Verônica: Refém por Acidente

Uma babá infiel e o que uma mulher precisa

— Não, ele não colocou câmeras nesse quarto, apenas no meu e no corredor. Aqui dentro ele não pode ver ninguém. Por isso, sempre venho brincar aqui. É o único lugar da casa que não posso ser encontrada. Esse quarto antes era da...— Rubi, a boneca rebelde disse fazendo cara feia para os três patetas, mas foi interrompida pela entrada repentina de Cláudio. Meu plano tinha ido pelos ares ou não. Ao menos, eu sei que aqui não há câmeras.

— Senhorita Rubi, acho que seu pai não vai gostar de saber que você está revelando essas informações para Estér. Como sabe é uma informação sigilosa, que só deve ser dividida com a família e os membros de mais confiança da equipe de segurança. — Cláudio alertou a menina tentando não brigar com ela, afinal, como poderia, se tratava da sua superior de certa forma. E com toda certeza não era a função dele educar e orientar a menina. Foi sábio da parte dele ser cauteloso.

— A minha equipe de segurança nem percebeu que a minha babá está roubando as minhas jóias e passa maior parte do tempo no meu closet com o segurança externo. Pensei que também não soubessem sobre as câmeras. — Rubi disse fazendo todos se olharem.

— Como é? Acho que você está confundindo alguma coisa. A sua babá não pode entrar no closet ou roubar as jóias. Ela é uma pessoa de confiança. Eu garanto. — Márcio tentou dissuadir a menina.

— Ela trocou todas as minhas jóias. Antes eram pesadas e agora são leves. Eu também vi ela usando o colar que meu pai me deu. Não estou confundindo. E ela não encontra com o segurança só no meu closet, também no armário da cozinha. Não sei o que eles fazem, devem brincar de esconde-esconde ou pega-pega, os dois sempre estão com os cabelos bagunçados e bem suados. — Rubi era assustadoramente observadora. Fico feliz que ela não tenha ideia do que realmente estava acontecendo.

— Ihhhh! — Edson disse batendo nas costas de Márcio. — Parece que não fazem mais amantes como antigamente, mas isso conta como chifre?

— Eu não sei se fico puto ou feliz. — Márcio respondeu me olhando.

— Para começo de conversa, um homem sem chifre é um animal indefeso, mas se é da amante, cresce apenas um? Você vai virar um unicórnio? — Edson insistiu. O papo era tão aleatório que eu não tinha certeza se estava entendendo bem.

— Acho que não conta como chifre, não temos nenhum relacionamento, mas acho uma falta de respeito sem tamanho da parte dela. — Marcio, o pateta que está traindo sua esposa grávida de oito meses disse chateado ao saber que sua amante não era uma mulher tão honesta e sincera como ele imaginava.

— Porque é falta de respeito, eu estava traindo sua esposa com ela. A doida sabe que tu é casado. Todo mundo aqui sabe. Tu tem um pneu de ouro no dedo, mesmo se tirando, fica a marca por conta do sol. Como isso pode ser falta de respeito? Ela vai respeitar alguém que não respeita nem a família que deixa em casa? Certa ela. — Cláudio rebateu me entregando um kit médico com remédios, termômetro e uma receita.

— A falta de respeito não é por isso, mas para mim, ela coloca banca. Só quer ir em lugar caro que leva boa parte do meu salário. Para o outro, ela usa um closet ou armário. Isso não é justo. — Márcio seguia indignado com a traição da amante.

— Todo castigo para traidor é pouco. Espero que sua esposa não descubra sua traição jamais. Ela está em um momento vulnerável, deveria se sentir a mulher mais amada do mundo. Em vez disso, você prefere pegar qualquer biscate na rua para satisfazer seus desejos, porque sua esposa não está tão disposta como antigamente. Vou te contar um segredo, sabia que as mulheres sempre sabem quando estão sendo traídas. Umas fingem não saber por não ser o momento ideal para confrontar a situação e outras, apenas esperam o momento certo para virar o jogo. Se eu fosse você, fazia seu melhor para valorizar enquanto tem. — Falei levantando da cama. Aquela conversa não me ajudaria em nada. Apenas traria lembranças que eu quero esquecer.

— Mulheres sabem mesmo? — Márcio me olhou completamente pálido. Era um i****a, mas com toda certeza amava a esposa e só pensava com a cabeça debaixo.

— Minha ex sonhou que eu estava traindo ela uma semana antes da traição. Elas não apenas sabem, até chegam a sonhar. Eu te disse. — Edson disse acenando com a cabeça.

— A minha falecida descobriu, mas ficou calada até ficar com meu antigo chefe e fazer ele me demitir. Mulheres são assustadoramente vingativas também. Se eu fosse você, seguiria o conselho de Ester. — Cláudio alertou o amigo.

