Brasil não é para amadores

1285 Words
Quando voltei os meus olhos em direção da areia da praia, notei um homem agachado onde deveriam está as minhas coisas. Ele parecia pegar algo enquanto olhava ao redor agitado. Com toda certeza do mundo, coisa boa ele não estava fazendo ali. Nadei o mais rápido que pude para fora do mar, em direção de onde o homem estava. Quando ele notou que eu estava saindo do mar, saiu correndo sem nem olhar para trás. — Hey! Espere. Devolva minha coisas seu ladrãozinho de merda. Maldito. Volta aqui. — Gritei correndo atrás do homem que corria muito mais rápido do que eu podia acompanhar. Pude sentir o sedentarismo gargalhando da minha cara ao me ver correndo com dificuldades e totalmente ofegante. Como sabia que não tinha como acompanhar aquele ladrão de pés leves, fiz o que qualquer pessoa em sã consciência faria em uma situação como aquela, peguei o primeiro coco que vi pelo caminho e joguei no garoto com toda força, por sorte, acertei o homem, que caiu na mesma hora na areia. Apressei meus passos, era a chance que eu tinha para pegar aquele ladrão desgraçado. Se ele se recuperasse, estava tudo perdido. Ao me dar conta disso, comecei a gritar, precisava de ajuda. — Gente! Alguém! Ladrão! Ladrão! Ele pegou minha coisas. Alguém me ajuda a pegar esse papaléguas maldito. — Gritei. Na mesma hora, o homem se levantou em apenas um movimento, correndo ainda mais rápido. Eu não tinha nem mais forças para tentar pegar ele. — Seu maldito de merda. Volte aqui. Ahhhhhhh! Que raiva! Tentei acompanhar ele o máximo que eu pude, já sentia minhas pernas pesadas e a respiração já não me acompanhava a muito tempo, mas como toda desgraça é pouca, acabei topando nas minhas próprias pernas, caindo de cara na areia. Gritei ofegante repleta de ódio com aquela situação, nunca tinha corrido tanto na minha vida inteira. Coloquei minhas mão na cabeça desesperada. Na minha bolsa estava minha carteira com todos meus documentos, dinheiro e cartões. Além do meu celular e o cartão que dava acesso ao quadro do hotel. — E agora? O que eu vou fazer? — Pensei alto olhando ao redor. Eu não sabia nem mais onde eu estava. Se havia me perdido para chegar da praia ao hotel, imagina agora que me afastei completamente da rua em que eu tinha vindo. Gargalhei ao notar que eu estava sozinha em uma praia desconhecida, à noite, apenas de biquíni. Já não havia quase ninguém na areia, muito diferente de quando eu cheguei. Algumas pessoas caminhavam no calçadão. Tenho certeza que ninguém sequer notou meus gritos enquanto aquele homem tinha levado as minhas coisas ou apenas, ninguém se importava, talvez fosse algo que acontece bastante por aqui. — Isso que dá ter cara de gringo. Tinha esquecido que o Brasil não era para amadores. Droga! Onde será que eu acho algum policial por aqui? Será que tem? — Me perguntei enquando andava em direção ao calçadão. Achei melhor não correr o risco de me envolver em outro problema caminhando sozinha na areia praia, estava tão deserta, que até os bichos do mar haviam ido dormir. — Eu deveria ter ficado na piscina com os gatinhos, melhor que lidar com os ratos. Para onde eu vou agora? Olhei completamente desnorteada para as pessoas que passavam por mim no calçadão. Eu estava completamente invisível delas, algumas chegaram até a esbarrar em mim, mas se desculpavam sem ao menos olhar, apenas seguiam sei caminho. — Será que meu destino é ser congelada nesse frio? — Pensei alto sentindo meu corpo todo estremecer. Mesmo me abraçando, não conseguia conter o frio. Precisava encontrar alguém para me ajudar.Todo mundo estava caminhando despreocupado, com os seus fones de ouvido, tênis e uma roupa de caminhada brega, mas quentinha. Nunca pensei que teria inveja de uma roupa assim. Pensei que era r**m ser invisível, mas logo comecei a chamar atenção. Talvez fosse estranho uma estátua viva parada no meio do calçadão completamente desorientada. Não deveria ser estranho alguém estar de biquíni na praia também, mas eu estava me destacando mais do que o esperado no meio daquelas pessoas por conta desse fato. Todos passavam me olhando como se eu fosse doida por está usando apenas biquíne à noite mesmo com esse frio. Eu pensei em gritar que piriguete não sente frio, mas minha teoria caiu por terra, eu estava visivelmente me tremendo, mas ao mesmo tempo que eu chamava a atenção, todos ignoravam minha existência. Até que aquela mulher surgiu. — Licença. Você está bem? Parece confusa. Aconteceu alguma coisa? Precisa de ajuda? — Uma mulher que estava passando parou ao meu lado parecendo preocupada. Ela era alta, tinha pela n***a, cabelos cacheados e usava apenas um short aberto e um cropped. — Eu deixei minhas coisas na praia enquanto fui tomar um banho de mar. Quando me virei encontrei o campo mais limpo e um rapaz estava correndo como se não houvesse amanhã. Tentei correr atrás dele, mas acho que faltei às aulas de atletismo para beijar o professor de educação física, me arrependo agora, poderia ter feito uma diferença ou não. De qualquer jeito, eu estava procurando a polícia para fazer um B.O, mas não fazia ideia de que lado eu deveria ir ou se realmente tinha algum por perto. — Explique sem jeito e rápido. Já estava sentindo meu corpo todo gelado. O vento batia, fazia com que ficasse ainda mais frio, sentia meu corpo tremendo. — Ihhh! Moça, tu tem mô cara de de gringa mesmo. Eles sempre miram em vocês. Deu bobeira, ehn? Por aqui, se der bobeira, levam até os seus cabelos, não tô brincando, roubaram o aplique da minha amiga. Sobre a polícia, tem um ponto ali, mas raramente tem alguém. Posso te acompanhar até lá, vai que você está com sorte e os caras decidiram trabalhar. Aliás, como você se chama? — A minha salvadora perguntou enquanto acenava para uma outra mulher que estava um pouco mais na frente, ela tinha os cabelos bem parecidos com os meus, tanto na cor como no cumprimento, de costa, pareciamos a mesma pessoa. Acho que até tínhamos a mesma altura e porte físico. A loira que seguia na frente, olhou rapidamente para trás, fez um sinal de com a mão e sumiu no meio das pessoas. — Eu me chamo Manuela, pode me chamar de Manu. Realmente dei bobeira, não estava acostumada com as praias daqui. Conheço o Brasil, mas apenas em lugares específicos. Quando penso nisso, talvez eu só conheça os Shoppings e apenas uma praia, quer dizer, agora duas. E eu adoraria que pudesse me ajudar. Estou um pouco desorientada. Ah, como você se chama? — Eu deveria ter pesquisado sobre essa praia antes perder o meu celular nela. Eu nem sequer tinha ideia do nome do hotel e nem tinha prestado atenção no caminho. — Ah, sou a Cida. Acho que tenho algumas roupas do trabalho na bolsa. Deixei no quiosque de um amigo meu, fica um pouco mais para trás. Quer emprestado? Você parece estar com muito frio. — Cida me sugeriu parecendo com pena de mim. — Quero muito! Sinto que vou virar um picolé e nem é para ser chu... Bem, deixa para lá. — Fiquei sem graça. Quase falei o que não deveria. Maldita boca grande, sempre falando sem pensar. — De boa. Vamos. — Cida apontou na direção oposta daquela que a sua colega havia seguido. Pensei que estava tudo bem, mas não imaginava em momento algum que aquele seria a escolha que mudaria totalmente o rumo das minhas férias. Naquele momento, eu não sabia, mas havia me colocado como alvo de um sequestro no lugar de outra pessoa.
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