No mundo dos negócios sou o campeão, nasci nesse meio, nesse mundo. Meus queridos pais me ensinaram muito bem antes deles morrerem de velhice. Faleceram os dois com 100 anos, os centenários mais aclamados pela mídia dentro e fora do Brasil. Mas hoje é dia de festa, vamos deixá-los descansar em paz. Vejo a multidão de riquinhos, dentre eles, milionários como eu e por ai vai, o evento está bombando, bastante animado...e até vejo daqui uma possível noite mais aconchegante. A dama em questão não parava de lançar umas olhadas sensuais na minha direção, bebo o meu borbom, pois odiava champanhe, engraçado isso os meus coroas adoravam, nesse ponto não puxei a eles. Enquanto dou umas goladas dessa preciosa bebida continuei a observá-la por cima da borda do copo grosso de vidro. Ela tinha o que eu mais apreciava numa mulher; carne. Definitivamente as mais cheinhas ganhavam a minha preciosa atenção. Alguns colegas até me zuavam pela minha preferência, diziam que no meu mundo era mais o óbvio ficar fascinado pelas lindas modelos do manequim 34 ou 36. Porém não era assim que eu era, definitivamente gostava da mulher mais...
__ Richard Júnior, como vai o garanhão das empresas Ovex? _ Chega Carlos e mais umas meia dúzia de pessoas, atrapalhando a minha visão da bela garota.
Fiquei possesso, no entanto disfarcei tomando um gole generoso da minha bebida, entornando tudo, depois os mirei, cada um, cumprimentando com um leve aceno de cabeça.
__ Vou confessar, estava super bem visualizando àquela morena ali. _ Apontei minimamente, devolvendo o copo ao garçom ao passar por nós.
__ Nem vou perder meu tempo olhando, seus gostos são bem peculiares. _ Disse com desdenho.
__ Não me interessa a sua opinião, Carlos. Gosto das plus size, e daí! _ Já estava conseguindo me tirar do sério.
__ Tem certeza que a minha opinião não conta caro amigo? Veremos...Humm... _ Colocou a mão no queixo, passando os dedos enquanto procurava algo ou alguém no salão. __ Que sorte ele veio. _ Comentou voltando-se a me olhar de forma presunçosa. __ Faremos um desafio.
__ De novo isso! _ Cruzei os braços sorrindo de lado, os outros me acompanharam, e eu nem os conhecia, eram da patotinha de Carlos, os seus seguidores.
__ Deixa eu falar primeiro reizinho... _ Fala pondo as mãos na cintura.
__ Pois então, diga de uma vez, porque quero me dá bem de verdade nessa noite fria.
__ Mas quem disse que você não vai se dar bem? O que vou lhe propor fará seu rendimento aumentar, amigo. _ Piscou o olho, como se fossemos amigos na realidade.
Somos eternos rivais no mundo do marketing, sua empresa não chega aos pés da minha, fazendo dele um concorrente miniatura, sem importância.
___ Vai, fale logo. Porque eu tenho a nítida impressão que você deve ter fracassado nesse quesito, não é amigo. _ Pisquei de volta, fazendo a sua turminha rir da sua cara.
Carlos ficou transtornado, quando menciona sua falta de talento. Num gesto de mão fez todos calarem as bocas. Nossa que poder... pensei querendo rir desse i****a.
__ Conhece o Sr. Valantai, dono da empresa: Diamantes azuis?
O mirei incrédulo.
__ E quem aqui nessa festa luxuosa não o conheci, assim vou achar que está tirando uma com...
__ Acalmem-se. Já o viu pessoalmente?
__ Claro que não! _ Disse interessado.
__ Então hoje é o seu dia de sorte. _ Sorriu maliciosamente, imitando a minha pose.
Descruzei os braços.
__ O meu desafio é ver se será capaz de mesclar sua empresa com a dele, vou logo avisando, o homem não tem filhos, então não vai ter essa de seduzir a filha do bilionário mais famoso do ramo de diamantes. Terá que ser somente entre vocês dois...
Ele falava feito uma matraca arranhada, não perdi tempo fui logo esticando o pescoço procurando essa chance de ampliar os negócios, uma junção dessas faria da minha carreira um marco desse ano. Depois de uns minutos caçando o Sr. Valantai, eu finalmente o acho. Se encontrava numa ala reservada. Faço esse tampinha calar a boca faladeira com a minha mão. Miro dentro dos seus olhos.
__ Desafio aceito. _ Retirei a mão limpando na calça, passei entre eles, ainda pude ver seu risinho debochado.
Caminhei no mar de pessoas, falei com algumas, apertei várias mãos no trajeto, até me aproximar de um senhor, que aparentava ter uns 80 anos. Ao me apresentar perante esse ilustre homem fui fortemente abordado pelos seus seguranças particulares. Instintivamente ergui os braços, mesmo não sendo preciso.
__ Deixe ele vim. Eu o conheço. _ Afirmou ele me convidando ao seu espaço pessoal. Adentramos, ao se sentar, fiz o mesmo. No meio de nós havia uma pequena mesa redonda.
