Verônica: Refém por Acidente

Uma mão lava a outra

O beijo me afetou muito mais do que imaginei. Quando as nossas bocas se separaram, eu ia estava deitada na mesa e Hades por cima de mim, ambos ofegantes, olhando um no olho do outro em total silêncio. Não esperava nenhum pouco que aquele beijo gerasse um clima desse. Podia ouvir o meu coração bater acelerado, o que me deixava bastante preocupada. Porque esse danado estava agitado por conta de um beijo?

— O que foi? O beijo só te conquistou? — Hades abriu um sorriso lindo, o meu coração que já estava acelerado, agora estava ainda mais descontrolado que antes.

— Está falando do meu ou do seu? Pensa que não consigo sentir o seu coração batendo mais que tambor? — Brinquei tentando evitar olhar para o seu sorriso, o meu coração não aguentava.

— Como o meu coração não iria bater rápido, uma mulher linda e cheirosa, me puxa pela gravata e me beija. Você é o tipo de mulher que consegue mexer com qualquer homem e sabe muito bem do seu poder. — Hades colocou os meus cabelo atrás da orelha. Não sei o que aconteceu, mas meu corpo se arrepiou completamente com aquele simples toque.

— Só descobriu agora? — Perguntei sorrindo animada em ver o poder que tinha sobre Hades agora, ignorando totalmente o impacto dele sobre o meu.

— Não, mas era mais fácil resistir quando você não estava tomada banho e a minha boca estava longe da sua. — Hades estava mais sincero do que eu imaginei. — Mas seu plano também pode ser afetado, já que o seu corpo inteiro está reagindo ao meu toque.

Hades passou o dedo levemente por meu braço, onde ele tocava lentamente, eu sentia aquecer e se arrepiar. Tentava evitar o seu sorriso, mas não conseguia fugir do seu olhar. Penso que meu plano está com problemas. Talvez Hades seja mais perigoso do que eu imaginei.

— Concorda comigo? — Hades disse antes de se afastar de mim, me olhando em pé enquanto eu estava deitada organizando a minha respiração ofegante.

— Vai ser uma batalha divertida, o meu corpo com toda a certeza gosta do seu toque, não me preocupo com isso. — Mentira. Isso me preocupava muito, porém Hades não precisa saber o tamanho da influência que tem em mim, certo? — Mas há uma distância enorme entre o coração e o corpo. Talvez você consiga ganhar o meu corpo, mas serei eu que ganharei o seu coração.

— Vou ficar muito feliz se conseguir fazer isso, terá conseguido fazer algo que ninguém foi capaz. Se for para amar alguém, por que não uma refém completamente maluca e de uma beleza sem igual? — Hades brincou, mas me pegou de surpresa, sentei na mesa olhando para ele que sorria como se não tivesse dito nada demais.

— Você está me dizendo, que um homem desse tamanho, nunca gostou de ninguém? Nem da adolescência? Eu entenderia se me dissesse que amou uma vez e quebrou a cara, mas quer dizer que nunca teve o seu coração preenchido por ninguém? Nem mesmo a mãe de Rubi? — Não sei ao certo a idade de Hades, mas ele estava entre os seus trinta e quarenta anos, alguém nessa idade pode não ter gostado de ninguém? Só na minha adolescência eu morri de amores no mínimo umas seis vezes com os amores que pensei que eram para vida toda.

— E se eu disser que não, talvez eu não tenha a habilidade de amar. Sabendo disso, você não quer desistir dessa brincadeira de aposta? Tenho certeza que você, diferente de mim, já amou muito a ponto de desejar nunca mais amar ninguém. — Hades estava me lendo completamente. Pensei que eu estava ganhando esse jogo, mas agora era óbvio, desde o começo, ele sabia exatamente que tipo de pessoa eu era, apenas deixou as coisas acontecerem.

— Desistir? Ah, meu amor. Isso não faz parte do meu vocabulário. E você nunca ter gostado de ninguém antes não influencia na aposta, até porque se é por mim que você deveria se apaixonar, faz sentido que nunca tenha gostado de ninguém, certo? — Sorri descendo da mesa, sentando no colo de Hades.

