CAPÍTULO 2 - CITY

1704 Words
Pela décima vez naqueles minutos joguei o cigarro fora, depois de traga-lo até não conseguir mais. Tomei a metade da garrafa de conhaque mas ainda me sentia sóbria e tinha plena consciência de que isso não era nada saudável para mim. O lugar em que eu estava era muito deserto, ninguém passou, ninguém. Tudo bem que eu duvidaria muito que alguém fosse a todo momento para a penitenciária e voltaria de lá, mas porque tinha esse posto aqui ? Já estava começando a ficar impaciente quando escutei o ronco do motor de um carro, uma ferrari pra ser mais exata, já que dela eu conhecia muito bem o ronco. Sorri ao ver Louis se aproximando de onde eu estava e me levantei do chão, onde tinha me sentado. Parecia que eu não o via há 10 anos! Ele mudou, mudou muito. Tem mais tatuagens, o cabelo cresceu bastante, mas apenas os olhos continuavam os mesmo. Ele está mais forte do que antes, ficar longe foi o melhor pra ele. – Pensei que havia parado de ser mandona. - Foi a primeira coisa que eu comentou quando saiu do carro e me encarou. Sorri sarcástica. – Certas coisas nunca mudam. - Murmuro, tentando me referir ao fato de eu ser mandona, e não ao fato de que eu não posso mudar muita coisa que eu cometi. – Ah mudam, e pra melhores. - Analisou-me de cima a baixo e sorriu sacana. É, ele não tinha mudado. - Você...mudou pra c*****o. – Talvez, o inferno não é um lugar que tem muitos salões de beleza sabe ? – Não disse que está m*l. - Sorriu, apontando para a porta do carro indicando para entrar. - Na verdade, está melhor que nunca. – Percebi que você não mudou. - Comentei, irônica enquanto me sentava no passageiro.- Nem mesmo na escolha de carros. – Quando você aprende a correr em alguns rachas, você acaba ganhando alguns carros legais. - diz humildemente me fazendo dar risada. Pela primeira vez durante todos esses anos me permitir rir, mas não iria durar. – Eu vou te mostrar quais carros você consegue ganhar num racha. (...) As pessoas da cidade andavam tranquilamente por todos os lados enquanto passávamos, reconheci muitas pessoas da escola, outras simplesmente da rua mesmo e vi que não importa o quanto eu negasse, esse era meu lar. – Quer dizer então que conseguiu algo melhor em Boston ? - repeti o que ele me disse, um pouco desconfiada. - Tudo isso ? – Sempre guardei dinheiro desde a época em que trabalhávamos pra você. - assume. - Apenas investi em algo que pudesse me ajudar. – Ainda faz algum trabalho como antigamente ?- Perguntei curiosa. – Não, parei com isso desde Yan. - Ergui as sobrancelhas sem deixa-lo notar e respirei baixo. Eu teria que recomeçar, mas para isso eu precisava limpar algumas pessoas da minha vida. - Desculpa, mas porque ? – Só curiosidade. - Respondi rude, mudando totalmente meu humor. – Você se parece muito com...- Ia falar o nome dele mas para no mesmo instante, vendo que eu o fuzilei apenas com o olhar. - Melhor deixar pra lá. – É bem melhor pra você. - Ameaço. – Você me desculpa perguntar, de novo.. - Usa uma educação que eu nunca vi na vida, ou era apenas medo, que estava me chateando horrores. - mas o que aconteceu ? Perdi contato dele á alguns anos. – Não é um momento bom pra falar dele. – Mas você sabe que ele vai estar por aí em algum lugar, não sabe ? - Minha pele inteira se arrepia só de imaginar isso. Seria um caos total. – Isso é problema dele. - murmurei, pegando um cigarro e acendendo ele enquanto observava minha casa de perto. Ninguém nunca soube desde lugar, a não ser eu e agora Louis, minha casa. Onde eu guardava tudo, desde meus carros favoritos, até meu pior armamento de emergência. Além de ser uma casa confortante. Não deixei que a casa em si fosse luxuosa demais pra ser chamativa, mas tinha o térreo, o andar de cima e o estacionamento subterrâneo para meus preciosos carros. Não era chamativa, mas era uma das melhores casas do bairro. – Pensei que fosse algo mais extravagante, diante a tudo que você falava. - Louis comenta, estacionando o carro na calçada e eu solto uma risada espontânea. – Nem sempre a embalagens revela o que tem dentro do pacote. - Pisquei arteira para ele e desci do carro. Respirei fundo o cheiro da grama fresca que eu não sentia a muito tempo, e deixei meu corpo relaxar por alguns segundos. – Porque eu estou aqui ? - Ele questiona assim que chega ao meu lado, olhando para toda a extensão da casa. – Porque tenho planos para você.