O Turco e a Pintora

Capítulo 5

Rahmi

A conexão entre nós foi intensa e apaixonada, mas, ao final, sabia que era o momento de nos separarmos. Meu coração estava acelerado, e a ideia de não tê-la mais ao meu lado em breve me deixava inquieto.

A proximidade do momento da minha saída me deixa ansioso a cada instante, e sinto um aperto na garganta só de imaginar…

Quando eu comecei a agir assim?

Deitei ao seu lado, passei a mão em seus cabelos e percebi que em breve teria que ir embora, e que não podia pensar em Rebeca.

— Vamos tomar outro banho, minha Pérola n***a.

As palavras saíram naturalmente dos meus lábios e, de repente, percebi o impacto. Passado algum tempo ao lado dela, já não me reconhecia mais. Deixei Rebeca descansando na cama e preparei o banho para nós dois, adicionando pétalas de rosas e sabonete líquido até formar espuma. Em seguida, acrescentei algumas gotas de óleo aromático para criar um ambiente perfumado. Consciente de que estava sendo excessivamente romântico, mesmo não sendo meu costume.

Fui até o quarto chamar Rebeca para o banho e a encontrei prestes a adormecer.

— Vamos linda, vamos tomar nosso banho.

Quando ela entrou no banheiro olhou logo para a banheira.

— Humm, que lindo!

Ela se virou para o espelho e ficou olhando seu reflexo:

— Meu Deus, o que houve com meu cabelo?

O cabelo dela estava lindo natural.

Eu me encontrava na banheira, com Rebeca entre as minhas pernas, desfrutando do relaxante calor da água e da fragrância das rosas. Enquanto eu passava suavemente uma esponja em seu corpo, Rebeca seguia meus movimentos com a sua própria esponja.

Massageei suas curvas e Rebeca fez o mesmo comigo.

— Amor, o que você está fazendo comigo? — Ela perguntou, deixando o meu coração acelerado e confuso.

Esta palavra, amor, já estava me enlouquecendo e escapando da sua boca, ainda mais. Sempre fazia de conta que não escutava, pois me deixava com o coração apertado. Não compreendo porque fiquei tão abalado toda vez que ela me chamava de amor.

Não consigo ter a coragem necessária para dizer a minha amada que em breve terei que partir. Tenho medo de magoá-la após nosso momento juntos, mas sei que ela vai me odiar.

Está quase na hora de eu ir embora, em apenas noventa minutos. Partirei às dez horas do aeroporto Santos Dumont. Meus pais insistem que eu preciso de uma noiva, mas, para agradá-los, não discuti - mesmo que eu realmente não precise de uma.

Rebeca estava quase pegando no sono apoiada em mim, por isso a ergui envolvendo-a no roupão mais uma vez, seguindo até o quarto, onde a deitei na cama e permaneci ao seu lado. Infelizmente, era preciso retornar à minha rotina e não desejava deixar minha Pérola n***a desapontada, então dei um longo beijo de despedida antes de partir.

Erguendo a cabeça ainda sonolenta, ela exibiu um sorriso.

— Durma, minha linda. — Pedi e ela concordou com a cabeça.

— Amanhã quero aproveitar mais o dia com você. — Ela se aconchegou.

Meu coração doeu ao ouvir o que Rebeca disse, tenho certeza de que ela ficará magoada por eu não ter mencionado que estava de saída. Acredito que me encantei por essa mulher desde o primeiro momento em que a vi, porém, isso será superado pela distância que irá nos separar e assim conseguirei esquecer essa intensa atração que sinto por ela.

A quem quero enganar?

Sinto uma falta imensa ao imaginar que não poderei mais estar ao lado dela, isso é doloroso. Apesar de tê-la conhecido há pouco tempo, a conexão criada foi intensa.

Sussurrei em seu ouvido enquanto ela já estava descansando.

— Seni seviyorum

Nunca pensei que diria "eu te amo" para alguém, mesmo que essa pessoa estivesse dormindo e não pudesse ouvir.

Parti com meu coração aos pedaços...

Adeus, minha Pérola n***a!

Eu amo você.

Eu acho que o que estou sentindo por essa mulher incrível é amor. Nunca experimentei algo tão profundo por ninguém em toda a minha vida.

A simples ideia de deixá-la aqui já me entristece. Será que amor à primeira vista realmente existe?

Já ouvi falar sobre isso, mas nunca havia sentido nada assim por outra mulher. Sempre ofereci prazer, mas nunca abri meu coração para ninguém. Nenhuma mulher havia despertado em mim o que estou sentindo por ela, que ainda está dormindo no quarto daquele hotel.

Incrível como, em vez de me apaixonar por alguém do meu país, acabei me apaixonando por uma brasileira, de pele n***a. Sei que meus pais jamais aceitariam isso, especialmente minha mãe, com toda sua rigidez religiosa, que acredita que devemos nos casar apenas com alguém de nossa própria origem.

Ela não tolera pessoas negras. Lembro-me de uma vez em que ela maltratou uma funcionária minha simplesmente por causa da cor de sua pele.

O racismo é uma das piores coisas que existem, e, claro, não deixei isso passar em branco. Nunca aceitei, e nunca aceitarei, qualquer forma de discriminação; é um ato cruel.Agora, estou aqui no aeroporto, esperando meu voo e refletindo sobre coisas que normalmente não passam pela minha cabeça.