O coronel Batista não havia ficado satisfeito com a atitude do Jovem João, mas devo admitir que havia me divertido com seu atrevimento. Ele parecia sim interessado em mim, e eu estava pensando nele. Em seus olhos castanhos, em sua pele bronzeada e sua maneira diferente de se portar.
Quando chegamos em casa, após a missa sem nos despedirmos de ninguém, Batista me segurou no braço e buscou falar comigo.
— De onde a senhorita minha noiva conhece aquele rapaz?
— Perdão?
— Aquele rapaz ousou toca-la em minha frente, beijou sua mão como se fosse corteja-lá e ainda teve a audácia de questionar sobre sua felicidade em estar comigo ou não. De onde você o conhece Sandra?
Geralmente em situações complicadas eu costumava a pensar como Jesus, mas nesse caso eu pensei: O que Pedro Faria? Negaria.
— Eu nunca vi aquele homem em toda minha vida. — Pelo menos não até hoje cedo.
— Jura?
— Senhor Batista eu não conheço aquele rapaz e nem se quer sei como ele se chama, eu acabei de sair de um convento, deve ser um libertino qualquer.
— Entendo. — Ele se vira de frente para mim, e levanta meu véu vagarosamente. — Sandra.. És tão linda.
— Agradecida meu noivo. —respondi em respeito. Mas sentia nojo daquele toque.
— Sabe, eu sei que tem medo de mim porque matei a minha primeira esposa, mas quero que saiba que jamais faria nenhum m*l a você.
Vireimeu rosto para a esquerda evitando ao olhá-lo.
— O senhor diz que nunca me faria m*l mas hoje mais cedo tentou passar a mão entre minhas pernas e também me obriga a usar este véu em público.
— Eu fiz isso porque eu desejo você, oxe. E o véu porque eu te amo. Amo você Sandra, e não quero que ninguém veja sua beleza, quero te proteger dos maus olhares dos homens.
— Me ama?
— Sim, a amo.
— O senhor tem uma maneira estranha de demonstrar seu afeto.
— Eu imagino que entenda errado, mas apenas quero lhe proteger. Ouça, não fale mais com esse rapaz, ele é um libertino, provavelmente ele quer desonra-lá e a abandonar, mas eu não. Eu quero casar, quero que me dê filhos e dou meu nome a você. Vou te mostrar que posso ser gentil.
— Compreendo, tenha boa noite Batista, irei entrar não fica bem eu ficar falando com o senhor aqui no portão. Boa noite.
Eu estava confusa
Isso era amor? Na minha cabeça era algo tão mais diferente. Tão mais puro, porém ele era mais velho e mais experiente, talvez compreendesse melhor do que eu. Eu não sabia de nada, ele era um homem conhecido por ser violento, e dona Julieta apanhava todos os dias, e no final das contas ele a matou. Mas, eu não conhecia o rapaz não sabia quem era o João, não sabia o que ele queria comigo e muito menos suas intenções, apenas dei as costas para Batista e passei meu portão de minha casa e entrei, não queria passar muito tempo sozinha com ele, tinha medo que me assediasse novamente.
Bom, eu fui me arrumar para jantar com meus paiz e fazer minhas orações, e antes de dormir, mas antes de deitar eu pensei nele, naquele cavalo preto, e naquele sorriso na igreja, em seu perfume e em imaginar fechei meus olhos.
João Victor
Não pensei que veria ela novamente, a mulher mais inteligente que tive o prazer de cruzar. Sim inteligente, pois a diretora do convento me contou que Sandra sabia falar outros idiomas, ler, escrever, iria dar aulas para as crianças voluntariamente, e além do mais era linda. Mas ver que seu destino estava a prendendo a alguém que provavelmente a violentar ia, e que matou a primeira esposa me deixava desconfortável. Quando cheguei em casa junto a mamar pude sentir o peso de um tapa em minha cabeça.
— Aí!
— Como você teve a audácia de flertar com a noiva do coronel Batista na frente dele, e dentro da igreja? — Pergunta ela cruzando os braços.
—Mãe, que isso, me bata não.
—Bato, não se meta com mulher comprometida eu já te ensinei isso, esqueceu?
— Ela vai se casar arranjado! Vi nela expressão de sofrimento e desconforto. A senhora não?
— Idai? — Ela descruza os braços e gesticula — Eu casei arranjado com teu pai ué. O que tem?
— É, é eu vejo a senhora pedindo rá Deus matar ele.
— Uma morte rápida e indolor. Mas meu filho escuta é diferente, não se meta com ele por favor aquele homem é perigoso, tem muita moça bonita e... A propósito. Não foi o senhor mesmo que ontem chegou da casa da Clara e disse que não queria mais saber de moça nenhuma?
— Clara! Isso, mãe a Clara deve conhecer mais aquela moça, o nome dela é Sandra. A diretora do orfanato quem me disse.
Fui empolgado até a porta e ela falou autoritária.
— João Victor de Moraes! Se você importunar aquela moça eu acabo coma sua raça.
— Mãe, eu irei tentar corteja-lá, se ela não mostrar interesse eu juro deixa-lá em paz. Agora se ela mostrar interesse... Terá uma história interessante para contar ao seus netos.
