Capítulo 16

1247 Words
Era como estar em um pesadelo. Heitor assistiu pela janela do quarto, onde os peões o trancaram, toda a dança dos noivos. "Ela está sorrindo pra ele" "As mãos dele estão tocando ela..." Heitor só queria gritar de tanto ódio, ir até lá e tirá-la de perto de Santiago, e levá-la para o mais longe possível. A porta foi aberta, e ele se virou. Mercedes entrou, seu rosto estava vermelho. _Só vim pegar minhas coisas_ Ela passa por Heitor e entra no closet_ Sua mãe vai subir logo, aconselho lavar seu rosto. Está horrível! Mercedes puxa uma mala até a cama. _O que você está fazendo_ Heitor observava seus movimentos_ Mercedes, onde vai.. _E você se importa com isso?_ Seus olhos castanhos marejados o encararam, carregados de decepção e vergonha_ Quando os boatos chegaram até mim...me agarrei na esperança que tudo não tinha passado de uma relação sem importância, algo passageiro. Almerinda me garantiu que não havia sido nada._ Mercedes soltou a mala e abraçou o próprio corpo_ Mas a forma como você reagiu ao vê-la...foi de mais pra mim suportar, Heitor, a humilhação que você me fez passar hoje...eu não merecia aquilo.. _Eu... _Me diga_ Mercedes se aproxima de Heitor _ Quando fez amor comigo, imaginou ela ou a mim? Heitor passou a mão nos cabelos e olhou profundamente nos olhos castanhos da esposa. _Nunca devia ter permitido que minha mãe envolvesse Você. _Só responde a minha pergunta_ Mercedes se afastou de suas mãos_ Eu mereço saber. _Me desculpe.. Mercedes sentiu as lágrimas descerem. Duvidar que o homem que dorme ao seu lado ama outra mulher é uma coisa, mas ter a absoluta certeza disso...era completamente diferente. _Eu só queria que você olhasse pra mim...como olhou pra ela hoje_ Ela fungou_ Que me amasse como amo você, mas jamais vai acontecer. Júlia Vallencia não será uma sombra na minha vida, com é na da sua mãe e na sua. E sabe o que é pior nisso tudo? Não posso nem culpa-la, porque foi EU...quem tirou a chance dela ser feliz. Mercedes fecha a mala e a porta se abre. Almerinda correu os olhos para os dois ali parados em silêncio. _O que está acontecendo aqui?_ Seu olhos pousam sobre a mala em cima da cama_ Pra onde pensam que vão? _Seu filho vai continuar exatamente onde está, eu vou voltar pra capital. Ela desce a mala. Heitor não queria continuar na fazenda, ainda mais agora que Júlia viveria ali, sendo a esposa de Santiago. Seria de mais para suportar. _Mercedes, minha querida_ Almerinda segura nas mãos da nora_ Não tome decisões precipitadas...mas acho que tem razão, os dois deveriam se afastar de São Miguel, ao menos por enquanto. [...] A noite já se iniciava. Os convidados aos poucos iam se despedindo dos noivos, mas a grande maioria ainda permanecia na festa. Estefânia aproveitou que a filha estava entretida com algumas convidadas, e não pode deixar perceber que Júlia parecia sorrir com certeza frequência. Estefânia se aproximou de Santiago, que estava sentando sozinho na mesa dos noivos. A palidez que costumava ser constante em seu rosto atraente, estava ausente, Santiago tinha a pele corada, e quem não o conhecesse...jamais diria que era um homem de saúde frágil. _Diga logo o que quer me dizer_ Ele diz sem olhar para Estefânia, seus olhos continuaram observando Júlia a distância. _Serei rápida então. Júlia tomou essa decisão, e irei respeitar sua escolha...mas vou deixar claro que minha filha não será seu divertimento. Pode até enganar aos outros com seu sorriso encantador e sua boa educação, mas a mim não engana. Santiago cravou seu olhar em Estefânia. Ele era só um adolescente quando ouviu as escondidas de Carlota, a paixão secreta