▪︎PRIMEIRO IMPACTO▪︎

2415 Words
Suíte Parker O dia, o mês e até mesmo o ano para Cristhian haviam terminado no exato momento que leu aquele maldito testamento. Ainda não acreditava, que o seu próprio pai, queria destruir a sua vida com tamanha loucura. Se existia algo que estava fora de cogitação em sua vida, eram os sentimentos. Desde a morte terrível da sua noiva no prédio Marshall, Cristhian se sentia culpado por não tê-la protegido e chegado à tempo de Beatriz cometer suicídio, e por essa culpa que o consumia, desde então ele se fechou em seu mundo obscuro, jurando amor eterno àquela que ele acreditava ser a mulher perfeita. Depois de passar algumas horas no seu refúgio, uma floresta bem no centro de Minessota, Cristhian decide retornar ao hotel e sua decisão era uma só: desaparecer por um longo tempo. — Aguarde aqui Fredéric, vou apenas pegar algumas coisas importantes e logo em seguida sairemos dessa cidade infernal. — Cristhian fala firme, enquanto descia do carro observando os abutres dos jornalistas avançarem em sua direção — Sim senhor! — Fredéric responde já acompanhando o chefe até a entrada do hotel, evitando assim, qualquer contato com a imprensa "marrom" Cristhian segue até o elevador, entra e o ascensorista que ali estava sentado, sem pronunciar uma única palavra, aperta o número do andar onde ficava a suíte Parker. Em instantes chegam no andar e antes mesmo de entrar, já era possível ouvir a voz alterada de Adam, que com certeza estava fora de si pelo desaparecimento do amigo. A porta é aberta e Ruffle corre em direção à Cristhian o recebendo alegre e pulando como sempre. Cristhian acaricia Ruffle e segue para o quarto com Adam no seu encalço, esbravejando como um insano. — Onde você esteve medito durante todas essas horas, Cristhian? Sabe o sufoco que eu tive que passar para conseguir mudar o dia do seu pronuncionamento com a imprensa? — Adam falava e Cristhian sequer abria a boca para dizer qualquer palavra. Ele estava exausto daquilo tudo, daquela vida de fachada, vazia e tudo o que queria era desaparecer de Minessota por um longo tempo. Cristhian abre as portas do closet e puxa uma mala média na cor preta que estava no topo do armário. Coloca a mesma em cima da poltrona, abre e começa a colocar algumas mudas de roupa. Adam fica paralisado com a atitude do amigo. "Ele só poderia ter perdido a sanidade, essa é a única resposta plausível para sua atitude." Isso era tudo o que Adam pensava, enquanto observava Cristhian encher a mala e fecha-la em fração de segundos. — Cristhian, será que pode parar um pouco e responder à minha pergunta? Ainda de costas e fechando sua mala, impaciente Cristhian fala: — O que você deseja ouvir, Adam? Seja rápido, pois não tenho tempo e muito menos paciência para seus interrogatórios chatos. — Interrogatório chato? Que merda está dizendo, ou melhor, que porcaria você usou? Só pode estar drogado ou ter enlouquecido para me tratar dessa maneira patética. — Adam termina seu discurso e Cristhian logo retruca, deixando bastante claro que as coisas mudariam entre eles. E que se, o senhor noitada imaginava que poderia continuar controlando à sua vida, estava muitíssimo enganado. — Patético é você e essa sua idéia fixa de querer controlar tudo à sua volta. Mas, comigo isso nunca mais vai acontecer, a partir de hoje tomarei as redeas da minha vida e você coloque-se no seu lugar de vice na chapa. Entendidos? — Cristhian fala duramente encarando Adam, que se retrai e engole em seco sem saber o que fazer ou como reverter toda essa situação, que já estava fora de controle. Cristhian nunca agiu dessa maneira tão dura com ninguém e isso fez Adam paralisar. Ele imaginava conhecer muito bem o amigo, mas pelo visto as coisas não eram bem assim. Esse seu lado frio e prepotente eram novidades, e Adam teria que descarta-los o mais rápido possível ou teria maiores problemas futuros. Essa ideia do governador pensar por conta própria, era muito perigoso, e correr riscos para alcançar seus objetos estava fora de cogitação para Adam. Ele já havia chegado muito longe, para que um ataque de estrelismo de Cristhian, coloca-se tudo à perder. Isso, nunca! Seus planos de se tornar um bilionário estavam de pé, e não seria um riquinho egocêntrico como Cristhian Marshall que o faria mudar de opinião. Adam respira fundo, busca a calma e o controle que havia perdido. Com uma sobrancelha arqueada, encara Cristhian, que distraído mexia no celular. Afastando seus pensamentos conturbados, logo fala: — Onde você esteve durante essas horas, Cristhian? — Tomando um pouco de ar, assim como disse antes de sair. Lembra?