2012
Lá estava ele, passeando mais uma vez pelo campus como se nada estivesse acontecendo, e de fato nada estava acontecendo, não no mundo real. Minha cabeça explodia enquanto nos meus sonhos nós tínhamos uma linda família e passávamos o natal na casa de campo da família dele, mas era só um pensamento i****a que eu tinha enquanto via ele passar. Os cabelos lisos e pretos caindo por cima dos seus lindo olhos verdes, e como sempre ele sorria enquanto exibia seu corpo atlético em uma camisa de algum time de basquete.
Não me leve a m*l, eu não o perseguia como uma psicopata, apenas o observava de longe sempre que tinha chance, era um tipo de hobby pra mim. Naquela época era normal ser apaixonada pelo Christian, pelo menos metade das meninas daquela faculdade eram. Além de gato, tinha a fama de bom moço, aquele que se apresenta tranquilamente pra família. Filho único do dono de uma das maiores empresas de jóias do pais, ele era gentil e amável com todos com quem tinha contato.
Embora eu nunca tivesse trocado uma palavra com ele me sentia íntima o bastante pra olhar cada detalhe do corpo dele, de longe é claro.
_ Quando você vai chegar nele?_ Mariana me empurrou tão forte que quase me derrubou
Tento me recompor e apenas sorrio enquanto ele some da minha vista.
_ Você realmente precisar ser tão agressiva sempre que me vê?_ pergunto endireitando a mochila e me virando pra ela
_ É porque sempre tenho a sensação de que você está dormindo, mas você é lerda assim mesmo né_ disse rindo
_Parece tão fácil do jeito que você fala, eu vou simplesmente chegar nele e falar que sou apaixonada por ele desde o ano passado?_ pergunto rindo, já que eu sabia que jamais faria isso.
Você deve estar se perguntando de como em um campus tão grande e tão cheio de caras bonitos eu fui me apaixonar justamente por um cara comprometido e impossível, mas eu gostei dele sem perceber. Um dia estávamos na mesma aula e ele gentilmente pegou minha caneta que caiu no chão e me devolveu com um grande sorriso no rosto, e no outro dia eu estava apenas observando aquele cara bonito e simpático. Pode parecer uma coisa meio maníaca mas as pessoas naquela faculdade não costumavam sorrir pra mim, muito menos ser simpáticas, era algo raro para uma bolsista em uma faculdade de elite. Era meu primeiro ano eu não tinha nenhum amigo e observar ele de longe me manteve bem até conhecer Mariana.
_Bianca você só precisar ir até ele e dizer oi.
_ Talvez eu faça isso um dia_ dou de ombros
_ Esse dia nunca vai chegar.
Mariana tinha razão, eu era medrosa por isso nunca tive coragem de me aproximar do Christian, o cara mais lindo que já vi na minha vida.
Eu o observava de longe como uma louca, mas nunca disse nada, sequer cheguei perto dele pra perguntar que horas eram. Nós fazíamos uma aula juntos, ele sempre se sentava na frente, enquanto eu me escondia nas últimas cadeiras. Embora eu tivesse pensado várias vezes em ir até ele e puxar um assunto aleatório, minha personalidade medrosa não me permitia, eu preferia ser invisível como sempre fui. E mesmo que tivesse coragem eu sabia que um cara da classe social dele jamais olharia pra mim, até alguns empregados da faculdade me tratavam meio m*l.
_ Ficou sabendo da nova?_ Mariana cochichou como se fosse um segredo de ordem mundial
_ O que foi?
_ Dizem que o senhor perfeição aí está traindo a namorada.
Christian era um cara bonito, de ótima personalidade, e de família muito rica era fato que toda garota que o conhecia dava em cima dele, porém ele parecia loucamente apaixonado por Alícia , sua namorada a três anos.
A namorada dele não estudava no nosso campus, ela era uma modelo, em começo de carreira, não tinha tempo pra estudar, mas aparecia de vez em quando pra marcar território. Todas as vezes que vi Alícia ela parecia estar arrumada para um evento, roupas impecáveis, cabelos sempre lindos, brilhantes e muito loiros, não seria possível ele trair uma mulher dessas.
