Z A Y N
Past
Desde que entrei na vida que eu tenho hoje, sabia as consequências, de qualquer escolha que eu fizesse. Aprendi que eu nunca deveria me apegar á bens materiais ou até mesmo em pessoas, por esse motivo eu me afastei da minha família desde a última tragédia.
Na época, eu nem sabia em que estava me envolvendo, pra mim era coisa simples, nada que afetasse minha vida. Eu era um adolescente de 15 anos bem e******o, mas hoje em dia sou um adulto formado e com a cabeça no lugar certo.
As pessoas que me controlavam brincavam comigo e com todos que trabalhavam para eles, tínhamos que fazer tudo que eles pedissem, ou caso contrário, nossa família se machucava. Nunca pisei na bola, entretanto, eu tinha consequências severas apenas por ser rebelde.
Eu lidei com tudo isso durante anos, tive que voltar ao colegial com identidade falsa mesmo com 20 anos, tive que aturar adolescentes idiotas, apenas para conseguir chegar á alguém que já estava na mão deles. Isso não passava de jogos.
E eu sempre me perguntei, porque eu ?
Estava tudo planejado desde sempre ? Me observavam desde que eu era pequeno ou eu tinha paranóias? Era impossível saber.
Já tinha me acostumado com a vida que estava levando, estava tudo na sua perfeita ordem quando ela chegou. Eu não fazia o certo, nem de longe era o certo.
Eu matava pessoas, e mesmo que essas pessoas fizeram m*l á outras, eu não era o mocinho da história e nunca seria.
Mas foi quando ela entrou que toda aquela bagunça se tornou tão mais confusa do que antes, gostar dela foi pior do que pisar na bola para quem eu trabalhava, eu estava colocando minha vida em jogo, a verdade é que meu coração estava em jogo.
Descobrir que ela era o cérebro de tudo que me aconteceu, foi pior que um tiro. E a dor de um tiro eu não desejo pra ninguém.
Eu me afastei, e isso foi o fundo do poço pra mim.
Sun era como Saafa pra mim, mas a única diferença era que eu tinha o mesmo sangue de Safaa e tinha um amor dentro do peito impossível de ser retirado por Sun. Então quando eu a deixei, alguém lá de cima resolveu transformar o jogo em pesadelo. Foi o pior pesadelo da minha vida.
Depois disso eu me senti na obrigação de ficar junto dela, de cuidar e nunca deixar ir, porque era meu dever. Eu a amava, e mesmo que todas as outras coisas ruins falassem mais alto, minha sede por sangue que eu havia adquirido fosse maior, os olhos e sorriso sacana da menina de exatos 1,64 de altura, era tudo na minha vida e eu fazia tudo por eles.
Até me tornaria alguém melhor e procuraria ajuda.
Por ela eu cumpria todas as minhas prisões perpétuas.
Mas depois foi ela que me deixou, depois de abrir meu coração pra ela na nossa última noite, ela me deixou pra trás, levando meu coração partido, minha alma, e minha felicidade, só deixando um bilhete.
Ela me deixou apenas com as lembranças das cicatrizes ainda sem explicações no seu corpo e com um beijo terno no topo da cabeça.
E se eu era alguém r**m até ali, ela me transformou em alguém pior.
Eu percebi isso no momento em que a deixei ir naquele carro da polícia, algemada, chorando e me implorando por ajuda.
Ela ainda tinha minha alma nas mãos naquele momento, eu não sentia remorso, não sentia absolutamente nada, minha vida já não fazia sentido, eu não tinha vontade de viver. Depois que ela me deixou foi como se meu coração parasse de bombear sangue para meu corpo e meu cérebro só focou em ficar igual eu estava antes, antes dela.
Eu me tornei quem eu queria, mas dessa vez eu trabalhava sozinho, eu fazia minhas ordens e minhas regras, minha família era eu mesmo, durante 4 anos, durante míseros 4 anos, eu tentei tirar todo o rastro dela que tinha em mim.
