Henrique
Diretor_ Eu não poderia esperar nada diferente de você. Olha o que você fez com o Bryan.
Henrique_ Se ele não tivesse me tirado do sério isso não teria acontecido.
O nariz do Bryan está sangrando muito.
Mãe_ Henrique, já cansei de dizer para não brigar na escola.
Diretor_ Vai pegar as suas coisas.
Minha mãe fica conversando com o diretor. Entro na sala pego as minhas coisas e depois me encontro com a minha mãe. Entramos no carro ela começa a falar sem parar. Eu coloco os meus fones de ouvido. Ela me olha e fica em silêncio, chegamos em casa.
Abadia_ O que foi que você aprontou?
Mãe_ Brigou na escola, suspensão de cinco dias.
Abadia_ Por que você brigou?
Henrique_ Vamos deixar para falar sobre isso mais tarde quando o meu pai chegar? Não quero falar sobre isso mais de uma vez.
Mãe_ Ele ainda está tirando onda com a minha cara.
Eu vou até o meu quarto. O Matheus me mandou uma foto da ambulância atendendo o Brayan. Eu estava me controlando quando ele estava me chamando de bastardo e favelado, mas jogar a Ana no chão foi demais para mim. Apesar que ela gosta dele e não o assume para não estragar a nossa amizade. Eu tiro o meu uniforme, visto uma bermuda e me deito em minha cama. A Ana me mandou uma mensagem, eu vejo pela barra de notificação. Eu fico com ainda mais raiva, tomei cinco dias de suspensão porque bati no cara que a jogou no chão e ela ainda está o defendendo. Eu decido ignorar, se eu responder vamos brigar. Algum tempo depois a Abadia me manda uma mensagem dizendo que a Ana está me esperando na sala. Depois de ter cuidado do Bryan agora ela vem aqui, provavelmente vai querer continuar o papo da mensagem. Eu continuo deitado mexendo em meu telefone, a Ana abre a porta, depois que conversamos, ela se senta na minha cama e eu me deito no seu colo, ela passa suas mãos em meus cabelos. Eu aproveito muito do seu carinho, mas confesso que estou louco para beija-lá. Meu pai abre a porta do quarto, ela fica muito envergonhada, ela se levanta.
Ana_ Eu preciso ir embora.
Eu me ajoelho na cama e a puxo pelo braço.
Henrique_ Vamos terminar de ver o filme primeiro.
Ana_ O seu pai vai achar que estamos fazendo coisa errada.
Henrique_ Mas não estamos.
Mas bem que eu queria estar fazendo. Eu a puxo e a deito na cama e fico abraçado com ela.
Henrique_ Quando o filme acabar eu prometo te deixar ir.
Eu sinto quão acelerado o seu coração bate. Ela está com a mão no meu peitoral, eu passo minha mão em suas costas. A minha cabeça está beija, beija e ao mesmo tempo vai perder a amizade. Eu converso com ela sobre o filme, ela me responde, mas nem me olha. Se ela quisesse me beijar também, ela demonstraria algum interesse. Assim que o filme acaba, ela se levanta.
Ana_ Agora eu já vou indo. Os seus pais devem estar loucos para te darem uma bronca.
Henrique_ Provavelmente estão.
Descemos até a sala.
Mãe_ Oi Ana, como vai?
Ana_ Bem e você?
Mãe_ Estou bem, eu ia chamar vocês agora, vem tomar café com a gente.
Nos sentamos a mesa, eu evito olhar para o meu pai, estamos em silêncio, a Ana fica a todo momento olhando para o celular. Minha mãe limpa a garganta.
Mãe_ E então vocês dois...
Pai_ Sabe Henrique, sua mãe me disse o que você fez hoje no colégio.
Henrique_ Com certeza ela disse.
Pai_ Iríamos ter uma conversa hoje mais tarde, mas vamos aproveitar que a Ana está aqui, com certeza ela viu o que aconteceu.
Ana_ Eu não acho que devo participar dessa conversa.
Mãe_ Se ela não quer falar é porque o Henrique estava errado.
Ana_ Na verdade eu não sei o por quê começaram a briga, eles estavam jogando Futebol quando o Matheus saiu correndo e eu fui atas, tentei separar, eles estavam apenas discutindo, o Bryan me empurrou e quando eu me levantei eles já estavam brigando.
Eu olho para o meu pai.
Pai_ Entendi.
Ana_ O Henrique e o Bryan nunca se deram muito bem. Então tudo é motivo de discussão, mas dessa vez as coisas saíram do controle.
Mãe_ E o pior é que ele não parece estar nem um pouco arrependido.
Henrique_ Isso não é segredo, não estou arrependido.
Mãe_ Você quebrou o nariz dele, Henrique.
Henrique_ E daí?
Mãe_ E daí?
Henrique_ antes o nariz dele do que o meu, mãe.
Ela respira fundo.
Mãe_ Você sabe que vai ficar de castigo.
Henrique_ Sei.
Mãe_ Sem telefone por um mês.
Henrique_ O que? Pai?
Pai_ Sua mãe está certa, tem que ter punição.
Henrique_ Ninguém pode ficar sem telefone um mês.
Mãe_ Pode e vai, bom que nunca mais vai quebrar o nariz de ninguém.
Henrique_ Sei.
