CAPÍTULO 1 - OVER AGAIN

1888 Words
Algumas vezes é necessário que você passe algum tempo á só com sua própria mente para que você retome seu caminho para onde quer que ele vá. É necessário você ouvir sua mente, seu coração e seu instinto. Temos um caminho a seguir para chegar ao lugar certo, para concluir o que fazemos ali, no mundo. Eu fugi dessa estrada diversas vezes para fugir do inevitável mas ela sempre me trazia de volta. Algumas pessoas podem até ter dado uma pequena balançada na minha estrada, na minha vida, para que eu perdesse o rumo de onde seguir mas ele fez meu caminho ficar todo embaralhado, de cabeça para baixo, assim que cruzou minha vida. Ele me fez jogar todos os meus planos para o alto e segurar em suas mãos para seguir o mesmo caminho que o dele, deixando o meu para trás. Me fez ver o mundo de outra maneira, me fez ter esperanças. Mas a esperança é como uma folha de uma árvore qualquer no Central Park, Nova Iorque, onde em todo outono ela amarela e cai no chão, onde todo mundo pisa, ou joga fora, mas a cada ano, ela nasce de novo e de novo. Mas árvores morrem, depois de um tempo elas já não brotam folhas e morrem. Assim é com as esperanças. Elas nascem a cada recuperação mas chegará um dia que sua esperança vai morrer e não mais florescer. Eu me lembrava como se fosse hoje o dia em que ele me olhou e eu implorei para ele me ajudar com apenas um olhar, como eu nunca havia feito na vida, por que ele era minha luz do fim do túnel me guiando na escuridão. Eu também me lembro que essa luz se apagou assim que ele abaixou a cabeça e apenas fingiu que aquilo não acontecia, me deixando ir no escuro, sem sua ajuda. Eu tive que me virar por 4 estupidos anos, no escuro, indo de encontro com paredes brutas, tropeçando em lixos no caminho, mas dentro destes anos eu aprendi que ninguém além de mim mesma podia me ajudar. Me senti fraca quando ele não veio me ver a primeira semana, eu tinha esperanças dele aparecer e dizer algo, dizer que estava ali pra mim e que iria me esperar, mas ao passar das semanas eu já não esperava visita de ninguém, muito menos a dele. Foi a pior fase da minha vida. Fiz a transição de adolescente para adulta tendo os olhos roxos todo dia, eu fui aprendendo que o dia em que eu envelhecia já não importava mais por que ali dentro nada importava, fui parar na ala médica por diversos sábados depois de uma sexta feira abalada e sangrenta. Eu já não tinha controle do que eu bebia, nem do que eu fumava. Eu já era outra pessoa. E foi assim que eu me vi assim que olhei meu reflexo dos portões prateados da penitenciária. Estava mais branca que já era, por falta de sol neste lugar. Meu cabelos estava gigantes, mas acabados. Meu rosto estava diferente do que eu tinha visto a última vez que vi meu reflexo, dentro daquele carro de polícia no retrovisor. No fundo eu ainda continuava a mesma menina de sempre, ou queria acreditar nisso, por que no fundo eu ainda queria ser a mesma doce garota. Coloquei meu celular no bolso enquanto me retirava daquele lugar onde se encontravam as piores pessoas que alguém pode conhecer. Não havia ninguém me esperando, eu sabia disso. Também não tinha um lugar para ir, era o que pensavam. Andei por um bom tempo para conseguir chegar a um ponto de táxi, vazio, mas era ali que eu iria esperar. O lugar era deserto, longe de tudo que envolva as pessoas boas da cidade, e isso de alguma forma me deixava calma. Após longos minutos um táxi para a minha frente e o motorista me encara por um bom tempo, para ter certeza que eu não iria matá-lo enquanto ele dirigia. "Bom dia senhorita." Ele diz assim que se assegura a meu respeito apenas me analisando como se eu fosse um objeto e encarando meus s***s por debaixo da blusa que havia ficado um pouco pequena por culpa dos anos. "Onde gostaria de ir?" "A cidade de Bradford.." respondi enquanto me levantada e ia até sua janela. "Poderia me levar lá?" "Claro!" Responde com entusiasmo e eu entro na parte traseira do seu carro amarelo e sujo. Assim que entro o vejo arrumar o retrovisor para me enxergar melhor dali. "O que uma moça tão bonita faz por essas redondezas perigosas?" "O que o senhor fazia por aqui?" Jogo também e ele ergue as sobrancelhas assustado por minha pergunta em cima da sua. "Bom, meu trabalho." Diz tranquilamente e eu apenas encaro seu rosto pelo reflexo através do espelho. "Levando e trazendo pessoas." "Tem família?" Pergunto de repente e ele direciona seus olhos para mim. "Tenho somente uma esposa." Responde. "E você?" "Ela trabalha?" Pergunto novamente e ele junta as sobrancelhas enquanto hesita ao responder. Ele só assente. Eu podia ter mudado a mim, fisicamente, mas eu ainda era eu de 4 anos atrás. "De novo." diz me tirando a concentração e me fazendo olhá-lo diretamente. "Porque você está por aqui?" "Eu fui um garota má e estava pagando por isso." Respondo sorrindo e me encostando um pouco no banco enquanto ele respirava pesadamente no banco da frente. "E eu queria pedir desculpas." "T-tudo bem. Todo mundo erra." Gagueja e eu apenas respiro fundo antes de tirar o canivete da minha cintura. "Não por isso." Resmungo enquanto abro a faca, me aproximando dele. "Por