17.

2826 Words
[Isabella] Caralho! Senti uma dor latejante na cabeça e sensibilidade ao escutar uma pancada vindo do apartamento do lado, provavelmente. Apertei os olhos e tentei não ter minha atenção para o barulho, mas foi inevitável ao sentir uma vontade enorme de vomitar. Sentei na cama rápido e assustei-me ao ver Jane deitada na mesma cama que eu. Dormia em um sono profundo, encolhida no edredom. Aliás, de quem é esse edredom e essa cama? Parece muito com o quarto da minha mãe, mas esse notebook não é dela. E o quarto é mais escuro. Levantei com dificuldade pela tontura agoniante e em encontrar a maçaneta da porta. Senti-me ainda pior ao perceber que estava no apartamento do diretor. Olhei em volta, procurando por ele e vi-o de costas, na cozinha, bebendo água. É tão lindo.. Pena que vai f***r comigo. Minha cabeça dói quando eu lembro vagamente de dizer "Fodeu" e ele responder "Fodeu muito pra você". Deixo escapar "urgh", enquanto reclamo da dor de sensibilidade da luz da cozinha e do barulho dele fechando a geladeira. Harry: Bella!? O que foi? Você está bem? Vi-o olhar para trás assustado e parecendo preocupado. Eu suspirei. Não deveria ter me visto, é agora que vamos iniciar uma guerra. Esperei a tensão na minha cabeça passar e caminhei até ele. -Minha cabeça dói muito.. Eu choraminguei, deitando a minha testa no seu peito, vi-o suspirar e buscar pelo copo de água e um comprimido. Por alguns segundos, enquanto engolia o remédio e bebia a água, pensei sobre estar me envenenando para acabar com essa palhaçada que ele vem vivendo, mas eu não iria perder nada. Harry: Não consegue lembrar de nada? -Aí! Não fala! Minha cabeça dói. Eu estou com enxaqueca.. Eu disse com os dedos na testa, tentando amenizar a tensão, mais uma vez e fazê-lo esquecer a bronca que me daria. Mas não adiantou. Ele não é bobo. Segurou o meu braço com força e levou-me até o quarto ao lado do que Janet estava. Poucos móveis ou só a cama e prateleiras para sapatos. Soltou o meu braço com brutalidade, fazendo-me sentar na cama. Harry: Quer falar que p***a foi essa ou você prefere que eu ligue para o seu pai? Ele disse parecendo estressado. Algo me diz que ele esperou a madrugada inteira para despejar em mim. Puxei-o pelos braços, para aproximar-se da cama e agarrei o seu pescoço, beijando sua bochecha. -Amor, esquece isso... De verdade. Foi só uma festinha boba.. Harry: Não importa, Isabella. Ele disse tirando meus braços dos seus ombros e fazendo-me não encostar nele. Harry: Festinha boba ou não, você estava lá. Desobedeceu o seu pai, acabando com a minha confiança, desapontando a Jane, ferindo à você mesmo.. Eu estou muito chateado com você. É sério. Ele disse quando tentei beija-lo mais uma vez, empurrando-me levemente na cama. Rolei os olhos. Harry: Isabella, olha o que você fez. E se o seu pai ficar sabendo? -Ele não vai ficar sabendo, relaxa. A minha mãe não vai contar, nem a Jane, nem eu... Você vai? Harry: Essa é, justamente, a questão. Não percebe que acabou de me colocar contra a parede? Se não contar e ele descobrir depois? Vai perder toda confiança e tirar você do colégio.. É isso que quer, não é? -Não! Antes eu queria, agora eu só quero ficar com você. Eu disse quase choramingando para ele e tentei abraça-lo novamente. Mais uma vez, tirou meus braços do seu corpo. Harry: Para, Isabella. Está com cheiro de bebida alcoólica.. Eu não vou beijar você assim. -Normal. Você nunca quer nada comigo.. Eu disse tentando levantar da cama, rolando os olhos e senti-o segurar a minha cintura para continuar onde estava. Harry: Você está me enchendo de problemas, Isabella.. Eu avisei que se continuar assim, não tem como querer alguma coisa com você. -Assim, como? É por quê eu estou bebendo? Não é o que você faz quando encontra os seus amigos e o meu pai também? Só eu não posso? Eu só estou sendo uma jovem normal e fazendo coisas da minha idade. Por quê você e o meu pai são tão dramáticos? Eu só estava me divertindo um