Capítulo 1

1903 Words
Sua respiração saia entre cortada. A cada puxada de ar, ele sentia o seu peito queimar, como se estivesse engolindo brasas. Ma.ldito Carter, que o fazia correr como um bastardo figlio di puttana*! Mas aquilo servia de lembrete de que ele precisava treinar ainda mais, ou acabaria deixando mer.das com Julian Carter escaparem por entre seus dedos. Um sorriso um tanto quanto c***l nasceu em seus lábios ao ver o homem desesperado tropeçar em seus próprios pés e cair ao chão, como a bos.ta que ele era. — Nã... Não, por fa... — o homem até que tentou, porém, Matteo já estava a sua frente e o calava com um tremendo pontapé em sua boca. O sangue pingava da boca do outro, misturando-se a terra e ficando uma mistura feia de vermelho, porém Matteo sorria com aquilo, ele gostava de ver o desespero das suas vitimas e naquele momento ele estava adorando ver o terror nos olhos de Julian. Mas como tudo que é bom dura pouco..., pensou já se preparando para dar um fim naquilo. Julian já tinha lhe tomado tempo demais e Matteo não estava disposto a lhe ceder nem mais um minuto. — Eu imploro! — o choro ecoou do homem ao chão, as palavras já saindo emboladas por conta da boca que sentia inchada, mas Matteo o compreendeu perfeitamente. — Deveria ter pensado nisso antes. — o sorriso sarcástico nasceu nos lábios de Matteo, quando o mesmo puxou sua pistola do cós da calça e a engatilhou. Aquele som fez o corpo de Julian gelar e seu coração parecia querer sair por sua boca. O sorriso de Matteo se alargou ao ver tamanho desespero. — Eu vou pagar. Eu juro! — Matteo riu, mesmo que a sua expressão fosse de alguém que não estivesse achando a menor graça daquilo. Na verdade, ele estava até entediado, mas a curiosidade sempre o ganhou e só por isso ele decidiu não acabar com aquilo ainda. O seu pé foi parar em uma pedra que estava ali, próximo ao corpo tremulo de Julian e ele se inclinou até ficar cara a cara com o homem que tentou lhe passar a perna. Não era do seu feitio ter piedade, mas ele estava curioso em como o homem em questão iria fazer para sanar a enorme dívida que ele tinha acumulado. — Todo o seu dinheiro é meu. A sua vida de mer.da, pertence a mim agora. Você não tem absolutamente nada! — Matteo empurrou o cano da arma na testa de Julian e viu com prazer o homem fechar os olhos e engolir em seco. — Você é um me.rda, Carter! Sempre foi, na verdade... E mesmo que tivesse algo... — Eu tenho! — Julian abriu os olhos desesperado, agarrando aquela oportunidade como se a sua vida dependesse disso, e dependia, na verdade, por isso ele encarou o mais jovem com a mais pura suplica no olhar. Matteo o encarava com uma curiosidade mínima, mas aquilo era o suficiente para que Julian desse continuidade ao que estava falando. — Por favor, eu... Eu... — Juian engoliu em seco ao ver o rapaz se levantar rolando os olhos, a expressão do mais puro tédio tomando conta de sua face, e ele soube, naquele momento, que morreria. — Eu te ofereço a minha filha! — o grito saiu de sua boca e ele fechou os olhos, esperando transtornado e com o coração aos pulos, pelo tiro que não veio. — Por que, dia.bos, eu aceitaria a sua filha como forma de p*******o? — Por favor... — as lágrimas caiam dos olhos de Julian e deixavam um rastro no seu rosto sujo. — Mary é submissa. Ela é virgem! Você pode vendê-la, se quiser e vai ganhar mais do que eu estou lhe devendo. — um chute violento em suas costelas o impediu de continuar. — Não vendemos mulheres! — Matteo rosnou, dando-lhe um outro chute poderoso. Qualquer um sabia que os Bianucci não compactuavam com essa mer.da de venda de mulheres e somente em escutar aquilo sair da boca de Julian, deixava Matteo possesso. Eles tinham diversas boates e algumas casas de prostituições, mas as mulheres estavam lá porque queriam, não porque eram obrigadas por eles. Infelizmente, para o bem dos negócios, Matteo não poderia recusar em aparecer em algumas dessas casas de leilões de mulheres, afinal, algumas recusas são consideradas como uma ofensa para alguns da famiglia* e por mais que Matteo não compactuasse com esse tipo de coisa, sua presença em certos eventos, as vezes era indispensável. — Pegue-a para você, então. — Julian gemeu ao sentir outro chute poderoso, este ultimo lhe tirando praticamente todo o fôlego dos pulmões. — Ou me dê um tempo para que eu possa vende-la. Eu conheço quem vai pagar muito por ela e eu lhe dou o dinheiro na mesma hora. — tratou de continuar, assim que sugou o ar com força. Matteo estava a ponto de lhe dar outro chute, mas parou ao ouvir as palavras de Julian. Ele não conseguia acreditar que o basta.rdo estava disposto a descartar a sua filha, seu sangue, assim. — Está mesmo oferecendo a sua filha... — Matteo se abaixou novamente até ficar cara a cara com Julian. A voz baixa e perigosa do italiano fazendo o homem ferido engolir em seco. Matteo agarrou um punhado dos cabelos de Julian e o sacudiu violentamente, antes de parar com brusquidão e aproximar seus rostos. — Você é mais escro.to do que pensei. — rosnou o italiano enfurecido. Matteo sabia muito bem qual o destino da maioria dessas garotas que eram vendidas e ele tinha certeza de que o verme a sua frente, também estava ciente disso e não parecia se importar nem um pouco. — Como tem coragem? A voz de Matteo Bianucci não passava de