>>Eliza Grecco<<

1501 Words
Depois daquele dia nunca mais vi o Arthur. Poderíamos ter sido bons amigos, visto que não tinha contato com crianças da minha idade, mas.nem tudo o que desejamos podemos conseguir de imediato. Principalmente quando dependemos do auxílio de outros. Saímos do parque e viemos no carro praticamente mudos. Olhava para minha mãe e sentia que ela estava preocupada com o possível fato do papai descobrir o que havia acontecido. Eu era muito pequena, mas conseguia perceber que tinha algo de muito r**m nisso tudo. Mas, afinal, o que existia de errado entre nossas famílias? Aquela dúvida me corroía por dentro, mas como eu havia prometido segredo a mamãe tinha que cumprir, e por isso permaneci em silêncio. Ao chegar em casa papai estava no escritório a portas fechadas conversando com alguns homens como sempre fazia. Mamãe olhou pra mim e disse para eu ir direto para o meu quarto, e foi assim que fiz. O mesmo disse à Pietro que não deu ouvidos. Correu e ficou escondido atrás da coluna próxima ao escritório. Assim que o papai abriu a porta ele correu em sua direção para contar tudo o que havia acontecido no parque. No mesmo instante ele pegou a mamãe pelo braço e a levou pra dentro do escritório trancando a porta. Começaram uma discussão terrível como de costume. Era possível ouvir o choro da minha mãe por toda a casa e constantemente o sobrenome D'Angelis. Quem seriam essas pessoas? Odiava ver o sofrimento da mamãe, mas tudo aconteceu por culpa do Pietro. Ele sempre foi assim. Tudo o que acontecia ia correndo contar para o nosso pai, achando que ele iria ama-lo de uma maneira diferente, mas não imaginava que o nosso pai não tinha amor por ninguém e tudo o que interessava eram seus negócios e o poder. (...) Depois daquele dia fomos proibidos de sair para qualquer lugar sem a presença do nosso querido papai. Como ele nunca tinha tempo para nós logo vocês podem imaginar que vivemos longos anos em cárcere privado. Ele sempre teve a primeira e última palavra em tudo. Tudo o que ele dizia se tornava lei na nossa família. E minha mãe era uma mulher submissa e tinha muito medo de enfrenta-lo. Havia se casado muito jovem, eu não entendia ao certo como foi realizado o casamento deles, mas desconfiava que tinha sido um casamento por conveniências. Ela vivia sempre triste e com um olhar vazio até mesmo melancólico por todo o tempo. Sempre quando me aproximava ela tentava disfarçar suas lágrimas ao olhar algumas recordações dentro de uma linda caixa de madeira toda decorada com duas iniciais C e M. Ao perguntar o que havia dentro ela somente me olhava com seus lindos par de olhos cor de mel e acariciava o meu rosto dizendo: — Um dia você compreenderá muitas coisas que hoje não posso lhe explicar. Tudo o que você precisa saber está aqui dentro dessa caixa. Ela será sua no tempo certo. Ao dizer essa palavras ela guardou a linda caixa dentro do cofre que ficava atrás de um quadro de Monet e veio em minha direção me abraçando. — Posso fazer uma pergunta mamãe? — Claro meu amor. — ela responde docemente como sempre — Você ama o papai? Ela titubeia, mas entre linhas responde. — Amor é um sentimento único minha querida, por isso, só sentimos uma vez em toda vida. — ela fala de uma maneira singela, por entre linhas, porém sem responder de fato a minha pergunta — Não respondeu a minha pergunta mamãe. — Claro que respondi meu anjo. Mas você é muito jovem para compreender que a minha resposta estão nas entrelinhas. — Ai mamãe, a única coisa que entendo é que nunca vou me apaixonar e muito menos casar com alguém. — falo sentando ao seu lado na cama — Ai meu amor, por mais que lutemos contra, isso é inevitável de acontecer. Mas vamos parar com essa conversa se não alguém nos ouve e já viu os problemas que teremos, não é mesmo? Vai brincar um pouco meu amor. — ela me deu um beijo no rosto e sai correndo para o jardim "Um dia você descobrirá todos os meus segredos meu amor. Mas, espero que você não seja tão infeliz como eu fui desde que fui obrigada a casar com seu pai. (...)' Eliza aos treze anos... Quando completei treze anos mamãe me levou até o seu quarto e conversou comigo por um longo tempo. Dizendo que