Dia seguinte.
Jesy: Hoje teremos uma aula completamente dedicada a tabela periódica para complementar o assunto de estequiometria.
Caminhei até o balcão retangular de porcelanato claro no centro do laboratório de química. Parei ao lado de Janet, Brendon e Oliver, observando os balões de destilação, volumétricos, os béquer, erlenmeyer e os tubos de ensaio.
Jesy: Grupos de quatro pessoas. Entrem em um consenso e me apresentem um elemento da tabela periódica. Valendo!
Em um passo, agarrei Brendon, Janet e Oliver e eles riram, complementando um abraço desajeitado.
-Eu voto no ouro!
Janet: Prata.
Oliver: Ouro é incrível de estudar.
Brendon: Hidrogênio.
-Qual é o seu problema?
Ele riu quando eu dei um tapinha de leve na sua testa e tentou morder a minha mão.
-Dois contra um.
Brendon: E se eu falar prata?
Oliver: Não vale, já disse hidrogênio.
-Você é café com leite aqui.
Jesy: Valendo!
Jesy disse nos lembrando que deveria começar e nós começamos a pôr a mão na massa. Ou nos compósitos químicos. Fizemos algumas experiências e cálculos para descobrir o grau de pureza, eletronegatividade, ponto de fusão e a condutividade elétrica. E com ajuda da Jesy, descobrimos a classe magnética.
Brendon: Posso usar a tabela para pegar algumas informações?
-É interessante.. Eu te ajudo.
Ele buscou uma tabela periódica que tinha em uma prateleira do laboratório e brincou de não me mostrar.
Brendon: Legal. De um a cento e noventa e seis vírgula nove, qual a massa atômica do ouro?
Eu ri, balançando a cabeça e fingi pensar em algum número provável mais claro do que isso.
-Cento e noventa e seis vírgula nove?!
Brendon: No! Cento e noventa e sete.
Dei uma t**a no seu ombro e ele riu. Gosto do quanto ele tem uma energia boa, é convidativo. Escrevi em uma folha com mais algumas informações.
Janet: Nós terminamos!
Oh Janet! Jesy aproximou-se do grupo, parecendo interessada e orgulhosa. Sentia-me nerd.
Brendon: Nós estudamos o ouro por interesse e curiosidade, e por afins descobrimos que é um elemento químico de massa atômica igual ou aproximada a cento e noventa e sete, com símbolo "au" e de número setenta e nove.
-Descobrimos também que é um elemento cujo a posição do grupo é onze, período; seis e é um material sólido, de acordo com a sua estrutura cristalina e organização dos átomos, mais conhecidos como "CFC" ou cúbico de faces centradas.
Janet ficou encarregada de explicar e demonstrar o grau de pureza e o ponto de fusão, e Oliver, falou sobre a condutividade elétrica e eletronegatividade.
Jesy: Muito bem! Isso foi ótimo! Agora, vamos aos exercícios; estou lhes dando esses elementos e vocês terão que formar algo relacionado ao ouro.
Brendon: "Boa sorte".
Jesy: Isso mesmo, Brendon.
Ela disse rindo. Somos interrompidos pela porta do laboratório sendo aberta nos revelando o Harry de terno completamente preto. Mais gostoso do que o normal..
Harry: Licença... Srta. Nelson? A coordenadora precisa conversar com você sobre a olimpíada de química. É importante. Essa aula pode ser reposta depois, não se preocupe.
Ela olhou para a turma parecendo desapontada e preocupada com todos os outros trabalhos que não viu.
Jesy: Eu prometo que iremos repôr essa aula e vou dar atenção a todos os trabalhos. Continuem estudando..
Todos pegaram as suas mochilas, deixando de lado os trabalhos e saíram do laboratório, junto com a Jesy.
Oliver: Oh, alguém pode recolher os elementos e guardar? Eu preciso ir para a aula de física. Você vem, Jane?
Janet: Vou! Encontro você na Babies One, Isabella, vou levar uma história para as crianças. Tchau, Brendon!
Brendon: Tchau, Jane.
-Só eu chamo ela de Jane! Tchau, minha Jane...
Brendon: Tchau, Jane'zinha!
Disse ainda mais alto, me provocando e eu ri, empurrando seus ombros. A essa altura, Jane e Oliver já haviam saído da sala e escutei-o falar o quanto eram fofos juntos.
Harry: Preciso que saiam da sala..
Brendon: Eu tenho que ir mesmo. Estágio de jornalismo..
-É sério? É a sua cara!
