Capítulo 1

1977 Words
Henrique Meu nome é Henrique Souza Collins, tenho 18 anos, sou jogar de futebol profissional titular na Europa, não foi nada fácil conseguir chegar aqui, se não fosse pela insistência do meu pai, se ele não tivesse entrado na favela e me tirado de lá, talvez hoje ao invés de ser um jogador profissional estaria preso ou até mesmo morto. Estou de frente ao espelho terminando de arrumar a gravata borboleta em meu pescoço. Pai_ Você tem certeza que é isso mesmo que você quer? Henrique_ Sim. Eu abaixo a minha cabeça por um instante e depois volto a me olhar no espelho. Pai_ Henrique, o casamento não é um contrato de futebol que quando você estiver exausto, você pode mudar para outro time, o casamento é a união de duas pessoas que se amam, é parceria, e é para sempre. Henrique_ Pai, já conversamos sobre isso. Pai_ Eu sei, mas... Minha mãe entra no quarto. Mãe_ Você está tão lindo. Ela segura o meu rosto entre as suas mãos, seus olhos estão cheios de lagrimas. Mãe_ Eu estou muito feliz por vocês. Eu estava no quarto com ela agora a pouco, ela esta parecendo uma princesa. A tia Susan entra no quarto. Susan_ Ai meu Deus, eu nem acredito que o nosso Henrique vai se casar. Ele está tão lindo, quando foi que ele cresceu assim? Tia Emma entra no quarto. Emma_ Que menino lindo, ela tem muita sorte por se casar com um gato desse, meninas agora vocês precisam vir comigo. Elas saem do quarto. Meu pai caminha na minha direção e ajeita a minha gravata. Pai_ Espero que você não se arrependa do que esta fazendo. Henrique_ Eu não vou me arrepender. Você sabe pai o motivo pelo qual estou fazendo isso. Pai_ Sei, mas tem outras formas de resolver isso, eu já te disse. Henrique_ Eu também já te disse que tem outras formas, mas são formas demoradas e não temos tempo para isso. Estamos na fazenda dos meus tios, é tradição da família Collins se casar na fazenda. Minha mãe organizou esse casamento com tanto empenho, cada detalhe, ela quer que tudo seja perfeito, afinal é o casamento do filho dela e ela super apoia esse casamento. Talvez se estivéssemos em outras circunstancias eu estaria feliz, não que eu não esteja, mas talvez estivesse mais feliz, nunca me imaginei me casando aos 18 anos e com uma pessoa que eu não sei quais os seus sentimentos por mim. Meu pai sempre me disse que eu sempre faço as coisas no calor da emoção e nunca penso nas consequências, ele tem razão, meu coração está muito acelerado e confesso que estou com um pouco de medo. Agora é tarde demais para voltar atrás, preciso seguir em frente com a minha decisão. Vamos até o salão, minha mãe passa sua mão no meu peitoral ajeitando o meu terno e em seguida minha gravata. Mãe_ Você está tão lindo. Henrique_ Você já disse isso. Mãe_ Eu sei, não vou me cansar de dizer isso. Embora tenha acontecido tudo muito rápido, estou feliz por vocês. Sei que vão ser muito felizes e vão me dar muitos netos. Henrique_ Os netos vão demorar mãe. Mãe_ Eu sei, mas não vejo a hora. Vai saber tudo que passei com você quando tiver filhos. Henrique_ Obrigado, agora não vou querer ter filhos nunca. A musica começa a tocar, entramos no salão, estou no altar, aguardando a minha noiva, a porta se abre e lá esta ela ao lado do meu pai, segurando um lindo buque de rosas azuis, minha mãe tinha razão, ela esta se parecendo com uma princesa. Referência Henrique: ** Alejandro Garnacho ** Vamos voltar um pouco no tempo para que entendam como tudo aconteceu, quando estava com os meus quinze anos de idade, me surgiu um interesse enorme em saber mais sobre o Frajola, afinal eu só sabia o que a minha mãe e o meu pai me