__ Como me conhece? _ Seu olhar se fixou no meu rosto.
__ Seu pai nunca ti contou que éramos amigos na juventude?
Por essa eu não esperava.
__ Não. Definitivamente, jamais houve essa conversa em casa, mesmo quando cheguei a falar sobre a sua carreira pra eles.
__ Eu e seu pai éramos rivais no amor, criança. _ Sorriu gentilmente.
Esbugalhei os olhos de espanto, minha mãe e o Sr. Valantai? Espera aí! A idade de ambos não batem.
__ Sei o que deve estar passando nessa sua cabeça, mudando de assunto, você é a cara do seu pai, porém possui os olhos negros da sua mãe, meus pêsames, ela era uma ótima mulher.
Fiquei sem palavras ao dizer " ótima mulher" sobre a minha mãe.
__ Deve ter muitas perguntas, entretanto, só lhe direi num próximo encontro... então o que lhe posso ser útil, Richard Júnior.
__ Bom... não sei se deveria...
__ Esqueça o passado, falemos do futuro, aliás no mundo dos negócios devemos sempre planejar o futuro. _ Disse ele sabiamente.
Embora seja idoso, a sua voz não denotava sua idade.
__ Então...vamos lá... Como deve saber, eu herdei toda a empresa do meu pai, sem sócios, somente exclusivamente eu, depois de cinco anos sozinho gerenciando ela fiz o patrimônio aumentar em disparada, ampliei o negócio, só que nesse ramo sempre almejamos crescer mais e mais, comigo não é diferente, quero imensamente fazer uma junção com a sua empresa. _ Ele me olhava balançando levemente a cabeça, apertando os lábios, prestando atenção nas minhas palavras.
__ Continue. _ Gesticulou a mão, incentivando-me.
__ Pois bem...temos muitas coisas em comum e...
__ Discordo. __ Relatou seco.
__ Como? Não entendi.
__ Vou lhe explicar. _ Projetou o corpo pra frente como se fosse contar um segredo, acompanhei o gesto.
__ Minha empresa lapida, transporta, trabalha nacionalmente e internacionalmente diamantes, por que deveria agrupa-la numa empresa de marketing?
__ Pelo simples fato de que com a sua marca na minha empresa vou ganhar mais renda e através da publicidade ficará mais rico.
__ Não me enche os olhos ficar mais rico do que já sou.
Fico sem acreditar no que acabei de ouvir.
___ Como o Senhor pode dizer isso. _ Sorri meio sem graça. __ Deixará de ser bilionário e ficará trilhonário! E eu bilionário! _ Argumento todo empolgado.
__ Acho que não estamos nos entendendo. Ao que me parece, o Ceo aqui pensa somente nele, já parou pra pensar que como estou no final da vida, sem filhos, netos ou esposa, não me importa se ganhou ou perco dinheiro, só me importar viver...viver, caro Richard segundo, o presente? Você vive somente almejando mais do futuro que nem sabe se estará lá pra alcançar e quando vê acabou.
Me estiquei, ajeitando a postura sem tirar os olhos desse pragmático e enigmático senhor.
__ Convenhamos que nesse...
__ Já se apaixonou?
Estranhei a pergunta. Mas resolvi responder pelos motivos óbvios.
__ Talvez...
__ Sei que não, Richard Júnior. Nota-se no seu modo de vida. Quantos anos tem?
Outra pergunta sem sentindo. Pensei.
__ Fiz 35 essa semana.
__ Meus parabéns. __ Colou a coluna na cadeira macia. Me sondando, ficamos calados por uns segundos.
Ergui a sombrancelha esperando. Achando graça voltou a falar:
__ O mesmo olhar da Serena...
Disse o nome da minha mãe com reverência.
__ Quero fazer um tipo de negócio contigo, quer ouvir a minha proposta?
__ Sim, claro. _ Voltei a me animar.
___Está pronto pra realmente ouvir? _ Questionou sério.
__ Sempre pronto. ___ Esfreguei as mãos sentindo a minha vitória.
__ Se dentro de três meses, achar uma bela moça do qual se sinta atraído ou não, ficará ao seu critério e se casar nesse período, faremos qualquer tipo de engajamento, união, agrupamento, que você quiser na minha empresa, Richard, e ai topas? _ Sorriu visualizando o estado em que me deixou.
Como ele foi capaz de exigir isso em troca do negócio? Não é atoa que dizem negócios são negócios. Mas chegar a me casar? Logo eu que amo a liberdade, um sexo casual, livre de compromissos! Droga! Mesmo assim pensei nessa proposta.
__ Por que se incomoda tanto a minha vida pessoal?
__ Não me incomoda. _ Diz ao se erguer sem precisar de ajuda.
Levantei também, mostrando educação.
__ Apenas não quero que termine feito eu. _ Falou em tom tristonho. __ Apenas pense na possibilidade e daqui há três dias entrarei em contato. _ Seu olhar ficou terno de repente. __ Boa noite, Richard Júnior.
Senhor Valantai se foi, deixando-me numa difícil situação.