Mas a verdade é que talvez o destino tenha escrito nossa história junto, e as paginas são impossíveis de ser rasgados, portanto, quando eu a vi, quando eu finalmente a vi, meus joelhos tremeram.
Eu não sei explicar exatamente o porquê, na verdade, deve ser porque ela é e sempre será a única garota que realmente mexeu comigo um dia, e só ela é capaz de cutucar a ferida no meu peito, não importa quantas garotas eu pegue, é sempre a aparência dela que eu procuro, é sempre a dominação, é sempre seus olhos escuros, é sempre seus cabelos pretos.
Eu fiquei obcecado por uma coisa que eu tinha mas tive medo de ir atrás.
Meu coração e alma ainda estavam com ela, e minha intenção era pega-los de volta ou morrer tentando, e só pelo simples fato de meu corpo inteiro ter tremido quando eu olhei em seus olhos naquela sala escura, eu tinha certeza que morreria tentando.
– O que você faz aqui ? - Seu tom era atordoado, mas calmo apesar de tudo. Ela estava linda, como sempre esteve, mas foi como se algo a mais dela tivesse mudado pra melhor.
Eu não respondi, apenas fiquei encarando a garota que agora não devia ter mais 1,64 de altura, e que provavelmente estivesse muito magoada a ponto de não querer me ver nunca mais.
Mas eu precisava tentar.
O plano era só esperar ela, á 4 anos atrás, mas eu burro demais e só fazia merdas na minha vida. Agora eu tinha uma tarefa mais difícil.
– Você vai responder, ou vai ficar mudo ? - Usou novamente seu tom rude, mas calmo, enquanto bebia um pouco do seu drink. A chuva lá fora caia forte. - Se não quer falar nada, a porta é logo ali.
Apontou para a porta de entrada, que eu nem me importei em olhar, sabendo que não era lá meu destino.
Ouvi seus passos começando, levando-a direto para a escada, o que me deixou em alerta para segurar seu braço. Ela não gostou, de jeito nenhum.
Isso só foi uma deixa pra ela usar a outra mão pra me socar, o triste era que ela nunca seria melhor que eu. Talvez não em algumas coisas.
– Me escuta.- Peço, calmamente. Mesmo que ela esteja em alerta e pronta pra me atacar.
– Eu não tenho nada pra escutar, Ze- Ela disse, friamente e incrivelmente calma. Ela mudou, muito.
– Mas eu tenho muito o que explicar.- murmuro, tentando convencê-la ao menos me ouvir.
As trovoadas lá foram iam de m*l a pior, a chuva só caia mais forte a todo momento, e eu sabia que o tempo que estava lá fora, era o que refletia o que tínhamos por dentro ali.
– você tem 5 minutos. - ela murmura, fria, amarga, como nunca vi na vida. Não era a garota doce que eu conheci.
E em muitos pontos altos da vida chego a me perguntar se realmente a conheci, no começo do nosso envolvimento ela fingia ser quem era, no ápice, me mostrou um lado seu que nunca imaginei ter, e agora, uma pessoa totalmente desconhecida pra mim estava a minha frente.
– Sério isso? - Retruquei, baixo, e sério.
– 4 e 55 segundos.- murmurou mais baixo, cruzando os braços.- você está perdendo seu tempo Ze
– Eu perdi a noção do tempo de tudo assim que te deixei ir, Sun. - murmurei, sincero, verdadeiro. A verdade é que mesmo que eu queira deixá-la ir, sabendo que era o melhor, ela ainda mexia comigo de uma forma que ninguém jamais faria igual.
– E você só se deu conta disso agora? quatro anos depois? quando eu finalmente estou aqui fora? - Sun disse, incrédula, despertando as piores memórias da minha vida.- você está atrasado, Ze
– Eu não tive coragem de ir, você me deixou.- comentei.- foi você quem me deixou, sem alma, sem coração.
– Eu nunca levei algo a mais do que as memórias Zayn. - Pela primeira vez em muito tempo eu estremeci, por ouvir meu nome sair por seus lábios. Talvez ela não o tenha percebido, mas tinha efeito sobre mim tudo que ela fazia, mesmo depois de anos.- e pelo contrario do que acha, não fiz isso por mim, pode ser difícil acreditar mas fiz isso por você, mas esse assunto é coisa que você não merece ouvir.
