Eu deveria esperar o pior

1045 Words
Adicionem na biblioteca e comentem :) Na segunda, Jonas me recebeu cedo na empresa e Lúcio nos encontrou em seguida. Ele nos conduziu para uma das salas de reuniões e Garcia não se juntou a nós. Apenas um dos representantes do jurídico deles. - O contrato de investimento que vocês solicitaram está pronto. - Jorge nos entregou os documentos e pediu que analisássemos. Pedi alguns minutos para discutir alguns pontos com o Lúcio e eles nos deixaram sozinhos. - Você percebeu também? - Ele me perguntou. - Se está falando da cláusula punitiva, vinculada a nossa entrega de resultados, sim. - Ele me explicou em mais detalhes, que se em um espaço de 12 meses, o investimento não fosse recuperado pagamos uma multa a eles do valor do investimento mais 20%. Isso era praticamente uma declaração de falência. - Existe a possibilidade de cumprirmos essa entrega? - Perguntei já imaginando a resposta. - Honestamente, eu acho muito difícil, da forma que as coisas estão, entregarmos metade disso em 12 meses. - Lúcio suspirou. - Eu aconselho que não aceitemos essa proposta. - Mesmo se não aconselhasse, eu não aceitaria. - Uma batida na porta nos interrompeu. Meu pai entrou apressado e se sentou. - Vim apenas assinar. - Ele nem me olhou, ainda incomodado com a situação de sábado. O chá do domingo foi silencioso da minha parte, mas não menos incômodo. - Pai, não vamos aceitar essa proposta. Temos que revisar essas clausulas. - Ele me olhou e riu nervoso. - Emily, você fez um inferno por um acordo em papel, e agora não quer aceitar. - Expliquei para ele o risco que estaríamos colocando a empresa. - Podemos perder tudo pai. O Lúcio concorda em tentarmos negociar. - Emily, se não aceitarmos, vamos perder tudo. - Isso não deve ser o motivo para aceitarmos um investimento que vai nos prejudicar. - Meu pai pensou por um segundo. - O que você sugere? - Tenho autonomia para negociar? - Ele me encarou e depois olhou para o Lúcio que assentiu levemente com a cabeça. - Você terá essa oportunidade. Caso não consiga, vamos aceitar. - Eu assenti. Jonas e Jorge voltaram para a sala e expliquei nossos termos. - Eu concordo com o retorno de 40% do investimento em 12 meses. Mais que isso é inviável para a White. - Então não tem investimento. É um contrato padrão senhorita, e nossas parceiras aceitam de bom grado. - Jorge falou, nitidamente incomodado. - Eu tenho certeza que podemos chegar a um meio termo. - Falei. - Senhorita, imagino que não esteja inteirada dos negócios. Estamos falando de um investimento de 1 milhão de dólares e mais o direito de vincular a nossa marca a sua. - Me senti ofendida. - Eu entendo perfeitamente dos negócios e do que esse valor representa, por isso você deve imaginar que não é o único investidor possível. - Meu pai estremeceu, mas não me desmentiu. - O que você está sugerindo? - Jonas perguntou. - Não estou sugerindo. Estou afirmando. Recebemos 3 propostas de investimento, com valores maiores e retorno com prazos muito mais justos. - A expressão de surpresa do Jonas durou apenas um segundo. - Faremos o seguinte. Me apresente essas propostas, e cobrimos. - Não. - Me levantei. - Se quiser competir, refaça a sua proposta de forma que fique competitiva o suficiente para considerarmos. - Meu pai estava verde. Lúcio estava boquiaberto e Jorge parecia entediado. - Emily, não faça isso. Esse orgulho só vai te prejudicar. - Ele falou com calma. - Não estou sendo orgulhosa. Sei o que eu estou pedindo e sei quando é vantajoso e quando é uma tentativa de tomar a minha empresa, e essa proposta, é exatamente isso. - Realmente, você não entende nada de negócios. - Jorge afirmou novamente. - Jonas, você vai reformular a proposta e voltaremos a conversar? - Mantive a cabeça erguida, ainda de pé, pronta para ir embora. - Vou ver o que posso fazer. - Assenti. - Mas não posso garantir nada. - Aguardo um retorno seu. Jorge, espero que entenda que não é nada pessoal. - Se não fosse pessoal nem estaríamos nessa reunião. - Ele me respondeu seco. - Emily, acredito que podemos avaliar do nosso lado também. - Eu tive a impressão que o meu pai iria chorar. - Honestamente, não acredito que seja possível. Os nossos termos são esses. Aguardo o retorno de vocês. - Sai da sala e eles se despediram enquanto eu aguardei na porta. Pude ouvir o Jorge falando para o meu pai e para o Lúcio: “Espero que coloque juízo na cabeça dela. Vou ligar para você White.” - Abri novamente a porta. - Eu não teria juízo se tivesse aceitado. Vamos? - Lúcio se adiantou e saiu e Jonas veio ao meu encontro. - Emy, vou fazer o que eu puder. - Eu não espero menos de você. Mas espero que seja justo nos termos, caso contrário, de fato, seguirei com outra proposta. - Ele ameaçou me beijar para se despedir e eu estendi a mão. - Nos vemos em breve. - Ele olhou para a minha mão estendida e relutante apertou. - Com certeza. A caminho do carro meu pai não me deu um segundo de paz. - Você foi impulsiva. Deveria ter reconsiderado. Esse investimento é necessário para colocarmos a casa em ordem, e você foi irresponsável. Onde eu estava com a cabeça quando permiti que você tocasse as coisas. Não temos outras propostas de investimento. Você usar essa ameaçava vai enfraquecer a relação com os Garcia. - Lúcio caminhava em silêncio ao nosso lado. - Lúcio, em algum momento tivemos contatos de outras empresas propondo parcerias? - Sim, em algumas ocasiões. - Meu pai bufou. Parei ao lado do meu carro. - Preciso de reuniões com elas ainda essa semana. - Considere feito. Nos vemos na empresa. - Lúcio que veio com o próprio carro se despediu e saiu. - Emily, que tipo de brincadeira é essa? - Meu pai estava nitidamente bravo. - Não é uma brincadeira, eu vou encontrar outro investidor, e escolher pelos Garcia será de verdade uma escolha. Farei pela White o que não posso fazer pela minha vida. - Bati a porta do carro.
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