CAPÍTULO 18 (DERECK FOSTER)

781 Words
Estou contando com isso quando ligo para um restaurante oriental e encomendo a barca. Vinte e sete minutos depois, estou estacionando na frente do restaurante. Ligo na recepção e logo uma garçonete passa pelas portas automáticas carregando o pacote. Ela sorri quando me vê. Conheço aquele sorriso e sei o que ela quer. — Boa noite, Dereck — ela faz questão de me chamar pelo nome sempre que vou ao restaurante. — Não quer comer em casa hoje? — Tenho um compromisso, Ana Lúcia — a respondo. Ela sempre pareceu surpresa por eu lembrar seu nome. — Você faz eu me sentir especial — ela brinca, tocando na minha mão ao entregar a barca. Tiro o cartão do bolso e ela se aproveita outra vez para segurar por cima da minha mão quando me entrega a maquininha. Finjo não perceber suas intenções, como faço todas as vezes. Não dou a******a, prefiro disfarçar e levar numa boa, sei que uma garota como Ana Lúcia poderia querer mais que um encontro, uma noite de sexo, e não tenho nada para oferecer, portanto, prefiro não dar esperanças. — Meus cumprimentos ao chef — digo, e ela parece frustrada por novamente não conseguir nada de mim. — Boa noite, Ana Lúcia. Acelero, a deixando parada na calçada com os braços caídos ao lado do corpo. Me pergunto se devo fingir esquecer seu nome da próxima vez ou se é muita falta de educação. Fico pensando no que Jessi pensaria se estivesse no banco da carona, se ficaria com ciúmes como ficou com a ruiva do clube. De qualquer forma, não gosto desse tipo de situação, porque sei que está diretamente relacionado a quem sou e a posição que ocupo como CEO das empresas Foster. Sei que não tem nada a ver com meu porte físico, meus olhos claros ou minha aparência, porque eu era praticamente igual quando estava com a minha ex, e ela nunca testemunhou nada do tipo. Meus pais não gostavam dela justamente por acharem que não passava de uma interesseira. Como quase sempre eles tinham razão. Estou recordando tudo isso quando estaciono o carro em frente ao prédio da Jessi. Jessi não pareceu se importar com o quanto de dinheiro valho. Ela teria me desprezado se eu fosse pobre e me desprezou sendo rico. Não é o dinheiro que conquista alguém, mas seu caráter. Paro o SUV na vaga e alcanço a barca de sushi, sentindo o cheiro do salmão fresco fazer meu estômago roncar. A vejo encolhida em um dos bancos do jardim da frente do prédio, ela fica de pé quando desço do carro, está de braços cruzados, usando um vestido azul claro estampado de arabescos brancos. Seu cabelo está preso em um coque e sinto vontade de pedir para ela soltá-lo, mesmo sabendo que nunca me atreveria a tanto, pelo menos não depois do que aconteceu naquela noite. — O que acha de comermos na sala de cinema — pergunto. — Podemos começar a ver uma série. Tem alguma na sua lista? Jessi estreita os olhos para mim, como se me desafiasse, mas como não dou bola, ela acaba desfazendo a cara de investigadora. — No meu apartamento com certeza não tem uma sala de cinema, e nem cabe uma. — Sei disso, estou convidando você para o meu apartamento. Por favor não pense m*l, mas sei que moras com a tua melhor amiga e não gostaria de sentar aqui fora para tua primeira vez experimentando algo tão delicioso. – Falo enrolado tentando convencer ela que não tenho segundas intenções. — Não conheço seus gostos, não sei o que gosta de assistir — ela diz. — Vamos lá, me sugira alguma coisa — tento, caminhando ao seu lado na direção do carro. — Ouvi falar que Dark é legal. Já assistiu? — ela questiona, ainda de braços cruzados, se virando para me olhar. — Ouvi falar — minto. — Podemos ver o primeiro episódio. O trajeto até o meu apartamento foi calmo, e passou a viagem toda apreciando a paisagem e enquanto cantarolava baixinho. Caminhamos em silêncio até o meu andar, entramos e ela ficou toda acanhada. Direcionei ela ao primeiro andar da minha cobertura onde ficava a sala de cinema. Meu coração está batendo forte como as hélices de um helicóptero quando chegamos à sala de cinema, mas sei que isso não se deve ao esforço físico, e sim, pela garota ao meu lado. Virgem! Minha mente grita. Eu nunca fui para a cama com uma virgem, não fui o primeiro homem na vida da minha ex, e tenho medo de acabar estragando a noite outra vez. Para falar a verdade, nem sei por que inventei isso.
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