– Porque? - Afrontei, dando um passo à frente, mas meu corpo reagiu assim que viu que ela não deu um passo em falso ou mesmo vacilou com o olhar. Ela tinha mudado, ou se não tinha, agora aprendeu a ter muito autocontrole.- sempre fomos, além de um casal, família.
– Família não abandona. - E só foi essa frase que ela disse, acompanhada de uma trovoada forte que fez a consciência pesar de uma forma que nunca pesou.
Nem mesmo quando deixei Gigi pra trás com meu suposto filho, pra vir vê-la.
– E eu nunca abandonei, quando você precisou eu estava ali.- respondi, mesmo com a garganta apertada sem saber o que dizer.
– Estava mesmo? você acha que eu precisei da família em que momento? - Tombou a cabeça um pouco para o lado, ironia tomando conta do seu tom. - Pelo que lembro, nesses quatros anos, nenhum de vocês foram prestar serviço para a pessoa que deu a vida que vocês têm hoje.
– mas antes de você me deixar, eu estava ali.
– Essa é sua explicação? eu ter te deixado?
– Você queria que eu corresse pros seus braços depois de tudo?- alterei o tom.
– Se isso foi o que aconteceu antes, por que não ali, no momento que eu realmente precisava de você? - se aproximou em passos lentos.- estava com medo de ser pego junto, não? de acabar indo parar naquele inferno junto e nunca mais sair, assim como eu.
– Não é...
– Então a melhor escolha era deixar eu ir sozinha, viver quatro anos sem nem mesmo as visitas dos próprios pais, enquanto todos ali dentro me transformavam em alguém pior do que eu já era.- Continuou, me interrompendo e chegando mais perto, cada vez mais perto.
Seu corpo chegou a centímetros do meu, eu podia sentir o seu calor exalar de onde eu estava, e ali mudamos os papéis. Antes ela era o frio que acalmava meus nervos, agora, eu a transformei em fogo, algo que nem mesmo eu poderia apagar.
– Não, Sun, eu me arrependi, durante todos esses anos, eu não parei de pensar em você um segundo sequer, mas eu sabia que eu nunca seria, e muito menos serei o cara certo pra você. - Coloquei o que sentia pra fora, deixando o orgulho de lado e encarando os olhos escuros e sem brilho dela. Como se não tivesse alma.- Você merece alguém melhor que eu.
– Mesmo sendo quem eu sou? - ela murmurou, ainda sem nenhum vestígio de sentimento em sua voz. nada. era como se ela não estivesse ali de alma. O que eu fiz?
– Eu nunca conheci você verdadeiramente pra dizer quem você é.- Sussurrei, levando a mão até uma mexa do seu cabelo e pondo-o atrás da orelha.- ninguém nunca poderá dizer quem você é, a não ser você mesma.
Ela fechou os olhos, respirando fundo ao sentir meu toque em sua pele. Um choque percorreu meu corpo inteiro quando senti novamente, mesmo que minimamente, sua pele na minha. Era como se meu coração pulsasse na velocidade dos relâmpados.
a chuva lá fora não estava tão forte como antes, mas ainda sim, o barulho e confusões com raios desenhavam o céu.
Eu ouvi seu último suspiro, antes de vê-la abrir os olhos e por um segundo ver o brilho de antigamente, antes que tudo mudasse de novo e seu tom de voz preenchesse o lugar.
– Seu tempo acabou, Ze- Ela voltou, dizendo.- você não me convenceu.
– Eu acho o contrário.- Murmurei, deixando um riso pequeno e leve escapar por estar perto novamente dela.
antes de me afastar de vez e sair, encarei seu rosto pela última vez naquela noite, pra decorar seus novos traços.
Muita coisa tinha mudado desde aquela noite, muita gente chegou, muita gente se foi, outras continuam a mesma, mas ela, ah, Sun sempre seria uma surpresa pra qualquer um que a conhecesse.