Brendon: É. Tenho uma matéria sobre mentes brilhantes e contraditórias. Se quiser aparecer no jornal do colégio, vou estar na biblioteca virtual.
Ele disse ajustando a alça da mochila nos ombros e eu assenti, visto que não adianta falar nada, ele já havia saído do laboratório.. Deixando Harry e eu.
Harry: Você também não acha interessante o jeito que adolescentes flertam? Inventar uma matéria que encaixe com a pessoa que está flertando, é ótimo para se encontrar e ficar, no final.
Ele disse caminhando para onde eu estava, devagar. Aproveitei para guardar meus materiais na mochila. Felizmente, sou a única que não tenho aula agora. Infelizmente, vou ter que ajeitar a bagunça do laboratório.
-Você acha que tenho uma mente brilhante?
Harry: E contraditória.
-Pelo menos vou aparecer no jornal da escola..
Harry: Se é que ele trabalha com jornalismo..
Disse rindo em um tom de deboche. Segurei um pano e limpei a bancada que estava usando para os experimentos.
-Brendon não está flertando comigo..
Harry: "Você é quem eu quero", "porque a energia que está liberando é eletrizante" Faça-me um favor, Isabella.. Até eu já percebi isso.
Ele cantarolou a música de ontem, no restaurante, com uma voz enjoada e eu ri.
Harry: E que musiquinha chata, ele escolheu pra se declarar. Fala sério. E ainda foi ridículo aquilo ontem.
-Ah, para com isso..
Eu disse rindo e joguei o pano em seu peito, caminhando até ele lentamente, desfilando para ser sincera, como ontem, jogando o cabelo de um lado para o outro.
-"I got chills, they're multiplyin' and I'm losin control cause' power you're suplyin' it's electrifying."
Cantarolei empolgada e rodeando-o com a mão no seu peito, imitando a coreografia. Segurei a sua mão e fiz-o esticar e levantar o braço na minha altura, fazendo-me rodopiar e rir.
Harry: Ah, para, Isabella.. Desafinada! E estragaram a música ontem.
Eu rolei os olhos e peguei alguns tubos de ensaio com os elementos líquidos que usaríamos e guardei na prateleira própria para os tubos.
Harry: Gostando da aula de química?
Puxou assunto enquanto eu guardava os materiais usados nas aulas, de costas para ele.
-Yeah. Você sabia que o ouro, um dos primeiros metais descobertos pelos seres humanos, tem a sua pureza medida em quilates? Ah, e o ouro puro equivale a vinte e quatro quilates. Mesmo parecendo óbvio, eu consigo achar tão magnífic.. Oh.
Parei de falar quando senti suas mãos grandes encaixando perfeitamente na minha cintura, assim como o seu rosto na curva do meu pescoço, fazendo-me relaxar em seu peito.
Harry: Para mim, a sua melhor versão é essa. Sua intelectualidade me deixa e******o, sabia?
Beijou o meu pescoço, fazendo uma trilha até a orelha. Causou-me arrepios e sorrisos, mas eu empurrei suas mãos, saindo de seus braços.
-Não tenho outras versões. Sou o que sou em uma só: inteligente, atrevida e engraçada, de acordo com você.
Harry: E você não concorda?
Escutei-o perguntar enquanto eu guardava os últimos erlenmeyers que estavam fora das prateleiras e caminhei até a minha mochila.
-Concordo e ainda acho que sou mais do que isso.
Harry: É mesmo? Como, o que?
Disse aproximando-se novamente e puxando o meu braço para olha-lo. Colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha, ficando próximo suficiente para me fazer falar baixo, desejando um beijo e por esse motivo, esforçando-me para continuar concentrada no diálogo.
-Como coisas que você precisa conversar mais comigo para descobrir.
Harry: Eu adoraria.
-Você é muito imprevisível. As vezes me evita, outrora está aberto para diálogos, é debochado e carinhoso.
Harry: Me comporto de acordo com as suas versões ou seja lá como chama as suas múltiplas personalidades.
-Queria que se comportasse de acordo com suas vontades.
Harry: Mostre-me primeiro do que é capaz, depois vai descobrir os meus desejos.. Que são todos por você.
______________
-E aí!? Terminou a matéria?
Eu perguntei para ele. Estávamos sentados no sofá da sala de estar do prédio principal, um pouco depois do jantar. Algumas luzes haviam sido desligadas e na televisão, um telejornal chato.
Brendon: É, você acabou não aparecendo e eu entrevistei uma amiga..
-Desculpa, eu fiquei bastante ocupada com as crianças.
