Janine García
O meu corpo paralisa, o seu olhar percorre o meu corpo e volta novamente para meus olhos, me pergunto se me acha bonita como disse na única vez que estivermos juntos, o meu coração bate tão rápido que parece que vou ter um infarto, mas como o feitiço se desfaz e uma névoa cai nos seus olhos se tornam do frio, que sinto no mesmo instante uma tristeza enorme se instalar entre nós, ele vira o rosto dando a ordem para o carro seguir adiante, fico parada até não mais ver o seu veículo sumir pela estrada.
- O que foi isso? Parecia uma cena de novela, pensei até que vocês se moveriam em câmera lenta. _ diz Laura me arrancado da minha desordem mental, só posso definir assim, pois tudo se tornou completamente confuso.
- Era ele Laura, só pode ser ele, eu nunca esqueceria aquele olhar, sei que ele também me reconheceu. _ digo ainda atordoada.
- Oh minha nossa, o assunto é sério, vamos para casa, você parece que vai desmaiar a qualquer momento. _ diz Laura me arrastando, eu vou caminhando parecendo um zumbi, na minha mente repete tudo que aconteceu a momentos atrás, como se estivesse obcecada por cada traço do seu rosto, a sua boca e principalmente o seu olhar.
- Graças aos céus vocês chegaram, o seu pai está eufórico com algo que aconteceu e precisa falar com você Janine. _ diz a minha mãe nervosa.
- Tem que ser agora mãe? Janine, não está se sentindo bem, acredito que seja melhor ele falar com ela depois, olhe só para ela. _ diz Laura.
- Não, do jeito que ele está não sei se ele não invadiria o quarto de vocês, mas o que aconteceu com ela? Vocês saíram tão animadas para fazer compras. A ofenderam novamente com aquela conversa dela ser amaldiçoada? _ perguntou a minha mãe preocupada, vindo para meu lado me abraçar, a minha mãe sempre me apoiou e me consolou cada vez que um noivo morria, cada vez que cheguei chorando por alguma louca cismar que matei um noivo meu...
- Sim, a senhora sabe como ela fica m*l, quando pegam pesado com ela. _ diz Laura parecendo ser lamentável o meu estado.
- Tudo bem, vamos fazer assim, vamos ouvir o que o seu pai tem a dizer, finja que está tudo bem e depois vamos ficar só nós três juntinhas vendo um filme e comendo chocolate com pipoca. _ diz ela sorrindo e me abraçando, logo após nós seguimos para o escritório do meu pai, onde ele e os meus irmãos estão bebendo uísque.
- Ai, está ela, minha linda filha, isso só pode ser um sinal, a sorte sorriu para nossa família e tenho certeza de que se agirmos certo, voltaremos ao topo como antes. _ diz o meu pai sorrindo para mim e fico sem entender nada.
- Papai deixe de besteira, já estamos no topo, o senhor é um conselheiro Arturo já é o capitão de uma das melhores regiões da cidade o que mais o senhor quer? _diz Emilio revirando os olhos.
- O posto que é seu de direito, se aquele maluco do Martin não mudasse as coisas conforme a sua vontade constantemente, você seria treinado com Hernandez e o futuro braço direito dele, não aquele n***o marcado, Janine era para ser a esposa de Hernandez, mas novamente ele mudou as coisas, só prejudicando a nossa família. _ diz papai irritado.
- Nos conte o que aconteceu, já perdi muito tempo aqui esperando Janine chegar para o senhor contar. _ diz Arturo parecendo chateado.
- Tudo bem, conseguir um casamento para Janine, com ninguém menos que o filho do padrasto de Pedro Morales, o seu casamento será com Breno Perez. _ diz papai animado com um sorriso no rosto e não faço ideia de quem seja.
- Ele está deformado e paralítico? _digo a única coisa que vem na minha mente no momento.
- Não, ele pode andar. _ respondeu o meu pai confuso.
- Então é velho e está perto de morrer? _ pergunto novamente.
- Não, ele está bem, quer dizer, ele tem algum problema que ainda não sei a extensão dos danos, mas ele é lúcido, tem 33 anos, era o executor de Basílio em Nova Iorque. _ respondeu ele ainda com expressão confusa.
- Esse casamento não vai acontecer, o senhor sabe, ne? Por ele morrer antes ou quando descubra da minha fama, desistir do casamento. _ digo séria, mesmo que isso me destrua por dentro essa a realidade, pois é isso que acontece.
- Oh minha filha, não diga isso nem de brincadeira. _ diz mamãe tocando no meu ombro, sinto pena na sua voz, isso me entristece mais ainda, sei do seu sonho em nos ver bem-casadas.
- Não seja tola menina, sabe que não existe essa coisa de maldição em você, ainda que eles descubram e acreditem nessa besteira, já formulei um contrato e enviei para eles, o pai dele já assinou, pelo que sei o rapaz segue as nossas tradições e vai obedecer a seu pai. _ diz ele estufando o peito todo orgulhoso da sua proeza.
- Não conheço esses, Perez, o que eles fazem para o senhor considerar um casamento com a nossa família? Estão precisando de dinheiro para aceitar Janine com vinte e cinco anos? _ perguntou Arturo cruzando as pernas.
- Arturo, não fale assim de Janine, ela é linda. _ diz Laura me defendendo.
- Não falei para ofender, mas é a realidade, já se foram quantos noivos? Cinco ou seis? _ diz ele contando nos dedos.
- Cinco, mas os Perez são de uma família respeitável, não tão rica como a nossa, eles não precisam de dinheiro que eu saiba, na verdade, até ganharei alguns dólares com esse casamento. Mauro o viúvo casou-se com a viúva do antigo conselheiro Morales, que ajudou a aumentar a fortuna, hoje ele é um dos homens a serviço de Basílio em Nova Iorque. _ respondeu papai se jogando na sua cadeira de escritório de couro.
- Eu me lembro de Gabriela, muito linda, o conselheiro era louco por ela. _ diz mamãe saudosa.
- Quem não era, a mulher tinha uma raba que deixava os homens loucos, todos a queria, hum... vá Graça, comece os preparativos, o rapaz não quer nada grandioso, será bem íntimo. _ diz papai se tocando que falou merda.
- Certooo, vou preparar tudo. _ diz mamãe cerrando os olhos para papai, que fica sem graça, os meus irmãos caem na gargalhada, mas logo se calam assim que papai olha feio para eles, eu e Laura estamos chocadas por ele falar isso assim tão claramente