Fui de então a casa de Clara, não era muito longe, ela havia acabado de chegar da casa de Joaquim, de um Jantar de apresentação, para minha sorte seu pai estava dormindo e sua mãe me permitiu conversar com ela. Seu sorriso era visível, e o brilho em seu olhar também, ela estava radiante.
— Clara, eu te ajudei com o Joaquim, e agora preciso de um favor.
— Claro, se eu puder lhe ajudar. Seja breve terei que subir em breve antes que painho desça.
— Tem uma moça, ela é filha de Dorotéia e Raimundo, seu nome é
— Sandra Rosa Madadela? — Ela conclui.
— Você a conhece?
— Claro que conheço, oxe. Sandra é minha amiga de infância, chegou a pouco de um convento da Bahia. Me surpreende você conhecer ela.
Ela ficou em silêncio por um momento, virei meu rosto para o ladoe suspirei.
— Ah... Tá doidin por ela é?
— Conheci ela no orfanato, fiquei fascinado com as coisas mas ela... Tem um noivo.
— Pois vai gostar de saber que ela num tá muito satisfeito com ele não. O fato dele ter matado a primeira mulher assombrou ela.
Clara me convida para entrar e me chama para me sentar ao seu lado no sofá, então passamos a conversar. Sua mãe estava longe observando.
— Clara, me conhece, sabe como sou, quero conhecê-la, eu gostaria de saber se ela abriria um espaço em seu coração para mim. Como tentei com você.
— Ah João, Sandra é muito tradicional, ela não é moça romântica como eu. Mas, eu penso que se a oportunidade surgir ela a de querer lhe conhecer.
— Então você vai me ajudar? Ao menos a conhece-lá, se ela não quiser nada comigo eu a deixo em paz eu juro.
— vamos fazer o seguinte
.
O plano de Clara era fazer um pequeno jantar no quintal entre amigos no próximo sábado. O quintal tinha um jardim bonito e fechado e lá poderíamos conversar e nos conhecermos melhor, o plano não poderia falhar.
Sandra.
Despertei-me e fui diretamente me arrumar, meu compromisso nesse dia era com as crianças do orfanato, eu estava tão animada que não escovei meus dentes e muito menos fiz minhas orações. Peguei alguns pães e coloquei dentro de minha sacola e corri para o carro, o motorista estava a minha espera, mamãe como sempre orgulhosa.
Era estranho ver alguém ter orgulho de mim mas nem se quer falar comigo, é me obrigar a me casar com um assassino.
No caminho, pedi ao motorista parar e coloquei meu véu, e distribui os pães que peguei em casa para as pessoas que pedia esmolas perto da feira e retornei rápido, não queria que me vissem e fizessem fofocas. E finalmente no orfanato a minha alegria.
Eu amava crianças, era uma das coisas boas do Convento era ir cuidar de pequenas crianças e bebês. Isso quando sé tinha bons instrumentos. Dei aula e vi onde a última professora parou, li histórias infantis, Clark que thdi depois de me apresentar, fiz isso durante uma semana, foi quando eu recebi um convite de Clara para ir em sua casa ao sábado a noite. Mas, eu teria que recusar pois meu noivo iria me visitar e eu nao podia deixá-lo esperando. Íamos discutir sobre a data do casamento.
Finalmente quando cheguei, depois de quase uma semana de aula animada, com o véu sobre meu rosto, e como já um costume eu distribuía pães para os que pediam esmolas, e quando cheguei no orfanato não fui bem recebida, a coordenadora me chamou a atenção para ir a sua sala e chegando lá tive ua notícia desagradável.
— Lamento mas a senhorita não irá mais dar aulas aqui.
— Mas porque não? Só diz uma semana e a senhora mesma disse que as crianças adoraram a minha aula.
— Eu sei o que eu disse senhora, mas... Vosso noivo é um grande doador em massa, e ele disse que cortaria as doações caso não a mandasse embora, podemos não nos indispor com ele. Por favor, vá simbora
— Mas ô.. Os bixin... Eu gosto tando.. Das criança...
— Por favor dona Sandra...
Meus olhos está vcs m marejando, tanto que não pude ver alguém que saia da sala o lado, enquanto eu sai choramingando.
Pelos corredores eu corria, não conseguia acreditar que o crápula havia feito isso, A coordenadora nem se quer me permitiu me despedir das crianças, arranquei aquele maldito véu do rosto enquanto andava sem olhar direito e acabava por esbarrar em algo, quando olhava era novamente aquela figura imponente. Como sempre bem vestido, mas o que ele estava fazendo aqui? Me perguntei.
— Me perdoe eu não o vi.Abaixei a cabeça e segui caminho próxima a saída.
— A senhorita deixou cair uma coisa.Pato em meio do caminho e me viro, não havia nada ao chão.
— Perdão, eu não vejo nada meu aqui— Deixou sim, está deixando seu coração nesse lugar. Minha mãe está conversando com a vice diretora do orfanato e eu ouvi por de trás da porta sua conversa com a coordenadora, soube o que seu noivo fez.
— Bem... Não é de sua conta, por favor me dê licença.
— Me virei de costas, e segui até a saída.O rapaz por outro lado me era insistente.Novamente se aproximou de mim e tocou em minha mão, pondo um pequeno papel e seguiu para a igreja, fiquei confusa e quando peguei a pequena folha estava escrito.
"Me encontre na igreja para conversarmos"