Você me amaria menos?

❝Se eu te apresentar aos meus demônios, me diga, querida Você me amaria menos Se você soubesse os lugares que eu estive?❞ | OUTONO, dentre as suas falácias... | Pressionou um pé seguido do outro sem muito tempo para ver se pisou nas linhas da superfície cinza do aeroporto de Londres quando o avião que sairá pelo céu nublado de Seattle, pousou. Foi um vôo longo e, mudando completamente sua opinião, às rotineiras idas ao banheiro no meio da madrugada -segundo ele e seus neurônios, trazia-lhes ótimas reflexões-, estavam ficando para escanteio quanto aos vôos estendidos e silenciosos quando não havia um novato no nosso hábitat que chorava em braços quentes, implorando por alimento e anticorpos saído das m***s. Deixando de lado o humano contemporâneo que suga os s***s alheios, não é louco saber que além de nós, somente nós mesmos, temos acesso ao que vivenciamos? Alguém, por mais íntimo que seja ou que você intitule melhor (ex: melhor amigo, melhor pai, melhor irmão/a), nunca terá a ousadia de saber de você tanto quanto você mesmo. Seu colega que te acompanha nas aulas de contabilidade não sabe sobre o dia em que você corrigiu a ortografia do seu melhor amigo do jardim de infância. Sua mãe não sabe sobre a conversa com a mãe do seu amigo, falavam sobre a receita da torta de maçã. Enquanto escutam chamar seu nome na verificação de presença da aula, seus amigos não imaginam o que você fez na noite passada. Sua atual parceira não sabe sobre aquele dia excepcional com a sua ex e por quais motivos brigavam tanto depois de horas tranquilas -tampouco sabe o porquê virou ex. E não é egoísmo, se passou pela sua cabeça. É uma das milhares particularidades humanas que podemos presenciar com a melhor companhia, mesmo sem compartilhar com alguém. Por fim, é um processo mas você se conhece o bastante, mais do que qualquer um que deseja saber sobre aquele dia especial através de uma máquina do tempo. Veja: você não precisaria de uma! Tem acesso gratuito a isso e memórias que irão levá-lo à um mar de sensações e histórias. Lutou contra suas forças para não empurrar os civis que andaram devagar na sua frente. Um, em meio à sua coleção de carros luxuosos, o esperava com a porta do banco de trás aberta, no estacionamento. Entrou e pediu solenemente ao seu anjo divino que o acompanhará ou aos deuses ou ao motorista para ir rápido. Ele, por sua vez, entendeu para ultrapassar todos os outros carros e não respeitar os sinais. Não importa, de todas as coisas que ele não havia visto ao seu redor, essa era apenas mais uma que ele não dava importância. m*l havia descansado, pensando nas decisões que tomaria. Deixou, na cidade do estado de Washington, a pessoa mais importante da sua vida para cumprir uma promessa feita às pressas para um pai em desespero. Iria acolher uma mimada do c*****o no colégio: no império dos pais; no seu emprego; na sua casa semanal; no ambiente de união familiar, educação e profissionalismo; em meio a adolescentes bem engomados, disciplinados e, que cantam o hino nacional; de alguma forma, estava acolhendo-a na sua vida. Estava abrindo as portas para alguém que não estava preocupada com a vida acadêmica e com a loucura que era capaz de causar nos nervos humanos. Era tudo que ele não precisava, mas com uma rarefeita alma de criança que festeja o halloween e deseja doces estupidamente gostosos ou que fazem sua língua estalar em um tom colorido depois da palidez, era tudo o que queria. Estava abrindo mão do seu porto seguro mesmo com todos os conflitos, para uma etapa enigmática com alguém previsível, aos olhares alheios, mas muito surpreendente e esotérica para um mero diretor confuso e em busca de tranquilidade. Mal sabia ele que uma perturbação na atmosfera em forma humana -que o atormentaria em todos os sentidos capazes de serem atingidos por um ser vivo-, estaria o esperando em sua sala, pronta para entrar na sua vida e deixar cicatrizes, interna e eternamente.