O meu corpo queria sentir um pouco mais de Hades, não havia sido o suficiente antes. Queria mais do seu perfume, do calor e toque na minha pele. Sei que é completamente arriscado, mas sempre vivi priorizando as minhas vontades e desejos. Agora não poderia ser diferente.

— Ficou com vontade de quero mais? — Hades perguntou segurando o meu queixo gentilmente, fazendo os nossos olhos se encontrarem.

— Só eu que fiquei com vontade? — Sussurrei no seu ouvido. Sentada no seu colo, podia sentir que não era apenas eu animada demais com aquela interação que tivéssemos. O amiguinho dele estava muito bem acordado em baixo de mim.

— Não vou negar. — Hades disse antes de me beijar novamente.

O nosso beijo foi ainda mais intenso, sentia a mão dele no meu pescoço, conduzindo o nosso beijo de forma sutil, enquanto a sua outra mão estava na minha cintura, fazendo os nossos corpos se colarem ainda mais. O nosso beijo terminou assim como o outro, ofegante. Não sei como olhei para Hades depois do beijo, mas ele teve um ataque de riso enorme. Fiquei olhando para ele sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.

— Você não vai ganhar mais do que beijo, não merece. Pensa que vou deixar passar o que fez com a babá? Sei que foi boa intenção, mas Rubi já é uma criança difícil de se controlar e adora aprontar das suas, não posso deixar que cuide alimente esse tipo de comportamento. A mente dela é absurdamente inteligente e se tiver alguém incentivando ela ainda mais, será complicado lidar. Se quiser mais do que beijos, você terá que se comportar, ao menos, quando estiver com Rubi. — Hades disse quando finalmente conseguiu controlar a risada.

— Rubi não precisa de incentivo para fazer nada, ela é um diamante bruto que precisa ser lapidado. Não vou prometer nada. Gosto da forma que aquela criança pensa e talvez seja melhor ter um adulto concordando com ela, mantendo por perto. Do que ela não confiando em mais ninguém e fazendo tudo sozinha. Não acha? Ou realmente acredita que uma criança como a Rubi deixaria os seus planos e as suas brincadeiras apenas por não ter ninguém ajudando ela? — Não tinha certeza se Hades iria acreditar na minha conversa, mas

Na verdade, eu meio que precisava de alguém tão poderoso como a Rubi para fugir daquela casa, mas ainda assim, precisava da confiança de Hades. Se ele acreditasse que eu era uma influência muito r**m na menina, poderia me afastar dela completamente. Tenho que optar pelo meio termo, também uma razão para ele permitir o nosso convívio. O meu plano precisa tanto de Rubi, quando da confiança dele. Não posso deixar as coisas tomarem o rumo errado.

— Faz sentido, mas eu prefiro que tente parar ela. Não sei até onde uma criança pode ir, mas tenho certeza que um adulto pode parar ela e evitar que acabe machucada ou em problemas, sei que não estou na posição de fazer esse pedido, até por se o seu sequestrador, mas você não parece ser o tipo de pessoa que colocaria uma criança em risco, ao menos, assim me pareceu depois do que fez mais cedo, colocando a sua própria vida em jogo por achar que a menina estava em perigo. — Hades realmente passou a confiar mais em mim depois daquele incidente com a Rubi, o que me deixou um pouco mais confiante.

— Posso até concordar com o seu pedido, mas terá que fazer algo por mim também, sabe? Eu meio que não gosto de ficar na vontade, sou bem mimada, sempre tenho tudo que eu preciso, se é que me entende. Se você fizer as minhas vontades atendidas, posso fazer o mesmo por você. Uma mão lava a outra, não é? — Talvez eu estivesse sendo um pouco impaciente, mas naquela situação, só conseguia pensar em como queria continuar beijando a boca de Hades e mais nada.

— O que você quer dizer com as suas vontades? O que deseja agora, sua refém mimada? — Hades perguntou rindo, como se não acreditasse na coragem que uma refém tinha de fazer tantos pedidos e colocar tanta banca sobre tudo, mas quem mandou ele também se transformar um sequestrador tão gostoso e sexy? Não posso fazer nada.