Capítulo 2

1811 Words
Matteo ainda encarava o ponto onde Julian tinha acabado de sumir, quando ouviu os passos em suas costas. Ele se virou no momento em que Nicolay e Fabrizio, seus irmãos e parceiros, apareciam ofegante. Não pode deixar de rolar os olhos com a demora, guardando a arma e começando a caminhar em direção a seu carro. — O que aconteceu? Ele conseguiu fugir? — a voz de Nicolay, seu irmão do meio, estava levemente ofegante e Matteo rolou os olhos mais uma vez, disposto a não lhe dar atenção. Ouviu os passos dos irmãos de perto, indicando que o seguiam. — Matteo! — Não, ele não escapou. Eu não sou incompetente como vocês. — se viu obrigado a responder quando Nico insistiu e viu quando seus rostos se avermelharam. — Eu o deixei ir, depois que fizemos um acordo. — não lhe passou despercebido a troca de olhares confusos, quando Matteo entrou no carro e ajustou o retrovisor. — O fligio di puttana* iria vender a própria fligia*. — rosnou, ligando o carro e antes de partir ele pode ver a compreensão nos rostos de seus irmãos. Os irmãos Bianucci pensavam iguais quando o assunto era repudiar algumas coisas que a famiglia deixava passar batido. E a venda de mulheres era uma delas. Desde que Matteo assumira o lugar de seu pai, ele se recusava terminantemente a fazer reuniões com outros Capos da famiglia ou aliados em lugares como esse. — Você vai ficar com a garota... — Fabrizio murmurou, e Matteo conseguiu ver a expressão de seu irmão mais novo endurecer. Ele sabia que não demoraria a vir o sermão. — Pretende fazer o que quando ela começar a dar problemas? Vai espancar a garota e fazê-la de sua empregada? Quem te conhece sabe que você não é dos mais pacientes... — Acho bom abaixar o tom de voz e se lembrar com quem você está falan... — Estou falando com o meu irmão! — Matteo rolou os olhos quando o mais novo gritou. Somente Fabrizio conseguia leva-lo ao limite daquele jeito e sair ileso com aquele chilique. Naquele momento, Matteo se perguntou se passou muito a mão na cabeça daquele moleque. — Gente, por favor... — como sempre, Nicolay tentava acalmar os animos e era completamente ignorado. — Matteo... — o rapaz começou, embora não soubesse muito bem o que iria perguntar. Ele conhecia bem o irmão mais velho e sabia do gênio que Matteo tinha. Tudo o que menos queria era começar uma discussão ali dentro do carro e tornar a viagem de volta a mansão ainda mais tensa, mas precisava ter pelo menos a certeza do que Matteo não pretendia destratar a garota por simplesmente ser filha de Julian. — Matteo, você não está pensando em... — É claro que não! Cazzo*, Nicco! — Matteo apertou o volante e respirou fundo antes de responder aos seus irmãos. — Vocês queriam que eu fizesse o quê? O desgra.çado iria vende-la para outro se eu não aceitasse isso. Provavelmente para o Conde e vocês sabem muito bem o que acontece com as coitadas que caem nas mãos do filho dele. Aquele bastar.do maluco! — rosnou trincando os dentes quando a imagem da garota morena e franzina queria começar a invadir a sua mente. — Você podia muito bem te-lo matado... — E você acha que aquele monte de bos.ta devia somente a nós? Tenha dó, você consegue ser mais inteligente que isso, Fabrizio! — Matteo passou a mão livre pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais e suspirando irritado. — E quer que a gente acredite que aceitou tudo isso para proteger a garota? — Matteo tentou pensar racionalmente, tentou lembrar que nunca tinha revelado para os irmãos o horror que tinha presenciado aquele dia e o que o levou a ser terminantemente contra essa prática da famiglia, mas diante da expressão debochada de Fabrizio ele sentiu o seu sangue ferver. — Eu não preciso que acredite em absolutamente nada! Eu não devo satisfações do que eu faço para você. — cuspiu voltando sua atenção para a estrada. — Pense o que quiser. Eu fiz a minha boa ação do dia. Vocês sabem o que acontece quando elas caem nesses ma.lditos leilões. Essa garota deveria ficar feliz, no final das contas... E você também. — Quero só ver a dor de cabeça que isso vai dar. A ragazza* não virá de boa vontade. E papai vai ficar sabendo disso mais cedo ou mais tarde. — Matteo pensou no que seu irmão mais novo dizia. Com certeza a garota não iria vir sem fazer escândalo e ele não conseguia sequer pensar em qual seria a reação de seu pai quando descobrisse sobre toda essa palhaçada. Mas ele ainda achava que tinha agido certo. Não era nenhum santo, mas mulher nenhuma merecia o destino das criaturas sem um pingo de sorte que caiam naquele leiloes, sendo expostas como se fossem um pedaço de carne. E foi com esse pensamento que Matteo adentrou aos portões da mansão dos Bianucci e se preparou para mandar que os seus homens fossem atrás de Mary Carter. ... Julian Com o corpo todo dolorido, Julian se forçava a dar cada passo para sair daquela mata. Passou a barra da camiseta em seu rosto e retirou a sujeira e o sangue que já se encontrava seco. Malditos Bianucci! Em sua cabeça as cenas da surra que ele tinha levado passavam