CAPÍTULO 21 (JESSI ALINKAR )

857 Words
— Um dos meus sítios preferidos também, gosto de viajar lá sempre que posso — ele comenta, com o rosto relaxado, um sorriso brincando no canto dos lábios. Adoro vêlo sorrir assim. — Podemos assistir juntos quando quiseres. — É uma boa ideia. E dividimos outra barca de sushi? — Temos mais uma coisa em comum — Dereck observa. — Outra? — questiono, curiosa. — Não gostamos de sermos chamados pelos nossos nomes de batismo — ele aponta. — Se esqueceu disso, Jessica? Recordo a conversa no seu escritório, da vez em que pensei que ele fosse me demitir, e abro um sorriso. — Não esqueci, Davidson. Sinto meu coração leve finalmente. — Acho que tem outra coisa em que somos parecidos — acrescento. — O quê? — Dereck também parece estar mais relaxado. Falar sobre coisas que gostamos faz bem a quase todo mundo. — Infelizmente somos dois teimosos. — explico, me esticando para me alongar em um gesto quase inconsciente, chego mais perto. — É verdade — ele diz e fica pensativo por um instante. — Mas nem sempre fui assim. Mas as vezes você me faz despertar esse lado. — Dereck — murmuro. — Não fale assim. Pelo contrário, eu sou tão gentil contigo. — Jessi, posso te fazer uma pergunta bem indiscreta? — ele me questiona com o cenho franzido, o olhar estreitado e uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas. — Pode perguntar — lhe dou permissão, curiosa com o que ele pode querer saber a meu respeito. — Na noite em que te levei ao clube você me disse que era virgem, mas... Você já namoro, correto? Assinto. — Sei que não é da minha conta, e nem precisa responder se eu estiver sendo muito invasivo, mas... como você era namorada e virgem? Arqueio as sobrancelhas, sustentando seu olhar por um momento. — Tem algo a ver com sua religião? — ele acrescenta. — Sim, eu sou evangélica — respondo de queixo erguido. — Mas esperar não foi uma decisão por causa da religião, mas eu queria que fosse assim. E ele respeitava essa decisão. Dereck dá risada, um sorriso despreocupado, que exibe seus dentes brancos e alinhados, além das covinhas quase escondidas pela barba. — Sinto muito pela sinceridade, mas eu não aguentaria se fosse seu namorado, respeito a fé de vocês, só que... — Acho que não tinha muito a ver com a fé dele — o interrompo. — Ele me traía com outras mulheres. Sabe como é, nenhum segredo é guardado tão bem por muito tempo. — O quê? — Dereck se choca. — Ele te mantinha intocada enquanto transava com outras? É isso mesmo? Faço que sim com a cabeça, me divertindo com sua reação. — Qual o problema desse cara? — Sinceramente, desisti de entender faz tempo — respondo. — Por que estavam a namorar? Você fala como se nem se gostassem. Me coloco na defensiva, não sei se posso e se quero me abrir sobre isto. Respiro devagar, mantendo o ar nos pulmões por quatro segundos antes de soltá-lo lentamente pela boca. — Não gosto de falar sobre isso — murmuro, sentindo a leveza sumir de repente. — Desculpe, eu só queria te conhecer um pouco melhor — ele pede, sério. — Você não tem amigos, não é? Nunca o vi dar uma festa, churrasco, nada do tipo — comento para mudar de assunto, mas sem querer parar de conversar com ele. — Tenho alguns amigos, mas aprecio muito a minha privacidade, prefiro não receber muita gente em casa. Sabe... por mais que goste da companhia deles. Mordo o lábio com força, me perguntando se não aguentaria fingir ser sua esposa sem me apaixonar, só para que ele não tivesse que procurar outra. — Você é uma excelente companhia — murmuro, sentindo um peso no coração. Não quero aceitar essa proposta, mas também não quero que ele se case com outra. Incrível como estava leve há poucos minutos e agora estou perdida outra vez. — Meu pai não ganhava muito, mas gastava muito com as “novinhas da cidade” — digo fazendo aspas com os dedos e franzindo o nariz em uma expressão de nojo. Mas não era um pai r**m. — Sinto muito — ele diz, me olhando com sinceridade, ficando bem sério, como se o peso no meu coração o atingisse. — Sua ida ao clube foi puro gatilho, por seu pai, por seu ex namordo, por tudo. Umedeço o lábio, me perguntando se ele tem razão. — Sim, Dereck, estar casada com alguém que me trairia dessa forma, mesmo que não fosse um casamento de verdade, me fez pensar o que eu não queria. Foi tudo confuso. — Sinto muito, mesmo que você não acredite, me arrependo de ter levado você lá. E ainda tem a religião... Eu fui um i*****l. Você deve ter pensando que vou queimar no inferno. Me remexo no sofá. Pensei isso? Não lembro. mas não sou ninguém para julgá-lo. — Você deve achar que não tenho escrúpulos, que sou exatamente como eles, mas nunca traí a Bianca. O encaro e sei que está falando a verdade.

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD