Léia: a redenção

Conversa franca

Leia Elisabeth

- Desde quando sua mãe deve se intrometer na forma que lhe beijo. _ diz ele parado na porta do banheiro.

- Eu, eu... mamãe às vezes é muito conservadora. _ digo gaguejando sem saber como responder, se ele saber o que ela quer o que eu faça com certeza vai brigar comigo.

- Entendo, passe maquiagem, me diga qual o problema para ir procurar o médico? _ pergunta me avaliando.

- É que a minha mãe mandou instalar um implante anticoncepcional em mim sem a minha autorização, então vou mandar retirar. _ digo envergonhada, ele me olha confuso sem entender, saindo do banheiro e me sentando na cama, ele permanece em pé me olhando.

- É um dispositivo contraceptivo que impede a gravidez pelo menos por três anos, eu quero ter filhos Pedro, você não quer? _ perguntei receosa, ele nunca mencionou filhos nem mesmo quando a minha sogra falava sobre o assunto, ele fingia não ouvir.

- Você está ciente que ter um filho comigo tem grandes chances der n***o como eu, isso é bem diferente de ser obrigada a se casar comigo, sabe que vai passar por preconceitos e situações constrangedoras com o racismo, até mesmo na sua família. _ diz sério se sentando na sua poltrona.

- Eu não sou racista Pedro, não me entrego a você porque fomos obrigados a nos casar, é o que acha, que me deito com você enjoada ou obrigada? _ digo espantada dele pensar isso de mim.

- Léia, vou ser franco com você, no início realmente acreditei que seria mais uma princesinha racista, assim como muitas que me olham por essa cidade, mas sei que não é, te observei com a minha mãe e as demais pessoas, no entanto, você sabe que a sua mãe é preconceituosa, tem as pessoas do círculo que você gosta de frequentar, vai ser pior do que ser vista comigo, as coisas comuns filho é diferente. _diz sincero.

- Eu não me importo com que as pessoas falam Pedro, desde muito nova as pessoas sempre me criticaram e me julgaram por ser bonita, não apenas elogio que ouço, apenas aprendi a filtrar, mas o que eu quero realmente saber é se você quer ter um filho comigo? _ perguntei apreensiva com medo da resposta.

- Quero, mas acredito que não seja o momento, ainda temos que nos ajustar Léia, o nosso casamento é recente, você ainda é apaixonada pelo Andrés e gosta de coisas que eu quero distância. _ diz me olhando nos olhos.

- Você nunca vai esquecer, realmente eu agir muito m*l, mas tudo mudou Pedro, hoje eu gosto de você, não apenas sexo, eu anseio pela sua chegada, desejo o seu toque, gosto de conversar e rir com você embora seja tão raro. _ digo limpando uma lágrima teimosa que rola no meu rosto.

- Capricho não é o suficiente para termos um filho Léia, um filho deve ser criado com amor e acredito que você não saiba o que isso. _ diz se levantando arrumando o terno.

- Eu nunca fui apaixonada pelo Andrés, ele sim eu queria por capricho, eu queria o homem que muitas mulheres querem e o filho do chefe fosse louco por mim, hoje eu percebo, mas com você é diferente Pedro. _ digo não aguentando mais segurar o choro.

- Pense direito se quer mesmo retirar esse implante, eu sei que independentemente da cor da pele do meu filho estarei com ele para o que der e vier, mas você aguentara passar com ele tudo que vier e ser rejeitada quando eu enfiar uma bala na testa de alguma filha da p**a que ousar ser racista com um filho meu. _ diz beijando a minha testa antes de sair, pensei em tudo que ele falou deitada em minha cama sentindo o cheiro dele ainda no travesseiro, a cor da pele nunca foi fator balizador para eu olhar as pessoas, um filho meu e de Pedro vai vir a criança mais linda do mundo e vou amar acima de tudo, pouco me importa se matar quem ousar fazer algo contra o nosso bebê, se ele não fizer eu mesmo faço. Me levantei e fui ao hospital e encontrei com a ginecologista, a única diferença que notei foi a falta da menstruação que ela disse que logo volta ao normal, o processo foi muito rápido e logo estava indo para casa dos meus pais.

- Pensei que aquele troglodita, não te deixou sair, minha princesa. _ diz a minha mãe assim que entrei em casa, ela me abraça e me beija saudosa.

- Mãe, não fala assim, acordei tarde e com muita preguiça, demorei a me levantar da cama. _ digo tirando o casaco, omitindo o que fiz, quero descobrir o que ela planeja.

- Você nessa época do ano, fica mais preguiçosa mesmo, vamos almoçar juntas, o seu pai e o seu irmão como sempre estão a trabalhar, fico tão sozinha nesta casa, pelo menos quando o seu irmão se casar vai ter alguém aqui comigo. _ diz ela fazendo drama.

- Deixa de drama dona Alexandra, vai dizer que vai querer dividir o seu palacete com alguém rsrsrs, já encontrou alguém para assumir o papel de anfitriã dos Fontes? _ Perguntei abusando mamãe, ela nunca vai permitir alguém dar ordens nessa casa.

- Nunca, estou a procurar por uma moça bem tímida, uma verdadeira dama que me respeite acima de tudo. _ diz maliciosa.

- Sabia, onde está Carmen, ela não vem? _ perguntei enquanto vamos para mesa.

- Não, o marido não deixou, continuam em lua de mel, foi a resposta que me mandaram. _ diz entortando o bico, com nojo.

- Estão aproveitando a lua de mel em casa, já que não puderam viajar, eu escolherei alguns vestidos e levo para ela, agora que Pedro vai passar mais tempo naquela casa preciso fazer amizade com ela e Cecília. _ digo colocando o meu prato com salada, peito de frango.

- Não se preocupe com isso, minha filha, você não precisa se rebaixar para elas, tenho planos e você ficará numa posição superior à delas, já disse que te criei para ser uma rainha é isso que vou fazer. _ diz mamãe animada.

- Então me conte, mãezinha, vou morrer de curiosidade. Por favor. _ digo fazendo um biquinho que ela não resiste.

- Não adianta, Léia Elisabeth, você me decepcionou bastante, se eu não tivesse feito alguns ajustes de última hora, você já estaria grávida daquele n***o troglodita, esse assunto está encerrado. _ diz se irritando e quando ela fala assim não adianta eu insistir que não consigo nada dela, mas não vou desistir em algum momento ela vai falar.