— Cristhian responde tranquilamente guardando o celular no bolso, descendo a mala e a carregando até a sala — E responde com toda essa naturalidade? Sabe o risco que correu por essa sua atitude errada? Já parou para imaginar que poderia ter sofrido outro atentado e agora estaria morto? — Adam falava alterado e Cristhian permanece na mesma posição, tranquilo e sem nenhum abalo emocional Nessa altura do campeonato e depois de tudo o que já perdeu na vida, a morte não seria tão r**m assim. Afinal, ele já havia morrido na mesma noite que sua noiva e meses depois com a perda de seus pais. O que restava para o poderoso Marshall? Nada! Não tinha alegria de viver, desejo de recomeçar e muito menos vontade de amar. A vida para Cristhian perdeu o sentido, exatamente há um ano atrás, e era isso que ninguém conseguia compreender, nem mesmo seu melhor amigo. Mas para ele isso pouco importava, sua decisão já havia sido tomada e ninguém o faria mudar, nem mesmo o língua afiada e perspicaz do Adam, o senhor noitada perfeita. — Não vai mesmo responder? Está me ignorando, isso é real? — Adam questiona cruzando os braços de frente à Cristhian, que perde a paciência de vez e lhe responde à altura — Porr#, Adam! Não estou te ignorando, apenas não quero dar satisfação da minha vida e das minhas decisões à ninguém. Já tomei minha decisão, vou me ausentar por alguns dias e não preciso da opinião ou consentimento de ninguém. Será que consegue entender isso? Agora foi a vez de Cristhian perder a paciência de vez. Adam era um cara que tinha um espaço importante na vida dele, mas em certos momentos era evasivo, controlador demais e extrapolava no seu papel de amigo e assessor, adorava dominar tudo e a todos à sua volta, mas pelo visto com Cristhian as coisas não seriam mais assim. — Onde você vai? — Adam grita ao ver Cristhian adentrar para os fundos na suíte — Vou mijar Adam, posso? Ou você quer vir me ajudar a fazer minhas necessidades? — Cristhian fala segurando seu volume à frente da calça e Adam sacode à cabeça em negação, não acreditando no que estava vendo e ouvindo "Realmente esse otári# enlouqueceu de vez. Falta de sexo faz isso com as pessoas. A testosterona já subiu para o cérebro e tudo virou pó." — Adam pensa rapidamente — Babaca! Não sei como ainda te suporto! Agora compreendo perfeitamente como sua irmã Margô se sente. — Adam fala se aproximando do mini bar — Ótimo! Assim me poupa de ter que lhe dar explicações óbvias meu caro, pois está mais do que evidente que tanto você quanto Margô me suportam porque ofereço o que vocês amam: dinheiro! Adam mostra o dedo do meio para o amigo e enquanto se serve de uma dose de whisky diz: — Vai se f#der Cristhian! Preciso de uma bebida ou vou enlouquecer de vez. Você destrói o meu psicológico! Cristhian balança a cabeça com a atitude descontrolada de Adam e abre a porta do banheiro, entrando logo em seguida. Levanta a tampa da privada, retira a fivela do cinto de couro, abre o botão da calça e quando estava prestes a baixar à mesma leva um susto ao ouvir um grito: — Aaaaa... Senhor! Mil perdões! Me disseram para limpar a suíte, que não haveria problemas, mil perdões! Desculpe! Com licença! Cristhian sorri da situação constrangedora e antes que a porta fosse fechada pela camareira, ele diz: — Não foi nada! Obrigado! Ele volta a sorrir lembrando da cena e do desespero da moça, que ele sequer conseguir ver o rosto. Apenas deu para perceber que suas bochechas estavam coradas e Cristhian fala consigo mesmo: "Se eu estivesse na situação dela, a ponto de ver o "bilau" de alguém, teria reagido da mesma maneira." "Já gostei dessa moça, sem fazer esforço, me fez sorrir." Cristhian termina sua higiene e sai do banheiro. Pega sua mala, caminha em direção à porta de saída e sem olhar para trás diz: — Sem gracinhas, Adam! E sobre o Ruffle, cuide bem dele até eu voltar, só espero que te encontre vivo até lá! — CRISTHIANNNNNNNNN... O grito de Adam é a última coisa que Cristhian consegue ouvir, antes que a porta do elevador se feche e ele enfim consiga ter seus dias de paz. [...] ********* Enquanto isso... Minutos depois no Almoxarifado do hotel — O que houve Marisa? Parece até que viu algum fantasma? — Jodie pergunta enquanto organizava o seu carrinho com insumos para abastecer as suítes do dia seguinte — Muito pior do que isso! — Marisa fala ofegante se servindo de um pouco d'água que havia no bebedouro — O que pode ser pior do que uma alma penada? — Jodie fala sem tirar os