brevemente eu iria fazer uma viagem para estudar em outro país. Mas nunca imaginaria que seria justamente hoje e principalmente de uma forma tão traumatizante. Eu não aceitei e comecei a chorar desesperadamente. Morreria se tivesse que me afastar dela. Mas, de nada adiantou, pois meu destino já estava mais do que traçado. — Não mamãe, por favor, eu não quero ir. — eu chorava agarrada à sua cintura — Você precisa ser forte minha filha. Isso será para o seu próprio bem. — ela tentava ser forte, mas sentia sua voz embargada — Mas como seria para o meu próprio bem se vou precisar me afastar de você? — falo soluçando e ela senta na beirada da cama, me coloca em seu colo e com seus olhos brilhantes, porém tristes diz: — Hoje você pode não entender, mas quando for mais velha, tudo será mais fácil minha querida. Nunca esqueça o quanto eu te amo e que estarei aqui esperando você voltar. — ela fala beijando a minha testa e secando minhas lágrimas com as pontas dos dedos — E pra onde eu vou? — Você vai para... — mamãe pensa em responder, mas um estrondo a faz se calar na mesma hora Naquele momento a porta é aberta e surgem dois homens para me levar embora. Tentei me prender na minha mãe, mas foi inútil. Eles me arrancaram dos braços dela e me colocaram dentro do carro preto com vidros escuros, que estava parado na porta da frente da casa. E em seguida travaram todas as portas do carro me impedindo de fugir. Gritei implorando para que não fizessem aquilo comigo, mas foi inútil. Todos os empregados da casa olhavam aquela cena sem nada poderem fazer. Olhei para a parte de cima, onde ficava o meu quarto e vejo minha mãe chorando inconsolavelmente agarrada a uma das minhas bonecas favoritas. Uma lágrima involuntária cai no meu rosto, e ao olhar para o lado vejo o meu pai sentado na sua poltrona segurando um charuto e bebendo seu whisky como se nada estivesse acontecendo. E atrás dele, o Pietro, muito contente por tudo aquilo. Logo percebi que tudo o que poderia fazer naquele momento era aguardar para onde aqueles homens estariam me levando e qual seria o meu destino. Chegamos ao aeroporto e havia uma mulher muito bem vestida, trajando um distinto conjunto social nos aguardando. Pegou na minha mão sem dizer nenhuma palavra e me levou até um avião particular que estava no aeroporto. Retiro forças de onde não tinha, viro meu olhar para aquela mulher e falo: — Senhora? — Sim querida. — ela responde sem sequer me olhar — Qual é o seu nome? — Me chamo Rose. E você se chama Eliza, a filha da Catarine, não é mesmo? — ela fala friamente — Sim. Como sabe tudo isso? — questiono confusa — Podemos dizer que sou irmã da sua mãe, minha querida. — ela responde e me assusto — Como? Nunca soube que minha mãe tinha uma irmã. — É porque fomos criadas distantes uma da outra. — ela responde ainda caminhando em direção a aeronave — Hum... E posso saber pra onde está me levando tia Rose? — pergunto curiosa e me assusto com sua resposta — Para um colégio interno. Lá você aprenderá tudo o que precisa saber para se tornar uma verdadeira senhorita, digna da família Delfine. — Família Delfine? E esses quem são? — pergunto com o coração acelerado — Eles serão sua nova família, após o seu casamento com o primogênito Enrico. — naquele momento ela me encarou com um semblante neutro e digo até um pouco satisfeito — Não tenho outra escolha, não é mesmo? — pergunto com pesar na voz — Infelizmente não querida. — ela responde e me olha com um meio sorriso Em seguida coloca seus óculos escuros, me entrega para uma outra mulher que me leva pela mão até subir os degraus da escada de acesso e entrarmos na aeronave. Naquele momento pude perceber que já haviam traçado o meu destino. Bom, assim eles imaginavam. Mas, o que eles não poderiam cogitar, é que eu não sou tão inocente quanto parecia. Tinha meus sonhos, minhas ambições e podem ter certeza que um casamento arranjado não seria um deles. Por motivo algum permitiria que nada e ninguém tentasse me impedir de conquista-los. Muito menos o senhor Victorio Grecco. Pois é, de hoje em diante o meu próprio babo (pai), passaria a ser o meu maior inimigo. (...)
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