contavam. A história que me contam é a seguinte, minha mãe sempre foi uma mulher muito bonita, e o traficante do morro onde ela morava, era apaixonado por ela, tentou se aproximar dela de várias formas, mas nunca teve sucesso, então ele a estuprou, meses depois eu nasci. Quando nasci o Frajola estava preso, minha mãe dava duro para me sustentar, ela começou a trabalhar na casa do meu pai Ryan, ele é delegado, se apaixonaram e quando o Frajola descobriu, ele tentou m***r o meu pai, não conseguiu, me sequestrou e em seguida sequestrou a minha mãe. Meu pai invadiu o morro do nos salvou e em seguida matou o Frajola, ele me disse que jamais deixaria ele fazer mau para a nossa família. Mas eu acho que tem algo a mais que eles não me contam e eles não gostam de falar no assunto. Estou sentado tomando o meu café da manhã. Henrique_ Mãe, como era o meu pai? Mãe_ De novo com esse assunto Henrique? Não entendo por que tanto quer saber sobre ele. Henrique_ Ele era o meu pai. É normal eu ter essa curiosidade. Meu pai entra na cozinha. Pai_ Eu sou o seu pai. Henrique_ Eu sei. Pai_ Pai é quem cria e não quem faz, ainda mais do jeito que... Ele respira fundo. Pai_ Eu sou o seu pai. Henrique_ Eu sei. Pai_ Então por que insiste nesse assunto? Henrique_ Vocês nunca querem falar sobre o assunto, então por isso eu insisto tanto. Mãe_ Já falamos sobre isso. Henrique_ Falaram do jeito que vocês querem e não respondem as minhas dúvidas. A muitas coisas que preciso saber. Pai_ Já te explicamos várias vezes. Henrique_ OK, não vou mais tocar nesse assunto com vocês, vou descobrir tudo sozinho. Eu me levanto e vou para o meu quarto. Me arrumo para o colégio, pego as minhas coisas e me sento no sofá. O Otavio está sentado no sofá jogando em seu vídeo game portátil, a minha mãe está tentando fazer com que a Júlia tome o café da manhã. Mãe_ Otávio vai vestir o seu uniforme. Otávio_ Já vou. Ele continua do mesmo jeito. Olho no relógio, falta trinta minutos para começar a minha aula, sempre deixamos os dois catarrentos no colégio deles primeiro e depois me deixam. Meu pai aparece na escada vestido com o seu uniforme. Pai_ Otávio até agora não se arrumou? Otávio_ Eu já vou, vou só... Pai_ Vai agora. Ele se aproxima e pega o seu vídeo game. O Otávio começa a chorar e gritar, eu coloco os meus fones de ouvido. Esse moleque está precisando ficar de castigo ou levar uma surra. Meus pais fazem tudo que ele quer. Estamos dentro do carro, o trânsito está h******l, eu aumento o volume da minha música. Mãe_ Henrique ficar ouvindo música muito alta vai te deixar s***o. Prefiro não responder, apenas ouço minhas músicas. Meus pais fazem tudo que esse pirralho do Otávio e essa mimada da Júlia quererem, chegarei atrasado mais uma vez por conta desses dois. Chego no colégio quinze minutos atrasado. Professor_ Atrasado mais uma vez. Henrique_ Me desculpe professor, não vai acontecer de novo. Professor_ Isso foi o que você me disse nos seus últimos cinco atrasos. Henrique_ Eu... Professor_ Não quero mais ouvir suas desculpas Henrique, hoje você vai ficar comigo após o horário. Eu me sento em meu lugar. Estou com tanto ódio, vou me ferrar por um erro que não cometi. Na hora do intervalo. Matheus_ Que mancada cara. Henrique_ Atrasei por conta dos pirralhos de novo. Matheus_ Você deveria falar com os seus pais. Henrique_ Não adianta falar, eles nunca me ouvem. Ana_ Você pode vir de ônibus com a gente. Henrique_ Como se meus pais fossem aceitar isso. Ana_ Você não é mais um bebê. Matheus_ Eles o tratam como se fosse um. Henrique_ Eles me ignoram completamente, nunca querem falar sobre o meu pai