CAPÍTULO 17 (DERECK FOSTER)

1140 Words
É a terceira vez que estou indo ao clube desde o dia que Jessi recusou a proposta de se casar comigo. Na primeira vez, quando cheguei à recepção, pedi para Lily uma pulseira preta, mesmo que eu não usasse mais as pulseiras das intenções desde que me tornei sócio, mas queria privacidade. Olhar para aquela tira preta no meu pulso me fazia lembrar da Jessi, da sua presença ali, como um fantasma me acusando dos crimes que cometi, do pecado, do fato de ter levado uma garota a esse lugar sem ao menos verificar se ela já tinha uma vida s****l ativa. Pensar na sua virgindade faz minhas entranhas revirarem, me pergunto como foi seu namoro, quanto tempo durou e por que ela permaneceu casta até hoje. Desejo mais que tudo saber dos detalhes, mas não sou absolutamente nada dela para perguntar algo tão íntimo. A verdade é que sinto como se tivesse manchado sua honra a levando ao clube sem um aviso prévio. Tenho que admitir o quanto ela foi paciente e cortês comigo, outra no seu lugar teria me insultado ainda na recepção. Não me dou ao luxo de recordar como ela entrou na frente para que a mulher não me beijasse, sem saber que a ruiva só estava provocando, que ela, de fato, não faria aquilo. Não consigo lidar com essa imagem, é perturbador demais, para mim, pensar no acontecido, em como senti seu cheiro na sua nuca, a maciez da sua pele, o sabor salgado... Não devo e não vou me ater a isso, é mais do que posso suportar. Na primeira vez que voltei aqui, desde a terrível noite, encostei no balcão e pedi uma soda, nada de álcool, estava dirigindo. Pedir para seu Alfredo me trazer aqui, dividir o carro com ele e meus pensamentos, era puro constrangimento. Mesmo que ele não soubesse o que tinha acontecido entre mim e Jessi, que havia trazido uma virgem para me exibir em um clube de sexo, ainda que seu Alfredo nunca adivinhasse, era embaraçoso demais. Na metade da soda, quando vi que a ruiva e uma outra mulher chamada Bianca, com quem sempre fazíamos ménage, se aproximarem de mim, larguei a bebida e fui embora sem olhar para trás, sem f***r com ninguém, apenas fodido pelo peso da culpa. Na segunda vez, alguns dias depois, não passei da recepção. Era como se eu estivesse vendo a Jessi parada ao meu lado. Me pergunto como não reparei na sua inocência, na sua delicadeza. Naquele dia, me senti ainda mais envergonhado pelo que fiz, por permitir que ela conhecesse meu pior lado. Planejava prender os braços da primeira mulher que aparecesse para mim, e f***r sua b****a com tanta força que ela iria gozar feito louca. Pelo menos era o que eu planejava. Estava enlouquecendo com o t***o acumulado, precisava gozar e tinha várias à minha disposição, mas não consegui passar da recepção. Voltei para casa frustrado, irritado e com uma ereção quase insuportável de lidar. Enchi a banheira com água gelada e fiquei lá até meu corpo se anestesiar. E agora, é a terceira vez que tento entrar no clube. — Quer uma pulseira hoje, senhor? — Dereck pergunta com uma cara de safada. Ela passa a língua nos lábios e sorri. — Ou prefere... Sei o que ela quer dizer. Está se oferecendo para mim, me fazendo lembrar de como é gostoso ejacular na sua boca carnuda. E eu quero, juro que uma grande parte de mim, a racional, só quer isso. — Hoje não — respondo com educação, e ela desmancha o sorriso. Sei que gosta das minhas gorjetas, então tiro três notas de cem da carteira e coloco à sua frente. — É para mim? — Lily pergunta, surpresa. — Compre algo bonito para você — digo, guardando a carteira e descendo as escadas, só para chegar até o salão de dança e me dar conta de que não é isso que quero, que uma f**a qualquer não pode preencher o vazio que sinto no peito. Observo as pessoas em volta e me pergunto quantos já se sentiram assim, como estou me sentindo agora, e porque sempre voltam. Quero saber quando isso vai passar, quando vou ter minha vida de luxúria de volta. Parado no meio do salão, pego o celular no bolso e procuro pelo contato de Jessi no w******p. O salvei para emergências. Olho sua foto e m*l consigo acreditar que ela já esteve ali comigo, parece que foi há mil anos. Ver ela hoje na empresa com aquela roupa e aqueles lábios gostosos pintados todos vermelho, me fez ter tantos pensamentos imundos. Mas me concentrei, não queria que ela percebesse que a forma como vestiu e a cor vermelha nos seus lábios me deixou duro só de olhar para ela. Ela estava gostosa pra c****e. Decide falar com ela só por email. Não tinha certeza se voltasse a olhar para ela iria conseguir me controlar e a devoraria ela ali mesmo. Não penso muito a respeito, não analiso os prós e os contras, só digito a mensagem. “Boa noite” envio, sem pontuação, tentando não ser formal demais. Alguns segundos depois, as duas setinhas ficam azuis, indicando que ela leu. Demora quase um minuto até seu “Boa noite” aparecer em resposta. “Estava dormindo?” quero saber. “Não, só lendo” Jessi responde mais rápido. Abro um sorriso por ela estar falando comigo. “O que está lendo?” digito e espero sua mensagem de volta. “Dom Casmurro” “É para o ENEM”. “Já li na época do vestibular” envio, mas ela não volta a responder. Resolvo arriscar um pouco mais. “Quer dividir uma barca de sushi comigo?” Já passa das 22h e eu nem sei se encontrarei o restaurante aberto, mas é tudo que me vem à mente no momento. “Sushi?” ela envia, seguido de emoji pensativo que me faz imaginar como está seu rosto agora. “Nunca comi sushi”. “Hoje parece um bom dia para experimentar algo novo” arrisco. “A não ser que já esteja muito tarde para você”, acrescento para não parecer tão desesperado. “Não está tão tarde assim” ela responde junto com um emoji de sorrisos. “Quer que eu chame mais alguém? Val?” “Ninguém, a barca é para duas pessoas” brinco. “Chego em meia hora.” “Tudo bem”. Não sei o que estou fazendo quando subo as escadas, não sei por que estou cedendo se estou tão decidido a me afastar. Quem sabe, só preciso de uma dose da Jessi, alguns minutos na sua presença, uma conversa brincalhona, algumas das suas risadas, um pouco do seu tempo, e eu posso voltar a ser o que era.
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