— Vocês estão falando sério? Não, né? Estão me tirando. Eu sou louco, maluco por Jéssica. Não posso perder ela. E agora? O que faço? E se ela estiver esperando o bebê nascer para me deixar. Não quero viver assim. Gosto dela, da família que estamos criando. Ester você pode me dizer o que fazer? — Márcio parecia completamente desesperado.

Definitivamente, nunca irei entender um homem que diz amar a esposa, mas está arrastando as asas para outras. Nunca fará nenhum sentido para mim.

— Posso te dar um conselho, para os três na verdade, se vocês seguirem, não vão perder mulher maravilhosa nenhuma, mas você tem que me fazer um pequeno favorzinho. — Porque não aproveitar da oportunidade? Ajudo as outras mulheres e ainda consigo seguir com meu plano de fuga.

— Não. Não podemos dar qualquer ajuda para senhorita. Hades nos deixou alertas, disse que você poderia nos ganhar com a lábia, não vamos cair em seu golpe. Não vamos decepcionar nosso chefe. — Cláudio cortou toda a ideia. Como se soubesse que seus outros amigos iriam concordar sem titubear.

— Que mané Hades, cara. Eu posso perder a mulher da minha vida. Ela pode está planejando levar meu filho embora. Tenho que dar prioridade ao que é fundamental na minha vida. Farei o que você quiser, desde que não seja te ajudar a fugir desse lugar. Se eu tentar, morreremos juntos e não quero deixar meu filho sem pai. — Márcio parecia realmente se importar com sua família. Não entendo o que levou a ele a se relacionar com outra pessoa e trair sua esposa.

— Não posso permitir. — Cláudio iria ser a pedra no meu sapato para conseguir o que eu queria.

— Não é nada demais. — Se eu quiser ganhar a ajuda dele, terei que ir mais devagar. Tenho que mudar o plano. Ganhar mais confiança. Iria pedir o celular para fazer uma ligação, mas acho melhor fortalecer essa amizade — Iria pedir para me ajudarem quando eu estivesse com tédio. Passar o dia presa, quando se tem o hábito de fazer muitas atividades é um pouco enlouquecedor, então pensei que poderíamos jogar cartas de vez enquando, mas se for algo absurdo. Pode deixar para lá. Não pensei que causaria problemas.

— Hades não quer a gente próxima a você, mas acho que não fará m*l uns 30 minutos aqui dentro, certo? Ele não deve ver. É apenas um jogo. Vamos lá, cara, pelo meu casamento. De qualquer jeito tínhamos que ficar de olho nela. Não estamos fazendo nada absurdo. Não é? — Márcio insistiu, Cláudio começou a coçar a cabeça, preocupado com a situação.

— Por mim não tem problema. Ester não parece ser tão perigosa e ardilosa como Hades pensa. Talvez ele apenas esteja exagerando. Desde que seja 30 minutos, dentro do quarto e com todos. Não sou contra. Entendo que não é um pedido tão absurdo para situação dela. Também não aguento mais passar o dia em pé sem fazer nada além de vigiar ela. — Edson concordou com o amigo. Márcio olhou para Cláudio com os olhos arregalados. Tentando conseguir a permissão.

— Que seja, mas os dois vão ficar responsáveis por essa bagunça. Não direi nada, mas não participarei. Não quero me meter em problemas. Não foi fácil conseguir emprego. Não vou desperdiçar. — Cláudio anunciou indo em direção à porta. — Vou pegar água para Rubi tomar seu remédio.

Acabamos concordando com ele. Podiam ser idiotas, mas ao menos um deles tem uma confiança inexplicável em relação ao Hades, diferente dos outros dois que apenas decidem o que é melhor para eles.

— O que é o segredo misterioso? — Márcio perguntou. — Como poderei ajudar minha família?

— Para não se perder uma mulher maravilhosa você precisa apenas ter uma coisa: Respeito. Se respeitar, no sentido mais literal da palavra, não há forma de ser trocado. A gente só costuma trocar aquilo que não presta mais. — Respondi com um sorriso falso. Talvez eles nem tivessem ideia do que significa respeitar verdadeiramente uma mulher.

— Você está certa. Hoje vou mais cedo para casa. Vou preparar um belo jantar, preparar um filme e fazer muita massagem nela. Será que Hades me libera mais cedo? — Márcio saiu do quarto com o celular na mão. Edson não disse nada, apenas seguiu o colega.

Quando o último passou, fechando a porta, virei Rubi de frente para mim. Queria muito dar uma lição boa na babá que roubou uma criança, achando que não seria pega.

— Rubi, o que você acha de mostrar a babá quem manda? Além disso, conseguir todas as suas jóias de volta em seu lugar. — Perguntei com um sorriso no meu rosto. Talvez fosse o tédio de não fazer nada, mas pensar em castigar alguém me deixava bastante animada e com energia lá em cima.

— Claro! Como faremos isso? — Rubi concordou na mesma hora. Acho que realmente consegui uma cúmplice incrivelmente fofa.