biólogo, só querem que eu estude e jogue futebol. Ana_ E por que quer tanto falar do seu pai biológico? Henrique_ É direito meu saber. Ana_ Seus pais já falaram sobre isso com você. Henrique_ Falaram, mas não é o suficiente. Ana_ E o que mais você quer saber sobre ele? Henrique_ Eu quero saber de tudo. Matheus_ Então por que não procura saber sobre ele na internet? Na internet hoje em dia tem sobre tudo. Talvez ache lá a quantidade de pessoas que ele já matou. Henrique_ Você é como os meus pais, só vê o que ele fez de r**m, talvez ele tenha sido uma pessoa boa em algum momento da vida e cometeu alguns erros. Ana_ Olha achei o i********: dele. Não diria que ele já foi uma pessoa boa. Eu pego o celular da Ana e começo a olhar o perfil dele. Matheus_ Está explicado o motivo que seus pais não querem falar sobre ele? Um perfil cheio de armas e drogas. Ana_ O perfil dele já diz muito como ele era. Se eu fosse você deixaria esse assunto para trás. Henrique_ Esse assunto é sobre a minha vida. A Ana segura o meu braço e me olha nos olhos. Ana_ Eu sei que é sobre a sua vida, também sei o quanto você é curioso, mas o que o Frajola fez com a sua mãe, você ser fruto de uma tragédia e mesmo assim sua mãe te amar tanto, você deveria sim deixar esse assunto de pai biológico para trás e agradecer pelo pai que a vida de deu, o Ryan te ama muito. Henrique_ Eu sei que ele me ama, eu também amo ele, mas o que tem eu querer saber? Ana_ Henrique... Matheus_ Ana, não adianta ficar falando, ele já decidiu e você sabe que não conseguimos mudar isso. Ana_ Se é isso que você realmente quer, quando se machucar, estaremos aqui. Eu continuo olhando o perfil do Frajola e depois entrego o celular para a Ana. Fisicamente eu me pareço muito com ele, eu queria muito saber mais sobre ele. Eu sei que meus pais e nem meus amigos me apoiam nessa decisão, mas eu preciso saber mais, eu tenho que saber mais. Depois da aula eu ajudo o professor com os trabalhos. Henrique_ Te ajudar a fazer o seu trabalho não é detenção. Professor_ Eu decido o que é detenção. Você apenas faz o que eu mando. Meu celular vibra sem parar. Henrique_ Eu preciso atender. Professor_ Você nem deveria trazer telefone para a escola, você não vai atender. Henrique_ Você que sabe. Se eu não atender teremos um problema. Eu dou uma risada. Professor_ Não entendi qual a graça. Henrique_ O meu pai vai aparecer aqui com aquele jeito autoritário dele, e vai te dar um esculacho. Professor_ Então vamos esperar por ele. Vamos ver em quem ele vai dar esculacho. Ele vai precisar saber que você chega atrasado. Henrique_ Isso vai ser uma ótima ideia. O diretor entra na sala. Diretor_ O que estão fazendo aqui? Professor_ É a sexta vez que Henrique se atrasa esse mês senhor. Diretor_ E por qual motivo você se atrasa Henrique? Henrique_ Meus pais me trazem todos os dias e deixamos os meus irmãos no colégio primeiro, por conta do trânsito acabo me atrasando. Diretor_ Sei, aposto que os seus pais te deixam aqui e você vai usar d***a com os seus amiguinhos. Eu dou um sorriso. Henrique_ Pergunta para a Ana se usamos drogas. Diretor_ Não ouse falar da minha filha, seu moleque. E fale a verdade. Henrique_ Eu disse a verdade e você não acreditou. Ele se aproxima. Diretor_ Eu conheço moleques da sua laia, pai bandido, criado pelo padrasto, o sangue de bandido corre em suas veias, por mais que seu padrasto seja um policial, está no seu sangue ser um bandido de m***a. Pai_ Eu acho melhor você tratar o meu filho com respeito, você realmente é qualificado para ser o diretor dessa escola?
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