Capítulo 2

1720 Words
Diretor_ Claro que eu sou qualificado. Pai_ E o que você acabou de falar para o Henrique é certo? Diretor_ Ele estava mentindo. Pai_ Mentindo sobre o que? Diretor_ É a sexta vez esse mês que Henrique chega atrasado, mas sabemos que você o deixa aqui na porta todos os dias, então queremos saber o que ele faz antes de entrar no colégio. Pai_ Então vamos olhar as câmeras dos dias que ele chegou atrasado. Diretor_ É uma ótima ideia. Vamos até a diretoria, eu me sento todo largado na cadeira o meu pai se senta todo postulado do meu lado. O professor informa ao diretor os dias que eu cheguei atrasado. Então ele puxa nas câmeras. O primeiro dia meu pai estaciona na porta do colégio, eu desço do carro aceno com a mão e assim que ele arranca com o carro eu corro até a porta da sala. Todos os dias que eu me atrasava assim que o meu pai me deixava na porta eu corria o mais rápido que eu conseguia, exceto hoje, eu andei normalmente pelo pátio, próximo da porta da sala eu ajeito o meu cabelo e entro. Pai_ O que vi é que meu filho foi deixado na porta do colégio e ele correu o mais rápido para entrar na sala de aula, não usou nenhum entorpecente. Diretor_ E o que eu vi foi um pai irresponsável, que sabe que o colégio tem horário e mesmo assim deixa o filho chegar atrasado com a sua supervisão. Esse foi o último atraso do Henrique, o próximo ele tomará uma suspensão de cinco dias. Pai_ Como é? Você não pode dar suspensão para o meu filho. Diretor_ Essa é a minha escola e sou eu quem mando e desmando aqui, o Henrique não tem culpa dos erros de seus pais. Acho melhor se programem para chegarem mais cedo. O rosto do meu pai está muito vermelho, seus pulsos estão cerrados. Pai_ Ok, você tem razão. O que? Meu pai dizendo que outra pessoa tem razão sem ser a minha mãe? O que aconteceu com ele? Deve ter batido com a cabeça ou algo semelhante. Estamos no carro o meu pai está em silêncio. Henrique_ Talvez eu devesse começar a ir de ônibus para o colégio. Pai_ Claro que não. Vamos nos organizar e eu vou te levar para o colégio na hora certa. O diretor me chamou de irresponsável e nem tive como me defender porque eu sou mesmo. Henrique_ Você não é irresponsável, é pai de três filhos, por isso eu devo começar a ir de ônibus. Pai_ Isso não é uma boa ideia. Henrique_ Todo mundo vai de ônibus, o Otávio e a Julinha precisa mais de vocês. Pai_ Vamos dar um jeito de ajustar os horários, para você não chegar mais atrasado. Henrique_ Pai, eu consigo me virar já tenho 15 anos, não preciso que você e minha mãe me levem para a escola. Os meus amigos vão de ônibus posso ir com eles. Pai_ A sua mãe não vai gostar nada disso. Henrique_ Eu não quero chegar atrasado. Pai_ Está bem. Quando chegar em casa vou conversar com ela. Meu pai e eu almoçamos no restaurante. Pai_ Sua mãe vai surtar. Você deveria ter nos falado que eles haviam chamado a sua atenção sobre os atrasos. Henrique_ Eu disse a vocês. Pai_ Disse? Henrique_ Sim eu disse, mas ultimamente estão ocupados demais com o Otávio e com a Júlia, não prestam atenção no que eu digo. Pai_ Isso não é verdade. Henrique_ No meu terceiro atraso eu disse a você que o professor iria me deixar de detenção caso eu chegasse novamente atrasado. Você estava lendo o seu jornal, tomou um gole do seu café e disse ok. E nesse mesmo dia eu cheguei novamente atrasado. Ele me olha sério. Pai_ Eu sinto muito. Talvez eu tivesse distraído. Henrique_ Você sempre está distraído pai. Pai_ Acho que temos que passar mais tempo juntos, o que acha? Henrique_ Eu estou cheio de compromissos. Durante todo o dia, e três vezes por semana eu tenho o futebol a noite. Pai_ Vamos dar um jeito, sou o seu pai e o seu amigo. Você deveria começar a ir nos encontros comigo, poderíamos correr juntos. Henrique_ A mamãe não vai me deixar participar do encontro dos meninos e eu não vou sair para correr, eu corro igual um condenado nos treinos, a gente pode jogar um vídeo game, talvez até almoçar juntos mais vezes. Pai_ Podemos fazer isso. Sua mãe não vai deixar mesmo você ir aos encontros. Ele me olha e depois abaixa a cabeça. Pai_ Eu sinto muito por não poder responder todas as suas perguntas, mas esse assunto machuca muito a sua mãe e a mim. Eu realmente matei o seu pai e provavelmente faria tudo de novo. Henrique_ Então não se arrepende? Pai_ Não, eu defendi a minha família. Henrique_ E destruiu a família dele. Pai_ Antes a família dele chorar do que a nossa. Henrique_ Espero que nunca passe por algo igual. Pai_ Eu não vou passar, ensino os meus filhos o caminho certo, para que eu não precise passar por isso. Ele me deixa no curso de