O que faço com você agora?

1282 Words
Pensei olhando ao redor do quarto, buscando uma forma de escapar daquele lugar. Só haviam dois acessos naquele lugar, que levavam para o lado de fora. Um era a porta que Hades havia acabado de trancar. A outra, seria a janela. — Será que é loucura? — Talvez loucura seja não fazer nada. — Não há nada a perder se eu tentar sair daqui. Me aproximei da janela para ter certeza que poderia sobreviver à queda. Estava praticamente no primeiro andar. Se tiver ao menos uma árvore por perto ou um jardim para segurar o impacto seria mais seguro, mas não havia nada. Para deixar tudo ainda mais tenso, não havia areia ou grama. O chão era de concreto. Só de olhar para baixo sentia um frio na barriga. — Quando eu era pequena sempre fugia de casa pela janela. Os meus pais sempre tiveram medo que a mercadoria acabasse danificada, por isso, me proibiam de sair para qualquer lugar que fosse. Aprendi assim a fugir pela janela para aproveitar a minha adolescência. Agora que olho dessa janela, fico imaginando o que merda passava na minha cabeça em apostar a minha vida, pulando uma janela, apenas para dar uma volta no shopping ou uma festinha. No mínimo, o meu anjo deve ser forte, caso contrário, não estaria viva agora tremendo de medo de olhar para baixo. — Pensei algo olhando para o chão que poderia facilmente quebrar a minha cabeça em vários pedaços com um bom quebra-cabeça. Pensei mais um pouco sobre as minhas fugas na adolescência, lembrei que para evitar um grande tombo e fazer barulho ao descer, eu costumava fazer uma corda feita de lençol, amarrava na cama e jogava pela janela para me auxiliar na descida. Pensei que era a melhor chance de sobreviver. Sequer tinha coragem de pular sem nada. A idade e o amor à vida não permitia. Procurei por todo o quarto, reuni toalhas, lençóis, fronhas e até blusas de frio. Comecei a trançar tudo para deixar o mais segurou possível. O que era um pouco impossível. Diferente do meu quarto adolescente, a cama não havia nada que pudesse segurar a trança. Tive que procurar um plano B. Amarrar na cômoda e se agarrar com Deus. A chance de cair era gigantesca. Demorei um bom tempo para trançar tudo e mais um bocado para amarrar a corda improvisada na cômoda. Para teste, puxei com toda força e me pendurei um com ajuda da parede do quarto, testando se havia alguma chance de sobreviver a esse plano completamente maluco. Como a minha barriga estava gritando de fome, eu não sabia quando poderia comer novamente ao fugir daquele lugar. Talvez tivesse que me esconder por aí até dar um jeito de escapar de ver. Decidi comer todo lanche possível e guardar um pouco em uma trouxa que fiz com uma blusa. — Bom, agora não tem mais para onde fugir. Se ficar o bicho come se correr o bicho pega. Ao menos, estou lutando pela vida. Não posso me arrepender da minha escolha agora. Vou confiar na minha adolescência interior para me salvar dessa bagunça. Espero que o meu corpo se lembre de como descer escalando nisso. — Pensei alto enquanto subia na janela. O frio que eu sentia na barriga apenas aumentou ao olhar para baixo e colocar os meus pés pendurados, quando me sentei na janela. Era algo demais. A corda nem sequer iria até o final. Se ela não se soltasse com o meu peso, ainda tinha o risco de cair errado. Era um plano perigoso. — O que p***a você está pensando em fazer? — Hades gritou me assustando. Nem consegui ver ele. Na mesma hora, desequilibrei. Acabei perdendo o equilíbrio com o susto. Tudo ficou em câmera lenta naquele momento. Meu corpo havia escorregado da janela. Quando achei que estava indo de arrasta para cima, ou melhor, para baixo. Senti um braço passando por minha cintura. A força foi tão grande, que acabei colidindo com a parede da mansão, um pouco embaixo da janela. Hades havia em segurado e impedido a minha queda, mas eu ainda estava pendurada do lado de fora, tendo apenas o braço dele me segurando e impedido que eu me esborrache no chão. — O que merda você estava pensando em fazer? — Hades gritou completamente possesso. Como eu estava de costas para ele, não podia ver o seu rosto, mas imaginava que tipo de expressão ele estava fazendo apenas com aquele tom em sua voz. — Não estava tentando me matar, mas viver, logo adianto, antes que pense besteira. — Eu estava completamente assustada. Quanto peso Hades conseguia carregar? Será que treinava muito na academia? Conseguiria me puxar para cima de volta ou me segurar até que a ajuda chegue? Também pensava que a qualquer segundo ele poderia soltar por não aguentar mais ou por vontade, eu estava irritando ele desde cedo. — Então tem merda na cabeça? O que você achou que poderia acontecer se você pulasse a janela? Iria criar asas? Você é tão i****a assim? Ahhhh! Que raiva. Vou te puxar agora, não se mexa, pode se machucar. — Hades respirou fundo, talvez estivesse se acalmando, organizando os seus pensamentos ou juntos forças. Não faço a mínima ideia. Senti o meu corpo sendo puxando com muita força, passei pela janela, caímos eu e Hades no chão. Ele abraçado comigo. O seu coração estava batendo tão rápido quanto o meu. Talvez estivesse tão assustado com a situação, assim como eu. Virei o meu corpo para ficar de frente ao dele e o abraçar. Na tentativa de acalmar o meu medo. O alívio daquele abraço trouxe a tona as lágrimas que estavam presas na minha garganta. Tudo aconteceu tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar — Hey! Não chora. Está tudo bem. Tudo acabou bem. Está segura agora. Tente se acalmar um pouco. — Hades tentou me consolar acariciando meu cabelo, mas eu não conseguia. Naquele momento, acho que todas as emoções que eu havia sentido durantes esses dias vieram a tona descontroladas. Eu sentia muito medo, raiva, terror. Mesmo que tentasse parar, minha mente já não me ouvia mais. Hades ficou acariciando meu cabelo no chão por um bom tempo. Vendo que eu não iria me acalmar, levantou do chão me carregando em seus braços. Me senti um agarradinho. Ele foi até a janela, a fechou bem e depois me levou até a cama. Me deitando com cuidado, antes de se afastar. Por uma espécie de instinto, segurei a mão dele. — Eu estou com medo. — Falei sentindo meu corpo se tremendo. O nível de estresse havia batido o seu limite. Não queria de forma alguma forçar sozinha. Hades não era a pessoa mais apropriada para ficar comigo, já que é o grande causador desse estresse, mas eu não tinha outra opção. — Apenas irei pegar alguns lençóis. Pensando bem, acho que será impossível dormir nesse quarto de toda forma. Vamos para meu quarto. Você dormirá por lá hoje. Amanhã mando os meus homens ajeitarem essa bagunça. — Hades me pegou pelo braço, como uma criança, e me levou pelo corredor até em direção do seu quarto. Em outro momento, eu estaria muito animada com a ideia de ser levada para seu quarto, mas muito pelo contrário, eu apenas queria me agarrar nele e não soltar mais. Não consegui nem prestar atenção no que acontecia ao meu redor. Quando me dei conta, ele já estava me colocando em uma cama diferente e me cobrindo com uma enorme manta. — Ah! que eu faço com você. — Hades coçou a cabeça me vendo deitada segurando uma das suas mãos. — Você vai me enlouquecer ainda.
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