Brendon: Tudo bem. E como foi?
-Tenho pensado em me dedicar mais, sabe? Tipo aulas bem elaboradas e que eles consigam se divertir.
Brendon: Por que você não tenta fazer uma aula ao ar livre? No jardim, sei lá?
-É legal.. Vou tentar convencer o diretor. Aliás, a diretora. Mas me conta mais sobre a sua matéria..
Brendon: Ah, eu fiz sobre uma amiga. Só não falo que acho a personalidade de vocês parecida porque já me falaram que isso é irritante e ofensivo.
-Levemente. Não gosto de me esforçar tanto para ser autêntica e alguém copiar. Mas e essa amiga? É a pessoa que você é apaixonado?
Brendon: Não tem uma pessoa que eu sou apaixonado. Existem pessoas que eu quero dar um beijo na boca e talvez chamar para sair.
-E essa pessoa é a amiga generosa e incrível que ajudou o jornalista e agora ele quer dar um beijo e com certeza, chamar ela pra sair?
Brendon: Essa pessoa me abandonou hoje durante o trabalho de jornalismo para cuidar de crianças, mas eu não estou bravo com ela.
-Oh, Brendon..
Senti-o usar o dedo indicador para colocar uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e acariciar a minha bochecha, enquanto olha fixamente para a minha boca. Parece errado quando eu beijei o diretor, mais cedo. Mas nós não temos nada. Ou ainda é muito cedo para exigir algo dele, por isso não devo beijar outra pessoa? Antes de resolver essa questão, senti os seus lábios nos meus e em questão de segundos, sua língua brincava com a minha. Por algum motivo, senti que não encaixou, mas pelo visto, só eu senti isso. Finalizei, afastando o seu queixo com delicadeza.
-Sei lá. Parece que eu estou beijando um irmão ou no mínimo, minha versão masculina.
Brendon: Quanto mais fala, mais estranho fica. Se você não quer, não precisa dizer nada.
Vi-o desviar nossos olhares e ri pensando que é a primeira vez que o vejo envergonhado. Beijei a sua bochecha e deitei a minha cabeça no seu ombro. Por algum motivo, não me sinto desconfortável com ele mesmo depois de um beijo falho.
Brendon: Não é nada que vá interferir na nossa amizade porque agora é uma das coisas que eu mais me preocupo aqui dentro.
Procurei a sua mão e entrelacei os nossos dedos, acariciando-o com o meu polegar. Sentia-me protegida.
-É muito bom ouvir isso porque a sua amizade é muito importante para mim..
Xxx: O que é que está acontecendo aqui?
Afasto-me com rapidez do Brendon quando escuto a voz rouca na sala de estar e vejo-o andar até onde estávamos. Não havia percebido que só eu e Brendon estávamos no ambiente vazio, silencioso -depois de alguém desligar o telejornal- e escuro.
Harry: Depois do jantar, todos devem ir diretamente para os seus respectivos quartos. E pelo que eu sei, já se passaram uma hora e meia desde o jantar. Isso significa que deveriam estar em seus quartos há uma hora.
Brendon: E meia.
-Shhh!
Eu sussurrei para o Brendon, sabendo que estou encrencada mais uma vez. Soltei a sua mão e levantei do sofá, ficando na frente do diretor. Parecia sério e estressado.
-Desculpa, eu não sabia..
Harry: Não sabia? O seu estágio acaba no horário do jantar e em seguida, tem um toque. Precisa que eu explique o motivo da existência?
-Ok. Eu só pensei que..
Harry: Só existe uma pessoa que chegou há poucos dias por aqui.
-Ele não tem culpa. Não percebemos o tempo passando e..
Brendon: Bella?
Escutei-o me chamar enquanto levanta do sofá e senti sua mão no meu braço.
Brendon: Relaxa, ele está certo. Vamos pro quarto..
Harry: Escuta o seu namorado, Coleman. Nós pensamos em uma punição amanhã..
Olhei para ele, perguntando-me se era mesmo sério. Senti Brendon beijar a minha bochecha e avisar que estava indo para a house. Escutei o barulho da porta do prédio principal sendo fechada e continuei olhando para ele.
-Está agindo como uma criança.
Harry: Que bom que estamos jogando de igual para igual. Agora vai para o quarto, antes que eu decida tirar mais do que um ponto.
-Só estávamos conversando, você vai mesmo tirar..
Harry: Chega! p***a, eu estou cansado. Dá pra você só voltar pro seu quarto e parar de encher com as suas desculpas? Eu não estou brincando..