Eu olho para a Ana que está muito sem graça.
Ana_ Eu já vou indo, acho que vocês tem muito o que conversar.
Henrique_ Vou te levar lá fora.
Vou com a Ana até o portão, ela me dá um abraço, eu lhe dou um beijo em sua testa, seguro a sua mão e fico olhando em seus olhos por um instante.
Ana_ Quer que eu te espere na padaria?
Henrique_ Quero.
Ana_ Então até amanha.
Henrique_ Ah, eu estou suspenso, amanhã eu não vou.
Ana_ É mesmo, então nos vemos no cursinho amanha.
Volto para dentro.
Mãe_ Que negócio é esse de vocês ficarem fechados dentro do quarto?
Henrique_ Somos amigos mãe.
Mãe_ E daí ? Olha Henrique você está me tirando do sério. Briga na escola, fica enfiado o dia todo com a Ana dentro do quarto, olha eu gosto da Ana, super apoio o namoro, mas eu não quero um neto e do jeito que você está fazendo...
Ryan_ Deixa que eu converso com ele amor. Vem Henrique.
Vamos até o meu quarto, meu pai fecha a porta.
Pai_ Vamos falar sobre o ocorrido de hoje?
Ela se senta na cadeira e eu me deito na cama.
Henrique_ Você sabe muito bem, o Bryan e eu não nos damos bem, estávamos jogando futebol, ele chegou duro para me machucar, começamos a discutir, ele começou com as ofensas de sempre me chamando de favelado e bastardo, isso não me incomoda mais. Só que aí a Ana chegou e tentou acabar com a discussão, o Bryan a empurrou e quando eu vi ela no chão, eu não me controlei e soquei ele. Pai, eu não gosto dele e já que eu tinha socado mesmo eu aproveitei para descontar todas as raivas que ele já me fez passar. Eu não me arrependo.
Pai_ Eu entendo, mas para que isso não vire um hábito você será punido, cinco dias de suspensão, sua mãe determinou um mês sem telefone, e o jogo de sábado, você vai ficar no banco, o seu treinador ligou.
Henrique_ Eu não acredito, d***a, é um jogo importante. Quem vai jogar no meu lugar, o Bryan?
Pai_ Bryan também está fora do jogo. Eu não sei quem vai jogar no seu lugar. Você gosta da Ana?
Henrique_ Claro que gosto, ela é minha melhor amiga.
Pai_ Não falo nesse sentido, falo de gostar para namorar.
Henrique_ Eu não sei.
Pai_ Achei que vocês hoje estavam em clima de romance.
Henrique_ Ela gosta do Bryan.
Pai_ Ela te disse isso?
Henrique_ Não, mas ela se n**a me contar de quem ela gosta, então acredito que para não me magoar ela prefere não dizer.
Pai_ Talvez ela goste de você e tem vergonha de dizer.
Henrique_ Se ela gostasse eu saberia.
Pai_ Por mais que são amigos, o clima estava de romance, passe a observar os sinais que ela te da.
Henrique_ Ela sempre fala que somos melhores amigos.
Pai_ Tio Adam e Tia Luiza também eram melhores amigos. Hoje estão casados.
Henrique_ Ana e eu somos diferentes.
Pai_ Será que são mesmo?
Ele se levanta e estende a sua mão.
Pai_ Me entregue o celular.
Eu entrego meu celular em sua mão, fico pensando no que ele disse, vou passar a observar, talvez a Ana goste de mim. Algum tempo depois o Matheus chega.
Matheus_ Eu te mandei um monte de mensagem cara e você não me respondeu.
Henrique_ Meu celular foi confiscado.
Matheus_ Ah que d***a.
Henrique_ Já sabe quem vai jogar no meu lugar?
Matheus_ Não brinca, está de castigo no jogo também?
Henrique_ Estou.
Matheus_ Ah estamos ferrados, ele não pode colocar o Kaue ele é muito fominha, não passa e perde muita bola.
Henrique_ Ele deve colocar o Kaue e o Marcos.
Matheus_ Com certeza vamos perder. Bryan também não vai jogar?
Henrique_ Não.
Pai_ Vamos meninos, vou levar vocês.
Vamos para o clubinho de futebol.
Treinador_ Olha só quem chegou, o brigão.
Os meninos começam a bater palmas e a assobiar.
Treinador_ Parem com isso. Por causa da briguinha do Bryan e do Henrique os dois estão fora.
Michel_ Deveria era dar um prêmio para o Henrique, o Bryan enche o saco do Henrique todos os dias no vestiário, é claro que uma hora o Henrique iria apelar, por tudo que eu já vi, achei foi pouco o Henrique ter quebrado apenas o nariz dele.
Josué_ Eu concordo com o Michel.
Gavi_ Não deixa o Henrique de fora treinador. Você sabe que sem ele, não temos chance.
Treinador_ O Henrique não joga sozinho.
Gavi_ Não joga, mas ele que faz 50% do jogo acontecer.
Treinador_ Chega de papo e vamos começar a treinar.
Vamos para o meio do campo, um dos amigos do Bryan se aproxima.
Felipe_ Seria uma pena se você quebrasse a perna.
Henrique_ Tenta a sorte.
Eu caminho em sua direção e ele se afasta. Quem esse moleque acha que é.