isso.." Assim que termino a frase meus atos se tornam automáticos. Uma das minhas mãos segura seu queixo enquanto a outra arrastava lentamente por seu pescoço a lâmina da arma branca que tinha em minhas mãos. Seu sangue voou para todos os lados, inclusive para o vidro a nossa frente onde iriamos bater se eu não tivesse pulado para segurar o vontade e freiar. Limpei o para-brisa com as duas mãos enquanto colocava meu amigo no banco ao meu lado e via seu sangue escorrer por sua blusa branca. Eu havia acabado de cumprir uma pena de crimes onde eu havia pegado apenas 4 anos pois não descobriram tudo sobre mim e eu me comportei o suficiente, e agora poderia se acrescentar mais uma pessoa para a minha lista de assassinatos que eu já cometi. Acho que isso resulta em 3 prisões perpétuas. Ou mais. Continuei firme no meu caminho de volta, eu conhecia bem o lugar por tantas transferências. Comecei a procurar algo para me acalmar e dentro do seu porta luvas tinha um maço de cigarros. Peguei um e coloquei na boca, apalpei seu bolso e logo encontrei o isqueiro, acendi o cigarro e joguei a fumaça longe. Meu caminho será longo. (...) Meus olhos estavam fundos mas bem abertos, o cheiro de sangue consumia o carro então eu precisava trocar. Estava a uns 8 km de Bradford, estava perto de casa. Apaguei o cigarro no peito do cadáver do taxista mais uma vez e respirei fundo antes de parar o carro e sair do mesmo. Andei até o motor, montando uma pequena armadilha ali. Assim que terminei sorri para mim mesma e verifiquei se tinha tudo que precisava. Bem, preciso de roupas novas, mas fora isso estava tudo sobre controle. Peguei o isqueiro do caro e acendi, me afastei alguns passos e joguei. Foi coisa de segundos. Eu virei, andei uns 4 passos e tudo explodiu. O impacto foi grande atrás de mim, cheguei a sentir o quente do fogo na minha pele, mas isso não se comparava á nada do inferno que vivi. Eu andei alguns km, determinada a ir pra casa, então eu encontrei um posto de gasolina com uma loja de conveniências e isso foi o bastante. Logo alcancei a porta e me preparei. Estava na hora de fingir novamente. – Por favor me ajude! - Encenei ao chegar na porta e o funcionário me olhou assustado. Eu estava coberta de sangue. - Eu..meu Deus.. – Entre por favor! - ele diz vindo até mim me acudir e eu comemoro vitoriosamente por dentro. - Meu Deus você está toda suja de sangue! – Meu..meu pai..- Apontei para a estrada de onde eu tinha vindo e comecei a soluçar. - Ajuda ele por favor. – Eu vou chamar uma ambu.. – Não! Você tem que ajudá-lo, ele não vai aguentar a demora. - Imploro, com a maior cara de cachorro pidão que eu conseguia. - Mas e você ? - Junta as sobrancelhas.- Vai ficar bem ? – Esse sangue é do meu pai, eu preciso ajudá-lo, eu não tenho mais ninguém..por favor. - imploro mais uma vez. Enquanto ele passa a mão no rosto, aproveitei para dar uma vasculhada com o olhar atras de câmeras, mas não tinha nada. Eu não precisava mais encenar. – Eu vou.. – Pro inferno. - Termino a sua frase assim que corto sua garganta e sinto o sangue fresco de novo espirrar em mim. Não levou segundos para que ele caísse no chão. Olhei para o lado e para o outro, me certificando que não tinha ninguém por ali e entrei. Sai a procura de algumas roupas, encontrei apenas algumas camisetas e calças jeans. Era o suficiente. Aproveitei para comer alguma coisa descente, ou mais ou menos, e tomar um conhaque que encontrei atras do balcão. Peguei alguns maços de cigarro no bolso e mais algumas notas de cem no caixa. Assim que voltei pra porta olhei bem pro corpo do homem que eu nem conhecia e que já estava quase totalmente drenado. Se encontrarem ele aqui com a absoluta certeza vai ferrar logo cedo, então arrastei ele para o fundo da loja e dei um jeito de limpar o sangue com algumas coisas da loja. Assim que terminei, peguei um cigarro e coloquei entre os lábios, acendi e esperei alguém aparecer com algum veículo. Lembrei do celular que eu tinha no bolso e verifiquei se ainda tinha o número de alguém. Tinha de todos os garotos ali. Inclusive Ze Rolei os dedos na tela do celular até o número de Louis, que a tanto tempo eu não falava, disquei e logo coloquei pra chamar. Na maior calma esperei, enquanto tragava o cigarro. – a-alô ? - A voz do menino soou quebrada, quase como se tivesse acabado de levar um susto. – Louis! Quanto tempo! - Me empolguei no mesmo momento, me divertindo com seu pânico. – Sun ? – Strike! Garoto. - Disse divertida. – Eu pensei que..pensei que.. – Eu morri ? - Perguntei hesitante, só escutei sua respiração desregulada. - Claro que sim, mas acho que no inferno não há lugar pra dois Reis. Então satã me mandou de volta. – não..eu..não é isso que... - Revirei os olhos entediadas e traguei a última parte do cigarro para jogá-lo fora. – Vou mandar minha localização pra você, esteja aqui em 30 minutos.. - Ordenei com a voz mais fria. – O quê ?! - exaspera nervoso. – O tempo está passando Louis! Eu não gosto de esperar, porque eu fico nervosa.- Comento, pegando mais um cigarro do bolso e acendendo tranquilamente. - E eu juro que você não gostaria de me ver nervosa.
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