Quero perguntar quanto ele paga por mês para ser sócio deste lugar, para alimentar sua perversidades, quero ofendê-lo, dizer que sua ex teve sorte de ter deixado ele para não ver o tipo desprezível de homem que ele é. Quero bater no seu peito e dizer que ele é um babaca, e espero que ele morra sozinho, mas não tenho absolutamente nada a ver com isso, o que só me frustra ainda mais, então engulo todas as emoções ruins.
Vejo a ruiva se aproximando, a mesma que estava no meio dos dois homens no sofá. Ela usa uma sandália preta de tiras, e vem rebolando na nossa direção, olhando diretamente para Dereck com os s***s redondos à vista, os b***s rosados apontando na direção dele.
A raiva, a frustração e o ciúme é tamanha que me faz ficar na ponta do pé quando ela se aproxima, entrando no meio deles e evitando o beijo que ela vai dar ao Dereck.
Ela olha para mim como se eu tivesse, e realmente acho que isso estou nesse momento. Porque me viro para o Dereck e beijo seus lábios.
Sinto os lábios de Dereck no meu pescoço e me permito ser tocada por ele. Sua mão afasta meu cabelo e sua língua lambe a pele. Me contorço de prazer e sua mão alcança minha calcinha, deslizando por cima do tecido, me fazendo perceber que estou molhada.
Me rendo a sensação por alguns segundos, me sentindo desejável e sexy por ele, entregue ao prazer, como se eu fizesse parte daquele mundo, até que a razão se sobressai e o empurro para longe de mim.
Pisco, sem acreditar no que acabei de fazer. A culpa me deixa tonta, cega.
— Ele já está acompanhado — respondo com o tom de voz sério, como se eu tivesse algum poder de domínio sobre Dereck.
— Posso acompanhá-los também — ela insiste.
— Não precisamos da sua companhia — rebato, ainda em chamas.
A mulher dá meia volta e caminha pelo corredor. Mais pessoas passam à nossa volta, procurando cabines para entrar, outras se agarrando ali mesmo. Estou perdida, Dereck não é o príncipe que pensei, eu não sou a cinderela, ele é sujo e acabou de me contaminar. E o pior de tudo é que uma parte de mim ainda continua iludida.
Quero desaparecer dali, mas minha pele e meu corpo ainda querem ficar.
— Quer entrar em uma das cabines? — Dereck sugere. — Quer se juntar a algum grupo? O que quer fazer? Esta noite, você pode tudo, Jessi, e ninguém vai saber, é nosso segredo, pode se entregar.
— Foi para isso que me trouxe? Para que eu realize minhas fantasias? — o questiono, a ira perceptível na minha voz.
— Te trouxe aqui para que soubesse exatamente quem eu sou. Mas você gostou muito mais do que eu poderia imaginar, você me beijou... Eu não esperava por isso.
— Acha que te beijei por desejo? Você não sabe de nada! — o acuso.
Não ligo mais para as pessoas nas cabines, para as que estão passando em volta, para os gemidos.
— E por que me beijou? — ele insiste.
— Porque eu não queria que ela te beijasse, porque fiquei com ciúmes. Tenho sentimentos, ao contrário de você, e eu não quero que minha primeira vez seja num lugar como este.
Minhas palavras fazem alguma coisa clarear na mente dele. Seus olhos se arregalam, mas não fico ali para descobrir o que é. Viro de costas e sigo na direção do salão, o atravessando e empurrando as pessoas, correndo para as escadas, enojada, quente, úmida, me sentindo perdida.
Ele me alcança nos degraus, segura meu antebraço e me detém.
— Você é virgem, Jessi? — pergunta, com cenho franzido, o olhar preocupado.
Puxo meu braço de volta e continuo subindo, arrancando a pulseira do braço, a atiro contra a recepcionista e saio deste lugar, descendo os degraus depressa, desejando nunca mais voltar aqui.
— Jessi — Dereck me chama, atrás de mim.
Não posso mais ficar perto dele, não posso lutar contra o que estou sentindo, preciso encontrar algo concreto para me agarrar, tenho que voltar aos eixos.
Passo pelo SUV parado entre os outros carros, pulo a mureta de pedras que separa o estacionamento da praia, e desço para a areia. Sinto seus passos atrás de mim, Dereck me agarra outra vez, apertando minha cabeça contra seu peito.
O empurro novamente, ciente de que estamos ambos descontrolados.
— Aqui é perigoso, Jessi — ele adverte.
— Mais perigoso que você? — pergunto, olhando para ele sobre o ombro, e voltando a caminhar.
— Me deixe andar perto de você pelo menos. Eu sinto muito, não fazia ideia de que você era virgem. Me perdoa por te trazer aqui.
Suas palavras me fazem parar de repente, me sento na areia e abraço meus joelhos, olhando para as ondas, me dando conta do papel ridículo que estou fazendo de virgem assustada.
— Não preciso te perdoar de nada. Só estou nervosa, mas agradeço por ter me mostrado esse seu lado — resmungo, procurando me centrar outra vez.
— Eu precisava que você me conhecesse, que soubesse exatamente quem eu sou, antes de fecharmos o contrato definitivamente, antes de se casar comigo. — ele fala depressa ao meu lado.
— Agora você entende o motivo da minh exigência, de você não poder se apaixonar? Entende?
— Não preciso disso — respondo, decidida.
— Você não pode mudar de ideias nós assinamos um contrato, você será muito bem recompensada.
Respiro fundo, enchendo o peito de ar e de orgulho, forçando o nó da garganta para baixo.
— Encontre outra garota. Não estou disposta. Irei devolver o dinheiro que me deste como não sei. Mas vou.