um rosnado baixo, repleto de asco e ele sabia, mesmo naquele momento, que Julian não lhe responderia. O homem não seria idio.ta a tal ponto, ambos sabiam que a vida de Julian estava nas mãos de Matteo. — Por favor... — Julian aproveitou aquele momento de silêncio para voltar a implorar. — Eu ainda tenho algum tempo e... — se calou ao ouvir o rosnado de Matteo e perceber que tinha ido pelo caminho errado ao tentar convencer o Capo da família Bianucci. — Deixou de ter o seu tempo para arrumar a minha grana, no momento em que correu... — Por favor... Por favor. Eu consigo o seu dinheiro amanhã mesmo! Mary, vale uma boa grana... — Matteo o calou com um soco na boca e se levantou com uma careta, observando Julian cuspir o sangue acumulado em sua boca. — Amanhã, por favor... — Mostre-me uma foto. — os olhos de Julian se arregalaram quando o viu travar a arma. Matteo dizia a si mesmo que só iria matar a sua curiosidade, mas, no fundo ele sabia não ser isso. Ele nunca conseguiu esquecer-se dos comentários que circulavam nas reuniões da famiglia, sempre que ele precisava comparecer. Em todos esses anos em que o seu pai, o verdadeiro Don da família Bianucci, o preparou para assumir o seu lugar na famiglia, Matteo só foi obrigado a comparecer em um desses locais uma única vez. Vicenzo Bianucci também não gostava de comparecer às reuniões que marcavam no luxuoso espaço onde vendiam moças, mas tinham certos sacrifícios que ele precisava fazer pela famiglia. E em uma dessas reuniões foi quando Matteo a viu. A garota era morena e franzina, os seus gritos ecoavam por todo o local, enquanto as outras meninas pareciam resignadas com o destino que lhes aguardavam. Matteo podia escutar a voz de seu pai ao lado, exigindo que ele não fizesse nada de estú.pido, embora seus olhos não pudessem se desgrudar da garota desesperada a sua frente. Ele já escutara conversas sobre o que rolava em alguns desses locais, mas ele nunca tinha visto ao vivo. Matteo tinha somente vinte anos na época e o seu pai o conhecia bem para saber o quão impulsivo o seu filho podia ser quando não gostava de algo. Aquilo tinha sido puxado dele mesmo e felizmente ele estava conseguindo moldar Matteo para ser um futuro Don, para assumir o seu lugar quando chegasse a hora. Matteo não falou nada, assistiu calado alguns homens se aproximarem na garota que se debatia, enquanto o seu pai tinha uma reunião com outros integrantes da famiglia. Ele sabia que deveria estar prestando atenção a conversa, mas nada conseguia fazer com que ele tirasse os olhos da cena a sua frente e somente quando o locutor daquele circo de horrores se cansou e apagou a garota com um tapa violento, foi quando Matteo desviou os olhos. As conversas vieram logo depois. Conde tinha adquirido a garota para o psicopata do seu filho e Matteo precisou escutar aquilo calado, pois Conde tinha sido uma tremenda aquisição para o lado da famiglia, deixando para trás anos de brigas, advindas de mortes violentas, e ele não podia se indispor por causa de uma mulher. Porém, foi muito difícil escutar aquilo sem querer causar uma morte terrível ao basta.rdo do Conde e ao psicopata do seu filho. Embora ninguém pudesse provar, as conversas do que o filho de Conde faziam rolavam soltas sempre que tinha algum tipo de reunião em que ele comparecia com o seu pai. E quando ele finalmente descobriu que o desgra.çado tinha finalmente matado a garota, Matteo bateu o pé dizendo que não compareceria mais as reuniões onde o merdi.nha estivesse, pois, não compactuava com aquilo e não iria responder pelos seus atos. E Vicenzo conhecia bem seu primogenito para saber quando ele falava a verdade e por isso dava desculpas para a ausência de Matteo. Matteo ainda estava perdido em pensamentos, mas conseguiu acordar a tempo do seu torpor para ver a mão de Julian tremer ao pegar um celular. Logo uma jovem de cabelos claros e olhos azuis aparecia na tela. Ele precisou admitir que a menina era muito bonita e muito nova também. — Quantos anos ela tem? — a sua voz saiu, antes mesmo que ele pudesse sequer raciocinar sobre o que estava prestes a fazer. — Vinte e um. — Matteo voltou sua atenção para o rosto surrado e sujo de Julian, arqueando uma sobrancelha em sua direção, enquanto deixava uma expressão sarcástica cruzar seu rosto. Porém, manteve-se em silêncio. Ele podia ver claramente que aquela garota não tinha vinte e um anos e ficou encarando Julian por uns instantes, pensando no que faria caso aceitasse aquilo. A quem ele queria enganar? Bastava dar uma segunda olhada para a garota na foto para que ele soubesse que não iria permitir que essa menina caísse nas mãos de homens como o filho doente de Conde. — Cai fora. — Matteo ignorou categoricamente a voz em sua cabeça que lhe gritava um sonoro não para toda aquela mer.da. — Anda! Está esperando o quê? — seus olhos miravam Julian, que ainda estava caído no chão, sem acreditar na tremenda sorte que teve. — Anda logo, seu mer.da. — deu-lhe um pontapé em suas canelas e observou em silêncio o homem se levantar e começar uma corrida para longe dele. — Lembre-se que não serei tão misericordioso na próxima! — gritou vendo-o desaparecer por entre os matos. Fligio di Puttana (Filho da pu.ta) Famiglia (Aqui se refere a família da máfia italiana)
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