olhos do carrinho — Ver o "bilau" de um hóspede enquanto ele mijava. — Marisa fala bebendo o último gole d'água e quase se engasga com a reação de Jodie — Aaaaaaaaa... Que loucura! Para um primeiro dia, até que não foi nada m#l. — Jodie fala gargalhando e Marisa a encara irritada — Pare de palhaçada! Eu quase tive um treco. Foi... Foi... Foi muito constrangedor. Jodie não estava nem aí para o que a amiga dizia e tudo o que ela queria saber era: — Hmm... Mas me diz uma coisa: o material era grande e grosso? — Marisa a olha perplexa, realmente Jodie estava no ramo certo com sua loja de produtos eróticos, porque falar em sexo, era com ela mesma — Sei lá Jodie! Eu lá tive tempo de reparar nisso. Quando vi a porta sendo aberta e aquele homem ali de quase 1,90m de altura, prestes a colocar aquele, aquele... Argh... — Marisa começa a gaguejar só em lembrar à cena, Jodie tenta segurar o riso e ela fica ainda mais nervosa, cortando logo o assunto. Pois do jeito que a amiga era assanhada, esse papo tomaria outros rumos, e tudo o que Marisa menos queria eram mais problemas — Há você sabe... estava prestes à pôr aquele material pra fora, eu saí correndo batendo a porta e morta de vergonha. — Então quer dizer, que se tivesse tido tempo, teria reparado na linguiça? — Jodie cutuca Marisa e começa a gargalhar alto chamando a atenção das outras camareiras Marisa tentar manter o controle e dá uma cotovelada em Jodie, para que ela volte ao normal. Se é que isso era possível. Porque quando o assunto envolvia sexo, Jodie chegava à lugares inexplicáveis. — Louca! Para de dizer bobagens e me ajuda a levar essas coisas para a Suíte Lady, já que você está em tempo livre. — A suíte Lady vai ser ocupada? Dizem que é a suíte mais cara do hotel. — Jodie fala se recompondo — Sim! Será ocupada a partir de amanhã. Pelo que as meninas da costura disseram, é uma mulher toda empinada, tipo aquelas socialites, parece até uma deusa. — Marisa fala organizando o seu carrinho para ir à última suíte do dia — Ai, esse tipo de mulher é a pior! Só espero que não tenhamos problemas. — Jodie fala ajudando Marisa — Esquece isso! Tenho coisas mais importantes para me preocupar e você sabe. — Sim, eu sei! E também sei que tudo dará certo. Agora vamos, que irei te ajudar a organizar tudo, faltam só trinta minutos para nosso expediente terminar e você ainda vai buscar o Max. — Jodie fala colocando as últimas toalhas no topo do carrinho — Obrigada! — Marisa repentinamente abraça à amiga, que retribui o carinho na mesma intensidade — Pelo que? — Jodie pergunta ainda no abraço — Por tudo o que tem feito por mim, se não fosse pela sua ajuda, eu não teria conseguido essa vaga. — Marisa diz terminando o abraço e segurando as mãos de Jodie — Pare já com isso! Somos muito mais do que amigas, somos irmãs, tenho certeza que você faria o mesmo por mim. Agora sorria e vamos arrumar a suíte da tal, Deusa. Jodie diz franzino o cenho e com voz de desdenho. Ambas sorriem e seguem para o elevador de serviço. Entram na suíte e deixam tudo organizado para a chegada da nova hóspede. Marisa com seu toque delicado e sensibilidade coloca sobre o travesseiro um mini buquê com sachê aromático de lavanda, que deixa um ar angelical e suave no ambiente. Pouco tempo depois ela sai da suíte seguindo para o vestiário, faltava pouco menos de trinta minutos para Max sair do colégio e ela precisaria correr se quisesse chegar à tempo para buscar o filho. Já arrumada, ela sai na frente de Jodie que ainda se arrumava, e pelo caminho vai se despedindo dos novos amigos que já havia feito no hotel. Ao chegar na porta leva um susto ao ver novamente o carro preto, dessa vez na porta da frente havia um homem trajando terno, com certeza era o motorista. "Dessa vez eu descubro quem é esse desgraçado que não sabe respeitar uma mulher em dias chuvosos." Marisa pensava enquanto corria em direção ao carro. Esse homem havia se tornado uma obsessão e enquanto não descobrisse quem era, não ficaria em paz consigo mesma. — Ei! Ei! Espere! Ela acenava e gritava. O tal homem de terno nota a sua aproximação e quando estava prestes à descobrir quem era o sujeito, sente mãos abraçarem seu corpo. Marisa vira seu olhar para ver quem era, e um sorriso lindo de Max a faz esquecer de tudo, quando se lembra de olhar o maldito carro, ele já havia desaparecido. Novamente ela não conseguiu descobrir quem era esse grosseirão, mas algo dizia que isso era por pouco tempo e logo esse mistério seria desvendado. Continua...
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD