Verônica: Refém por Acidente

Hades fica perigoso

— Você não deveria está dormindo? Ainda pensa em anda por aí nessa condição? Aliás, você sabe das regras, esse é um lugar proibido na mansão. — Podia ouvir a voz de Hades um pouco distante e abafada. Era nítido que havia um tom de raiva controlada em sua voz.

Pensei que poderia ser meu irmão, mas duvido que Ulisses pudesse conhecer Hades de qualquer forma. A forma que e Hades falou, deixou claro que não apenas havia uma i********e como também uma grande proximidade de quem estava estrando. Poderia ser Pedro também, mas não faz o perfil dele também. Natália não havia como meu irmão permitir ela se colocar em qualquer perigo.

— Estér ainda não voltou. Você me prometeu que ela estava bem e que iria voltar para o quarto e ficar comigo. Você fez com ela o mesmo que fez com a minha mãe, né? — Rubi gritou. A sua voz era de quem dava chorando. A minha vontade era sair daquele lugar correndo e abraçar ela, que parece tão assustada que parte o meu coração ficar apenas ouvindo.

— Não fiz nada com ninguém. Estér me disse que queria deixar você sozinha um tempo para descansar, mas logo subiria para te ver. Você está doente. Precisa dormir, descansar bem. — Hades perguntou. Ouvi a voz dele ficando mais próxima. Ele deve ter sentado no sofá para ouvir o que a menina haveria de falar vindo aquela hora.

— Mentira. Com a mamãe foi igual. Você foi legal. Prometo cuidar dela. Fingiu gostar da mamãe. Eu sei que vocês brigaram, no mesmo dia ela desapareceu completamente. Naquele dia eu entrei escondida no quarto pela passagem que a mamãe fez comigo. Eu ouvi tudo. Você estava com muita raiva por ela ter desobedecido as suas regras. Brigou muito. Fez agora o mesmo com a Ester. Ficou chateado por quebrar as regras e ela desapareceu. Agora assim como a mamãe, eu nunca mais poderei ver a Ester. — A meninos gritou, pude sentir a sua dor de onde eu estava. Aquela criança estava sofrendo não apenas saudade da sua mãe, mas uma raiva intensa do seu pai.

— Rubi, vou falar pela última vez. Não sei o que você pensa que ouviu naquele dia, antes da sua mãe sumir, mas eu não fiz absolutamente nada com a sua mãe ou com Estér. Não sei quem colocou na sua cabeça que eu sou um homem m*l, mas não sou. As duas estão bem e trabalhando. Apenas isso. Não quero mais ouvir que minha filha está suspeitando de mim. Sou seu pai, você me deve respeito e não julgamentos como sempre. — Hades definitivamente não sabia lidar com uma criança. Ele realmente pensa que um diálogo desse iria mudar uma criança que está cheia das suas próprias feridas?

— Vitor, eu não sou sua filha! Você pode contar essa mentira para todos. Querer acreditar nisso e fingir que é verdade, mas eu sei que você não é meu pai. Pare de fingir que se importa comigo. Apenas me deixe ir embora daqui e voltar para minha mãe. Eu sei que é você que não está deixando eu ir. — Rubi era uma garota inteligente. Aquela acusação não parecia ser de alguém com raiva, mas de alguém que estava transbordando. — Onde está a Ester? Ligarei para polícia se não me disser. Vou dizer que ela desapareceu e você vai ficar com problemas.

Aquela pequena mentira de oito anos estava ameaçando um cara mais velho sem qualquer receio, mas o que mais me surpreendeu nesse diálogo foi o fato de Hades se chamar, na verdade, Vitor e de Rubi bater o pé dizendo que Hades não era seu pai. A discussão entre eles continuou. De um lado a menina que estava se sentindo solitário e do homem que vivia sob a sombra. Me pergunto qual dos dois está dizendo a verdade ou se as duas verdades vão se tornar verdadeiras, mas agora preciso investir as duas informações que eu obtive.

— Se não me responder agora onde está Ester, vou me esconder e ninguém mais vai me achar até a Ester volta para seu quarto. — Rubi gritou quando estava chegando na porta do escritório. — Vitor, não preciso de ajuda. Não precisa fingir gostar de mim ou ser meu pai. Eu já te disse. Só faça o que eu mandar.

— Você está falando ainda mais besteiras. Eu sou seu pai e ponto. — Hades disse em um tom chateado. Agora não sabia a verdade. Ele era mesmo pai dela ou não? Acho que várias vezes crianças na idade dela dizem algo assim. A última vez que Lisa disse algo assim com Ulisses, pensei que ele entraria em depressão, mas Natália deu um sermão tão lindo na menina, que nunca mais ela repetiu.

— Não. Eu sei quem é meu pai de verdade. Ele não é você. Vocês são parecidos, mas você não é ele. Todo o mundo pode ter acreditado nisso, mas eu conheço o meu pai. Mamãe veio para cá procurando por ele, você disse que ajudaria ela, depois ela desobedeceu você e com raiva fez ela desaparecer sem se despedir de mim. Você é m*l. Eu vou achar Estér e vou embora dessa casa para sempre. Você nunca vai me ver. Irei encontrar a minha mãe. — Rubi gritou. Pude ouvir sons de passos se afastando. Ela deve ter sido e fugido com medo da reação de Hades.

Com cuidado, olhando para ver se havia mais alguém do lado de fora, eu saí. Hades como eu suspeitava estava sentado no sofá com a cabeça apoiada em suas mãos. Parecia um homem completamente destruído pelas palavras de uma menina de oito anos. Acho que Rubi não faz a mínima ideia do poder que tem sobre esse homem. Me aproximei da porta que estava aberta e a tranquei. O som da porta se fechando chamou atenção de Hades que me olhava em silêncio.

Não havia nada que eu pudesse falar agora ajudar nesse momento. Se tivesse alguma, eu não sei. Me aproximei devagar dele, sentando em seu colo e o abraçando. Por alguma razão, aquela briga deles dois me fez sentir pena de ambos. Ficamos abraçados por um bom tempo em completo silêncio, mas eu tinha dúvidas demais para ficar apenas calada.

— O que realmente aconteceu com a mãe de Rubi? — Essa era a pergunta que eu mais queria fazer, mas eu não fazia ideia que era exatamente a única que eu não poderia.

Hades que antes estava com a cabeça baixa apoiando no meu ombro, olhou em minha direção com bastante raiva. A sensação era tão r**m que me levantei do seu colo. De alguma forma, eu havia tocado numa ferida e ultrapassado os meus limites.

— Você só pode está fazendo piada com a minha cara. Sabe exatamente o que aconteceu com ela. Não cansa de se fazer de inocente? Realmente pensa que vou cair nessa que não faz ideia do que o seu irmão fez? Tenho certeza que você o ajudou, afinal, você sempre foi próxima deles. — Hades levantou do sofá e me segurou com apenas uma mão pelo braço antes de me arrastar, indo em direção a porta de saída. — Por um minuto, quase esqueci a bruxa manipuladora que você é. Quase me deixei levar e esqueci da razão de ser uma refém aqui. Tenho mais sorte que juízo.

— Eu não me chamo Estér. Já te disse. Não sou quem você pensa. Tudo isso é um terrível engano. Não faço a mínima ideia do que você está falando. Pode soltar meu braço? Você está me machucando. Desculpa se passei dos limites, fiquei curiosa ao ouvir a conversa de vocês dois, mas não faço a mínima ideia do que você disse. Eu me chamo Verônica. — Por alguma razão, naquele instante, todo meu corpo se assustou a ponto de querer daquele lugar correndo, como se sentisse que eu estava em perigo.

— Como se eu fosse acreditar em uma v***a mentirosa. A partir de amanhã, as suas regalias vão diminuir. Você é uma refém, não uma convidada. Reze para seu irmão aparecer logo ou eu irei começar a te tratar como você merece. — Hades disse antes de me jogar para dentro do quarto e trancar a porta.

— O que merda acabou de acontecer? — Meu coração estava disparado. As lágrimas rolaram no meu rosto. Eu senti medo de verdade. Pela primeira vez, senti que realmente eu era uma refém e Hades poderia ser perigoso para mim. — Eu preciso sair desse lugar agora mesmo. Não posso ficar mais nenhum minuto. Se ele estiver falando a verdade, tudo ficará ainda mais perigoso.

Pensei olhando ao redor do quarto, buscando uma forma de escapar daquele lugar. Só haviam dois acessos naquele lugar, que levavam para o lado de fora. Um era a porta que Hades havia acabado de trancar. A outra, seria a janela.

— Será que é loucura? — Talvez loucura seja não fazer nada. — Não há nada a perder se eu tentar sair daqui.