A peça-chave do mistério

1485 Words
— Combinado. — Rubi sentou ao meu lado com a carinha curiosa, o que me deixou um pouco aliviada. Me preocupa se ela não quisesse conversar, eu não teria outra carta na manga, além da minha história. — Quando eu era pequena, sempre tive diversas regras na minha casa. Os meus pais eram tão exigentes. Tudo tinha que ser como eles nos diziam para ser. Passávamos dias sem sair dos nossos quarto, era da escola para o quarto. O segurança ia buscar na porta da sala. Não tínhamos autorização para falar com ninguém que os nossos mais não deixassem que tivéssemos amizade. Quando era pequena, pensei que isso fazia parte da educação de uma criança. Éramos herdeiros, eu e o meu irmão, pensei que faziam isso para nos tornar capazes, porque nós amavam, mas quando cresci, percebi que não era amor. Eles pensavam em nós como peças de um jogo de xadrez da vida real, para usar como se fosse mais útil. As amizades que tínhamos eram com pessoas que queriam vínculo ou sociedade. Evitavam que nos vissem para sermos sempre o centro das atenções. Nunca se importaram com os nossos sentimentos. Até mesmo a quantidade de comida que eu comia era mínima para não engordar e o meu irmão era forçado desde novo a passar horas na academia. Éramos brinquedos úteis nas mãos deles dois. A casa que pensei ser meu lar era a minha prisão, mas só pude enxergar isso quando já estava adulta, depois que o meu irmão cortou os laços com os meus pais em nome do amor aos meus sobrinhos. — Expliquei tentando conter as lágrimas. Haviam partes que eu não contei. Ela era apenas uma criança. Não era correto saber o tipo de tortura que tive que passar nas mãos dos meus pais. — Seus pais eram malvados? Como o Vitor? — Rubi perguntou, puxei ela para meu colo e abracei ela. Queria evitar que ela me visse chorando e ficasse aflita. — Não, eu não conheço Vitor completamente, mas a atitude dos meus pais nunca foram de tentar conversar ou se preocupar com o nosso bem-estar. Quando discordavamos de algo, éramos jogados sem comer em um quarto vazio para o castigo. Nunca me foi permitido levantar a minha voz ou dar a minha opinião. Talvez Vitor não saiba ainda como cuidar de você, tudo parece novo para ele, mas ele realmente está buscando fazer o seu melhor para que nada te falte. Talvez essa mansão esteja te sufocando porque tem muito m*l-entedidos entre vocês dois. Deveriam conversar quando estivessem mais calmos. Definitivamente, Vitor não parece ser alguém tão r**m e ele te ama de verdade. A mudança está sendo difícil para os dois. Tenho certeza que assim que vocês fizerem as pazes, a mansão se tornará o seu lar. — Não podia dizer que ele era totalmente inocente, mas não castigava Rubi ou machucava. Diferente de mim que na infância enxergava os meus pais como os meus heróis e a minha casa como uma prisão, Rubi enxerga Hades como o vilão que tirou a sua mãe dela e a prendeu nessa prisão. O sentimento sufocante é o mesmo, a vontade de fugir desse lugar que deveria ser nosso lar sem olhar para trás. — Ele não é bom...Você foi enganada por ele. É malvado. Levou a minha mãe embora de mim. Os vilões que levam as mamães para longe dos filhos. Vitor não gostava da mamãe. Desde que a gente chegou aqui ele nunca gostou dela. Quando ela fez algo de errado, eles brigaram feio, tiveram gritos e tudo, sabia? E então, a mamãe desapareceu. Ester, Vitor não é o meu pai. Eu sei quem é meu pai e não é ele. Ele está fingindo ser meu pai e sumiu com a minha mamãe. Precisamos fugir daqui. — Rubi me disse com completa certeza. A confiança era tão grande. Que não vou mentir, não sabia mais em quem acreditar. Uma criança pode ler errado a situação, assim como fiz no passado, endeusando os meus pais, mas também pode ser verdade tudo que ela havia dito. Como eu vou descobrir? Será que Hades pode ter sequestrado a menina e matado mãe? Se for verdade, Hades pode ser ainda mais perigoso do que imaginava. E agora, como vou descobrir a verdade? — Vamos fugir juntas, não é? — Rubi segurou a minha mão, olhando nos meus olhos repleto de lágrimas. O que eu faço agora? Quem é realmente o Hades? O que eu deveria fazer nessa situação? — Lembra que eu disse que quando pequena eu tinha entendido errado a intenção dos meus pais? Vamos fazer o seguinte. Eu vou tentar descobrir se o que você diz está certo. Pode ser tudo verdade como também pode ter uma confusão da sua parte. Então que tal a gente combinar assim, até eu descobrir o que realmente aconteceu com a sua mãe, você não vai fazer nada. Sem colocar fogo em mais nada. Antes de culpar alguém, precisamos ter provas do que aconteceu. Você disse que só viu uma discussão antes da sua mãe desaparecer, não é? Você acabou de discutir com ele e está aqui. Pode ter acontecido o inimaginável. E, aliás, você disse que ele não é seu pai, então quem é seu pai? — Perguntei um pouco culpada de está usando a garota para conseguir resposta, como se tivesse usando de sua inocência para obter informações que não deveria. Era importante saber disso, se essa menina não for filha de Hades, mas sim uma refém de luxo como eu? Não posso deixar ela aqui quando for embora. Se ele tiver realmente machucado a mãe da menina, poderia fazer o mesmo com ela, mas porque ele iria sequestrar uma menina e fingir ser sua filha? E porque matar ela? Quando mais pensava, mais perguntas surgiam e eu cada vez menos, entendo quem é Hades. — Papai não ia sempre para casa, mamãe disse que ele trabalha muito, estava sempre viajando. Quando voltava trazia vários presentes, dos lugares que ele passava. Eu tenho muito amor pelo meu papai. Não iria esquecer dele. Vitor não é meu papai. Não sei porque ele está dizendo isso. Mamãe me disse que era para chamar ele de pai, mas é mentira. Não sei porque... Mamãe disse que mentir é errado. Será que por isso ela sumiu? — Rubi explicou me olhando como buscasse uma resposta. O que eu iria responder? Não havia como dizer o que era verdade. Algo era certo. A mãe dessa garota deve ter enganado ela de alguma forma. Se antes havia um pai, elas vieram para cá e a mãe disse que deveria chamar Hades de pai, até mesmo deixou saber o nome dele... as peças simplesmente não se encaixam. — Sua mãe disse que você deveria chamar ele de pai antes ou depois de vocês virem para cá? — Perguntei buscando organizar os meus pensamentos. — Uhn... Ainda estávamos na nossa casinha. Eu nem conhecia Vitor ainda. Será que mamãe voltou para casa e esqueceu que eu estava aqui? Ela é bem esquecida. Eu sempre tinha que lembra tudo. — Rubi me respondeu olhando para janela. — Vamos brincar de detetive e descobrir o que realmente aconteceu com a sua mãe? Você sabe o nome dela? — Tinha que começar a descobrir por algum lugar e era por aquela mulher desconhecida. Algo era certo. A mãe de Rubi era a chave de todo o mistério. Se eu entendi certo, elas não foram levadas à força até Vitor, mas a mãe levou por livre espontânea vontade. Até orientou a sua filha como deveria se dirigir ao Hades. E no meio de tudo isso, a mãe dela tem uma ligação com Estér e o irmão dela. No fim, aquela mulher desconhecida deve ser a peça que explicará a verdadeira história. — A mamãe se chama Daniella e o papai Vicente. Eu tenho uma foto deles no meu quarto. Quer ver? — Rubi sorriu falando da sua mãe e o seu pai. Crianças são tão inocentes que o meu coração aperta. — Prometi ao Hades que não iria demorar, mais tarde passo no seu quarto e você me mostra, tá bom? Para investigar precisamos nos dar bem com Hades e ouvir o que ele tem para dizer. Vou tentar descobrir alguma coisa. O médico deve está chegando para te consultar. Você deveria descansar depois. Tá bom? Assista um filme recomendado para sua idade. — Peguei o controle e ativei o modo Kids. Acho melhor deixar essa criança longe de filmes que aumentem a sua criatividade. — Estamos combinadas? — Sim! Darei o meu melhor. — Rubi concordou. Ao menos, espero que ela não coloque fogo na casa nos próximos dias. — Te vejo mais tarde. Agora vou falar com Hades. — Levantei respirando fundo. Se a conversa com Rubi foi difícil, já estava me preparando mentalmente para como seria a conversa com Hades.
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