CAPÍTULO 19 (JESSI ALINKAR )

958 Words
Dereck mudou o corte de cabelo. Fico me perguntando se ele foi ao barbeiro na hora do almoço ou depois do expediente na empresa. Seu cabelo castanhos escuro tinha um corte bem clássico, agora está bem curto nas laterais e mais comprido na parte de cima, liso, jogado para o lado de um jeito meio bagunçado, o faz parecer ainda mais charmoso. Quero dizer que gostei do corte, mas sei que Dereck não precisa ganhar elogios de uma secretária. Reparo que a barba está mais cheia que costume, quase escondendo as covinhas que ele tem nas faces. Os olhos parecem mais fundos, com olheiras arroxeadas, como se ela não estivesse dormindo bem nas últimas noites. Olhando mais de perto, parece abatido e pálido. Franzo o cenho, me perguntando se há algo errado. Dereck está usando uma camisa branca, calças jeans de lavagem escura e tênis Nike preto, saindo completamente do visual que costumo vê-lo usar durante a semana. Como um cavalheiro, ele carrega a barca e me pede para ir na frente. Nunca comi com aqueles hashis — sei o nome porque procurei no Google antes de ele chegar, justamente por não querer passar vergonha. Tentei ver um tutorial de como usá-los, mas não consegui aprender muita coisa. Tento controlar a respiração quando chego ao topo das escadas, foram quatro lances até o andar do cinema. — Não é um cinema de verdade — Dereck comenta, como se soubesse exatamente o que estou pensando. — É só uma sala com estofados e um projetor. — Já assisti a filmes com Val, nos inventamos a nossa sala de cinemas nas noites de filmes — explico. Abro a porta para entrarmos. Ele leva a barca de sushi para a mesa de centro que fica em frente ao grande sofá branco, retrátil, tão grande quando está aberto que mais parece uma cama king size, desembrulha a barca e começa a colocar os molhos em recipientes descartáveis. Me adianto para ajudá-lo, desembrulhando uma embalagem de hashi e engolindo em seco. — Você disse que nunca comeu sushi... — ele me olha com curiosidade. — Sabe usar isso? — Não — respondo, os largando sobre a mesinha. — Eu trouxe um adaptador — Dereck me diz, agachando-se ao lado da mesa e colocando um pequeno objeto de plástico verde nas extremidades dos hashis, os deixando unidos. Sentando-se com as pernas dobradas, ele pega a primeira tira de peixe e leva a boca, mastigando de olhos fechados, aparentando estar faminto. O olho, embasbacada, enquanto ele come o primeiro pedaço, mas sou flagrada assim que ele abre os olhos e me encara. — Não precisa comer se não quiser — Dereck murmura, pegando a próxima peça. — Eu quero experimentar — digo, segurando os pauzinhos com firmeza e os articulando, vendo que se movem com perfeição graças ao adaptador. Escolho uma porção de arroz envolta em uma tira de salmão, a aperto com os hashis e levo até a boca. Para a minha surpresa, acabo gostando. Mastigo depressa, pegando o próximo sushi e, desta vez, passando no molho escuro antes de comer. Percebo que fica ainda melhor. — Acho que posso me acostumar com isso — brinco, me sentando no chão sobre os joelhos, de frente para Dereck. Dereck se estica e alcança o frigobar ao lado do sofá mais próximo, pega duas latas de refrigerante. — Como andam os planos? — ele puxa conversa após termos devorado um terço da barca, pegando o controle remoto e colocando na Netflix para procurar pela série. Com outro controle pequeno, ele diminui as luzes do ambiente. — Vou começar a fazer um cursinho pré-vestibular, quero estudar paisagismo — explico, vendo as capas das séries deslizarem pela tela enquanto ele procura por Dark. Ele seleciona a série, mas não dá play ainda, volta-se para mim, apoiando o queixo no joelho e me encarando com uma expressão que não consigo decifrar. — Eu preciso perguntar isso — ele começa, com o tom de voz mais sério. — Sei que já se passaram duas semanas desde que te fiz aquela proposta de casamento e que, se você não disse nada, isso deve significar alguma coisa, mesmo assim, quero ouvir você dizer. — Pergunte — o incentivo, me sentindo ansiosa. Uma parte de mim odeia quando ele me olha assim, com os olhos castanhos tão profundos, como se realmente quisesse enxergar através da minha pele, a outra parte de mim é tomada por um calor intrigante. Nós suspiramos ao mesmo tempo. — Você não se arrependeu de ter recusado? Em nenhum momento pensou que seria bom estar casada comigo? Não quero assumir que até hoje me sinto confusa, sem saber se fiz a coisa certa, mas também não quero entrar em detalhes. não iria me entregar para um homem que deixou claro não ter intenção de se apaixonar por mim. — Algumas coisas não valem o preço a ser pago — murmuro, antes de beber um gole do refrigerante. — Jessi... — ele começa, mas faz uma pausa, procurando as palavras. — Só consigo ver vantagens para você. Sei que fui um o****o te levando naquele lugar, mas não era sobre virarmos um casal e você ser traída, era sobre eu te pagar em troca de você fingir ser minha esposa em público. Respiro fundo, largando os hashis, percebendo como já estou satisfeita. — Acho que não era só sobre fingir ser sua esposa quando você envolveu toda sua família no meio, e sem contar que depois da quela noite as coisas ficaram confusas para me, agora vem me dizer que era só sobre fingir... — Sacudo a cabeça em negação, é chocante como consigo falar abertamente com ele, como me sinto à vontade para dizer o que estou pensando.
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