- Deixei claro o que bem queria e ele me encarou pasmo. - E eu não aceito não como resposta. Comecei a andar para dentro de casa e deixei ele para trás com os próprios pensamentos, mas logo ele me alcançou. – Você tem que aprender a pedir favores, você é muito rude. – Eu fui boazinha por muito tempo Louis, ninguém viu e eu fodi minha vida, agora tá na hora de encarar uma nova Sun. E ela não é muito boazinha. – Se ela está de bom humor assim, não quero ver o que é estar de m*l humor. - Brinca descontraindo a tensão que o lugar tomou, e eu rio baixinho. Segurei a maçaneta maciça da porta e girei, como de costume estava aberta. - Esse tempo todo ela estava aberta ? – Ela tem mais segurança que a própria casa branca, Louis. - Brinco, ganhando um olhar espantado de sua parte. Era hilário ver algumas pessoas reagirem assim. – Ela a casa, ou você ? - Olha pra mim questionador e eu reviro os olhos. Quanta pergunta, parece até uma criança. – As duas. - Murmuro baixo, sentindo o aroma gostoso de casa limpa da sala de entrada. Contratei á anos uma só pessoa pra sempre manter esse lugar intacto, e sempre esteve do mesmo jeito que sempre deixei. Aqui era meu ponto de paz, aí de quem resolvesse tentar infernizar essa paz do campo. – Uau. - Escuto o suspiro de Louis diante a sala e solto uma risadinha. É, eu sei. – Vem, preciso falar com você antes de tudo. - Digo ríspida, apontando para o sofá. Ele assente e se direciona para lá. O sofá era grande e branco, era quase a sala inteira. Uma TV de plasma na frente, som, e algumas bebidas antigas, que eu comprei para colecionar com carinho. Gastei fortunas por estas garrafas. – Estou ouvindo. – Eu não queria que fosse dessa forma mas eu preciso de alguém.. - Começo. Senti a tensão subir por todo seu corpo e suspirei. - Você vai me ajudar com tudo que eu preciso, claro que como sempre você vai receber sua parte, mas para isso eu quero serviço limpo, sem rastros, sem cumplicidade, quero que o trabalho que eu mande você fazer, vai lá e você mesmo faz. Você não vai se arrepender. – E...isso seria ? - Perguntou meio receoso. – Você sabe o que quero fazer. - Deixo bem claro. – Eu até diria não, mas sei que não tenho escolhas. - Olha dentro dos meus olhos. - Ou tenho ? Respiro fundo. Eu precisava de alguém em quem eu realmente pudesse confiar, em que fosse realmente leal a mim por querer, e não por ameaça. Eu devia tomar boas decisões. – Tem. - Solto leve. Ele arregalou os olhos, surpreso, provavelmente esperando uma resposta r**m. - Eu quero lealdade Louis, eu não te ameaçarei, quero confiança, e além de tudo, quero minha família. – Eu..er.. - Vi ele hesitar e logo suspirei, sabendo que do livre arbítrio que lhe dei, iria fazê-lo desistir. Manti o olhar firme em seus olhos azuis, ele estava lidando com outra pessoa, e precisava saber quem era que mandava. - Todo mundo vai morrer um dia não é ? Porque não poupar Deus desse trabalho ? Sorri vitoriosa assim que ouvi sua resposta e respirei fundo. – Ótimo. Levantei rapidamente, olhando o relógio na parede e sabendo que Angela, a senhora que limpava tudo isso, não estava. Me aproximei da lareira apagada e peguei o controle. Logo a parede se abriu, revelando as escadas para o estacionamento. Olhei para Louis como um aviso e logo ele entendeu, me acompanhou até o andar de baixo e logo que acendi as luzes suspirou alto. – p***a. - foi a única coisa que ele disse ao observar o lugar com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados. – Te apresento meus bebês. - Ironizo, mostrando todos eles estacionados em cada vaga. - Vai desde carros de 1969, com motores potentes atuais, até a máquina mais rápida de atualmente. Algumas motos, e só minha sala de brinquedinhos. Aponto para um das portas, ao lado da terceira fileira de carro. Louis não conseguia piscar, e nem fechar a boca. Andei até a porta da sala de treinamento de tiro e abri o armário com meus brinquedinhos favoritos. Eu tinha mais armamento pesado que a própria base militar do país. – Esse é só o que eu posso usar aqui dentro, guardo o estoque em outro lugar. - Sorrio, me virando para o menino que se encontrava pasmo, petrificado na porta. Soltei uma risada para acorda-lo do transe e ele piscou algumas vezes até voltar à realidade. – Eu pensei que garotas brincavam de bonecas.- Zombou, se recompondo. Balancei a cabeça divertida enquanto pegava uma das pistolas e carregava. – Eu também achei, quando tinha 5 anos. Mas eu ganhei um Rifle naquele aniversário, então atirei na cabeça de todas as bonecas que tinha no dia seguinte. - Contei, divertida com sua reação. Coloquei os fones de ouvidos e o óculos, não queria o colete. Fiz meu alvo aparecer na minha cabine e atirei 6 vezes seguidas. Tudo na cabeça. Tirei os óculos e sorri vitoriosa enquanto olhava para Louis. - De alguma coisa isso serviu. – Você me dá medo. – Por quê ? A brincadeira só começou.
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