como um filme e ainda lhe custava acreditar que tinha conseguido escapar daquela com vida. Olhou para a mão que ainda apertava o celular e encarou a foto de Mary que estava na tela. Ele estava completamente fo.dido! Há dias atrás tinha a oferecido para Conde em troca do p*******o de suas dívidas. E agora... Ele estava totalmente fo.dido! Não conseguia pensar em um jeito onde escaparia novamente daquela com vida. Conde conseguia ser tão r**m, quanto os bastardos italianos. — Olá, para onde...? — os olhos do taxista se arregalaram ao encara-lo. Julian nada disse até estar dentro do táxi. — Sr. posso deixa-lo no hospital mais proxi... — Não. — Julian o interrompeu e tratou de recostar o corpo dolorido nos bancos confortáveis do carro. — Me leve para casa. — ordenou passando seu endereço e fechou os olhos ao sentir o carro começar a se mover. A viagem foi mais rápida do que esperava e assim que o táxi parou em frente a uma casa branca de dois andares, Julian notou um carro preto parado em frente. Um sorriso de escárnio nasceu em seus lábios e ele jogou umas notas para o taxista, saindo do carro logo em seguida. Ele mancou até a entrada da casa e assim que girou a maçaneta, abrindo a porta, pode ouvir o grito de Mary ecoando e o som de vidro caindo ao chão. — Don Corleone não perde tempo. — a sua voz estava alta e clara ao adentrar a casa e ele viu, sem surpresa alguma, duas armas serem apontadas diretamente para ele. — Se eu fosse você, não fazia gracinhas tão cedo. — uma voz suave e extremamente sarcástica ecoou. Ele conhecia bem o loiro que o olhava com desdém. — Se essa daqui não agradar ao chefe, vamos vir atrás de você. — um sorriso um tanto quanto satisfeito pintava os lábios do loiro, enquanto ele observava Julian mancar até o sofá e se jogar em cima do mesmo. — Pai! Pai, o que está acontecendo? Manda eles me soltarem. — a voz de Mary mostrava todo o desespero que ela estava sentindo naquele momento e Julian fechou os olhos, suspirando, enquanto os gritos de sua única filha preenchiam o ambiente. — Não lhe contaram a novidade, minha querida? — embora seu corpo doesse completamente, Julian conseguiu fazer com que sua voz saísse em um tom normal e não em grunhidos como ele queria soltar. Ele não daria esse gostinho para os capangas de Bianucci. — Papai estava com dívidas e precisou te oferecer como p*******o. — abriu os olhos somente para ver a reação dela, e a encontrou com olhos arregalados. Mary abria a boca e a fechava diversas vezes, como se quisesse falar algo e estivesse engasgada com as palavras. As lágrimas caiam sem descanso de seus olhos e deslizavam pela pele branca; e Julian não sentiu absolutamente nada com aquilo. — Como... Como você pôde? — a voz da garota não passava de um sussurro, mas com o silêncio que o cômodo se encontrava, ela pôde ser ouvida com clareza. — Como pode ser tão cru.el e me odiar tanto? Sou a sua filha! Eu nunca lhe fiz nada de ma.l. Eu... — Julian a encarou com indiferença por um momento, ponderando se deveria ou não lhe dar alguma atenção. — Você simplesmente nasceu. — murmurou então, decidindo-se por colocar aquilo para fora, sabendo que não teria outra oportunidade de magoar aquela que lhe tirou absolutamente tudo. Encarou os olhos azuis por uma última vez, tão idênticos aos da mãe dela. — Você deveria ter morrido, não ela. — cuspiu aquelas palavras, odiando-a por ter matado a única mulher a quem um dia amou, a única por quem ele poderia ter mudado o seu jeito de ser. Naquele momento, odiando também a mulher que deu a sua vida pela de Mary, o deixando sozinho com uma criança que ele nunca conseguiu amar. — Você vai sofrer... — segurou com força no queixo de sua filha, vendo as lágrimas que ela derrubava se perderem em seus dedos. — Você não conhece o seu novo dono. — Julian sorriu crue.lmente ao nota-la estremecer com as suas palavras e então a soltou. — Acho bom leva-la logo. O Capo... — cuspiu a palavra com escárnio. — Vai querer saber o porquê de suas cadelas estarem demorando tanto. — aquela ultima gracinha lhe custara um dolorido soco no estômago, mas Julian embora sem fôlego, se recusou a cair na frente dos capangas de Matteo. Ele se curvou de dor por um momento, mas usou do ódio que estava sentindo para erguer o seu corpo e expulsar uma respiração dolorosa. — Nos veremos de novo. — a voz do loiro ecoou novamente e Julian sorriu observando-os sairem e arrastarem Mary com eles. — Com certeza nos veremos. — Julian, enfim, se deixou cair ao chão cansado, discando rapidamente um número em seu celular, enquanto ainda podia observar afastarem-se com Mary a passos rápidos. O carro preto cantou pneus quase que no mesmo instante que a pessoa do outro lado da linha atendia a chamada. — Conde, Matteo Bianucci acaba de levar Mary! Ele sabia o que faria dali para frente. Não só se livraria de Mary e de suas dívidas, como também acabaria com a raça maldita dos Bianucci. figlio di puttana / Filho da pu.ta Cazzo / Po.rra Figlia / Filha Famiglia / Família.
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