inglês. Jessica_ Oi Henrique. Henrique_ Oi Jessica. Jéssica_ Como vai? Ela está com um largo sorriso no rosto. Henrique_ Bem e você? Jessica_ Estou bem. Hoje a prova vai ser de dupla. Quer fazer comigo? Henrique_ Eu provavelmente vou fazer com a Ana. Jessica_ Ela não chegou até agora, talvez nem venha. Ela segura no meu braço e me puxa pelo corredor. Jessica_ Nossa, está com o braço musculoso, andou malhando? Henrique_ Não. Jessica_ Então a sua genética é boa? Henrique_ Talvez seja. A Ana entra na sala, olha a Jessica segurando o meu braço, levanta a sobrancelha, dá um sorriso e se senta. Henrique_ A Ana chegou, vou me sentar com ela. Jessica_ Que pena. Eu me aproximo da Ana, coloco a minha mochila em cima da mesa e me sento ao seu lado. Henrique_ E aí magrela? Ana_ E aí pegador. Henrique_ Isso foi muito baixo. Ana_ Vocês formam um casal muito bonito. Henrique_ Eu não acho. Ana_ Eu me esqueci que você gosta de alguém em segredo e não me conta. Henrique_ É que você não precisa saber ainda. Ela me dá um sorriso. Ana_ Espero que me conte quando for a hora, afinal somos melhores amigos, e eu estou muito curiosa. Henrique_ Eu vou te contar. Dou um sorriso sem graça, ela é a pessoa que eu gosto, mas tenho medo de contar sobre os meus sentimentos e acabar perdendo a nossa amizade. Ana_ A Jessica não para de olhar para você. Ela já te chamou para sair? Henrique_ Não, ela só queria fazer a prova junto. Ana_ Eu soube que ela está super afim de você. Pretende te chamar para sair. Henrique_ Quem te contou? Ana_ Eu sei de tudo. Henrique_ Sabe é? Ana_ Sei. Henrique_ Então você sabe de quem eu gosto? Ana_ Não, mas eu imagino quem seja. Henrique_ É mesmo? E quem você acha que é? Suas bochechas ficam vermelhas. Ela olha nos meus olhos. Ana_ Eu acho que... O professor João entra na sala. João_ Hello. Ana_ Depois continuamos nossa conversa. Será que ela desconfia que eu gosto dela, será que eu deveria contar para ela sobre os meus sentimentos? É tão difícil gostar de alguém, a minha cabeça é confusa. Começamos a fazer a prova. Ana_ Eu acho que a opção da número 1 é a letra A. Henrique_ Eu acho que é a D. Eu me aproximo mais dela. Ana_ Você está errado. Henrique_ E você sempre está certa? Ana_ A maioria das vezes. Ela sorri. Ana_ Eu acho que você gosta da Kamile. Eu olho para ela fixamente. Ana_ Eu estava certa. O sorriso dela desaparece, ela olha para a prova. Henrique_ Você está errada, eu não gosto dela. Eu já te disse que a pessoa não é daqui. E a menina que eu gosto é muito linda. Ana_ Está bem, achei que éramos melhores amigos, que você confiava em poder me contar segredos como esse. Henrique_ É complicado falar sobre isso. Ana_ É alguma menina que eu não gosto? Por que esse papo que ela não mora aqui, eu não acredito. Henrique_ Por que você quer tanto saber de quem eu gosto, me conta de quem você gosta? Ana_ É uma menina que eu não gosto, está mudando o assunto. Henrique_ Me conta de quem você gosta. Ana_ Vamos nos concentrar na prova. Henrique_ Talvez você goste de alguém que eu não gosto, só espero que não seja o Bryan. Voltamos a prestar atenção na prova. Na hora do intervalo, a Ana está sentada e eu vou comprar o nosso lanche, quando me aproximo ela desliga a tela do celular rapidamente. Henrique_ Conversando com o seu namoradinho? Ana_ Eu não tenho um. Parece que vai chover. Eu dou uma risada. Henrique_ Parece que sim. Ana_ Eu vou molhar. Henrique_ Quando minha mãe vier me buscar, te damos uma carona. Ana_ Está bem. Assim que termina o curso, está chovendo e ventando muito, a Ana está com os braços arrepiados, eu tiro o meu moletom e entrego para ela. Ana_ Não precisa. Henrique_ Não reclama. Ela veste o meu moletom, eu a ajudo com o zíper e coloco ó capuz. Ana_ Agora você vai ficar com frio. Henrique_ Não se preocupe comigo, eu estou bem. Mando uma mensagem para a minha mãe avisando que a Ana vai com a gente. Coloco minhas mãos no bolso, a Ana se aproxima, apoia a sua cabeça no meu corpo, e segura o meu braço com as suas duas mãos. Ficamos conversando e rindo muito por enquanto que esperávamos a minha mãe. Ela para com o carro em nossa frente, corremos para entrar no carro. Mãe_ Oi Ana, como vai? Ana_ Vou bem e senhora? Mãe_ Estou bem também. Otávio_ A Ana é a sua namorada? Ela é bem bonita. Mãe_ A Ana é amiga do seu irmão. Infelizmente é só a minha amiga, a Ana me olha e sorri. Otávio_ Ela é bem bonita, não tinha como ser namorada do Henrique. Henrique_ Cala a boca pirralho. Deixamos a Ana na porta da sua casa. Ana_ Obrigada pela carona. Tchau Henrique até amanhã. Henrique_ Até.
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