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Na segunda, Jonas me recebeu cedo na empresa e Lúcio nos encontrou em seguida. Ele nos conduziu para uma das salas de reuniões e Garcia não se juntou a nós. Apenas um dos representantes do jurídico deles.
- O contrato de investimento que vocês solicitaram está pronto. - Jorge nos entregou os documentos e pediu que analisássemos. Pedi alguns minutos para discutir alguns pontos com o Lúcio e eles nos deixaram sozinhos.
- Você percebeu também? - Ele me perguntou.
- Se está falando da cláusula punitiva, vinculada a nossa entrega de resultados, sim. - Ele me explicou em mais detalhes, que se em um espaço de 12 meses, o investimento não fosse recuperado pagamos uma multa a eles do valor do investimento mais 20%. Isso era praticamente uma declaração de falência. - Existe a possibilidade de cumprirmos essa entrega? - Perguntei já imaginando a resposta.
- Honestamente, eu acho muito difícil, da forma que as coisas estão, entregarmos metade disso em 12 meses. - Lúcio suspirou. - Eu aconselho que não aceitemos essa proposta.
- Mesmo se não aconselhasse, eu não aceitaria. - Uma batida na porta nos interrompeu. Meu pai entrou apressado e se sentou.
- Vim apenas assinar. - Ele nem me olhou, ainda incomodado com a situação de sábado. O chá do domingo foi silencioso da minha parte, mas não menos incômodo.
- Pai, não vamos aceitar essa proposta. Temos que revisar essas clausulas. - Ele me olhou e riu nervoso.
- Emily, você fez um inferno por um acordo em papel, e agora não quer aceitar. - Expliquei para ele o risco que estaríamos colocando a empresa.
- Podemos perder tudo pai. O Lúcio concorda em tentarmos negociar.
- Emily, se não aceitarmos, vamos perder tudo.
- Isso não deve ser o motivo para aceitarmos um investimento que vai nos prejudicar. - Meu pai pensou por um segundo.
- O que você sugere?
- Tenho autonomia para negociar? - Ele me encarou e depois olhou para o Lúcio que assentiu levemente com a cabeça.
- Você terá essa oportunidade. Caso não consiga, vamos aceitar. - Eu assenti.
Jonas e Jorge voltaram para a sala e expliquei nossos termos.
- Eu concordo com o retorno de 40% do investimento em 12 meses. Mais que isso é inviável para a White.
- Então não tem investimento. É um contrato padrão senhorita, e nossas parceiras aceitam de bom grado. - Jorge falou, nitidamente incomodado.
- Eu tenho certeza que podemos chegar a um meio termo. - Falei.
- Senhorita, imagino que não esteja inteirada dos negócios. Estamos falando de um investimento de 1 milhão de dólares e mais o direito de vincular a nossa marca a sua. - Me senti ofendida.
- Eu entendo perfeitamente dos negócios e do que esse valor representa, por isso você deve imaginar que não é o único investidor possível. - Meu pai estremeceu, mas não me desmentiu.
- O que você está sugerindo? - Jonas perguntou.
- Não estou sugerindo. Estou afirmando. Recebemos 3 propostas de investimento, com valores maiores e retorno com prazos muito mais justos. - A expressão de surpresa do Jonas durou apenas um segundo.
- Faremos o seguinte. Me apresente essas propostas, e cobrimos.
- Não. - Me levantei. - Se quiser competir, refaça a sua proposta de forma que fique competitiva o suficiente para considerarmos. - Meu pai estava verde. Lúcio estava boquiaberto e Jorge parecia entediado.
- Emily, não faça isso. Esse orgulho só vai te prejudicar. - Ele falou com calma.
- Não estou sendo orgulhosa. Sei o que eu estou pedindo e sei quando é vantajoso e quando é uma tentativa de tomar a minha empresa, e essa proposta, é exatamente isso.
- Realmente, você não entende nada de negócios. - Jorge afirmou novamente.
- Jonas, você vai reformular a proposta e voltaremos a conversar? - Mantive a cabeça erguida, ainda de pé, pronta para ir embora.
- Vou ver o que posso fazer. - Assenti. - Mas não posso garantir nada.
- Aguardo um retorno seu. Jorge, espero que entenda que não é nada pessoal.
- Se não fosse pessoal nem estaríamos nessa reunião. - Ele me respondeu seco.
- Emily, acredito que podemos avaliar do nosso lado também. - Eu tive a impressão que o meu pai iria chorar.
- Honestamente, não acredito que seja possível. Os nossos termos são esses. Aguardo o retorno de vocês. - Sai da sala e eles se despediram enquanto eu aguardei na porta. Pude ouvir o Jorge falando para o meu pai e para o Lúcio:
“Espero que coloque juízo na cabeça dela. Vou ligar para você White.” - Abri novamente a porta.
- Eu não teria juízo se tivesse aceitado. Vamos? - Lúcio se adiantou e saiu e Jonas veio ao meu encontro.
- Emy, vou fazer o que eu puder.
- Eu não espero menos de você. Mas espero que seja justo nos termos, caso contrário, de fato, seguirei com outra proposta. - Ele ameaçou me beijar para se despedir e eu estendi a mão.
- Nos vemos em breve. - Ele olhou para a minha mão estendida e relutante apertou.
- Com certeza.
A caminho do carro meu pai não me deu um segundo de paz.
- Você foi impulsiva. Deveria ter reconsiderado. Esse investimento é necessário para colocarmos a casa em ordem, e você foi irresponsável. Onde eu estava com a cabeça quando permiti que você tocasse as coisas. Não temos outras propostas de investimento. Você usar essa ameaçava vai enfraquecer a relação com os Garcia. - Lúcio caminhava em silêncio ao nosso lado.
- Lúcio, em algum momento tivemos contatos de outras empresas propondo parcerias?
- Sim, em algumas ocasiões. - Meu pai bufou. Parei ao lado do meu carro.
- Preciso de reuniões com elas ainda essa semana.
- Considere feito. Nos vemos na empresa. - Lúcio que veio com o próprio carro se despediu e saiu.
- Emily, que tipo de brincadeira é essa? - Meu pai estava nitidamente bravo.
- Não é uma brincadeira, eu vou encontrar outro investidor, e escolher pelos Garcia será de verdade uma escolha. Farei pela White o que não posso fazer pela minha vida. - Bati a porta do carro.