_ Isso é só fofoca, lembra da vez que espalharam que você era minha namorada?_ respondo revirando os olhos_ e você já pegou quase todos os meninos desse campus.
_ Eu sei, mas como vivemos juntas e eu jogo futebol o povo i****a acha que faz sentido, fora que ninguém nunca viu você com homem nenhum_ sorriu brincando e voltou ao assunto_ mas dessa vez a informação veio da própria Alícia.
_ O que?
_ Bem, eu estava no banheiro_ ela olhou para os lados se certificado de que ninguém a ouviria_ e então ouvi ela conversando com uma amiga no telefone, dizendo que alguém falou que ele estava de caso com alguém do campus.
_ Ainda acho estranho._ falo me afastando na intenção de entrar na biblioteca
_ Deixa eu terminar!_ me puxou de volta para o canto pela alça da mochila_ a melhor parte ainda não chegou_ sorriu empolgada com a fofoca_ eu saí e fui lavar as mãos, como se não tivesse escutado nada, aí a Alicia desligou o telefone e ficou me encarando por alguns minutos, quando eu ia perguntar do por que ela estava me encarando ela disse, "você não é do time de futebol do Chris?"_ disse tentando imitar a voz aguda da Alícia
_ E?
_ Como assim, e? Querida, eu sou do time de futebol dele, e escutei rumores no treino de que ele estava pegando uma professora do campus.
Nunca fui muito ligada pra fofocas, não quando elas não eram relacionadas a minha pessoa, mas confesso que fiquei intrigada, mesmo assim me neguei a acreditar naquilo, era absurdo.
_ Me diz que tipo de professora doida arriscaria sua carreira só pra ficar com um aluno?
_ Se esse aluno tivesse um metro e noventa, cabelos lisos e pretos caindo no rosto ,olhos extremamente verdes e uma barriga definida eu me arriscaria._ falou rindo
_ Mariana isso é sério demais, você não devia se meter nisso.
_ Não me meti, eu disse que não era babá do namorado dela._ deu de ombros_ só pelo fato de eu ser do mesmo time, quer dizer que eu sei tudo que eles falam?
_ Mas você sabe_ respondo rindo
_Mas ninguém precisa saber disso_ sorriu
Mariana era totalmente diferente de mim, ela tinha muitos amigos, era independente e jogava futebol, enquanto eu sequer tinha coragem de sair de casa pra fazer uma caminhada. O time de futebol era apenas um grupo de amigos que se reunia nos finais de semana pra jogar, a maioria era homem, mesmo assim ela jogava de igual pra igual, na verdade jogava melhor que alguns deles.
Era meu último ano na faculdade e tudo que eu queria era terminar logo e conseguir um ótimo emprego. Mariana vivia dizendo que era por isso que eu não tinha amigos, embora me sentasse no fundo da sala minhas notas eram ótimas, e eu precisava que fossem, era bolsista e não podia me dar ao luxo de deixar as notas caírem. Por isso eu nunca ia aos rolês de final de aula, ou nos eventos que não valessem ponto.
Eu e Mariana dividíamos o aluguel de um pequeno apartamento perto do campus, e por isso comecei a trabalhar na biblioteca da faculdade, pra pagar minha metade do aluguel. Chegava cedo e ia arrumar as prateleiras dos fundos, onde o pessoal costumava se pegar e bagunçar os livros, era ridículo, mas acontecia. Era um dos motivos pra odiar aquele lugar,as pessoas eram ricas e fingiam uma falsa moral, mas todos ali usavam a biblioteca, não pra estudar.
_ Você pode por favor ir na festa comigo_ Mariana implorava com aquela mini saia toda cheia de paête e uma bota cano curto
_Você vai mesmo sair assim?_ pergunto enquanto arrumo mais uma prateleira de livros
Mariana era festeira, e toda sexta feira ia a uma festa diferente depois das aulas noturnas. Enquanto ela ia a festas aproveitar seus vinte e poucos anos, eu ficava em casa lendo livros e planejando meus próximos anos, que eu jurava que seriam os melhores da minha vida. Ao contrário de mim ela não precisava se preocupar tanto com o futuro, com o pai advogado a mãe médica, ela não tinha problemas com dinheiro, podia curtir do jeito que quisesse.