pouco. Fiquei semanas naquela porcaria de colégio, sendo quem eu não sou e me comportei como nunca antes, não merecia sair e beber? Era só isso. Harry: Não, não é só isso, Isabella! Você não percebe porque está vivendo em uma p***a de uma bolha, onde acha que está se divertindo, quando está vivendo tudo superficialmente. Eu e o seu pai não somos dramáticos, nós somos adultos que se preocupam com você. Eu apertei os lábios, desviando nossos olhares depois de rolar os olhos. No momento, queria mostrar que não estou dando a mínima e não sei porque é importante para mim. Harry: Não é para fingir que sabe se comportar, Isabella. Você não vê isso? -Então eu não quero me comportar. Você também não vê isso? Não quero ser uma das santinhas do seu colégio i****a, que assim que você dá as costas, elas fazem o que não podem fazer na sua frente, como eu com o meu pai. Quer saber, e aí? Qual vai ser a punição da vez? Vai contar pro meu pai? Fique a vontade. Eu disparei com a voz alta e levantei da cama, prestes a segurar a maçaneta, senti-o puxar o meu braço e empurrar-me na cama, deitando por cima, assustando-me pela brutalidade. Fez-me olha-lo, com a mão apertando minhas bochechas, próximo do meu rosto. Harry: Eu estou cansado de lidar com uma criança. Estou falando com você e você tem dezoito anos, não é mais nenhuma criança. Então se prepara, porque eu vou começar a entrar no seu jogo até você perceber que eu não sou o seu pai; que você desobedece quando bem entende, grita, faz escândalo e saí ilesa da história. Você vai aprender a seguir regras, querendo ou não. Falava próximo da minha orelha, parecendo querer gritar comigo e não o fez pela Janet. Enquanto apertava um punhado dos meus cabelos. -Vai t*****r comigo sem que eu queira para obedecer você? É assim que a sua moral funciona? b****a. Harry: Falando nisso, não vou não, mas não vai ter o que quer comigo, até seguir corretamente as regras. Começando por não beber ou ir em festas até aprender a se controlar. Senti-o apertar minhas bochechas com mais força e a primeira lágrima desceu. Fez-me virar a cabeça, olhando para o lado e falou próximo da minha orelha. Harry: Você nunca mais vai ousar gritar comigo e tentar sair daquele jeito. Está escutando ou você só entende quando eu grito de volta? Empurrei o seu peito com força e senti minhas bochechas anestesiada pela força que usou. Levantei da cama rápido para ele não me segurar. -Eu odeio você. Disse baixinho -tendo a certeza que ele escutou-, antes de sair do quarto e senti minhas bochechas molhadas. Senti-o segurar meu braço, na sala de estar, com mais delicadeza dessa vez e olhei-o. É a minha vez. -Veremos quem é que vai desistir primeiro: você, que acha que eu vou obedecer porque a gente ficou uma vez e acha que manda em mim ou eu, que criei esse jogo i****a. Janet: Oi? Afastei-me dele com rapidez ao ver a Janet saindo do quarto e olhei para ela. Fiquei boquiaberta ao vê-la usando a camisa branca que ele usava mais cedo. -O que aconteceu? Janet: O que aconteceu!? Você ficou bêbada, aquela sua amiga, Holly, é uma i****a e queria bater em você... -Não, por quê está usando a camisa dele? Do diretor, você sabe. Janet: Deve ser porque a sua mãe deixou a gente fora do apartamento, caiu água na minha roupa e eu não posso pegar outra na minha bolsa. É sério, Isabella, eu nunca deveria ter saído do colégio com você. Ela disse e entrou no quarto novamente, parecendo bem chateada. Mas com certeza, não mais do que eu. Mordi o meu lábio inferior quando senti-o do meu lado. Harry: É agora que a criadora desse joguinho i****a, vai desistir e procurar quem realmente se importa com ela? Empurrei o seu peito, sem sequer olha-lo e entrei no quarto, limpando as bochechas. Janet trocava a camisa dele pela roupa de ontem. -O que vai fazer? Janet: Pegar as minhas coisas no apartamento da sua mãe e ir embora. Céus. Meu pai já sabia que estava prestes a levar uma amiga para casa, o que o fez contente por ser do