas… eu achava que não podia piorar, que o nível de desgraçä continuaria controlado até eu sair do lugar que eu chamava de casa, mas… a vida era uma vadiä, então, ela sempre parecia querer me provar que sim, ela podia se superar.
Porque assim que eu cheguei em casa naquele dia, (depois de me esforçar em dobro pra ter uma boa avaliação na faculdade), eu me deparei com o imbëcil do meu padrasto me esperando apoiado no balcão da cozinha, com um papel em mãos, junto da minha mãe que estava bem ao lado dele, com um ar de velório.
— O que é tudo isso? — Perguntei, porque toda vez que eu chegava em casa, nunca tinha ninguém, muito menos, na cozinha. — Aconteceu alguma coisa? A nossa família faliu? Vocês finalmente vão se divorciar?
A esperança ainda brilhava em mim naquele momento, mas logo se desfez.
— Não para todos os três, mas imagino que você queria muito a terceira, não é? — O desgraçadö com quem a minha mãe decidiu se casar, soltou junto aos risos, — mas quem vai sair dessa casa, vai ser você, não eu.
— Como é? — Me ouvi dizer, com nítido espanto. — você não pode me tirar de dentro da minha casa! Isso é um absurdo!
— Claro que eu posso, principalmente com isso aqui. — Ele se aproximou para colocar o papel praticamente na minha cara, — recebemos uma proposta para você se casar com Dorian Messina, e óbvio… nós já aceitamos por você.
Dorian Messina.
Ao escutar aquele nome vindo da boca daquele bastardö, o meu corpo gelou, porque eu sabia muito bem quem aquele homem era, também tinha conhecimento da fama que ele carregava, por ser temido até mesmo dentro do nosso meio.
Céus… além de quererem me forçar a me casar, ainda era com um doidö varrido daquele?
— Como você só aceita a porrä de um pedido de casamento no meu lugar? — Rosnei enquanto ia pra cima dele, querendo tirar aquele papel de suas mãos, para o deixar em pedaços, — você não ficou contente em apenas föder a minha mãe? Quer föder mais a minha vida também, seu merdä? Não estamos em 1930! Você não pode decidir a minha vida por mim!
— Mais respeito, garota! — Aquela coisa levantou a voz pra mim, enquanto me jogava no chão com um tapa forte em meu rosto, me fazendo levar a minha mão até a bochecha, — eu já disse que você vai casar, então, você vai!
— Eu já disse que eu não quero! E eu não vou a lugar nenhum! — Continuei a elevar o meu tom, porque eu não iria ceder tão fácil, eu não ia deixar esse homem desgraçadö controlar a porcaria da minha vida. Ela podia não ser tudo isso e estar longe do que eu desejava pro meu futuro.
Porque eu já estava cansada disso.
De viver com medo desse desgraçadö, e não conseguir viver direito por conta disso.
— Filha, por favor… tente colaborar com ele. — Minha mãe tentou entrar no meio de nós dois, querendo apaziguar a situação, — isso já está sendo difícil demais para mim, e ver vocês brigando desse jeito… — eu vi os olhos da minha mãe se encherem de lágrimas, enquanto as mãos dela, tremiam.
— Mas mãe… — suspirei, deixando o meu tom mais suave, — ele está tentando me casar com um doidö! Você já escutou sobre Dorian Messina? Sobre como ele é um completo sanguinário com sangue frio?
Lágrimas e mais lágrimas começaram a rolar pelas bochechas da minha mãe, e por mais que eu estivesse ficando com dó dela, ao mesmo tempo… eu sentia que era a única ali, que tinha direito de chorar.
— Querida... você não entende... — ela murmurou e eu quis responder, que é. Eu realmente não a entendia. Não tinha como diabös entender o motivo pelo qual ela aceitava ser tratada daquele jeito por aquele homem, e ainda por cima... me enfiar em um noivado como aquele, sabendo que o que eu mais desejava era a minha liberdade.
— Mãe, por favor... — murmurei e o idiotä do meu padrasto riu.
— Acha que se continuar implorando, alguma coisa vai mudar?
— Eu não estou falando com você! — Gritei, e ele me pegou pelos cabelos, os puxando para trás.
— Escute aqui, sua pirralha… eu alimentei você! Eu deixei sua mãe trazer você pra minha casa e permiti de bom grado que se aproveitasse da minha bondade, mas estou cansado!
— Bondade? Você deve estar brincando!
— Sim, bondade! Sou muito bom por não ter te enfiado em um bördel quando fez 15 anos! — Ele devolveu e eu senti minha espinha gelar, enquanto minha mãe fungava se agarrando ao braço dele.
— Breno… por favor, não fale essas coisas para ela…
— Não fale? — Ele me largou, para dar um murro no estômago da minha mãe, que a fez cair de joelhos, — se bote na porrä do seu lugar, Gina! Uma putä como você, nem deveria ter aberto a boca pra começo de conversa! — Ele disse entre dentes, — e outra, você sabe muito bem, qual foi a única porrä de motivo que manteve Adelie inteira até agora.
— Ela é minha filha, Breno! Pare! — A minha mãe ainda tentou dizer, apenas para Breno dar um chute na costela da minha mãe, a deixando em posição fetal no chão.
— Mãe! — Eu corri até ela, mas Breno? Ele nem mesmo ligou, e continuou falando que nem o maníacö que era.
— Ela é uma vadiä! É filha daquele arrombadö que te largou grávida!
— Não trate ela assim! — Gritei e ele me empurrou contra o chão, me deixando do lado da minha mãe, com a mão no meu pescoço.
— Escute aqui, eu tentei ser bonzinho. Tentei fazer as coisas do jeito gentil, mas não rolou, não é? Então vai do jeito convencional. Você vai sorrir, vai assentir e vai casar com a porrä do Dorian Messina, estamos entendidos? — Eu conseguia sentir o hálito quente dele na minha cara, com aquele odor de fumo insuportável, — ou você, Adelie… vai ter um destino bem pior que o da sua mãe, e eu vou garantir isso.
— Não… — eu comecei a entrar em desespero ao escutar aquelas palavras.
— O que foi? Por que parece tão surpresa com isso? — Ele disse entre risos, — você já deveria saber que o único motivo pra você continuar vivendo a sua vida, sendo essa bonequinha imaculada malditä, é porque você é um produto! — Ele praticamente cuspiu na minha cara, — e como um produto, você tem que render de alguma forma! Então, se não for como uma Messina, vai ser como a porrä da sua mãe!
A mão dele se apertou no meu pescoço quando eu tentei falar e ele sorriu, um sorriso sem felicidade, um sorriso cheio de maldadë.
— Adelie… — minha mãe grunhiu e eu senti meu corpo tremer quando Breno me soltou, e desferiu outro golpe nela.
— Eu já te disse pra calar a boca, sua putä! — Breno rosnou, — e você Adelie… me entendeu bem?
Engoli em seco, sentindo que aquela era a porrä da minha realidade. Eu realmente nunca tive a chance de recusar aquela oferta, — ele já tinha mesmo decidido tudo por mim.
— Adelie Galliard, você entendeu? — Breno rosnou uma segunda vez e vendo os olhos chorosos da minha mãe, eu engoli o meu orgulho, como sempre tinha feito durante toda a minha infância.
— Sim… eu entendi .