André
Durante o caminho permaneci em total silêncio e pensativo com a discussão que tive a pouco. Ariel já percebendo que meu humor estava abaixo de zero, permanece em silêncio.
Em tempo hábil chegamos a empresa, e como sempre, ao nos ver todos sorriem e nos cumprimentam. Odiava aquelas pessoas hipócritas, que esperavam somente darmos as costas, para começar a nos criticar. Mas isso não me importava nem um pouco, pois se dependesse da opinião das pessoas não me tornaria o homem que sou.
Logo Carlotta, minha secretaria, veio a nossa frente para me informar das pendências do dia. Mas, pelo visto, teria era outro problema logo cedo.
— Tem uma pessoa aguardando pelo senhor. — Carlotta fala e sinalizo com a cabeça tentando descobrir de quem se tratava
— Como deixou um desconhecido entrar na minha sala sem que eu tivesse chegado? Ficou louca? Sabe bem que detesto surpresinhas fora de hora. — falo firme a encarando e vejo o pavor no seu olhar
— Não fiquei louca senhor, mas é que a pessoa não é uma desconhecida. — Carlotta fala enquanto ajeita seus óculos de grau
"Como assim? Quem será que veio encher a minha paciência logo pela manhã?" — penso ficando com o humor pior ainda
— Tudo bem Carlotta! Mas, se isso tornar a acontecer, você pode arrumar suas coisas e procurar outro emprego. Não aceito erros e muito menos incompetentes trabalhando ao meu lado. Para isso já basta o meu irmãozinho aqui. Entendido? — falo olhando para Ariel que me olha com raiva
— Sim senhor! — Carlotta trêmula e com o olhar baixo responde
— Pare de tremer e traga café e água. Vai logo! — falo impaciente e Carlotta sai correndo esbarrando em tudo o que vê pela frente
Balanço a cabeça e volto meu olhar para a minha sala. Dou passos largos para ver de perto quem é esse bastardo que teve a ousadia de entrar na minha sala sem ser convidado.
Abro a porta e vejo quem eu não desejaria ver nem pela manhã e em momento algum sentada na minha mesa usando apenas uma lingerie. Nada mais nada menos que a estúpida da Josephine. Olho pro Ariel que fica com os olhos brilhantes e boquiaberto ao vê-la. Ela rapidamente corre e tenta se esconder atrás das cortinas ao perceber a presença de Ariel.
— O que faz aqui Josephine? O que pensava em conseguir aparecendo aqui e vestida desse jeito? — falo colocando minha pasta sobre a mesa e retirando o meu paletó
— Eu só queria te surpreender. — ela fala com uma voz trêmula e o olhar cabisbaixo
— Realmente você me surpreendeu, passou de insignificante para a mais patética das mulheres. Anda... Sai já daí, se vista e desapareça da minha sala. Não tenho tempo e muito menos paciência para suas idiotices. — grito a puxando pelo braço
— Não se deve tratar uma mulher assim André. — Ariel fala se aproximando dela, retira o paletó e cobre metade do seu corpo
Fico olhando aquela cena patética, e não sei se grito, caio na gargalhada ou dou os parabéns para o novo casal da família D'Angelis. Dou a volta na mesa e puxo a minha cadeira de couro já sentando. Olho para o casal e falo:
— Está com piedade da ragazza? Então leva ela com você, mas tira logo essa i*****l daqui. Aproveita e dá um trato nela que é isso que ela está precisando. — falo sarcástico
— Te odeio André. e******o! — Josephine grita tentando partir pra cima de mim, mas Ariel a impede segurando pela cintura
— Odeia nada, você é doida pra eu te dar o que tanto deseja. Mas, nem que você fosse a última mulher desse mundo, eu teria algo com você. A única coisa que consegue tirar de mim é pena. Você é mais fria do que um iceberg e não é o suficiente para ter um homem como eu e menos ainda deitar em minha cama. Agora saia daqui e me deixe trabalhar em paz. Nao tenho tempo e muito menos paciência para seu showzinho de horrores. — disse seco
— Nunca fui tão humilhada em toda minha vida, vai chegar o dia que irá conhecer uma mulher que vai te destruir por completo. Fará com você mil vezes pior do que você fez comigo hoje ou já fez com outras mulheres. Estarei ansiosa por esse dia. Você não passa de um monstro André... MONSTRO! — Josephine gritava e chorava copiosamente
— Parece que hoje todos tiraram o dia para me elogiar. Sua sorte é que permiti que se vestisse antes mesmo de sair daqui. Mas, não brinca muito com a sorte, porque posso mudar de ideia. Vai Ariel tira logo essa mulher daqui.
Disse acendendo um cigarro e sentando na minha mesa. Abro a minha pasta e começo a retirar os documentos que preciso despachar antes da reunião. Baixo o olhar e Ariel sai da sala em seguida batendo a porta com força. E só ouço os gritos da Josephine me chamando de monstro por toda a empresa. E Isso não me ofendida ou me surpreendia nem um pouco. Tudo o que eu desejava era ser respeitado por todos, nem que fosse a base do medo, e assim tenho conseguido por todo esse tempo.
Continuei fumando e assinando os documentos do dia, até que ouço batidas na porta.
— Pode entrar. — respondo apagando o cigarro
— Com licença Senhor. O rapaz de costume entrou essa correspondência alegando ser para o senhor. — Carlotta fala me entregando um envelope vermelho
— Mais alguma coisa? — pergunto observando a correspondência que não tinha remetente ou sequer um selo de origem, apenas uma marca que eu conhecia muito bem
— Sim. Todos os sócios acabaram de chegar e Cristóvão também. Pediu para comunicar que tem novidades para o senhor. — Carlotta fala me servindo um pouco de café e fica parada por algum tempo me observando
— Se é tudo já pode se retirar. Não fique parada aí Carlotta, pode sair. — falo sem paciência
— Sim senhor, com licença. "Que delícia de homem, meu Deus..."
Percebo que Carlotta sussurrou algo baixinho mordendo o lábio, enquanto abria e em seguida fechava a porta, mas não consigo compreender. E isso pouco me importava, naquele momento tudo o que eu queria saber era o conteúdo daquele envelope tão misterioso.
Carlotta saiu e enfim fui ver do que se tratava aquela correspondência com o timbre da organização.
Abro a carta. Retiro o conteúdo e dentro havia uma fotografia juntamente com um bilhete. Pego o mesmo e vejo que só existia uma única ordem: Matar.
"Chegou a hora do nosso acerto de contas com os Grecco e a sua missão para se tornar "O Capo" é uma só: vendetta."
E essa é a sua primeira vítima, a mulher de vestido preto a direita, cujo nome é Eliza Grecco".