colégio. Se aparecer na casa dele sozinha, obviamente vai achar estranho. Minha mãe não vai mentir, menos ainda Janet ou Harry. -Não.. Janet, fica. Eu disse que a gente ia ficar juntas esse final de semana, não disse? Janet: Mas não me disse que era em uma boate. -Não vai acontecer mais. Janet: Claro que não. O diretor, provavelmente, brigou com você ou ameaçou contar para o seu pai. -E o que esse i****a sabe? Olha, vamos para casa do meu pai. Nós só vamos almoçar, ficar numa boa até às seis e voltar para o colégio. Ok? Eu prometo. Ela terminou de vestir o vestido que eu havia emprestado por ter mais decote, sem me olhar. Presumo que seja uma confirmação. Quando discorda, geralmente, tem mil argumentos, por isso, gosto tanto dela. Eu suspirei e saí do quarto. -Pode abrir? Nós vamos embora. Disse vendo-o sentado no sofá, de costas para a porta do quarto, onde eu estava. Não queria mesmo olhar para ele. Fez muito bem. Harry: Sua mãe já chegou? -Isso importa!? Eu não quero mais ficar aqui. Nós vamos esperar o carro do meu pai lá embaixo. De relance, vi-o levantar, pegando as chaves que estavam ao lado da televisão e caminhar até a porta. Abriu e apontou para fora, olhando para mim. -Vamos, Jane! Eu disse com a voz embargada, sem olhar para ele. Ela saiu do quarto e caminhou até a porta, entregou a camisa branca nas mãos do Harry. Janet: Obrigada por tudo. Pela camisa, pela carona e por deixar a gente dormir aqui também. "E pela transa" disse baixinho e felizmente, nenhum escutou. Harry: Tudo bem, Jane. Não precisa agradecer.. Obrigado por me ajudar a cuidar da sua amiga, mesmo que ela não tenha maturidade suficiente para reconhecer. Eu sinto muito pelo seu final de semana. Ela concordou com ele e eu poupei-me do falatório enquanto buscava a minha bolsa preta com o celular. Vi-a sair do apartamento, indo até o corredor. Olhei-o mortalmente e passei pela porta, sentindo-o segurar o meu braço mais uma vez, falando baixo perto da minha orelha. Harry: Não pague para ver o que eu sou capaz de fazer, se isso acontecer novamente.. -Eu não tenho medo de você e das suas ameaças. Harry: Não estou ameaçando. Estou prevenindo você de uma possível expulsão e disso, o seu pai vai precisar ficar sabendo. _____________ Alex: Então, Janet, como está sendo viver com a Isabella? Ela está se comportando? Ele perguntou colocando mais uma garfada dos espargos que faziam parte do jantar na boca. Acabei dando de cara com a minha mãe no apartamento (por sinal, o barulho assim que acordei era ela chegando) e almoçamos com ela e sua suposta, nova namorada (?). Às onze, chegamos na casa do meu pai, ele havia saído, pra variar. Fizemos yoga com a Joy, aproveitamos as manicures dela para cuidar das nossas unhas e depois um banho de piscina. Decidimos ficar até amanhã, de manhã, já que o meu pai fez questão de jantar com a Jane. Janet: Melhorando.. Sua voz estremeceu e ela bebeu um gole do seu suco de blueberry, feito pela Dayse, especialmente para ela, que não curte bebidas alcoólicas, ainda menos na hora do jantar. Joy: Ok, agora fale a verdade. Eu e ela caímos na gargalhada, senti Jane ficar tensa, mas nos acompanhar. Voltamos a comer enquanto o meu pai interrogava ela. -Deixa a garota respirar e comer em paz. Alex: Oh, desculpe, Janet.. É que faz tanto tempo que a Bella não traz uma amiga como você que.. Janet: Como eu? -É.. Como ela? Alex: É. Sem piercing, sem tatuagem, com o cabelo normal, sem usar aquelas roupas... Estranhas. E sem falar de um jeito estranho também, com muitos palavrões e bobagem. Joy: Ah, eu gostava deles. Principalmente daquela maluca que você trouxe uma vez.. Holly, não é? -Cala a boca, Joy! Alex: Odeio todos para ser sincero. Mas você parece muito autêntica, Janet. Parece muito dedicada e diligente. O que gosta de fazer? Janet: Muito obrigada, senhor Coleman.. Alex: Oh, apenas Alex, você já é de casa. Já? Quer dizer, ela é incrível e eu adoro ela, mas.. Já? Eu demorei tanto tempo para escutar uma