Do amor a Dor

868 Words
Noah Quando você descobre que está amando? Amor de verdade, aquele que faz a perna tremer e você esquece de respirar? Eu? Eu tinha 13 anos e estava na sexta série. Foi a primeira vez que vi Olivia, com seus cabelos longos até a cintura, sua pele preta e seus olhos puxados boca carnuda, bun.da arrebitada e pernas roliças. Eu era um magricelo, um menino magrinho, cheio de espinhas, ou como dizem aqui no Rio de Janeiro Um Chokito aliás esse era meu apelido na epoca. Olivia era minha vizinha, crescemos juntos, brincando descalços na rua, Eu tinha uns sete anos quando ela me disse que eu era seu namorado e ela se casaria comigo. E depois disso começou a mandar em mim, mandar nas brincadeiras e até no que eu comia. Mas eu deixava, porque ela me pedia de forma doce com aquele sorriso lindo. Eu sabia que estava ferrado, muito ferrado, brincando de casinha quando deveria estar jogando bola Porém amor... Aquele primeiro Amor eu só me dei conta quando eu entrei na sala de aula, mordendo a tampa da caneta. Ela olhou pra mim e bateu na cadeira ao lado dela. Ali meu coração bateu mais alto, ali eu vi que eu estava totalmente louco por ela. Naquele dia voltamos de mãos dadas pra casa. Naquele dia eu déi a ela meu primeiro beijo. Porém naquela noite, meu mundo desmoronou. Eu entrei em casa e meu pai estava andando de um lado para o outro. O morro estava em cerco. Luiz... Vulgo o Sombra, afilhado do meu pai, meu pai o pegou para criar com apenas 14 anos de idade. Quando nasci ele já morava conosco e minha mãe o tratava como filho. Naquela tarde, meu pai estava desesperado, O Sombra havia sido sequestrado, por um miliciano que pediu duzentos mil reais de resgate. Meu pai era o dono do morro dos prazeres em Santa Tereza Rio de janeiro. E passou dois dias para juntar a grana, falando até com outros mortos, outras bocas, fazendo de tudo para trazer o Sombra de volta. porém não foi bem assim. Se existe uma coisa que pode f***r a cabeça de um ser humano e o pai ou a mãe da gente, no meu caso foi a perda do meu pai. Ele era um cara f**a, um cara bom, um cara com o papo reto, até porque a vida e como ele dizia. "Homem tem uma palavra só, palavra de homem não faz curva, e única." E assim ele viveu, um cara gente boa , amado no morro. Traficante sim, porém amava o lugar que morava, distribuía básicas para as famílias que precisavam, fazia mutirão para construir casas. Pagava cerveja para os coroa no bar. Ele era amado, e eu via isso, podia sentir nos meus ossos. Aos domingos ele me colocava nas costas e me pegava pela mão e levava nos dois para assistir ele jogando bola no campinho no dia de domingo. Por isso quando ele pediu ajuda para pagar o resgate geral ajudou. Porém vocês sabem né, a vida e um pirulito começa no doce e acaba no palito. E na noite que meu pai foi levar o resgate, o sombra o traiu, estava com o dobro de homens, e pegou meu pai na covardia. O corpo dele foi jogado na nossa porta, e eu e minha fomos expulsos de nossa casa, jogados na rua só com a roupa do corpo, não podemos nem enterrar meu pai. Tínhamos dinheiro só para ir para outro estado. Sombra disse que se ficassemos no Rio de janeiro nós mataria pegamos o primeiro ônibus que vimos para São Paulo. A irmã da minha mãe morava em um barraquinho em na favela de Paraisópolis, ela nos deixou ficar por um tempo, mas não ficamos muito, até minha mãe arrumar trabalho porém a veia não conseguia emprego. Mulher de traficante não e uma carreira muito louvável. Ela achou trabalho de faxineira em uma fábrica de tecido, e fomos para o nosso barraco, não era grande ou bonito mas era o que o dinheiro dava. Um ano depois ficou doente, e não conseguiu trabalhar. Fomos colocados na rua, minha tia não deixou a gente ficar na casa dela, um menino magrelo, uma mulher doente e sem dinheiro. Ela não podia sustentar mais duas bocas. ela já tinha 3 crianças pequenas para alimentar. Na rua, sem comida, sem remédio, e por mais que eu furtasse, ou vendesse doce no sinal não dava para nada Minha mãe piorou e morreu... E eu? Entrei de vez pro tráfico como vapor. A sede de vingança só crescia dentro de mim. Olhava os jornais todos os dias para ver se sombra tinha morrido, até porque traira morre cedo, traíra merece uma bala no meio da testa, e o Sombra? Esse mano esse aí, merece uma ida sem volta pro microondas com direito a pipoca. Porra vei, o pior que eu conheci o traíra, ainda mulequinho, Ele era meu irmão, meu amigo, e acabou com a minha vida. 12 anos passaram, e eu cresci junto com meu ódio. Agora eu era um gerente de alta patente, homem de confiança do chefe. E minha vingança está prestes a começar.
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