O véu

1836 Words
Conversar com Clara me fez encontrar  até o apetite que pensei ter perdido, com sua gentileza me aconselhou a ter fé, que em algum momento me apareceria um príncipe de cavalo branco que me salvaria do terror que seria esse casamento, o pesadelo que seria me casar com o coronel Batista. João Victor Batendo na porta com uma certa paciência, ele demorava para abrir como sempre. Eu estava com alguns livros para entregar a ele, havia pego emprestado para estudos da faculdade, quando ele abre é com um  largo sorriso. — Já terminou? Entre. — Sim, agradeço por ter me emprestado. Adentrei em seu pequeno apartamento e fui pondo os livros em uma mesa, mas havia algo que com ele eu precisava falar. Joaquim era alto, tinha olhos azuis claros e cabelos cor de mel . Ele era um homem até onde eu sabia comum, rico mas comum. Mas quando se tratava de mulher ele tinha algo estranho comigo, tinha o mesmo interesse, mas nesse caso com a Clara teria que acabar agora. — Joaquim, O que você quer com a Clara? — Perdão? — Ele para de andar e vira para mim. — Eu não sou um homem que briga por mulher. Mas, ela parece bem interessada em você. Me diz. O que você... — Eu quero me casar com a Clara — Ele me interrompe —Eu gosto dela. Já nos encontramos escondido lgumas vezes, eu não vou mentir pra você, gosto dela. Mas eu estava pensando se isso valeria um briga ou perder a amizade que temos. — Olha se você realmente gosta dela, eu não irei ficar no caminho. Ela é um doce de mulher, amável e gentil mas ela gosta é de você. Ele ficou em silêncio me encarando, pareceu surpreso com minha reação. Eu gostava de Clara, mas não a obrigaria a ficar comigo se não quisesse. — Eu estou surpreso com a sua atitude João, você como sempre é muito sensato e me surpreende. —Eu sei. Bom eu acho até melhor assim a minha mãe sai do meu ouvido pedindo para eu me casar logo e ter netos. Olha, se não estiver ocupado podemos ir resolver essa situação agora. É bem, com Joaquim foi fácil de resolver, mas com o pai de Clara não foi bem assim. Ela havia saído, visitar uma amiga que havia acabado de chegar. E seu pai quando  ouviu a história não ficou bem satisfeito. — Mas que marmota é essa?  Querem trocar? Acham que a minha menina é o que? — Senhor, por favor compreenda. Clara realmente ama o meu amigo, ela me disse que preferia ficar com ele e isso ficou me assombrando a cabeça. É melhor que fiquem juntos. — É se o rapaz gosta tanto de minha filha porque não veio ele pedir ela em namoro? — Tive medo de magoar meu amigo quando soube do interesse dele em Clara. — Diz Joaquim. — Sei. Ele não pareceu conformado, Levantando da cadeira que estava e foi até um gabinete mexendo nas gavetas, e foi quando Clara chegou acompanhada de sua mãe, ela estava sorrindo, demonstrando alegria. — Ah mamãe ela estava tão preocupada com o casamento que... — Ah minha fia, que bom que chegou. Agora ce vai me explica um negocio que esses dois c***a safado tão querendo me dizer. Ele havia pegado um revólver engatilhou. Joaquim junto a mim nos levantamos da cadeira tomando uma certa distância. — Meu marido mar pra que isso, abaixe essa arma. — Esses mínimo que acabaram de sair das frauda, vieram aqui na minha casa falar que queriam trocar de namorado, porque um não gosta da minha filha e sim o outro. Tão pensando o que, que a minha filha é rapariga por acaso pra trocar de namorado duma hora pra outra? — Joaquim, tu veio por mim? — Perguntava Clara com um brilho nos olhos. — Eu. Vim. Mas acho que vou morrer. — Eu vou matar os dois pra limpar o nome da minha princesa, mas ora, pena que são oque? Fechei meus olhos, pareceu ter sido uma péssima ideia. Pude ouvir a voz doce de Clara e quando abri os olhos vi Clara em nossa frente de braços abertos. — Faz isso não painho. Por favor, eles num fizeram m*l a eu não. João é bom, gentil, mas eu me apaixonei mesmo por Joaquim. Eu contei pro João os meus sentimentos, por isso eles devem ter vindo aqui. —Corajosa. — Murmuro. — Você tá me enfrentando? Té doida é menina doida? Joaquim também tomou coragem, e segurou na mão de Clara, declarando para ela o amor que dizia sentir. Foi uma cena bonita que acalmou o coração de seu então futuro sogro, onde então foi meu momento de me retirar. Fui então para casa onde morava com minha mãe, e quando cheguei já recebi dela uma orientação. Helena. Uma mulher bondosa, de boa índole e gentil, sofria nas mãos de meu pai, mas ao ver sua animação pelo visto meu pai havia viajado para São Paulo. — Já chegou querido, e então como vai a jovem Clara? Ja vão marcar a data do casamento? — Mãe, Clara e eu rompemos. — Quando falei ela se mostrou surpresa. — Como assim? Não gostava dela? — Ah, ela é uma boa moça, linda, gentil, meiga mas... Ela não gostava de mim. Eu não queria obrigar ela a ficar comigo. Quando a beijei, ela retribuiu, mas... Eu sabia que não pensou em mim quando abriu os olhos. Ela gosta mesmo é do Joaquim. Caminhei até o sofá, que foi onde me joguei de corpo para me deitar. — Joaquim... Não gosto deste rapaz. Sinto que ele ainda irá lhe dar problemas. — ela dizia se aproximando de mim e passando a mão sobre minha cabeça. —Mãe, por favor não comece. — Pelo menos você respeitou os sentimentos da moça, enfim eu gostaria de pedir ao meu rapaz que vá para o orfanato amanhã deixar um pacote que está no escritório de seu pai, é a doação que faço todos os anos para as crianças, quero que vá lá amanhã cedo. — É porque a dignissa dona Helena não vai? — Tenho que resolver alguns assuntos para o seu pai e vá bonito, vai que você encontra uma moça pelo lugar. Ela dava um tapa sobre meu peito. Ora, não queria saber de mulher tão cedo, me parecia ser mhit complicado do que eu imaginava estar em um relacionamento. Sandra. Dormir, eu ainda estranhava a cama. Pois a cama do convento não era tão confortável como a casa de meus pais, embora outra coisa me tirava o sono. O pesadelo que era imaginar ter que me casar com aquele homem. Me virando na cama diversa vezes até que acreditei ter me sucumbido a loucura.   Levantando da cama, vestida com uma camisa longa, me ajoelhei ao chão de meu quarto e juntei as mãos  e comecei a orar. — Senhor MEU Deus, eu vos peço, não quero me casar com Batista, por favor eu peço que ponha na minha vida um homem, um príncipe de cavalo branco, que me tire desse aflito que me salve dessa situação e que se case comigo para que eu não tenha que sofrer. Peço perdão por meus pecados, mas não me deixe. E casar com esse monstro que tirou a vida da própria esposa, Amém. Quando terminei minhas orações não imaginei que no dia segui te a loucura continuaria. Acordei e após um banho, vestida com um belo vestido rosa claro e o colar de pérolas em meu pescoço, desci para tomar a ceia e quando i já senti um aperto no peito. Batista já estava lá, ele havia vindo para fazer o pedido formal de  casamento, ele se ajoelhou e enfiou o anel, uma bela pedra em meu dedo. E depois de meu "sim", forçado, ele me deu uma caixa branca, pequena que quando abri pensei ser uma joia   mas na verdade era apenas um véu longo bordado branco. — Quero que minha noiva use este véu quando sair, não quero que nenhum outro homem contemple sua beleza. — Jesus Cristo tende misericórdia de mim! — Ela irá usar! — Disse papai. Nem quis falar, eu sabia que não tinha voz. Senti uma angústia e apenas acenei com a cabeça, coloquei então o véu branco sobre meu rosto e peguei a doação que ele pediu que eu deixasse no orfanato e fui com o motorista  de papai, pensativa sobretoda a situação que me encontrava. Clara teria razão? Eu deveria ter meu príncipe encantado? O orfanato era um pouco antes do centro, a igreja era bela e destacada, apesar de grande não vivia cheia pois existia muita em diversas comunidades da cidade, Fui falar então com a responsável do lugar para doar o dinheiro e também dizer que os alimentos e roupas estavam na mala do carro, e me ofereci para fazer o trabalho voluntário como professora, a senhora me perguntou a razão de meu véu e tive que revelar que era por conta de meu noivo. Mas para crianças não teria problemas. Quando então tudo resolvido eu começaria tudo no dia seguinte. Algumas crianças estavam correndo pelos corredores, com travessuras usando pó de giz, o que atiçou a minha alergia, comecei a espirrar indo até a saída enquanto espirra a até chegar a calçada onde abaixei a cabeça e meu véu caiu junto as madeixas douradas que tomaram meu rosto, quente senti tomar  um ar, quando olhei vi o nariz de um cavalo, me afastei assustada e era um grande cavalo preto de pelo brilhante, em cima dele um homem bem vestido usando óculos escuros e trajes bem formais, ele parecia jovem e ter seus vinte e poucos anos. Desmontou do cavalo enquanto eu coçava o nariz, abaixou-se em minha frente e tirou os óculos, e pude ver então seus olhos castanhos. — Senhorita, seu véu. Sua voz era suave, me era agradável aos ouvidos e sedutora. Senti meu corpo aquecer, provavelmente o sangue  circulou em meu rosto pois estava quente como se tivesse pegado sol. Eu estava hipnotizada por ele. — Senhorita? Seu nariz está escorrendo... —Ah? Ah sim é a minha alergia. Uma das crianças estava brincando com pó de giz e me atingiu. Ele tirou um lenço do bolso e me entregou. Passei em meu nariz e virei o rosto para o lado totalmente sem graça. — Véu, senhorita. — Ele se aproxima um pouco mais e recuo tomando o véu de sua mão. —Agradecida senhor, tenha um bom dia. Tive que me afastar dele, se Batista soubesse que falei com outro homem ele provavelmente enlouqueceria. O motorista abriu a porta para mim e quando entrei com o rosto já coberto com o véu, estava olhando para o lenço, e quando vi tinhas as iniciais "J. V" E em meu coração fiquei me perguntando, quem era aquele homem, o homem de cavalo preto, seria ele meu príncipe encantado?
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