frase de afeto e ela conseguiu em segundos. E a frase foi "eu te amo" sem amor alguma na entonação. Janet: Bom, eu gosto de ler sobre mitologia, qualquer coisa que venha da Grécia também me deixa fascinada.. E gosto de escrever. Alex: Escrever, o que? Janet: Histórias. Eu escrevo histórias de romance, suspense, ficção científica e infantil também. Alex: Uau, isso é incrível, querida. Já conseguiu publicar algum livro? Janet: Não, ainda não. Pretendo. Alex: Bom, se precisar, estou aqui. Caso a Isabella não tenha comentado, há alguns anos, Joy e eu fundamos uma editora. Temos as sessões da editoração e publicação e também a da impressão dos jornais. Estamos trabalhando nos jornais digitais, ultimamente e está sendo um sucesso. Joy pode organizar a agenda para publicar o seu livro, vai ser um prazer ajudar uma amiga da minha filha. Janet: É sério, sr. Coleman? Quer dizer, Alex. Eu vou ser eternamente grata, é o meu sonho... Ela disse parecendo muito animada, pela segunda vez desde que pisou na casa. A primeira, ela surtou de leve ao ver a estrutura moderna da casa, dizendo ser diferente de tudo que já viu e ao conhecer o meu quarto com os livros. Também estava feliz por ela, só estava me perguntando por quê ela nunca comentou nada comigo. Janet: Mas não vai dar. -Por que não? É o seu sonho... Janet: É, mas não vai dar. Eu não tenho nada pronto ainda. Alex: Mas isso não é problema, querida. Eu não vou apressar você. Quando estiver pronto, pode avisar e nós conversaremos sobre. Ela apenas assentiu, agradecendo baixinho. O resto do jantar foi para escutar as histórias de Joy, do meu pai e da Janet sobre algumas das histórias que tinha em mente. Em seguida, ela agradeceu pelo jantar e por ser bem recebida, antes de subirmos para o meu quarto. Alex: Ah, Janet? Espero que não se importe de ajudar no comportamento da Isabella em troca do livro. Ele disse com um tom irônico e eu repreendi-o antes de subirmos. Fechei a porta e sentei ao lado da Janet, na cama. Estava usando o celular. -Por que não falou comigo sobre o livro? Janet: Nunca me perguntou ou deu oportunidade, você só estava interessada na boate. Ela disse olhando a tela do celular e pela primeira vez, senti o que meu pai, provavelmente, sente ao não receber a minha atenção enquanto briga comigo. Uma raiva radiante. -Algo te incomoda? Quer falar ou vai ficar fazendo cara f**a o dia todo? Janet: Você me trouxe na casa dos seus pais só pra parecer que está tudo bem no colégio e ir para boate? Você está mentindo para eles! Pisou na bola duas vezes com a Jade, ela me contou e.. -Você não tem nada a ver com isso! Janet: Aparentemente, tenho. Me usou para fazer o papel de boa moça na própria casa. Está dando certo, pelo menos? -Não é nada disso que está falando. Eu trouxe você porque gosto da sua companhia e não queria deixar você sozinha no colégio. Janet: Pois bem, estaria melhor lá, com o Oliver do que servindo de figurante para as suas mentiras. -Então por quê aceitou? Eu não arrastei você pelo cabelo, simplesmente perguntei. Ficar fazendo a mocinha que foi obrigada é muito f**o, não acha? Janet: Quem é você pra dizer o que é ou não f**o, depois de tudo que fez? -Você, simplesmente, não tem nada a ver com isso. Para de tentar me fazer sentir culpada.. Janet: Não preciso. Você faz as merdas e as consequências vêm, só estou falando e você sentindo o peso disso. -Tudo bem, Janet. Vamos evitar.. Eu disse deitando na cama do lado contrário que ela estava e pensei que ela fez o mesmo quando a cama mexeu. Desliguei a luminária da televisão por saber que incomoda ela, controlando pelo celular e fechei os olhos, suspirando, por fim. -Só não tem que desistir de publicar o seu livro, já que é o seu sonho, porque nós discutimos. Meu pai gostou mesmo e vai fazer isso por você. Janet: Vou esperar o tempo certo com a editora certa. Não vou publicar para em troca, ficar de babá de uma adolescente mimada.
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