Capítulo 2

1228 Words
Beatriz Narrando Minha vida nunca foi fácil, meus pais são dois drogados. Não me lembro de um dia ter tido uma família feliz, só me lembro de sempre ver meus pais fumando e se drogando. Sempre faltou comida em casa, porque eles torravam todo o dinheiro com drogas, bebidas e cigarros. Dou graças a ter bons vizinhos, eles nunca me deixaram ficar sem comer. Meus pais são dois desmiolados, sempre jogaram na minha cara que eu fui um erro, nunca me quiseram. Tem uma semana que completei dezoito anos, e um mês que terminei meus estudos, estou tentando arranjar um emprego para eu poder sumir dessa casa de uma vez, não aguento mais olhar para aqueles dois. No momento eu tenho três metas, arranjar um emprego, alugar uma casa bem longe desses dois malucos e realizar meu sonho de fazer faculdade de veterinária. Nanda minha melhor amiga falou que quando conseguirmos um emprego vai pedir ao Juninho, o peguete dela, para conseguir uma casa boa para nós duas morarmos juntas aqui no morro, Nanda é apaixonada por ele, mas ele não quer ter nada sério com ela, tadinha, já perdi as contas de quantas vezes eu a consolei. Estou no meu quarto me arrumando para ir até o centro da cidade fazer uma entrevista, tive que pegar uma roupa com Nanda emprestada, eu só tenho roupas usadas que ganho dos vizinhos, e nem são muitas. Estou penteando meus cabelos quando escuto barulho na casa e logo escuto minha mãe me gritar, - Beatriz vem aqui agora. - Já vou. Meu pai entra no meu quarto e sai me puxando pelos cabelos me levanto até a sala, - Para, você está me machucando. - Falo - Leva logo essa vagabunda, e fala para o chefe fazer bom proveito dessa aí. – Ele fala me jogando para Juninho - Seu merda, o que você está fazendo? – pergunto olhando diretamente para meu pai - Fazendo o que devia ter feito a muito tempo, me livrando de você. Olho para Juninho e pergunto, - Juninho, do que ela está falando? - Eles venderam você para o chefe, Bia. - Eu não sou propriedades deles, eles não podiam ter feito isso. – Falo com os olhos cheios de lágrimas - Mas fizeram Bia, você agora é propriedade do chefe. Vá pegar suas coisas, te espero aqui. - Ela não vai levar nada, ela não tem nada, tudo o que tem aqui é meu, ela só vai sair daqui com a roupa do corpo e nada mais. – Minha mãe fala - Vamos Bia, depois dou um jeito com roupas para você. – Juninho diz Saio de dentro daquela casa e começo a chorar, como eles pode fazer isso comigo, eles são meus pais, os pais não deveriam proteger seus filhos? Porque os meus tinham que ser uns merdas. - Bia, sei que está assustada com tudo isso, mas vai ser bom para você. O Alemão tem aquela cara de Pitbull, mas não morde não. – Ele fala tentando me animar, na verdade Juninho é bem engraçado - Ele tem cara de Pitbull? Eu não o conheço, nunca nem vi. - Olha eu não vou mentir não, você vai ter que ter muita paciência para lidar com ele, digamos que ele não tem paciência. – Ele fala caminhando até a moto dele. – Sobe na garupa, vou te levar até o chefe. Que Deus me ajude. Chegamos na casa do Alemão em cinco minutos, Juninho abre a porta e me dá passagem. A casa é linda por dentro, na sala tem uma televisão enorme, o sofá é aqueles retrátil que dá até para dormir, com certeza ele é mais macio que o colchão que eu dormia naquela casa. Saio dos meus pensamentos com alguém falando, - Então você é a Beatriz? - Sim.... É sou eu. - Vamos sentar no sofá, precisamos conversar. - Alemão, vou deixar vocês conversar sozinhos, vou na casa de Nanda ver se ela pode emprestar algumas roupas para a Bia, aqueles filhos da p**a não deixaram ela trazer nada além da roupa do corpo. - Não precisa pegar nada emprestado Juninho. Pega meu cartão e compra tudo que ela precisa. Pede para Nanda te ajudar, ela vai saber comprar as coisas melhor que você. Você tem celular? – Ele me olha e pergunta, eu só n**o com a cabeça. – Compra um celular também, ela vai precisar. Eu fico só olhando ele falar com Juninho. Eu não imaginava que Alemão era tão lindo, seu corpo é cheio de tatuagens, ele é todo musculoso, tem ombros largos, e o abdômen cheio de gominhos, sabe como eu sei? Ele está sem blusa. Saio dos meus pensamentos novamente com a porta batendo, e quando percebo só tem eu e ele na sala. - Então você já sabe que seus pais te venderam para mim? – Ele me pergunta e eu só confirmo com a cabeça. - Olha Beatriz, eu só fiz isso porque e disseram que era uma boa para você, e para mim também. Eu tenho uma filha de sete meses, não confio em ninguém para deixá-la, então eu sempre a levo comigo. Mas aquele lugar não é lugar para uma bebê, foi para isso que eu aceitei comprar você, para cuidar da minha filha, você não será minha empregada, ou minha prisioneira, será a babá da minha filha e nada mais. Tudo o que você precisar comprar para você ou para a minha filha é só me pedir, não precisa ter vergonha. Não quero você trazendo ninguém para a minha casa, a maluca da Nanda pode, sei que são amigas e ela e o Juninho vivem se comendo, fora ela, não quero ninguém. Não quero ver você bisbilhotando minhas coisas. Olha Beatriz, eu estou confiando em você para deixar a minha joia mais rara, minha Analu, então espero que você cuide dela muito bem. - Pode deixar, eu adoro criança, vou cuidar bem da sua menina. Posso conhecê-la? Ele não fala nada, se levanta e sai andando subindo a escada, - Vai ficar aí parada? Levanto e o sigo, ele abre a porta e vejo que era o quartinho dela, e é lindo, todo rosa, vejo no cantinho o berço, vou até lá e a vejo dormindo, ela é linda, também um pai desse como não ser. - Vem, vou te mostrar seu quarto. Sigo ele, o quarto era mais a frente da Analu e do lado oposto, de frente para uma porta, provavelmente um outro quarto. Entro e o quarto é perfeito, e o melhor, - Tem cama. - Claro que tem cama, já viu um quarto sem? – Foi aí que eu percebi que falei em voz alta - Desculpa, eu nunca tive uma cama, eu nunca dormir em uma. – Falo e ele me olha surpreso - Agora você tem uma, e ali é seu banheiro, todos os quartos da casa tem, são todos suítes, vou deixar você descansar, assim que Juninho chegar com suas coisas te chamo. Ele fala e sai, eu começo a olhar para todo o quarto, agora eu tenho cama, guarda-roupa, meu quarto naquela casa era só no tijolo, e quando chovia molhava tudo. Deito na cama e sinto a maciez do colchão, fecho os olhos e vejo a imagem de Alemão na minha frente. Porque ele tinha que ser tão lindo.
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