Capítulo 6

1240 Words
— Anda ragazza, saia dai. — May encarou a porta atentamente ao ouvir a voz da governante, que ela sabia se chamar Donana, ecoar. A garota se manteve em silêncio, continuando deitada na sua cama e esperando que a pequena senhora se cansasse e fosse embora logo. — Eu não irei embora. — Mary bufou ao ouvir aquilo, era como se Donana tivesse lido os seus pensamentos, embora ela soubesse que a governanta era esperta o suficiente para saber o que Mary estava pensando e esperando naquele momento. — Você precisa comer algo, ragazza. Saco vazio não para em pé. E, além disso... — a senhora hesitou, como se não tivesse coragem de continuar o que estava prestes a falar. Mary esperou de olhos e ouvidos atentos, até que um suspiro audível veio do outro lado da porta. — Além disso, o Sr. Bianucci quer que você leve o jantar dele. — a voz de Donana estava monótona ao revelar aquilo e não era para menos, a governanta sabia que ao pedir aquilo, Matteo tinha declarado uma guerra contra a garota que ma.l colocava a cara para fora do quarto e que vinha recusando-se a comer. Mary, por outro lado, sentiu o coração acelerar dentro do peito ao ouvir aquilo. Quem aquele italiano i****a pensava que era? A menina até se levantou da cama a passos rápidos e abriu a porta com raiva, doida para saber se tinha escutado certo. — Ele quer o quê? — a sua voz subia conforme deixava transparecer toda sua indignação. Donana não se deixou abalar pela raiva na voz da garota. — Ele quer que você leve a comida. — a governanta respondeu e a encarou em silêncio. Mary se perguntou naquele momento se deveria manda-la tomar no c.u, juntamente com o seu chefe, mas não conseguiu ser tão ma.lvada a esse ponto. Se limitou a soltar um riso nervoso e saiu de perto da porta, voltando a sentar-se na cama confortável. — Diga ao Sr. Bianucci... — a garota afinou a voz forçadamente. — Que se depender de mim ele pode morrer de fome. Eu não sou criada dele! — rosnou, fingindo não ouvir o suspiro impaciente da senhora. Eu deveria tê-la mandado tomar no c.u quando tive a chance. Donana fechou a porta atrás de si e se aproximou da menina que resmungava audivelmente. Ela não podia culpar a garota, afinal, fora trazida contra a sua vontade e em certo momento, Donana foi obrigada a dar um puxão de orelha em Matteo ao perceber que a pequena Mary não estava se alimentando. — Ragazza... — Donana começou, mas parou ao encarar os olhos azuis que a fitavam. O que ela diria para a garota? Pelo que entendia, aos olhos de Mary, ela era tão má quanto o resto dos Bianucci. — Não chore. — murmurou se aproximando ao notar os olhos tão bonitos marejados. Sem pensar no que estava fazendo, os braços gordinhos puxavam o corpo pequeno para um abraço e afagavam os cabelos macios da menina. Por um momento, Mary não teve qualquer reação, mas logo depois se deixou ser abraçada e não conseguiu segurar os soluços que teimavam em escapar dos seus lábios. Ela não queria demonstrar fragilidade para nenhum deles, mas, no fundo ela estava morrendo de medo e nunca tinha se sentido tão insignificante quanto nesses últimos dias. O seu coração quebrado se apertava dolorosamente ao se lembrar do que o seu pai foi capaz de fazer. — Mary, por favor... O Sr. Bianu... — Não fale dele para mim! — Mary se afastou brevemente dos braços de Donana e enxugou suas lágrimas com força. — Eu... Não me olhe assim! Eu não sou a errada aqui. — resmungou fugindo do olhar de Donana. — Estou aqui contra a minha vontade. Estou presa, Donana! E agora aquele... Aquele... — Ragazza, Matteo não é esse monstro que... — Ele é sim! — iterrimpeu-a com raiva e teimosamente, ignorando a careta que a senhora fazia. — Não é. Está lhe faltando algo aqui? Voce está sendo maltratada? Está sendo torturada? Você tem roupas, comida... — Eu não tenho liberdade. — e mais uma vez Mary interrompeu a pequena senhora. E dessa vez ela estava, definitivamente, com raiva. Quem eles pensavam que eram? — Eu tinha uma vida lá fora. Por mais mer.da que ela fosse, pelo menos era a minha vida! Eu tinha uma casa, ia à escola, eu... Eu iria para a faculdade! Eu estava tão perto, Donana. Tão perto de me ver finalmente livre... — murmurou sentindo as lágrimas embaçarem os olhos. — Mas o seu maravilhoso chefe, juntamente com o filho da pu.ta do meu pai, me tirou isso. Eu não tenho mais nada agora. — Pelo menos está em segurança. — Donana ouviu a garota bufar e segurou com força em suas mãos. Ela tinha a vaga impressão de que nada que falasse poderia acalmar o coração da pequena Mary, mas ela deveria pelo menos tentar. — Querida, eu não posso nem começar a imaginar o que se passa em sua cabeça nesse momento, ou em como o seu coração está em pedaços. Mas precisa me escutar... Matteo não é esse monstro que você imagina que ele é. Por favor, me deixa terminar... — emendou ao ver que Mary iria interrompe-la mais uma vez. — Irei te contar algo e se mesmo assim você não quiser ir até ele, eu não vou insistir. — Donana esperou pacientemente, até vê-la assentir um tanto quanto relutante. — Só há um culpado nessa história e esse culpado é o seu pai. Matteo não é nenhum anjo nisso tudo, mas do jeito torto dele, ele te salvou. O seu pai iria te vender para uma pessoa que lhe faria muito ma.l. Querida, aqui é o paraíso comparado ao lugar para onde você iria. Matteo somente aceitou isso tudo para que você não caísse nas mãos dos verdadeiros diavoli. E se Matteo tivesse matado o seu pai, como ele faria, você também não estaria segura. Julian fez muitos inimigos, não só os Bianucci. Inimigos que não vão querer saber se você está ou não envolvida em tudo isso. Está conseguindo me entender? Donana sabia que era muita coisa para assimilar, mas esperou pacientemente até que Mary assentisse com a cabeça, para então continuar. — Aqui você pode não ter a sua escola, a liberdade que tinha, mas pelo menos está em segurança. Ninguém nunca te fará m*l aqui. — Mas ele foi tão... — Mary murmurou baixo, se lembrando da primeira impressão que teve de Matteo Bianucci. Quem iria protege-la dele, afinal? — Você o cuspiu, não foi? — Donana sorriu de leve ao ver a coloração rosada atingir a pele pálida do rosto da garota. — Matteo não é r**m. Ele só não está acostumado a ter as suas ordens contestadas. — Eu não sou empregada de ninguém. — Mary balbuciou baixo, no fundo, querendo se apegar a qualquer coisa que a mantivesse longe dos olhos perturbadores de Matteo Bianucci. — Então encare como uma desculpa dele para que vocês dois possam conversar e acertar as coisas. — Donana lhe respondeu e levantou-se da cama, indo até à porta. — Aposto que você não iria de bom grado, não é? Estarei esperando na cozinha. A governanta não esperou que a garota lhe respondesse, simplesmente saiu e a deixou sozinha com seus pensamentos. . Diavoli / Demônios Ragazza / menina
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