Naquele dia tive que ficar na biblioteca até mais tarde, teríamos um evento no dia seguinte, e os livros precisavam estar organizados. Eu poderia ter ido pra casa, como todo mundo fez, mas minha chefe prometeu um extra pra que eu ficasse até mais tarde tentando terminar o serviço, eu não precisaria fazer aquilo se não tivesse gasto uma parte do dinheiro do aluguel comprando um óculos novo depois de Mariana me convencer que o meu parecia de vovó, então o dinheiro extra seria bem recebido, e no dia seguinte eu não trabalharia, então aceitei ficar e organizar tudo.
_ Ok, você pode pelo menos me levar até a festa? É aqui pertinho, por favor_ implorou batendo os saltos finos das botas no chão, fazendo um barulho irritante
_ Você pode pegar um táxi_ respondo
_ Sim, mas essa hora vai ser difícil achar um, e é aqui pertinho, não vai custar nadinha.
Eu não tinha muita coisa, apenas um carro que minha avó me deu antes de sumir da minha vida dizendo que não tinha obrigação de cuidar de mim. O velho Chevette tubarão cinza era a única coisa que me sobrou do meu pai, então eu cuidava dele com muito carinho. Me lembro da sensação de dirigir ele pela primeira vez, foi como se meu pai estivesse vivo de novo, eu não ligava para os comentários idiotas sobre meu carro, eu adorava andar com ele, e Mariana se aproveitava da minha disposição e vivia pedindo carona, ela podia ter o próprio carro mas pegou trauma de dirigir depois que atropelou um gato, que não morreu mas ela disse que doeu tanto quanto se fosse uma pessoa.
_ Ok, mas tem que ser rápido, eu preciso terminar isso antes de meia noite.
_ok!_ disse feliz batendo os pés de forma animada
Saímos e eu apenas encostei a porta, o povo muito m*l entrava ali pra ler os livros, seria inédito alguém roubar a biblioteca.
Entramos no meu carro e a festa era a três ruas depois da faculdade, um trajeto que ela poderia ter feito a pé, mas não queria suar e estragar os saltos da bota. Normalmente Mariana andava de tênis e blusa de time de futebol, mas em dias que eu chamava de "atípicos" ela caprichava no look menininha. A deixei na porta da casa que já estava com som alto, e um monte de gente gritando, bebendo e dançando de forma louca, eu não conseguia me ver naquela situação mas vi um colega de turma vômitando no meio fio.
_Quer que eu te busque?
_ Não, eu me viro_ sorriu e foi em direção a casa desfilando feito uma modelo, era raro ver ela com aquele tipo de roupa por isso achei engraçado vê lá andar daquela forma
Voltei para a biblioteca e tudo parecia ok, exceto pelo barulho estranho na sala onde guardavamos os livros de edição limitada. Meu coração estava batendo forte, eu não sabia o que fazer numa situação daquelas, pensei em chamar o vigia mas ele estava no segundo andar fazendo a ronda. Respirei fundo, peguei a vassoura no canto da parede e me preparei pra enfrentar o ladrão de livros, afinal um ladrão de livros não devia ser tão assustador. Conforme me aproximei ouvi risadas e até gemidos, abaixei a vassoura e andei mais devagar, olhei pela fresta da porta e lá estava a cena que eu não esperava, Christian e a professora de literatura se pegando na biblioteca, me assustei com a cena e dei dois passos pra trás, o pior é que Christian me viu enquanto se agarrava com ela. Ele abriu lentamente os olhos enquanto beijava o pescoço dela e me viu assustada dando passos pra trás enquanto ela sorria sem desconfiar de nada, corri até a mesa peguei minha bolsa e sai sem terminar a arrumação.'