do pai pela mulher mais bonita do povoado, seu amor por ela era tão grande, que lhe deu um roseiral de presente, e até ofereceu dinheiro ao pai da moça para compra-la. Olhando para Estefânia...ele podia entender o encanto que seu pai tinha por ela, ao ponto de despertar a fúria de Almerinda Albeniz. _Não preciso dos seus alertas, Estefânia, muito menos de suas ameaças. Sua filha filha é a mulher mais rica desse lugar...será uma rainha. Deveria é me agradecer por dar a ela o futuro que ela jamais iria ter. Santiago sorri frio, sem humor algum. _Está tudo bem por aqui_ Júlia se aproxima com Lúcia em seu encalço_ Mamãe, acho que já deveria ir para casa, Lúcia já está cansada...amanhã irei visitá-las. Estefânia concorda e segura nas mãos de Lúcia e puxa Júlia para longe de Santiago, que observava tudo atentamente. _Querida, qualquer coisa que acontecer...quero que saiba que pode voltar para casa sempre que quiser, meu amor. Os olhos de Júlia lacrimejaram. _Eu sei, mamãe_ Ela abraça a mãe_ E a senhora se cuida ok? Toma os remédios nos horários corretos, e Lúcia_ Ela olhou para a irmã_ Está encarregada de ficar de olho n mamãe ok? Lúcia sorri. _Não se preocupe, vou cuidar muito bem dela. As duas se afastam, e Júlia continua as observando se afastarem. A brisa gelada atinge seus corpo exposto. _Está na hora de entrarmos, está ficando frio...você pode adoecer_ Santiago estava logo atrás dela. Júlia se vira e o acompanha para dentro da casa. Júlia agradeceu por não ter ninguém no caminho. Ao contrário do caminho que havia pegado para o escritório a alguns dias atrás...Júlia o seguiu para o lado oposto. _Boa noite patrão_ Hugo estava parado em frente a porta ao fundo do corredor_ Seja bem vinda, senhora. Júlia sorriu sem graça. _Pode ir descansar Hugo_ Santiago abre a porta do quarto_ Não precisarei de sua ajuda essa noite. Júlia desviou o olhar do rapaz totalmente envergonhada. _É clado patrão, com sua licença. Hugo se afasta, deixando Santiago e Júlia sozinhos. _Entre_ Santiago a olha e segura a porta_ O banheiro está a esquerda, pedi para minha governanta trazer tudo o que precisar_ Júlia olha em volta, e não tinha palavras para descrever o quão bonito era o quarto, completamente masculino_ Vou utilizar o banheiro daqui ao lado. Fique a vontade. _Obrigada. Santiago se retira e fecha a porta. Júlia caminhou até o banheiro e abriu a porta, era o banheiro mais grande que já havia visto. Ela tira os sapatos e os larga no chão, ao lado, um cabideiro e um robe na cor branca repousava. Ela sentiu seu rosto esquentar ao ver a camisola logo ao lado. _Só pode ser brincadeira. No banheiro ao lado, Santiago tirou toda a roupa, e entrou de baixo da água fria, e tentou ao máximo não pensar que Júlia estava só alguns metros de distância, nua e se banhando. _Mas que droga_ Ele socou a parede, ao sentir seu corpo reagir novamente ao pensar na florista. Assim que finalizou seu banho, se vestiu e abriu a porta do quarto, todo o seu auto controle se esvaiu... Júlia vestia a camisola branca e o robe, seus cabelos desciam por suas costas em uma cascata perfeita. Santiago respirou fundo e fecho a porta, chamado a atenção da garota. _Qual seu lado da cama_ Ela perguntou tímida. _Não tenho preferência, pode escolher primeiro _ Júlia caminhou até o outro lado, tirou o robe, e Santiago pode ver seus ombros estreitos. Ela se deitou virada para o lado oposto da porta, ficando de costas para a porta. Santiago caminha até a cama e se deita ao lado de Júlia, e ele pode sentir seu perfume de rosas vermelhas. _Boa noite, Santiago.. _Boa noite, Júlia.
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